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sábado, 4 de outubro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 11)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


Vemos o desenvolvimento das questões culturais e contraculturais emergindo dentro so debate americano de forma mais radicalizada.


Questões como:

- Aborto;

- Controle de armas;

- Pornografia.


Pautas republicanas tradicionais também são citadas:

- Responsabilidade fiscal;

- Formação de capital;

- Ética do trabalho.


Breves menções ao eleitorado que era usualmente democrata, mas que votou em Reagan. Além da possibilidade de ter uma maioria democrata que impossibilitaria o mandato. Os comentários são breves.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 10)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


A questão tratada aqui é a comunidade negra. Nas eleições de 1980, Reagan teve suporte de virtualmente todos os segmentos da América. Com a exceção de um grupo: a comunidade negra. A comunidade nega criticou conscientemente as políticas e programas da administração de Reagan. Reagan foi atacado por líderes negros, organizações negras e pela imprensa negra. O apoio de negros ao Reagan era de tão apenas 8% (segundo uma pesquisa da New York Times/CBS).


Os pontos de deslocamento foram vários:

- Os avanços dos direitos civis não foram bem enquadrados;

- O próprio "The Voting Rights Act" foi visto como afastado;

- Houve confusão e inconsistência nas ações afirmativas;

- A questão racial da isenção de taxas para escolas segregadas.


O impacto nos cortes de orçamento, o crescimento do desemprego e o REI (Reduction in forces) do governo afetou minorias, sobretudo negros. Houve também poucos apontamentos de pessoas negras em correlação as administrações anteriores. O governo Reagan era tido como tendo ausência de compaixão.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 9)

 


Livro:
The Reagan Revolution

Autora:
Prudence Flowers


Nesse discurso, Reagan fala sobre a importância de diminuir o gasto governamental — ou tê-lo sob controle — e reduzir os impostos. Além disso, trata sobre a saúde da economia. Chegando a dizer que o governo é muito grande e gasta muito. Reagan caracteriza a economia americana daquele período como marcada por altos impostos e excesso de gastos. Além disso, o gasto governamental crescia mais rápido do que a economia. Tudo isso gerava o aumento da dívida e estava na hora de trocar a dieta.


O que Reagan propõe é:

1. Reduzir o crescimento do gasto;
2. Cortar as taxas marginais;
3. Parar a sobrerregulação;
4. Seguir uma política monetária não-inflacionária e predizível. 

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 8)



Livro:
The Reagan Revolution

Autora:
Prudence Flowers


Nesse trecho do livro, existem vários discursos do Reagan. Eles são de natureza menor (em número de páginas) do que os capítulos escritos previamente pela autora. Logo as análises adquiriram provavelmente corpos textuais menores.

Nesse discurso, Reagan fala sobre ter gasto grande parte da vida como um democrata (em referência ao Partido Democrata). Todavia o que ele percebe é que houve um endividamento crescente do seu país.


Reagan trará questionamentos a respeito da identidade americana. Ele questiona se os americanos ainda preservavam a liberdade que os Pais Fundadores desejavam para eles. Ele questiona se os americanos ainda acreditavam no autogoverno. Ele questiona se não teriam abandonado a Revolução Americana. Ele questiona se os americanos deixariam uma pequena elite intelectual cuidar da vida de todos.

Em um momento, ele fala da "The Great Society", uma referência ao projeto do Lyndon B. Johnson (sucessor de Kennedy). De como o governo não pode controlar a economia sem controlar as pessoas. Além disso, que os programas sociais levantados não estavam diminuindo a necessidade social desses programas, mas sim que a necessidade aumentava ao lado do programa que aumentava junto, sempre levando ao aumento do Estado.

Por fim, ele cita Barry Goldwater, que foi o escritor do livro "The Conscience of a Conservative" (1960). Dizendo a necessidade da força para se ter paz.

O discurso de Reagan é um discurso da identidade americana em sua característica fundacional. Um retorno aos Pais Fundadores.

domingo, 28 de setembro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 7)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


A briga entre republicanos moderados e republicanos de tendências mais tradicionalistas no âmbito moral continuou. As imagens de Reagan foram se mesclando entre mito, memória, mídia e política.  George H. W. Bush, vice de Reagan, foi encarado como alguém que não se converteu o suficiente para as visões de Reagan. Questionaram se ele seria uma continuidade ou uma disrupção. Além disso, a eleição começou a apresentar a disparidade de gênero e raça nas escolhas políticas.


Depois de sair da Casa Branca, houve a publicação do "Speaking My Mind" que tinha uma coletânea de falas do Ronald Reagan e "An American Life" que tratava mais propriamente do Reagan em si. Reagan foi construindo um imaginário não partidário, o de um líder visionário que reestabeleceu os Estados Unidos. Ele chegou a receber o título de cavalheiro honorário da Rainha Elizabeth II e a visita do ex-líder comunista Mikhail Gorbachev. Prosseguindo mais adiante, Reagan desenvolveu Alzheimer e morreria no dia 5 de junho de 2004 com 93 anos. Ele foi visto como um chefe sonhador e o homem que alterou a política americana, restaurando a confiança da população e a crença do povo americano em si mesmo.


Reagan trouxe o Partido Republicano novamente ao cenário político. De 1933 a 1980 apenas três republicanos foram presidentes: Dwight Eisenhower, Richard Nixon e Gerald Ford — sendo só dois desses eleitos. No cenário pós Segunda Guerra, republicanos foram um partido minoritário no âmbito federal. Uma pequena curiosidade, o Bush Filho, um evangélico "nascido de novo", tinha mais aproximação ideológica com Reagan do que seu pai.


Reagan, construído como herói bipartidário, teve uma aprovação pública crescente. Nos seus oito anos como presidente, teve 52.8% de aprovação.  Em fevereiro de 1999, 71% de aprovação. Em novembro de 2010, 74% de aprovação. Além disso, após Reagan ter vencido em 49 estados, os democratas seguidores do New Deal foram substituídos por democratas de tendências mais centristas que adotaram princípios do neoliberalismo. Exemplos concretos disso são Clinton e Obama.


Atualmente se fala do caso "Reagan X Trump". Trump é muito mais populista do que propriamente um conservador. Ele é segue mais uma agenda anti-establishment e é um isolacionista. Além disso, enquanto Reagan era um pró-imigracionista, Trump é contrário à imigração. Após a derrota em 2020, Trump tornou-se ainda mais autocrático, demandando mais lealdade para ele do que ao partido ou à nação. Fora isso, os seguidores de Reagan são vistos como parte do mainstream e Trump ataca os chamados "conservadores reaganianos". Há uma tentativa de Trump de se aproximar do primeiro mandato de Reagan, sobretudo em pautas de gênero, sexualidade e reprodução, o que agrada a direita religiosa. Outra aproximação é o corte de taxas, sobretudo para os mais ricos, e de programas sociais. O afastamento se dá bastante na esfera protecionista, mas a questão do aborto aproxima Trump e Reagan. Os discursos constrastam: Reagan tinha uma oratória extremamente refinada, próxima do povo, patriótica e otimista; Trump tem um discurso menos refinado, mais sombrio e, após a derrota em 2020, adquiriu um tom mais conspiratório e retoricamente violento em 2024. Trump representa muito mais uma política pautada na raiva, no ressentimento e na desconfiança.

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 6)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


Ronald Reagan foi, como vimos, adotando uma postura menos ideológica e mais pragmática. Afastando-se dos ciclos neoconservadores e evoluindo para uma posição mais complexa e sutil. Uma das condições mais características desse desenvolvimento foi a sua relação com Mikhail Gorbachev.


Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev trabalharam para eliminar a ameaça nuclear. É evidente que Gorbachev chama muita atenção. Odiado por muitos, querido por muitos. Gorbachev chegou a ser elogiado por Margaret Thatcher. No período em que Gorbachev governou a União Soviética, a sua nação havia passado por várias décadas em que muito do gasto ia para a defesa. Cerca de 80% para ser mais exato. O que levou a educação, os serviços sociais e a saúde a passarem por um grande aperto.


É evidente que existe uma complicação e uma complexidade nessa relação. Enquanto que os Estados Unidos tinham um orçamento militar crescente na era Reagan, cerca de 8% de acréscimo ao ano; a União Soviética teve um crescimento de orçamento militar 1.5% entre 1975 e 1984.


Gorbachev lançou as bases da Perestroika e Glasnot. A Perestroika visava uma modernização tecnológica e um aumento da produtividade dos trabalhadores. Além disso, houve uma tentativa de reformar a burocracia soviética para aumentar a eficiência. Naquele tempo, a política anti-alcool (que era um sério problema para saúde pública) se mesclava a adesão de uma economia mista com elementos de livre-mercado e investimentos do exterior. Enquanto isso, a Glasnot serviria para dar maior participação do povo no processo político e burocrático, aumentando a liberdade de expressão. Isso envolvia o povo e a mídia. 


Reagan e Gorbachev tentavam dar cabo do INF (Intermediate Range Nuclear Forces), para destruir o seu arsenal. De qualquer forma, seja Reagan, seja Gorbachev, enfrentaram oposições em seus respectivos países. Reagan enfrentou oposição de republicanos e da New Right (Nova Direita), que condenavam Reagan de forma pública ou privada. A diplomacia da União Soviética e os Estados Unidos era vista como esperança ou como uma ameaça em que um inevitavelmente enganaria o outro. Em maio de 1987, a revista National Review chegou a publicar o "Reagan's Suicide Pact".


Em 1988, Reagan proferiu um discurso na Universidade de Moscou falando sobre um novo mundo de reconciliação, amizade e paz. A União Soviética cortaria 500 mil pessoas de suas forças armadas e Tadausz Mazowiescki seria o primeiro líder não-comunista do leste europeu. Veríamos mudanças significativas na Europa Central e no Leste Europeu. A queda do Muro de Berlim estabelecer-se-ia. Posteriormente veríamos a dissolução da União Soviética em 1991, com uma transição que poderia ser chamada de pacífica.

sábado, 27 de setembro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 5)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


Com o tempo, as pessoas passaram a gostar mais do Reagan positivo, de mensagens não-ideológicas. Instalou-se um conflito entre o "homem Reagan" e o "Reagan ideológico" — tenha em mente que Reagan surgiu como um membro da New Right (Nova Direita), que era religiosa. Isso levou a um questionamento sobre a sua identidade.


Um ponto importante sobre Reagan é a sua agenda econômica. Reagan trouxe pautas econômicas, enfrentando protecionistas no Congresso. Exemplos disso é o Tax Reform Act; o livre comércio com Israel; o livre comércio com Canadá e México.


A questão da imigração fornece um episódio histórico interessante. No período pós-Segunda Guerra, os republicanos foram os campeões do aumento das políticas de imigração. Isso permitia um grande número de trabalhadores para fortalecer os negócios. Todavia no período de 1970, certos republicanos começaram a argumentar que o fluxo migratório colocava pressão nas escolas e no sistema de saúde, aumentando os custos dos programas sociais e também que os imigrantes pegavam trabalhos de americanos. Reagan, por sua vez, rejeitava fortemente as tendências restricionistas. Ele acreditava que os imigrantes tornavam o país sempre jovem, sempre cheio de energia e de novas ideias. Graças a isso houve o The Immigration Reform and Control Act de 1986.


Houve um gigantesco escândalo de corrupção quando foi descoberto que a CIA (Center Intelligency Agency) secretamente vendia armas para o regime iraniano do Aitolá Khomeni. O que deu uma certa dor de cabeça por um grande tempo.


Mesmo reeleito com uma extremamente satisfatória margem, Reagan não escapou de críticas. Alguns especulavam demência. Chegou-se até a se falar que Reagan não lia nem pequenos papéis ou documentos, sequer que ia trabalhar, mas ficava vendo films e televisão na sua residência. De qualquer forma, os republicanos precisavam recuperar a imagem de Reagan para ganhar a próxima eleição. Os dois principais trabalhos seriam: um acordo de um controle de armas entre a União Soviética e os Estados Unidos e a redução do deficit.


Houve outra turbulenta questão para o governo Reagan. Ao indicar Robert Pork por sua jurisprudência conservadora e crença no originalismo, surgiram recordações do seu posicionamento contrário às ações afirmativas, ônibus, aborto e contracepção. Isso levou a um posicionamento contrário de organizações afro-americanos e feministas, ao mesmo tempo que que a direita religiosa e os grupos anti-aborto apoiaram a indicação. Mesmo assim ele foi rejeitado. Douglas Ginsburg foi rejeitado pelo o seu uso de maconha em momentos passados da sua vida. Por fim, veio Anthony Kennedy, que recordava mais um conservador tradicional do que um conservador ideológico.


Houve uma polêmica com a legislação dos direitos civis e as políticas anti-discriminatórias. Além do chamado pânico moral em que grupos da direita religiosa espalharam que isso levaria a ter homossexuais em escolas, AIDS nas cafeterias das escolas e ações afirmativas para travestis. E, é claro,  toda a polêmica que passou o Grove City Bill.

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 4)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


A "maioria moral", um dito muito clássico. Refere-se às pessoas que não adotam padrões culturais progressistas, mas que seriam, ao menos aparentemente, mais tradicionalistas nos costumes. Tudo isso desemboca em discussões sobre aborto, direitos das mulheres, família, pornografia, escolas religiosas, oração dentro das escolas e programas de bem-estar social. Sempre lembrando a guerra cultural que surge dentro desse contexto. Raça, etnia e gênero são sempre mencionados.


Quanto ao aborto, o próprio Bush (vice de Reagan na época) era pró-escolha (pró-aborto), mas escolheu respeitar a plataforma de Reagan (que era contra o aborto). De qualquer forma, a oposição ao aborto era uma estratégia eleitoral do Partido Republicano para obter uma maioria conservadora. Em 1982, 22% da população americana era fortemente contra o aborto e 39% era pró-escolha. Além disso, até os anos 90, republicanos (pessoas que votavam em republicanos) eram mais pró-escolha do que democratas.


No caso Roe v Wade (1973), a Suprema Corte deu um voto favorável ao aborto. No caso Engel v Vitale (1962), a Suprema Corte acreditou que a "rezador oficial" nas escolas era inconstitucional de acordo com a primeira emenda da Constituição Americana. Esses tipos de decisões eram tidas como absurdas pela direita religiosa. Mas, indo mais adiante, vemos que conservadores sociais e religiosos queriam limpar a sociedade que viam como sexualizada e corrupta. Focaram em expressões artísticas e culturais que viam como obscenas. Além disso, viram blasfêmia e promoção da homossexualidade em muitas obras. Buscaram colocar até mesmo uma cláusula de decência na NEA (The National Endowment for The Arts). Muitos artistas clamaram, naquela época, por liberdade de expressão e liberdade civil. Há, evidentemente, o caso curioso de quando conservadores sociais e religiosos juntaram-se a feministas radicais, como Andrea Dworkin e Catherine MacKinnon para campanhas anti-pornografia.


Nos anos de 1960 e 1970, o uso ilegal de drogas se tornou parte da vida de muitos americanos. Reagan era contrário ao uso de drogas. Tinha um especial desgosto pela maconha. Para a direita religiosa, as drogas não eram uma questão vital, mas um reflexo da sociedade degradada, que havia aderido uma secularização na cultura e na política, o que supostamente levou a várias condições como o divórcio, famílias quebradas, delinquência juvenil e o próprio vício em drogas. Além disso, a direita religiosa opunha-se ao humanismo secular. É evidente que há uma briga entre conservadores libertários (pró-drogas, pró-aborto, pró-LGBT e pró-liberdade individual de uma maneira geral) e os conservadores moralistas (de tendências religiosas ou o chamado "conservadorismo social") — mesmo que, deva-se admitar, que o brasileiro médio não conheça as distintas linhas do pensamento conservador.


Quanto a crise da HIV/AIDS, Reagan cortou o orçamento da The National Institute of Health. Além disso, a sua administração interveio para bloquear a atuação do Congresso em suas tentativas de se lidar com a crise da AIDS e obstruiu a atuação preventiva da CDC (Centers for Disease Control). Fora isso, a administração de Reagan ainda reduziria significantemente o orçamento para pesquisas envolvendo a AIDS e programas para pacientes.


A direita religiosa acreditava que a AIDS era uma "praga gay". Pat Buchanan, que anteriormente havia trabalhado para a administração de Nixon, dizia que homossexuais eram uma ameaça à moral e à saúde pública. William F. Buckley Jr., o fundador da revista National Review, diria que todos os homens gays com AIDS deveriam ser tatuados em sua nádegas. A direita religiosa aproveitou para passar o Family Protection Act, em que uma das suas medidas era barrar o financiamento federal para qualquer pessoa ou grupo que advogasse pela homossexualidade. A morte de Terry Dolan, o fundador da National Conservative Political Action Committee, por AIDS e o fato dele ter relações homossexuais foi chocante naquele momento histórico conturbado. De qualquer forma, o governo Reagan ainda sugeria que a melhor solução era a monogamia e a abstinência sexual.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 3)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


Em 1982, Ronald Reagan discursou em Orlando, na Flórida. Na "The National Association of Evangelicals" ele falou de adolescentes, controle de nascimento, sexualidade permissiva, a necessidade de rezar na escola, a sua oposição ao aborto e a importância de uma moralidade tradicional.


Reagan é conhecido por chamar a União Soviética de império do mal. Tentar fazer os americanos orgulhosos novamente do seu país e das suas forças armadas — o que se perdeu com a guerra do Vietnã. Além disso, de tentar elevar o prestígio internacional dos Estados Unidos. Ele investiu no desenvolvimento de armas e na construção das forças armadas americanas. Fez a Casa Branca dar suporte material para movimentos nacionalistas anti-comunistas por todo o mundo. Além disso, um suporte aos direitos humanos (entendidos aqui como liberdade individual e democracia). Reagan acreditava que os EUA e seus aliados capitalistas eram o mundo livre que resistiam a sociedades escravas comandadas pela União Soviética e o mundo comunista.


— A Nova Doutrina da Política Exterior:

1. Dramático aumento no financiamento militar;

2. Uma nova assertividade nos assuntos globais;

3. Uma renovada competição com a União Soviética.


Um fato curioso: Reagan acreditava que o orçamento militar não era uma questão de orçamento, mas que deveriam gastar o quanto fosse necessário. De qualquer forma, em 1983 a maioria dos americanos suportavam uma redução nos gastos militares. Mesmo com a retórica dos direitos humanos e liberdades individuais, os Estados Unidos forneciam suportes para ditaduras (Argentina, Guatemala e El Salvador são exemplos notórios).


Para conter e reverter a expansão soviética, o governo americano ajudou grupos insurgentes anti-comunistas. O que resultou em guerras civis. Naquele período turbulento da Guerra Fria, William Casey (diretor da CIA) acreditava que qualquer colapso em um regime comunista, mesmo que esse fosse pequeno ou comparativamente insignificante, poderia levar a perda do poder global soviético e a sua autoridade.


Durante o seu governo, Reagan aproximou-se da China (que havia brigado com a União Soviética) e trabalhou para isolar a URSS economicamente. Falou sobre a natureza ateísta e sem Deus do comunismo. Tendo que enfrentar as campanhas pela esfriamento nuclear (manifestações anti-nucleares). Com ou sem apoio social, o que era bastante volátil, os Estados Unidos forneceram armas e inteligência, ocasionalmente enviando tropas americanas, para desestabilizar adversários.

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 2)

 


Livro:
The Reagan Revolution

Autora:
Prudence Flowers


Ronald Reagan teve que se deparar com a estagflação, o desemprego e a turbulência econômica. Para tal, usou corte de taxas, diminuiu o orçamento dos programas sociais, tomou medidas anti-sindicalistas e colocou uma agenda desregulatória. Com isso, a diferença entre ricos e pobres aumentou bastante nos Estados Unidos da América.

A The Heritage Foundation defendia uma linha econômica supply-sider, onde deveria existir um corte de taxas para os ricos e os grandes negócios, além da desregulação da indústria. Isso, segundo os especialistas, levaria ao crescimento econômico e reduziria o desemprego. Além disso, o dinheiro poderia parar na inovação e investimento. Fora isso, existia a defesa do conservadorismo fiscal.

Reagan se espelhava na Margaret Thatcher que defendia uma linha de pensamento semelhante em suas políticas: corte de taxas, desregulação da indústria, limitação da burocracia governamental, redução do poder sindical e corte no gasto governamental.

Convém mencionar que a The Heritage Foundation não possui só o Project 2025, como auxílio, nessa época, Reagan com um documento de 3.000 páginas chamado "Mandate for Leadership".

As crises nos movimentos conservadores eram constantes. Falava-se das pautas dos conservadores sociais — leia-se: defensores do tradicionalismo moral —, o que fez Reagan responder que não existia uma agenda social, uma agenda econômica e uma agenda da política exterior, mas que todas eram uma só agenda.

Cortes de taxas eram feitos para os grandes negócios, para os ricos, para a classe média e para a classe trabalhadora. Reagan acreditava que reduzir taxas e cortar programas sociais eram um incentivo para que as pessoas voltassem a trabalhar, visto que os programas sociais levavam a dependência do Estado.

Apesar da diminuição nas taxas e a ideia de diminuição do gasto governamental, houve um aumento no setor militar. Entre 1981 e 1982, o orçamento militar cresceu 17.5%. Além disso, o gasto federal cresceu significantemente, o deficit anual e a dívida nacional triplicaram.

O governo seguiu atacando sindicalistas e programas sociais. O resultado foi extremamente impactante para a classe trabalhadora, para os desempregados, para os pobres, para as minorais raciais e étnicas. Além disso, Reagan fez um corte em um programa que dava almoço para estudantes, fazendo com que 3 milhões de estudantes deixassem a escola até o final de 1982. Fora isso, graças a uma medida de Reagan, apenas 45% dos desempregados conseguiram pegar o seu auxílio desemprego. 

As medidas de Reagan, antisindicalistas e pró-desregulação, aumentaram drasticamente o processo de desindustrialização que havia começado nos anos de 1970. Profundas divisões sociais se radicalizaram: apenas certos setores industriais, os grandes negócios e as elites ganharam com as medidas. Os ricos foram os que mais ganharam com os cortes de taxas, fora isso, os especuladores de Wall Street também. A face mais cruel era apresentada para os desempregados, para os pobres e para os moradores de rua.

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 1)


 
Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


O surgimento da chamada "New Right" (Nova Direita), ou direita religiosa ou conservadorismo social, foi marcado por uma série de acontecimentos. No geral, além do tradicionalismo moral, essa direita se opõe ao grande governo e a importância do Estado de bem-estar social.


Quando pensamos sobre a New Right, também pensamos em Ronald Reagan. E aqui cabe um aviso: Ronald Reagan, ao contrário da noção popular, não era um mero ator de filmes B. Ele tinha dupla formação em economia e sociologia. Tendo sido formado pela Eureka College. Além disso, há o fato dele ter atuado em cinquenta filmes. Ter sido, na primeira parte da vida, um democrata que apoiou Franklin Delano Roosevelt (FDR). O mesmo FDR que criou o New Deal e que aumentou bastante o tamanho do governo em suas áreas de atuação.


É fato conhecido que Ronald Reagan trabalhou para a GE (General Electric), onde tinha que ler conteúdo anticomuninista, anti-New Deal e revistas conservadoras influentes (como a National Review do William F. Buckley Jr.). As falas de Ronald Reagan refletiam as posições da GE: anti-regulação, anti-sindicato e anti-welfare (contra o Estado de bem-estar social). O que se tornou algo crescentemente político.


Naquele tempo, alguns setores conservadores se opunham ao FDR, o New Deal e o keynesianismo. Eles viam esse programa como corrompedor do capitalismo laissez-faire e da mão invisível do mercado. Eles opunham o Estado de bem-estar social com a caridade privada, a comunidade e a iniciativa individual. Além disso, viam que o New Deal refletia a centralização de poder dos países comunistas. Eles viam no Partido Republicano um espaço pró-mercado, para defender o governo pequeno, para propor pautas anti-regulação e para se opor ao Estado de bem-estar social.


Vamos ver um quadro mais geral dos Estados Unidos e da direita americana.


É evidente que nem todo republicano e nem todo conservador era assim. Por exemplo, Dwight D. Eisenhower — ex-presidente dos Estados Unidos — defendia o chamado "republicanismo moderno". Ele propôs a expansão do Estado de bem-estar social, investimento em infraestrutura, uma defesa cautelosa dos direitos civis, criou a NASA e conciliou os princípios conservadores com a aceitação prática do papel do governo federal nas necessidades sociais.


Um dos elementos a serem mencionados é o Barry Goldwater (escritor do livro The Conscience of a Conservative). Ele defendeu a privatização dos programas de segurança social, os programas populares do governo, o New Deal e disse que o movimento dos "Civil Rights" (direitos civis) deveriam ser matéria dos estados — Goldwater perderia para o sucessor de Kennedy, Lyndon B. Johnson (conhecido pela "Guerra à Pobreza"). No mesmo período, Nelson Rockefeller falou sobre o Partido Republicano estar sendo tomado por fanáticos.


Richard Nixon (Republicano), quando eleito defendeu leis de proteção ambiental, a criação de novas agências federais, a renda universal básica, inicialmente aprovou medidas para acabar com a discriminação sexual e de raça, tendo apoiado até ações afirmativas e cotas. É importante lembrar os republicanos rockefellerianos que defendiam o planejamento familiar, as legislações protegendo o meio ambiente e os direitos civis. Além disso, existiam feministas republicanas (ERA: Equal Rights Amendment), que defendiam o direito ao aborto, ações afirmativas e um financiamento federal para o cuidado de crianças.


Esse quadro, bastante interessante e até estranho ao brasileiro médio, sobretudo para a esquerda que odeia o Partido Republicano e não conhece as diferentes vertentes conservadoras.


Quando a chamada Nova Direita (New Right) surgiu, eles fundaram várias organizações, institutos e think tanks. Dentre eles, está a The Heritage Foundation — conhecida pelo Project 2025 —, o The Committee for the Survival of a Free Congress e o The National Conservative Political Action (NCPAC). Eles defendiam hma moralidade tradicional, condenavam as mudanças sociais, sexuais e de gênero que surgiram após a segunda guerra mundial. Defendiam os valores da família tradicional, sendo evangélicos conservadores ou brancos cristãos fundamentalistas.


Um dos fatores centrais para a vitória neoconservadora foi a Electronic Church de Pat Robertson (Christian Broadcasting Network). Ali existia uma rede de televangelistas que tinham alguns focos e pautas. Eles condenavam a segunda onda do feminismo e a liberação gay. Acreditavam que a segunda onda do feminismo era anti-família, anti-criança e pró-aborto. Além disso, houve quem equiparou a homossexualidade à pedofilia.


Reagan conseguiu se eleger como a figura da Nova Direita (New Right), trazendo o neoconservadorismo para o mainstream, unindo diversas facções do Partido Republicano, energizando o tradicionalismo moral e terminando com a coalizão do New Deal.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Acabo de ler "Project 2025" de John Madison (lido em inglês/Parte 1)


Nome:

Project 2025

Democracy at Risk: TRUMP and the Future of U.S. Politics.


Autor:

John Madison


Aviso:

Essa análise vai do Capítulo 1 ao 4.


O desenvolvimento do Projeto 2025 tem chamado a atenção não só nos Estados Unidos da América, como também no mundo todo. Por tal razão, resolvi iniciar uma série de leituras para compreender mais sobre o tema. Para quem se interessar, todas as leituras correlatas ao Projeto 2025 serão lançadas com  o marcador "Project 2025", inclusive aquelas que são "expansões" para a melhor compreensão do debate. Recomendo também, antes da leitura de qualquer texto daqui, a leitura do "Agnosticismo Metodológico".


O próximo governo dos Estados Unidos tem os seguintes nortes: liberdade individual, governo limitado e soberania nacional. Existirão uma série de reformas. Sejam essas econômicas, militares, nas leis de migração, no tratante aos trabalhadores do Estado, na educação.


Algumas características:

– Desburocratização;

– Revisão das leis de imigração;

– Redução de impostos;

– Educação sem doutrinação e promotora dos valores americanos; 

– Reforma do sistema de saúde baseada em leis de mercado;

– Responsabilidade individual;

– Modernização das Forças Armadas e da Segurança Nacional;

– Competição com a China.


Uma das principais características que chamam a atenção no documento é a semelhança entre o que foi o governo de Ronald Reagan e o que será o governo de Donald Trump. Além disso, é dito que Ronald Reagan seguiu o planejamento de Heritage Foundation e que Donald Trump também seguirá. Embora sejam planos diferentes, adaptados a realidades históricas diferentes.


Quanto a divisão de poderes, serão estabelecidos limites constitucionais para o legislativo, para o executivo e para o judiciário. Além disso, o federalismo será reforçado para maiores ações locais e autonomia entre as regiões.


Cybersegurança:
Um dos campos mais mencionados no livro é a questão da cybersegurança. A modernização e o investimento nesse setor é crucial para lidar melhor com inimigos/competidores externos, como a Rússia e a China. Além disso, serão analisados crimes virtuais. Outra preocupação que surge é o 5G e a corrida tecnológica com a China. Sem a supremacia tecnológica americana, muito dificilmente os EUA manterá a sua soberania global. Outra questão que entrou é a biotecnologia.


Educação e Trabalho:

Existirá um programa educacional especial voltado a promoção da ciência, da tecnologia, da engenharia e da matemática. Fora isso, se priorizará a maior escolha das famílias quanto a educação dos filhos e uma educação mais voltada as transformações que ocorrem no mercado de trabalho.


Reforma Econômica:
O programa econômico do segundo Governo Trump será muito semelhante ao que chamamos de "nacionalismo liberal" em alguns aspectos. Ou seja, um "livre mercado" mais interno. Terá uma desregulação para maior liberdade empresarial, diminuição de taxas para que os empreendedores ganhem mais estímulos para empreender, promoção de negócios e investimentos que tenham correlação com interesses americanos.


Forças Armadas:
Com o avanço da Rússia na Europa e com o desenvolvimento rápido da China, tornou-se necessário uma renovação das forças armadas americanas. Alguns pontos elencados são:

– Inovação tecnológica para manter soberania;

– Aumento das capacidades nucleares;

– Investimento em tecnologia espacial;
– Investimento em armas avançadas;
– Investimento em inteligência artificial;
– Investimento em computadores quânticos;
– Investimento em robôs;
– Investimento em hipersônicos.


China:

A China vem sido considerada uma crescente ameaça ao domínio americano. Seu desenvolvimento constante e a expansão da sua influência global tem sido não só má vista pelos EUA, como também é um ponto de interrogação quanto ao protagonismo que os EUA exerce no mundo. O documento cita alguns pontos que são observáveis na China e que levam os EUA a uma preocupação constante:
– Rápida modernização militar;
– Aumento da influência econômica;
– Ambições estratégicas;
– Rota da Seda e aumento da influência global da China;
– 5G e corrida espacial.


Segurança interna:

Em relação a segurança interna, a imigração e a infraestrutura adentram. Os EUA têm encontrado um problema constante com imigrantes ilegais e com infraestrutura sucateada. Problemas que se não forem corrigidos, podem levar a ruína do Estado americano. Para tal, o documento pontua algumas necessidades:

– Segurança nas fronteiras;
– Controle da imigração;
– Proteção da infraestrutura crítica;
– Maior capacidade de responder desastres.


Proteção Contra Influência Externa e Informação:

O documento também fala acerca da influência externa e dos serviços de informação para a segurança nacional. Além de não medir esforços sobre uma parceria com os aliados para o aumento da qualidade tecnológica para dar respostas rápidas contra agentes adversários. O autor lembra do período em que os EUA confrontou a União Soviética, também citou a era da guerra contra as ações terroristas e adentra na chamada "Segunda Guerra Fria" contra a China. Para uma maior segurança nacional, os seguintes movimentos serão tomados:

– Procurar a integridade de uma informação;

– Descobrir campanhas de desinformação e propaganda;

– Assegurar um sistema de votos seguro;

– Promoção da cultura da vigilância;

– Maior vigilância em redes sociais para possíveis táticas de subversão de agentes externos.


Respeito aos Direitos Civis:

A constante tensão entre a necessidade de proteger os Estados Unidos e os direitos civis para assegurar a liberdade dos indivíduos requer um questionamento frequente acerca das ações que serão tomadas para não prejudicar os lados dessa balança entre segurança e liberdade. O documento fala sobre transparência e respeito aos padrões de ética.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Acabo de ler "Teologia do Domínio" de Eliseu Pereira (Parte 4)

 


Nome:

TEOLOGIA DO DOMÍNIO: UMA CHAVE DE INTERPRETAÇÃO DA RELAÇÃO EVANGÉLICO-POLÍTICA DO BOLSONARISMO


Autor:

Eliseu Pereira


Esse artigo responde uma pergunta: quando se deu a aproximação do partido republicano para com o público evangélico? Em 1964, o Partido Republicano (PR) sofreu uma das maiores derrotas da sua história. Para resolver essa questão – num país onde o voto não é obrigatório – um dos públicos a serem conquistados era o dos evangélicos. A conveniência uniu o PR (Partido República) e a TD (Teologia da Dominação).


O plano teocrático teria os seguintes objetivos:

“para tornar ‘todo pensamento cativo a Cristo’; exercer domínio sobre todos os aspectos da vida; e fazer com que a família, a igreja e o governo civil estejam em conformidade com os ditames da lei bíblica”


O leitor ou a leitora devem estar se perguntando qual seria a base que fundamentou esse revés histórico de cristianização da política. A base seria a suposta "decadência moral" dos Estados Unidos da América. Essa "decadência moral" estaria ligada aos avanços dos comunistas e humanistas.


Com um período longo de formação de base – envolvendo vários think tanks –, Ronald Reagan foi eleito e reeleito. Além disso, o senado americano conseguiu a maioria republicana. Com Ronald Reagan, empossado pelos anseios evangélicos, a política neoliberal tomou forma. O que demonstra, mais uma vez, a fusão entre neoliberalismo e teologia do domínio.


A Teologia do Domínio conseguiu estabelecer alguns presidentes nos EUA: Ronald Reagan, George W. Bush e Donald Trump. Esse último, por sua vez, criou institutos para promover os interesses dos Estados Unidos e de Israel na América Latina: "Latino Coalition for Israel". O que demonstra que os interesses da Teologia do Domínio foram exportados para cá. Não é incomum que pastores norte-americanos venham para ministrar cursos aos pastores brasileiros.


O lobby evangélico tampouco precisa ganhar as eleições presidenciais para fazer valer a sua vontade. Pode muito bem avançar em setores menores: governos estaduais, câmeras legislativas e tribunais. Além disso, ocupam setores educacionais, censuram livros e obras de arte. A Teologia do Domínio é exportada para países do hemisfério sul.