segunda-feira, 28 de junho de 2021

Nos últimos tempos

 


    É incrível como a mudança do discurso influência na mudança atitudinal. A perca da ideia de uma autonomia inspirada no extremo de uma individualidade atávica livrou-me do mal de uma educação precária. O que quero dizer é: em vez de caminhar pelos ventos de minha vontade e basear-me inteiramente em minha vontade, tal como se isso fosse prudente ou sensato, curvei-me ao entendimento de outrem. Abri a minha mente. 

    Buscando o velho lema "creio para entender". O que tenho buscado professar não é o fim de minha vontade, mas a abertura de minha inteligência ao conhecimento. Crer para compreender é abdicar-se da volição para abrir o intelecto ao entendimento do que é passado. Anteriormente eu baseava minha razão em meus gostos e meus gostos distorciam a minha razão. Visto que não cabe a vontade inteligir.

    Ao ver o curso do Carlos Nougué: "Como Ler Santo Tomás de Aquino", escrevi:

NM (Nota Minha): Falta-me:

Ao entrar em contato com essa aula de Carlos Nougué (Aula 05), vejo que me falta um saber organizado e dirigido que possibilite uma crescente progressão nos estudos de forma autêntica e metódica. Cabe-me, então, um ajuizamento normativo que tenha adequação do espírito à disciplina. Como homem pós-moderno, cai recorrentemente no mito da autonomia educativa que tinha como estabelecimento uma falsa "dúvida metódica": a autonomia da educação moderna é, muitas vezes, a ditadura volitiva e o império da doxa. Devo pensar na vontade, na inteligência e na sensitividade de forma mais consistente. Negando-me a cair num império volitivo (patologia da decisão) ou império deliberativo (patologia da deliberação). Dependência e autonomia interligam-se num bom paradoxo. Esta união tornar-me-á mais são. Não há autonomia sem dependência e nem dependência sem autonomia.

    Agora tenho buscado um entendimento mais ordenado do mundo. Mesmo que eu tenha que começar do básico do básico, isso ainda me é melhor do que ficar estudando dispersamente, sem rigorosidade. Eu sinto na necessidade de construir um edifício concreto. E é por isso que venho estudado procurando metas e caminhos coerentes. É por isso que venho estudado com professores e outros auxílios. Quero transformar a minha educação, quero transformar-me como pessoa. Sinto-me contente por não cair, como outrora caia, numa autonomia absolutizada que me levava a um estudo vulgar. Não se constrói saberes ao sopro do vento. E é essa é uma triste lição: estou só agora aprendendo a ordenar a minha realidade.

    Só que me sinto feliz, francamente feliz, ao entrar em contato com grandes mestres que me auxiliam no meu desenvolvimento. Lembro-me até de algo que vai parecer tolo, mas numa entrevista, Akira Toriyama escreveu a razão do Vegeta ser sempre mais fraco que o Goku: faltava a Vegeta um mestre. E agora venho sempre buscado um mestre para construir um saber consistente, buscando sempre fugir de minha própria arrogância. E posso dizer com clareza: aprendi muito mais teologia no último mês do que em toda a minha vida. E, se eu conseguir mestres e ordenamento certo, conseguirei aprender filosofia com mais facilidade e mais consistência também.

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