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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Acabo de ler "How Marxism Works" de Chris Harman (lido em inglês/Parte 5)

 


Nome:

How Marxism Works


Autor:

Chris Harman


Usualmente confundimos a nossa realidade espaço-temporal como uma realidade fixa. A razão disso é pelo fato de que estamos imersos nela, o que a torna imperceptível. O estudo da história e de outras culturas, por sua vez, ajuda na relativização das nossas noções enraizadas e, até mesmo, uma possibilidade de imaginar um outro mundo de possibilidades.


A divisão de tarefas dentro de uma sociedade é um produto recente de nossa história. É evidente que quanto mais tarefas desempenhadas por uma sociedade, maior será o nível de especialização e fragmentação das atividades entre distintos grupos e pessoas. Todo esse desenvolvimento prodigioso leva a melhoras quantitativas e qualitativas. Só que há um porém: essa riqueza que é gerada é concentrada nas mãos de um grupo minoritário da população.


A pergunta que temos que levantar é: como é possível que uma minoria de indivíduos detenham para si grande parcela de uma riqueza produzida por uma sociedade? A resposta é: a natureza das leis, na maioria dos casos, não serve ao interesse geral de uma sociedade, mas ao interesse da classe dominante.


A riqueza é criada pelo trabalho físico de vários trabalhadores. Só que não é a classe trabalhadora que recebe os benefícios da riqueza que ela produz. A riqueza é controlada pela classe dominante.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Acabo de ler "How Marxism Works" de Chris Harman (lido em inglês/Parte 4)

 


Nome:

How Marxism Works


Autor:

Chris Harman


O que diferencia o homem dos outros animais? Talvez as centrais diferenças dos homens para os outros animais está na forma com que vemos o mundo a nossa volta. Temos uma consciência mais elevada não só de nós mesmos, mas do mundo ao redor. Consciência suficientemente boa para poder moldar a realidade por meio da transformação do meio.


A animalidade tende, no geral, a se proteger do meio. A humanidade se distingue da animalidade geral pela alteração do meio. O progresso cultural não é apenas um progresso imaterial, é um progresso da humanidade em relação a alteração do meio. Alteração do meio com o propósito de atender as necessidades, sonhos e ambições dessa humanidade.


A humanidade altera os meios para comportar a própria humanidade. A humanidade transforma desejo em verdade. É evidente que falhamos e erramos diversas vezes nesse processo, mas o fato inegável é que a humanidade continua. Sempre em frente, alterando cada parte em prol dum objetivo.


A interação entre anseios humanos e meios gera diferentes formas de relação. Essas relações são pautadas pela distribuição dos recursos. A distribuição dos recursos é pautada, por sua vez, na capacidade de produzir.  Quando os meios de produção mudam, muda-se também a cultura. As forças de produção alteram sociologicamente as relações de produção.


Os idealistas acreditam que podem mudar o mundo pelos céus, os mecanicistas materialistas acreditam que a natureza humana não é modificável. A história demonstra que os meios de produção alteram a cultura.


A mentalidade também é preocupante nesse caso. A mudança tecnológica é muitas vezes paralisada em prol de um tipo de privilégio que não se quer perder. Então os poderosos se juntam e entravam o desenvolvimento da tecnologia. Não é um fatalismo tecnológico, existe também relações sociais que permeiam o avanço e o entrave.

sábado, 9 de novembro de 2024

Acabo de ler "How Marxism Works" de Chris Harman (lido em inglês/Parte 3)

 


Nome:

How Marxism Works


Autor:

Chris Harman


As ideias, por si mesmas, não possuem força de caráter suficiente para mudar o mundo. O comportamento humano depende muito das forças materiais. É a forma que os recursos são postos a nossa disposição que molda o nosso comportamento. Esse ponto de vista é chamado de materialista.


Marx encarava a história com um olhar de suspeita. Os idealistas e os religiosos criavam uma teoria histórica que lhe parecia imprecisa. Marx queria uma visão histórica que fosse mais científica para esmiuçar melhor as mudanças sociais. Uma teoria que não dependesse de "Deus" ou de "mudanças espirituais".


A mudança que Marx propôs seria uma mudança de um ponto de vista misticista do estudo da história para um ponto de vista científico do estudo da história. Uma melhora significativa no fazer histórico.


É evidente que Marx não foi o único materialista a pensar na natureza humana e em seu comportamento. Do mesmo modo que existe uma perspectiva de mudança social a partir de uma teoria mais progressista da história existe algo proporcionalmente inverso. Muitos falaram da natureza humana de modo determinista, sendo o homem agressivo, dominador, competitivo e ganancioso. A mulher, por outro lado, seria mansa, submissa, deferente e passiva.


A existência de múltiplas sociedades com modelos sociais distintos revela que a natureza humana é bem mais diversa e mutável do que inicialmente estamos dispostos a crer. Querer reduzir a sociedade ao nosso modelo é um reducionismo produzido pela nossa ignorância acerca da diversidade humana.


A natureza humana não pode ser imutável e, ao mesmo tempo, tão diversificada. Como a natureza pode ser "una" e "múltipla" ao mesmo tempo? Deve existir, é claro, um ponto de unidade que designamos de "natureza humana", todavia ela não se reduz a uma imobilidade. A "natureza humana" tem um império de singularidades e alternâncias de comprovações históricas múltiplas e irredutíveis.


O problema central de muitas teses materialistas de rivais de Marx está no fato de que eles confundiam a natureza humana com a própria natureza das suas sociedades. Eles entendiam o mecanismo da sociedade em que viviam. Só que eles não compreendiam as mais diversas outras sociedades para compreenderem que a natureza humana é múltipla e pode ser transformada.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Acabo de ler "How Marxism Works" de Chris Harman (lido em inglês/Parte 2)


Nome:

How Marxism Works


Autor:

Chris Harman


O desenvolvimento do capitalismo industrial trouxe enormes conflitos sociais. Todavia ele veio acompanhado de ótimos benefícios sociais também: pela primeira vez na história poderíamos nos defender de calamidades naturais. O problema é que esses benefícios sociais não estavam disponíveis para a ampla maioria da população. Muito pelo contrário, grande parte dos recursos e melhorias não foi só destinada a parcela mais rica da população, como em vários casos a vida dos trabalhadores piorou muito.


O desenvolvimento da civilização deveria trazer aumento do bem-estar geral, ampliando na vida de todas as pessoas a possibilidade de uma vida permeada de felicidade. Em vez disso, o capitalismo industrial brindou o mundo como uma gigantesca miséria e distorção social. O que era uma contradição: a maior salto de produção de riqueza veio acompanhado do maior salto de miséria.


Marx teve muitos contrapontos, seja na esquerda ou na direita. Muitos dos seus contrapontos de esquerda eram chamados de "idealistas" pelo próprio Marx. Marx chamava-os assim pelo fato de que as suas ideias estavam desvinculadas das condições de vida que as pessoas viviam. Suas propostas não estavam completamente erradas, mas eram isoladas da realidade e isso tirava a substancialidade e possibilidade de concretização real de seus propósitos.


A alienação pode ser descrita como muitos fenômenos. Creio que uma forma de definir a alienação é como uma incapacidade de compreender o processo socioestruturante em que a realidade se move. Para compreender uma estrutura, faz-se necessário uma sistematização do pensamento. Ter vários pontos isolados nos torna incapaz de ver a totalidade de fenômenos que se movem. É preciso um pensamento que se amplie, amplie-se no processo sistematizante duma compreensão cada vez mais rica dos fenômenos sociais. Desalienar-se seria um processo sem fim, tal como uma discussão aporética.


Essa elucubração acerca da alienação não explica a razão do surgimento da alienação. Onde surgiria esse fenômeno? Em que ponto ele surgiria? A alienação é um "ponto" em que a experiência real é ignorada em prol de um prazer momentâneo que não muda a condição precária da vida em si mesma. Ela pode ser forjada socialmente por meio da educação, da mídia, dos influenciadores. Ela pode ser forjada por uma vida dedicada a drogadição como escape da realidade. Estamos imersos num corpo social e esse corpo social determina, em parte, naquilo que creremos.


A última afirmação do parágrafo anterior é, no entanto, inconclusiva. Todos temos uma formação social e estamos dentro de uma sociedade, isso soa determinista. Se estamos determinados sociologicamente, como podemos, então, ter um pensamento fundamentalmente diferente da sociedade que nos originou? A resposta para essa pergunta é: aquilo que nos é passado por meio de uma série de propagandas e aquilo que ocorre na vida do dia a dia sempre se encontram em choque. É por isso que começamos a imaginar e a teorizar um mundo diferente do nosso e das crenças que nos passam.

Acabo de ler "How Marxism Works" de Chris Harman (lido em inglês/Parte 1)


Nome:

How Marxism Works


Autor:

Chris Harman


Qual a necessidade de uma teoria? Quando falamos da necessidade de uma teoria, embora tenhamos que pensar na prática, temos um grande problema em mente. Hoje em dia se acredita que o marxismo é uma teoria obscura deixada apenas para alguns poucos intelectuais privilegiados que possuem uma capacidade intelectual suficientemente forte para compreender toda a sua estrutura em um nível suficientemente claro. Também existe o caso contrário que afirma que o socialismo falhou e falhará, que é um terraplanismo econômico e que está viciado numa mentalidade reacionariamente burocrática e totalitária.


O socialismo é descrito como muitas diferentes coisas. Uma das principais é a de que o socialismo está certo na teoria, mas falha na prática ou no dia a dia. Suas ideias seriam boas, até mesmo bem intencionadas. Só que a sua aplicação seria na melhor das hipóteses complicada e na pior das hipóteses uma loucura que nos colocaria no inferno terrestre.


Estamos envoltos em teorias sociais, algumas com esboços mais complexos em nossas mentes e outras com esboços menos complexos. Não há uma pessoa que tenha uma teoria acerca do funcionamento da sociedade. Todavia quando entramos em um debate nos separamos com aquela velha frase: "ah, mas isso é teoria". Chegamos a conclusão de que ter "teorias" é algo ruim e que deveríamos nos entregar a prática da vida real. Só que toda vida real está permeada por teorias. A diferença é que, na maioria das vezes, não percebemos que existem teorias dentro de nós. Meio que estamos socialmente criminalizando algo que nos é inato, deixando que tudo fique inconsciente e inconcludente dentro de nossas cabeças.


Os meios midiáticos têm, dentro de si, um escopo teorético que norteia o seu agir ideológico. Isto é, os meios comunicacionais não atuam por uma mera prática qualquer. Eles atuam tendo uma visão. Essa visão é, na maioria das vezes, não muito clara. Apresentam-nos visões sem pingos nos "is" como "o mercado reagiu mal", "temos que nos aliar ao Ocidente", "a educação deve ser mais voltada as demandas do mercado para que haja maior garantia de emprego". Tudo isso tem uma teoria por trás, mas esse debate nunca é esmiuçado e é sempre passado com a notoriedade de um bom especialista que diz tudo sem dizer a razão integral que move o seu dizer.


Qualquer pessoa que quer uma sociedade melhor, seja qual for a sua linha de pensamento, precisa de uma teoria. Essa teoria pode se aperfeiçoar com a prática, mas ainda assim se faz necessário uma teoria. Não reconhecer a necessidade de uma teoria é uma falha e impede o desenvolvimento do pensamento para uma condição de melhoramento social. Tudo ficaria como um monte de peças soltas espalhadas em nossa mente.


Quando pensamos no socialismo e em seu desenvolvimento, pensamos no surgimento do capitalismo industrial. Nele várias pessoas foram reduzidas a uma condição precariedade laboral. Dali surgiram uma série de lutas para a melhoria das condições de trabalho. Vários teóricos começam a esmiuçar as questões sociais e a contribuir, pouco a pouco, ao desenvolvimento de uma sociedade socialista em que poderíamos todos ter acesso a condições melhores de vida. Muitos dos nossos direitos foram conquistados com esses desenvolvimentos.