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terça-feira, 11 de novembro de 2025

Memória Cadavérica #26 — Inadequação ao Debate Público Brasileiro



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Contexto: resposta a um amigo no Discord.


Creio que um grande problema que tenho com o ambiente brasileiro é a minha inadequação. Eu nunca me adapto ao ambiente e tampouco acho interessante o que produzem por aqui. Anteriormente eu tinha um interesse, mesmo que vago, na mídia e no desenrolar das condições políticas e econômicas que se construíam.

Com o passar do tempo, percebi que grande parte do que via era uma reprodução de qualidade duvidosa. Após aprender a ler em inglês, espanhol e francês, vi grande parte de um debate que anteriormente não tinha conhecimento. Percebi que estávamos atrasadíssimos e que grande parte das novidades não adquiria a substância que deveria.

Exemplos:

- A tradição Red Tory (Conservadorismo Vermelho) nunca chegou oficialmente ao Brasil;

- O neohamiltonianismo, o conservadorismo nacionalista, sobretudo a sua produção na American Compass, nunca adentrou no debate nacional;

- O socialismo de mercado, na China, no Vietnã e em Laos, é pouco estudado e o debate é tratado aos barros por trotskistas e stalinistas que lutam para o retorno de um "marxismo puro" ou seja lá o que isso for;

- Até hoje, poucos são os que pesquisaram o termo "woke right" (direita woke) e descobriram que a direita também é woke e que o wokeísmo é uma estrutura comportacional;

- Muitos poucos estudaram Kevin Carson, um defensor moderno do mutualismo e da linha de Proudhon, defensor do anticapitalismo de livre-mercado;

- A regulamentação da internet se reduz a pura e simplesmente a regulamentação das redes sociais, nunca adentrando em sites que não são redes sociais e nunca adentrando em assuntos essenciais como guerras cognitivas, guerras informacionais, operações psicológicas, intervenções eleitorais provindas de países estrangeiros;

- Debates como ecologia, antiwork (anti-trabalho) e pirataria não tomaram a proporção que deveriam;

- Ausência de compreendedores de múltiplas escolas de pensamento, não em nível de só compreender escolas de esquerda, centro ou direita, mas de compreender múltiplos lados de vários espectros políticos.

Com um debate nacional desses, o Brasil não precisa de inimigos. Será sempre o mesmo gerador de esterilidade contínua. Sem inovações reais devido a necessidade crônica de agradar os bandos ideológicos.

sábado, 4 de outubro de 2025

Nas Garras do Dragão #1 — Socialismo de Mercado




Já era hora de analisar diversas fontes e trazer, para o debate público nacional, mais informações sobre a China. Vou visar pegar informações de diferentes fontes, para depois compará-las. 


— Como a China combina Socialismo e Mercado?


Socialismo e princípios de mercado são centrais no que chamamos de socialismo de mercado. Esse sistema permite mecanismos de mercado funcionando dentro de um framework dominado pela propriedade pública e controlada pelo Estado. O objetivo central é o desenvolvimento do socialismo que se beneficia da eficiência do mercado. O Estado mantém o controle dos setores-chave e dos recursos, logo a propriedade pública é central.


O Estado é dono de todas as terras e tem significante porcentagem de investimento nas maiores empresas do país. Empresas privadas operam com os guias estabelecidos pelo Estado e o Partido Comunista.


Essa mudança de modelo ocorreu nos anos de 1970 com a liderança de Deng Xiaoping. Deng alterou o foco estrito do planejamento central para um modelo econômico mais pragmático, usando mecanismos de mercado para aumentar a produtividade.


Basicamente, o governo chinês estabelece metas estratégicas para a economia e intervém quando necessário. A competição de mercado é encorajada para alocar recursos e para promover inovação. Esse sistema econômico híbrido permite uma direção de crescimento econômico ao mesmo tempo que possibilita olhar as desigualdades e instabilidades.


O controle do Estado permite um direcionamento da riqueza para o desenvolvimento social e para promover o Estado de bem-estar. Ele também é uma prova que o socialismo pode se adaptar as condições correntes e fazer uma efetiva implementação. O socialismo de mercado é visto como uma fase preliminar do socialismo, ele permite princípios de mercado ao lado de propriedades públicas. Ele distancia a China de economias capitalistas, ao mesmo tempo que prioriza a maximição de objetivos sociais.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Cuba: restructuración económica, socialismo y mercado" de Vários Autores (lido em espanhol)


Nome:

Cuba: restructuración económica, socialismo y mercado


Autores:

- Julio Carranza;

- Pedro Monreal;

- Luis Gutiérrez.


Adentramos numa época em que vemos o fim do socialismo clássico como modelo. Adentramos numa época em que se fala de um novo socialismo, muito inspirado no socialismo chinês.


O que seria ou, melhor, o que foi o socialismo clássico? O socialismo clássico foi um socialismo que se norteava muito pelo papel protagônico do Estado como principal planejador e distribuidor dos recursos. Ou seja, é o Estado que toma o papel de construir o processo econômico. Essa política vigorou por muito tempo, até entrarmos na construção de um novo projeto econômico socialista.


Os autores definem bem: o socialismo é um regime em que o sistema de propriedade, é um sistema de propriedade em que a sociedade controla genuinamente os meios de produção fundamentais e se beneficia do uso desses meios de produção. Ou seja, a aplicação do regime econômico socialista é a propriedade social dos meios de produção fundamentais e não de todos os meios de produção.


Uma reforma econômica em Cuba seria uma reforma que tivesse os seguintes critérios

  • Recuperação do crescimento econômico;
  • Justiça social;
  • Independência nacional;
  • Redefinição das bases sociais de acumulação;
  • Reinserção na economia internacional;
  • Reforma do sistema econômico.
Os países e as experiências que foram observados como base para essa reforma foram:
  • Novo Mecanismo Econômico (Hungria);
  • Reforma Econômica Vietnamita (Vietnã);
  • Reformas de Deng Xiaoping (China);
  • NEP (União Soviética);
  • Perestroika (União Soviética);
  • Transições pós-comunistas (União Soviética e Leste Europeu).

A reforma abarcaria uma redução do papel do plano como instrumento central da assignação de recursos e coordenação econômica.