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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 10)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


A questão tratada aqui é a comunidade negra. Nas eleições de 1980, Reagan teve suporte de virtualmente todos os segmentos da América. Com a exceção de um grupo: a comunidade negra. A comunidade nega criticou conscientemente as políticas e programas da administração de Reagan. Reagan foi atacado por líderes negros, organizações negras e pela imprensa negra. O apoio de negros ao Reagan era de tão apenas 8% (segundo uma pesquisa da New York Times/CBS).


Os pontos de deslocamento foram vários:

- Os avanços dos direitos civis não foram bem enquadrados;

- O próprio "The Voting Rights Act" foi visto como afastado;

- Houve confusão e inconsistência nas ações afirmativas;

- A questão racial da isenção de taxas para escolas segregadas.


O impacto nos cortes de orçamento, o crescimento do desemprego e o REI (Reduction in forces) do governo afetou minorias, sobretudo negros. Houve também poucos apontamentos de pessoas negras em correlação as administrações anteriores. O governo Reagan era tido como tendo ausência de compaixão.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Acabo de ler "MAGA: The Covert Call for Colonialism's Come Back" de Janga (lido em Inglês)

 


Nome:

MAKE AMERICA GREAT AGAIN (MAGA): THE

COVERT CALL FOR COLONIALISM'S COMEBACK 


Autor:

Janga Bussaja


Quando o movimento MAGA ia se delineando, algumas propostas iam se estabelecendo retoricamente. Dentre elas, as principais eram: protecionismo econômico, restrição de imigração, retorno aos valores americanos tradicionais. Todas essas promessas eram emaranhadas por uma visão mística e nostálgica do passado americano.


Essa visão mística e nostálgica tinha como referência uma visão da hegemonia americana. Uma visão que acompanhava a ideia de que os Estados Unidos estava em decadência e que a segurança econômica não era mais uma garantia. O que havia no passado? Os Estados Unidos eram fortes, o papel da religião era garantido na esfera pública, a visão de mundo era provavelmente estável. Além disso, o papel de cada americano era pré-configurado e inquestionável: raça, etnia e condição socioeconômica cumpriam os seus deveres.


Não muito estranhamente, a retórica de Trump conecta-se com o supremacismo branco, com o fundamentalismo cristão e com a decadência dos políticos do establishment — dentre os quais os antigos conservadores do Partido Republicano. O movimento MAGA encontrou um sólido apoio na nova mídia americana. Breibart News e Fox News tornaram-se uma referência midiática pro movimento.


O movimento MAGA não é um ponto fora da curva da história dos Estados Unidos. Ele possui raízes históricas no próprio período de colonização. Os Estados Unidos foram fundados com base na exploração e subjugamento dos povos nativos e no comércio transatlântico de escravos negros. Um sistema de opressão e desigualdade cresceu lado a lado com a história americana — não fora, mas dentro. A destruição e marginalização do povo indígena ocorria também, lado a lado, com a importação e escravização do povo negro.


Na parte discursiva e narrativa, construía-se uma racionalização: o discurso da superioridade racial branca ao lado da superioridade cultural, o racismo científico acompanhado e brindado pelo mito da superioridade branca. Tudo isso criava um ambiente propício pro racismo sistêmico. Esse passado dos Estados Unidos reverbera até hoje na mentalidade do povo americano.


O movimento MAGA tem uma retórica que contempla uma elite corrupta e um virtuoso povo. Sua identidade é baseada num fervor nacionalista e práticas de exclusão. Um passado mitológico estabiliza e dá uma noção de prosperidade que os Estados Unidos há muito tempo não contempla. Existe também a demonização de grupos marginalizados, como pessoas de cor e imigrantes. Um cenário complexo e um prato cheio para análise.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Acabo de ler "The Agony of the American Left" de Christopher Lasch (lido em inglês/Parte 2)

 


O movimento socialista nos Estados Unidos, ao contrário do que inicialmente se espera, foi bem amplo e bem sucedido por um bom período de tempo. O movimento socialista estadounidense tinha, inclusive, uma série de tendências em um debate aberto.


A união socialista, em suas várias tendências, começou a se desunir quando os americanos testemunharam os estrondos da Revolução Russa. Ali também se percebeu a adesão dos "sociais democratas" ao sistema, o que se considerou uma traição ao movimento dos trabalhadores. Dali em diante, haveria aqueles que seriam mais radicais – propondo uma revolução – e aqueles que seriam menos radicais – propondo uma reforma.


Esse movimento seccionista acaba levando a uma perda. Essa perda é a da unidade do movimento socialista. A ausência dessa unidade não levou a uma força maior de um dos grupos (revolucionários ou reformistas), mas sim a ausência de presença e protagonismo político. Isto é, o movimento socialista se tornou marginal e pouco comum ao americano médio.


Outro problema pairou a vista: a mensagem socialista se restringiu ao trabalhador pobre e a classe média intelectual, enquanto o nacionalismo negro se tornou comum no gueto. Fora isso, o movimento socialista não gostava dos intelectuais por esses serem usualmente de classe média. A fracionalidade implicou em ausência de soma para conquista de poder.


A questão se complicou ainda mais: o marxismo se tornou apenas um método de análise e crítica social. Ele não penetrou na cultura estadounidense. Se tornou meramente uma forma de distintos intelectuais analisarem a sociedade enquanto estavam deitados na sua própria solidão. Essa incapacidade dialógica com o restante da sociedade tornou o marxismo estadounidense incapaz de fazer valer as teses marxistas na sociedade.


Os intelectuais marxistas – e também os outros socialistas – nos Estados Unidos, além de serem isolados, não conseguiram criar uma teoria social consistente e nem dispunham de meios de realização política efetiva. Essa era a dupla fraqueza da esquerda americana: incapacidade teórica e social. Em adição a isso: as tensões raciais ainda imperavam nas discussões e houve uma queda de confiança em relação a União Soviética e os seus rumos revolucionários.


Existiram, todavia, várias influências notáveis do movimento socialista na história americana: a exposição da brutalidade stalinista, a introdução dos trabalhos centrais da literatura européia e a criação de uma arte radical. A exposição da brutalidade stalinista levou a uma busca por respostas mais parciais, isto é, uma política mais reformista. O perigo que as ideias radicais – mudanças estruturais na sociedade – poderiam causar levaram a um movimento político mais brando e menos otimista para com grandes abstrações. O movimento não precisa de intelectuais alienados, mas de mudanças concretas para pessoas concretas.

Acabo de ler "The Agony of the American Left" de Christopher Lasch (lido em inglês/Parte 1)



Estamos numa crise sem precedentes? Essa questão é trabalhada por Christopher Lasch ao analisar a então surgente esquerda pós-moderna. Processo fenomenológico ao qual ele chamou de "deserção dos intelectuais". A distância entre as gerações parecia ser muito maior do que em outras eras. É como se, de repente, um abismo se cravasse de uma geração para outra. Além disso, o fenômeno de radicalização – um pouco estranho a história americana – se tornou, a cada dia, um lugar cada vez mais comum.


A sociedade americana foi vivendo diversas crises. A pobreza se espalhou pelas massas. E várias pessoas se viram não integradas as riquezas criadas pela sociedade norte-americanos. Essa ausência de integração causou uma espécie de ressentimento em massa. Ajudando, enfim, ao processo de radicalização da sociedade americana. As pessoas que já não integravam a sociedade industrial não se integrariam também a sociedade pós-industrial. Essa lacunaridade se tornaria uma "ferida aberta na veia da sociedade estadounidense".


O movimento que vai contra o corporativismo capitalista nos Estados Unidos tem várias faces e vários grupos. Poderia ser mais enquadrado no populismo e no socialismo – convergentes em alguns pontos histórico, mas não inteiramente iguais –, ganha força em grupos distintos como universitários, proletários, negros e imigrantes.


O movimento populista – nos Estados Unidos da América – se distingue do movimento socialista. Os populistas creem na descentralização, desconfiam da burocracia estatal, além de uma ligação com a agricultura. Já o movimento socialista quer a sociedade industrial reorganizada, acredita no poder do Estado e na centralização – não todos, mas a maioria.


A questão discutida é: quem é o responsável por essas distorções que levam pessoas a ficarem a margem do sistema? Se as classes tem um autointeresse na condução econômica, conforme o pensamento marxista, é evidente que ela busca uma solução mais vantajosa para ela enquanto portadora de um privilégio estrutural. Logo a ideologia burguesa nada mais é do que uma forma de fortalecer o poder dominante da própria burguesia. Os populistas veriam de outra forma essa questão, existem pontuações em relação as situações sociais, culturais e até psicológicas. O sistema permaneceria intacto só ao acomodar essas questões.


Em momentos anteriores da sociedade americana, o movimento populista e o movimento socialista colapsaram – se não em nosso momento, ao menos naquele momento em que Christopher Lasch analisava. Eles não conseguiram se fortalecer o suficiente para fazer valer os seus interesses. Não só não chegaram a hegemonia, como cessaram de serem forças históricas transformadoras.


O movimento populista foi sendo substituído na medida em que o capitalismo industrial ia transformando as forças econômicas dos Estados Unidos. Se o movimento populista se baseava muito em questões dos camponeses e a principal força se tornou o proletariado industrial, a principal base do populismo – agrária – não teve forças para se estabelecer como movimento hegemônico. Ademais, o desenvolvimento contínuo da industrialização monopoliza o saber para determinados grupos que cresciam em poder. Seria muito difícil que pequeños grupos agrários pudessem fazer frente a esse poder e a essa produtividade. Em outras palavras, os inimigos já eram poderosos demais para serem derrotados por um grupo pequeno e fraco.


Um dos planos para revitalizar o populismo foi a maior união entre diferentes grupos e um contato maior com os intelectuais. Numa sociedade marcada pela segregação racial, tal união se tornaria mais difícil e o seu processo seria mais delicado. Já era difícil fazer com que os trabalhadores aceitassem migrantes, como fazer com que aceitassem negros? Um processo lento, diga-se de passagem.


Saindo das questões raciais e indo em direção as sugestões de gênero, embarcamos no feminismo. O que se esperava da mulher? Que ela fosse bonita e bem cuidada para que encontrasse um bom marido. Ou seja, que valorizasse a si mesma enquanto produto para ser vendida para um bom homem. A "mulher ideal" não era mais do que uma "prostituta" que era vendida uma única vez. A mulher não podia ter uma liberdade e uma autossuficiência tal como o homem podia. Ela era um ser privado de liberdade e sujeitado ao gênero oposto.


Todos esses movimentos foram crescendo e se ajustando com o tempo, seus líderes/representantes foram sendo eleitos e, a partir de suas eleições, começaram a perder a sua criticidade e capacidade de ver a sociedade americana como injusta. O que foi gerando uma sociedade desintegrada e representantes alheios aos interesses de suas próprias comunidades iniciais. Além disso, vários grupos careciam de voz audível, dentre os quais os negros. Esses grupos marginalizados tiveram as suas pautas esquecidas.