Mostrando postagens com marcador Trump. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Trump. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

NGL #13 — Uma liderança intelectual?

 


Faça suas perguntas anônimas: https://ngl.link/lunemcordis

Em primeiro lugar, agradeço a enorme consideração e apreço. Para mim, é muito gratificante ler isso.

Creio que a vida é cheia de ocasiões e conjunturas que não controlamos. Não pedi uma série de acontecimentos na minha vida, apenas aprendi a jogar com o que tinha. Não pedi para nascer autista, mas assim nasci. Não pedi para ser bissexual, contudo sou. Não decidi que seria do underground, porém foi o único lugar que me acolheu.

Espero que as próximas fases da minha obra não sejam tão assustadoras quanto foram as primeiras. Espero me afastar das polêmicas e construir um legado mais sólido. Espero que se as pessoas olharem pro meu passado, que seja mais com a abertura de uma dúvida do que com uma série de certezas pré-programadas.

Sim, vim de uma cultura radical. Do mesmo modo que muitos vieram de outras culturas radicais. Amadureceram, cresceram. Viram diferentes facetas dos seus movimentos. Facetas não exploradas midiaticamente (tal como ocorre com o leftypol [chan da esquerda politicamente incorreta] ou com o magalichan [chan de mulheres brasileiras]) por causa de narrativismos sensacionalistas. Vi as melhores construções, como a wiki do /mu/ e do /lit/, e as piores também, como à ascensão de Trump com auxílio do /pol/ e de QAnon.

De qualquer modo, sou uma figura que esteve dentro da história de algo que moldou e ainda molda parte da internet. Olho tudo hoje não mais como um jogador, um treinador ou um estrategista, mas como um mero expectador. Tal como um político aposentado ou um ex-jogador.

As novas gerações descobriram seus próprios erros e darão os seus próprios passos. Espero que consigam sair da radicalidade e encontrem um horizonte mais pragmático.

sábado, 5 de outubro de 2024

Acabo de ler "Teologia do Domínio" de Eliseu Pereira (Parte 1)

 


Nome:

TEOLOGIA DO DOMÍNIO: UMA CHAVE DE INTERPRETAÇÃO DA RELAÇÃO EVANGÉLICO-POLÍTICA DO BOLSONARISMO


Autor:

Eliseu Pereira


Um plano de projeto hegemônico tem uma fundamentação: as principais esferas estratégicas da sociedade. É dominando as esferas estratégicas da sociedade que se pode, por fim, dominar toda produção cultural da sociedade e assim moldá-la. Isto é, refazer a sociedade em uma configuração que fortaleça o poder do grupo que quer dominá-la.


O fenômeno do crescimento demográfico dos evangélicos e o seu poder crescente não é um assunto novo no campo das ciências sociais e religiosas. Muito pelo contrário, existe uma ampla análise desse processo que estamos vivendo. A singularidade apresentada nos últimos tempos foi a eleição de Jair Messias Bolsonaro, visto que até aquele ano nenhum candidato tinha conseguido unificar as expectativas das grandes massas religiosas.


Foi com Bolsonaro que os evangélicos se catapultaram para o centro político nacional. O anseio político religioso de muitos cristãos mais à direita não constitui uma novidade. Já não é novidade o medo ou o desgosto que muitos exibem para com o humanismo, a mentalidade conspiradora em relação ao comunismo e o anseio de criminalizar o debate político para fins de autopreservação.


O discurso dos evangélicos bolsonaristas não advém unicamente da teologia do domínio (TD), ele vem com um "pack". Esse "pack" é o da teologia da prosperidade (enriquecimento) e o da batalha espiritual (o que representa não uma batalha espiritual no estilo clássico, mas um cerceamento em relação ao mundo, as várias ideias e a qualquer objeto ou pessoa que se furte a lógica de seita). 


Esse fenômeno não é só nacional. A teologia do domínio é uma velha conhecida nos EUA. A sua relação com a eleição de Reagan e, mais recentemente, de Trump chega a ser até mesmo escandalosa. É evidente que existe uma "missão cristã" dentro da política brasileira – cristãos são, como qualquer outro grupo humano, um grupo que possui aspecto político. O aspecto político – presente em qualquer agrupamento humano – tem pautas próprias, quer queira, quer não.