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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Acabo de ler "The Case Against Democracy" de Mencius Moldbug (lido em inglês)

 


Nome:

The Case Against Democracy: Ten Red Pills


Autor:

Mencius Moldbug


Vendo o interesse contínuo na Nova Direita Cultural e no Iluminismo Sombrio, apesar desses movimentos serem de linhas distintas ou opostas — a Nova Direita Cultural é anticapitalista e o Iluminismo Sombrio é pró-capitalismo —, resolvi aqui fazer breves comentários a respeito de um escrito de Mencius Moldbug.


Mencius Moldbug começa a sua argumentação falando sobre diferentes quadros históricos. Se estivéssemos num período medieval, por exemplo, cresceríamos pensando na universalidade do catolicismo. Como vivemos num período histórico pró-democracia, vivemos inseridos em todo um universo democrático e para nós a democracia representa tudo. A democracia não é só o que habitamos, mas é também o que respiramos e também é o que acreditamos ser desejável.


Há séculos atrás, poderíamos ser educados para ser católicos. Nossos professores seriam católicos. Nossos livros seriam católicos. Nosso debate público seria católico. Hoje em dia, nós somos educados para sermos democratas. Nossos professores são democratas. Nossos livros são pró-democracia. E nosso debate público é democrata. Adendo: aplico aqui a palavra "democrata" como defensor da democracia e não como adepto do Partido Democrata.


Mencius Moldbug constrói dez argumentos centrais para refutar o debate público ocidental contemporâneo (chamados de redpill). Dos quais tento traduzir de forma razoavelmente essencial:


1- É o Estado de Direito que é responsável presente estado de paz, prosperidade e liberdade, não a democracia;


2- Liberdade e lei não são a mesma coisa que democracia;


3- Fascismo e comunismo são democracias unipartidárias;


4- O Estado é apenas outra gigantesca corporação;


5- O poder no ocidente é ditado pelos funcionários permanentes do Estado;


6- O Estado consiste em todos aqueles que possuem interesses alinhados com o próprio Estado;


7- Os políticos de direita são um fenômeno político clássico. Eles possuem pouco poder e são inofensivos. Suas aventuras no exterior são destrutivas, mas eles são uma inescapável consequência da própria democracia;


8- Democracia é política. E uma burocracia apolítica exercendo o poder seria melhor do que a democracia;


9- O governo ocidental moderno está mais próximo do regime quase-democrático do FDR do que do liberalismo clássico;


10- A burocracia do Estado funciona bem, mesmo estando degradada. O sistema moderno depende da educação e da mídia (para condicionar). E o sistema financeiro moderno é um erro e pode colapsar.


sábado, 17 de maio de 2025

Acabo de ler "A Formalist Manifesto" de Mencius Moldbug (lido em ingês)


Nome:

A Formalist Manifesto


Autor:

Mencius Moldbug (Curtis Yarvin)


Quando estudamos acerca do debate americano e o que levou Donald Trump para a Casa Branca, não só uma, mas duas vezes, temos que adentrar no debate público americano compreendendo e entendendo a participação de diferentes grupos. Quando cito o Project 2025 como o interesse central, cito uma iniciativa da direita mainstream. Nesse livreto, temos não a direita mainstream, mas a alt-right (direita alternativa). Não que exista uma barreira intelectual e social absoluta entra a direita mainstream e alt-right, vários trumpistas são, na realidade, portadores desse novo caldo intelectual que reverbera no debate americano.


Mencius Moldbug (Curtis Yarvin) é um desses homens que, caso não fosse pela excentricidade que carregam, ninguém saberia como pensam. Para ser honesto, nos últimos tempos a esquerda tem sido notável em ser completamente esquecível pelas suas teorias e a direita tem sido completamente audaciosa em criar toda uma série de teorias que causam um reboliço no debate público. Quando foi que a esquerda ocidental teve a sua última grande mudança estrutural? Talvez com a revolução cultural de 68. Todo resto é um desenrolamento das teorias da Escola de Frankfurt e Escola de Paris com mais algumas teorias que juntaram no caldo daquilo geralmente chamamos de teoria crítica.


O que eu quero dizer é: todo mundo fala sobre alt-right, o neorreacionarismo, o iluminismo sombrio, a negação da mentalidade democrática e muitos direitistas e direitosos chegam até a parar na cadeia. Enquanto isso, a esquerda aparece limpinha e cheirosa, menos adepta da criação de novas teorias que joguem o mundo de cabeça para baixo e façam eles serem vistos como perniciosos o suficiente para serem postos para ver o Sol nascer quadrado. A esquerda moderna precisa estudar a alt-right — com certo nojo e afastamento, mas também com uma pintada de ciúme ou inveja — para não cair no tédio de ficar repetindo as mesmas teorias que já professavam em 1968. (A New-Left se aprofundou como fenômeno histórico em paralelo à New-Right, mas a Alt-Right é um fenômeno que não encontra paralelo moderno na esquerda).


É deveras interessante que Mencius Moldbug vê o debate americano com um certo tédio e um olhar muito próprio. Há uma fascinação por algo que seja uma quebra de linha. Ele reconhece que a direita americana moderna é, por assim dizer, mais nova que o movimento esquerdista americano. Ele vê o movimento conservador americano moderno como aquele que surge após Roosevelt. É evidente que há um afastamento da alt-right da direita mainstream, muitos membros da alt-right chamam os conservadores de "cuckservative" (cornoservador) e riem de uma suposta ausência de atitude. A atitude da alt-right frente ao mundo sempre é acompanhada de um escárnio, como se dissesse "nós estamos rindo do mundo e pouco nos importa se seremos presos por isso".


As visões de Mencious Moldbug, como um bom membro da alt-right, são antidemocráticas e se estabelecem contrariamente ao cânon acadêmico. Muitas vezes, ela é acompanhada por um senso de humor que serve para quebrar o politicamente correto do discurso contemporâneo. Num mundo em que as esquerda se engessa e não produz nada de verdadeiramente novo, a direita surge com uma galhofada que encanta a rapaziada com seu jeito desprendido, promovendo remexer tudo que está por aí — democracia, controle do discurso, república, o cânon acadêmico — e sendo bem sucedida nessa empreitada de causar rebuliços e, em algum aspecto, aparecer com uma estética que agrada mais aos jovens do que os eternos chororos de uma esquerda que é incapaz de reinventar.