sexta-feira, 21 de junho de 2024

Acabo de ler "A Tirania dos Especialistas" de Martim Vasques da Cunha (Parte 5)

 


O que define a filosofia é o esforço trágico. A filosofia é a redenção do homem perante a tragédia e não qualquer outra coisa. Isto é, o desenvolvimento filosófico é propriamente a negação de uma vida envolta nos ritmos das paixões que surgem das formas móveis.


Na tragédia temos a questão da catarse. A catarse é, propriamente, a purificação ante os fenômenos trágicos da vida. É só na tragédia que reconhecemos a vida humana em sua contingencialidade, isto é, em seu aspecto delimitado. O esforço filosófico não é uma negação desse aspecto delimitado em sentido simples, mas uma negação dessa delimitação pela aceitação dele. O esforço filosófico surge da aceitação para a superação. Se perguntassem a um filósofo a razão dele filosofar a resposta seria: "sou filósofo pois morro".


Em vez de pensarmos em criar um mundo perfeito, temos que aceitar a imperfeição e incapacidade diante desse mesmo mundo. Um mundo que sempre escapa ao nosso controlo. O filósofo é quem está ajoelhado diante da angústia desse mesmo mundo. E ele reconhece esse mundo em sua tragédia, em sua agonia. É a partir disso que ele estuda e começa a compreender como viver nesse mesmo mundo tomado pelo aspecto contingencial.


O filósofo não busca soluções mágicas, mas viver sobriamente num mundo que – apesar de nosso esforço – nunca se atém perfeitamente ao que esperamos ou queremos que ele fundamentalmente seja. É por isso que a filosofia é importante, ela nos ensina a lidar com essas mudanças constantes que o mundo material apresenta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Acabo de ler "The Case Against Democracy" de Mencius Moldbug (lido em inglês)

  Nome: The Case Against Democracy: Ten Red Pills Autor: Mencius Moldbug Vendo o interesse contínuo na Nova Direita Cultural e no Iluminismo...