Christopher Lasch não poupa ninguém em sua análise. Como podemos ver, a esquerda americana sempre amarga em derrotas e ele explica a razão delas falharem. Aqui ele fala mais sobre o racismo e os movimentos pelos direitos civis dos negros. As questões raciais nos Estados Unidos sempre foram tensas.
As relações raciais nos Estados Unidos, tal como no Brasil, variam de local para local. As relações raciais no sul do país não são as mesmas que no norte do país. Particularmente no sul, a integração da comunidade negra – em vez da dissolução no todo social – criou um forte sentimento coletivo e disciplina interna. O que favoreceu fortemente uma política negra.
A relação dos negros no sul era fortemente guiada pelas igrejas. Essas tinham como base a paciência, o sofrimento e o endurecimento. Por mais incrível que pareça ao leitor de visões mais modernas, essa ação foi mais politicamente bem sucedida do que a adaptação a modernidade capitalista. A adoração ao sistema capitalista se tornaria passaporte para o hedonismo, oportunismo, cinismo, violência e ao ódio por si mesmo. A satisfação moderna só pode dar curtos períodos de prazer em vez de uma disciplina metódica, logo é incapaz de proporcionar um movimento político de longo prazo.
O movimento negro do norte tinha uma perspectiva bem diferente. A sua cultura era mais moderna, por assim dizer. Só que essa modernidade não favorecia a sua luta política. Muito pelo contrário, a cultura deles era uma cultura de satisfação hedônica marcada pelo curto-prazismo. Essa desvantagem levou a fraqueza do movimento negro do norte. Em outras palavras, os valores materialistas não eram autossuficientes para metodologicamente gerar um movimento consistente a longo-prazo.
A existência de negros muçulmanos também é algo a ser comentado. Esses possuíam um senso que era ao mesmo tempo "místico e prático". Muitos desses se envolveram em campanhas de moralização, tentando alertar os perigos de uma vida desregrada. Esses mesmos perigosos tornavam a comunidade negra fragmentada, fraca, viciada e inconsistente.
O nacionalismo negro teria uma espécie de ressurreição. Mas preciso falar de algo antes: os irlandeses e os judeus seguiram um caminho interessante. Criariam uma comunidade separada, mas autossuficiente. É graças ao apoio mútuo que se tornaram capazes de desenvolver uma comunidade forte e potencializadora dos indivíduos que estavam dentro dela. Inicialmente fracos e marginalizados, foram pouco a pouco se tornando mais poderosos. Chegaram a se tornar iguais (em igualdade), mas distintos (separados enquanto comunidade). O movimento negro, o Black Power, queria criar uma comunidade autossuficiente de forma semelhante.
O movimento negro americano falhou em desenvolver uma comunidade forte. Infelizmente a ausência de uma percepção mais aprofundada da comunidade judaica e irlandesa foi uma das principais causas da sua derrota. O movimento negro americano perdeu tempo demais indo de ilusão para ilusão, sem nunca chegar a uma concretude, seja teórica, seja prática.
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