quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Acabo de ler "Stalin" de José Arrabal e José Carlos Estevão

 



Falar sobre Stalin é algo extremamente complexo e, igualmente, um caminho conturbado. Elogiá-lo é correr o risco de cair numa justificativa de seus crimes contra a humanidade. Não reconhecer seus méritos é adentrar numa postura maniqueísta que vê no mundo extremos opostos irreconciliáveis que geram uma mentalidade paranoica de uma cruzada do bem contra o mal.


Stalin é, certamente, uma figura notória. Alguns atribuindo a ele uma figura majestosa de estrategista e outros vendo-o como um homem presunçoso, medíocre e de ideias tortas. Seria ele, ao mesmo tempo, o homem com uma estatura política de inteligência maquiavélica que enganou a todos e um mediano que subornou o Estado soviético e grande parte da humanidade aos seus interesses e visões diminutas e provincianas? Os paralelos não batem.


De todo modo, Stalin ascendeu ao poder buscando cargos que, pela sua condição categoricamente administrativa, não interessaram aos outros bolcheviques - intelectuais abstratos em demasia para tal. Em meio a isso, seu poder aumentava sem que muitas vezes se notasse. Por outro lado, a ideia de que a sua participação é inferior não chega a ser uma perspectiva realista.


Condena-se a geopolítica stalinista e a ausência de uma visão mais aberta a uma dialogicidade descentralizada que ampliasse a capacidade de receptividade do conjunto estrutural. Entretanto também se fala da necessidade dum aparato repressivo que garantisse a permanência da revolução e a sobrevivência do próprio Estado soviético. Dessa contextualidade, surge uma casta burocrática que constitui uma classe privilegiada acima do proletariado e campesinato.


Qualquer julgamento que surge em meio a isso: a necessidade dum socialismo descentralizado e com trabalhadores livres que conduzem autonomamente a economia, a permanência da revolução, a necessidade de outras revoluções, etc. Gera uma série de dúvidas devido as mais voláteis especificidades que geram dúvidas permanentes quantos as possibilidades factíveis. Stalin permanecerá, de certo, uma terrível incógnita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 15)

  Voltamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 229 à 232). Com a derrota da primeira revolução russa, a...