sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 5)


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Wells King.


A guerra de 1812 levou a uma economia nacionalista que era naturalmente anti-britânica. Disso surgiu uma lição comum: a busca pela autossuficiência.


Três suportes mútuos:

– Proteção baseada em tarifa para as indústrias nascentes;

– Um sistema de financiamento nacional;

– Aperfeiçoamento Interno/Infraestrutura.


Algumas características da Escola de Pensamento Americana seriam:

– Batalha de Ideias;

– Contestação entre Nações;

– Busca pela felicidade e prosperidade geral;

– Segurança nacional;

– A unidade entre as analises econômicas, sociais e os fatores geopolíticos.


O Sistema Nacional era formado pela importância da economia nacional  na emergência da economia global. E o fim era um grau elevado de independência, cultura e prosperidade material – esse conjunto de fatores garantiria segurança interna. Da presidência de Abraham Lincoln até o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da América tiveram a economia mais protegida do mundo.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 4)


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Wells King.


Os Estados Unidos teve o debate entre dois modelos econômicos que poderiam levar ao crescimento. Esses dois distintos modelos eram chamados de "The Hamiltonian Visión" e "The Jeffersonian Vision".


The Hamiltonian Vision:

- República comercial;

- Dirigida pela industrialização;

- Sistema financeiro robusto.


The Jeffersonian Vision:

- Democracia agrária;

- Pequena;

- Fazendeiros livres.


Como o plano de Hamilton acabou sendo seguido, vou detalhá-lo mais aqui:

- Agenda econômica agressiva;

- Tarifa econômica geral para criar um fundo do governo, fundo esse garantiria a função de empréstimo e a sua operação;

- Banco Nacional para a utilidade pública;

- Industrialização com subsídio nacional;

- Independência e segurança materialmente conectada com a prosperidade da indústria;

- Confiança no capital público para assegurar o desenvolvimento nacional, visto que o capital privado não seria o suficiente para assegurar esse desenvolvimento;

- Aquilo que ele era de interesse nacional deveria ser assegurado pela patronagem do governo;

- O investimento é uma afirmativa obrigação do governo federal;

- O interesse público supre a deficiência do setor privado.


domingo, 19 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 3)

 


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Wells King.


O que é necessário para uma nação se desenvolver saudável e forte? Deixá-la livre para correr nos ventos do livre-mercado? Atá-la um compulsivo projeto de planejamento central? Ou unir o melhor do planejamento central junto ao mais dinâmico sistema de mercado? Observar as devidas proporções e os devidos ajustamentos históricos é extremamente necessário.


Três colocações centrais podem ser feitas:

  1. Um Banco público para o financiamento de um concreto e elaborado projeto nacional;
  2. Um escudo para com a produção estrangeira através de tarifas e um incentivo fiscal para as empresas nascentes;
  3. Uma infraestrutura que conecte os centros comerciais ao restante do país.
É evidente que esse planejamento, por mais simples e mínimo que seja, encontrou posição até no solo americano. O substituto para tal programa era o livre-comércio puro e simples, sem qualquer outra questão ou plano adicional.

Enquanto a esquerda se preocupa com a globalização e a redistribuição de renda, a direita apenas ignora as necessidades atuais dos cidadãos e as necessidades econômicas do país. Esse documento da American Compass, instituição conservadora americana, traz uma nova luz ao debate.


Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 2)

 


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Tom Cotton.


Nenhuma nação pode ser considerada verdadeiramente livre se não tem uma indústria forte o suficiente para suprir o essencial. Nenhuma nação pode ser considerada livre se não é capaz de fabricar aquilo que lhe é essencial, em especial no suprimento militar. Nenhuma nação pode ser considerada livre se os instrumentos essenciais da sua defesa nacional estão sujeitos a especulação de indivíduos ou de nações estrangeiras. Visto que indivíduos particulares seguem seus próprios interesses e nações estrangeiras pensam em defender a si mesmas e a perseguir seus próprios interesses.


A razão do surgimento do Banco Central nos Estados Unidos não era outra: a construção de uma indústria forte para assegurar a independência do seu próprio país frente a ameças externas. Em outras palavras, a segurança de uma nação depende da própria nação, visto que a confiança em fatores externos é prejudicial: países e indivíduos particulares estão na busca dos seus próprios interesses. A segurança nacional é de importância e interesse nacional, não pode correr riscos e nem se deixar levar por uma vaidade.


Durante o período da covid, máscaras respiratórias e medicamentos básicos ficaram a mercê da China, nação inimiga e hostil aos interesses dos Estados Unidos. Para piorar a situação americana, a China era o centro de suprimento global. A China vem colocado tecnologia avançada na comunicação em prol de agentes de espionagem chineses. As pretensões chinesas variam, mas podem ser descritas:

  1. Tecnologia avançada;
  2. Economia forte;
  3. Destruir a ordem americana global;
  4. Tecnologia avançada, sobretudo de duplo uso;
  5. Roubo de propriedades intelectuais.
A China foi considerado um parceiro estratégico durante a Primeira Guerra Fria. Atualmente estamos na Segunda Guerra Fria. Os Estados Unidos precisam passar por alguns processos para conseguirem se preparar para a Segunda Guerra Fria. Entre eles:

  1. Construção de uma força militar mais potente e em constante atualização;
  2. O governo federal deve fazer investimentos estratégicos em tecnologia avançada e em infraestrutura crítica;
  3. Aumentar o investimento federal em pesquisa e em desenvolvimento de forma continuada;
  4. Trazer de volta: medicina, semicondutores e tudo que for essencial;
  5. Correlacionar a protagonismo estratégico do governo a um capitalismo dinâmico para uma robusta economia nacional.
O mundo de hoje é um mundo em que duas potências (Estados Unidos e China) voltam a se confrontar numa guerra fria. A Segunda Guerra Fria já é realidade. Esse processo não pode ser ignorado. Ele influenciará todos os dias da nossa vida.

sábado, 18 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Rebooting the American System" de American Compass (lido em inglês/parte 1)

 


Nome:

Rebooting the American System


Autor:

– American Compass;

– Marco Rubio.


A crise gerada pelo coronavírus levou a grandes reflexões mundiais. Não só pela questão dos chamados lockdowns e tudo que permeava as questões sobre a preferência do bem comum, dos direitos individuais ou do autoritarismo governamental. Questões econômicas também surgiram. Vários governos endossaram uma ampliação do papel do estado e outros falaram sobre como essa ampliação era nociva. Muitos falaram sobre o custo econômico das medidas e sobre a capacidade de recuperar a atividade econômica dos seus países. Nos Estados Unidos, essa discussão não foi diferente – teve as suas especificações próprias, tal como em qualquer outro país.


O documento que tenho instalado nos arquivos do meu celular é diferente. Usualmente se correlaciona muito o conservadorismo americano com uma espécie de suspeita geral para com o tamanho do estado e para com o poder que o estado possui. Conservadores americanos endossam um estado menor que os democratas. Pois bem, a reflexão da American Compass é fruto da discussão dos impactos do coronavírus. A lição que alguns conservadores americanos extraíram da crise foi a correlação entre segurança nacional e economia, levando a um apontamento da necessidade de uma soberania econômica, sobretudo nos setores estratégicos e cruciais para a segurança dos Estados Unidos da América.


Durante o período pandêmico, os Estados Unidos dependeram fortemente da produção industrial chinesa para cobrir as necessidades que surgiram graças aos impactos do coronavírus. Porém essa dependência da China foi construída graças a políticas econômicas que enfatizaram o papel da iniciativa privada como peça central na atividade econômica. Com base nas vantagens comparativas, o mercado preferiu produzir onde era mais barato e, naquele momento, a produção mais barata era na China. Graças a isso, muitas empresas americanas deixaram de empregar americanos e começaram a produzir uma série de itens dentro da China. Acontece que, durante o período pandêmico, os Estados Unidos ficou com a dependência da China para ter acesso a medicamentos e até mesmo para máscaras.


É evidente que a dependência crescente para com a China antecede o período pandêmico. E essa dependência, cada vez mais crescente, leva a um alerta sobre a segurança nacional dos Estados Unidos da América. Não só aos Estados Unidos da América, mas também para qualquer país do mundo que acredite que possa confiar setores estratégicos da soberania nacional para outro país. Não há como uma nação ser soberana e extremamente frágil naquilo que é essencial para o exercício da soberania dentro do próprio país.


Hoje em dia, os Estados Unidos não dependem da China tão somente para o acesso a medicamentos essenciais. Os Estados Unidos também dependem da China para a produção de produtos de alta tecnologia. Seja em matéria de produtos concernentes a segurança nacional, seja em minerais raros, seja em recursos integrados. Isso gera uma série dúvida a respeito dos Estados Unidos conseguir manter a sua soberania e se ele conseguirá vencer a China se a sua dependência se tornou cada vez crescente.


A reflexão que os conservadores americanos tiveram levou as seguintes conclusões:

1. Os Estados Unidos precisam autossuficiência na produção de suprimentos medicais;

2. É preciso criar uma política que seja a favor da empresa americana;

3. É preciso identificar quais setores econômicos são vitais para os Estados Unidos e proteger, incentivar e desenvolver setores de interesse nacional;

4. Restaurar e reestabelecer trabalhos na maioria crítica dos setores manufaturados.


Creio que todas essas reflexões não são só de interesse especial nos Estados Unidos. Essas reflexões são universais no tratante a qualquer país que ouse sonhar uma política verdadeiramente soberana. A soberania que não se baseie numa autossuficiência em setores críticos é autocontraditória para consigo mesma. 

Acabo de ler "Liberal Education’s" de Rachel Alexander Cambre (lido em inglês/Parte 6 Final)

 


Nome:
Liberal Education’s Antidote to Indoctrination

Autora:
Rachel Alexander Cambre, PhD


Uma educação livre é muito baseada na liberdade de expressão. A liberdade expressão, no ambiente acadêmico, tem a premissa de que os argumentos devem ser logicamente embasados. E é através dessa ligação (liberdade argumentativa + argumentos logicamente embasados) que o debate ocorre.

Os seguintes comportamentos devem ser observáveis: encorajamento para fazer perguntas, avançar nos argumentos, receber críticas lógicas aos argumentos anteriormente observados.

Deve ser também observado: que os alunos recebam o pensamento de pensadores de diferentes épocas e lugares para que não haja uma redução espaço-temporal da sua capacidade de pensar.

É evidente que a educação não termina nunca. Ela se torna uma expressão em si mesma da vida. O aluno deve ser convidado a se tornar um estudante para a vida toda. Se isso não ocorre, a educação não ocorreu de fato.

Quando a educação é real, ela se integra a personalidade do indivíduo. Ela se torna expressão mesma da sua personalidade e está em todos os processos vivenciais que o indivíduo se insere.

Acabo de ler "Liberal Education’s" de Rachel Alexander Cambre (lido em inglês/Parte 5)

 


Nome:
Liberal Education’s Antidote to Indoctrination

Autora:
Rachel Alexander Cambre, PhD

Não importa se um argumento é de esquerda, de direita ou de centro. O que importa é se ele é verdadeiro e bem estruturado. Quando pensamos se algo é de direita, de centro ou de esquerda, se tem algo ou não a ver com a "nossa tribo", já não estamos pensando livremente. Muito pelo contrário, estamos adentrando num tribalismo onde o que importa é a adesão formal a tribo e ao seu modus pensandi.

Uma educação livre, de fato libertadora, requer uma capacidade de estudar e ir além dos limites impostos pela maioria e pela simplificação do debate. Transcender o horizonte da maioria das opiniões sobre um assunto ao mesmo tempo em que providencia uma série de argumentos competitivos – contraditórios e em disputa por si mesmos – é o fundamento de um bom entendimento de um debate livre e de um intelecto livre.

Doutrinação:
Propõe um escopo monolítico.

Educação:
Convida a discordância dentro da conversação.

Uma educação verdadeira, longe das câmeras de eco, é uma educação baseada na discordância e na compreensão estrutural das discordâncias que levam aos levantamentos dos diferentes pontos de vista dentro de um debate. Uma educação livre é um ponto de inquirição, um debate e que leva a um julgamento pessoal acerca de algo.

Tal educação não se baseia em fontes secundárias. Baseia-se em fontes primárias. Não aos comentários ou comentários dos comentários das obras. Mas ao entendimento do debate a partir das fontes primárias que se chocam. Em outras palavras, adentram no estudo dos mais diversos grandes autores e grandes escolas de pensamento. Isso tudo, é claro, alinhado a um profundo entendimento da ação moral dentro do mundo.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Liberal Education’s" de Rachel Alexander Cambre (lido em inglês/Parte 4)

 


Nome:
Liberal Education’s Antidote to Indoctrination

Autora:
Rachel Alexander Cambre, PhD

A ordenação da alma é um dos principais tópicos da educação. O principal objetivo da educação é a ordenação da alma e é o mais espetacular objetivo humano. O objetivo da educação não é apenas o de dar uma formação básica, mas o de ensinar virtudes. Sejam as virtudes morais, sejam as virtudes intelectuais.


Uma pessoa intelectualmente saudável e moralmente íntegra é capaz de navegar entre diferentes tipos de pensamentos e diferentes tipos de argumentos. Não só por uma erudição qualquer, mas pela busca da verdade. Uma verdade que transcende os limites da esquerda e da direita. Uma verdade que ama a verdade que está além das definições das agendas ideológicas e narrativas.


Uma pessoa que busca a verdade busca estar além das maiorias. E isso requer a coragem de estar além do que a sociedade propõe ou o que a sociedade espera. Visto que o verdadeiro intelectual opõe vigorosamente uma série de argumentos e perspectivas, tentando encontrar a verdade entre esses diferentes pontos e sendo prudente na escolha de suas ações.


Mais do que isso: a inteligência é piedosa e indica uma ligação do presente com todo o legado que a precede e com o futuro que se constrói. O exercício intelectual não é a destruição do passado, mas uma reverência ao passado e uma gratidão pelo passado. Visto que o intelectual honesto é um intelectual humilde, um intelectual grato pelo melhor da civilização.

Acabo de ler "Liberal Education’s" de Rachel Alexander Cambre (lido em inglês/Parte 3)


Nome:
Liberal Education’s Antidote to Indoctrination



Autora:
Rachel Alexander Cambre, PhD

O que é educação? A educação pode ser vista como um aumento gradativo do horizonte de consciência. Isto é, do número que de conhecimentos que a consciência humana abarca. O aumento contínuo do horizonte de consciência, junto com a qualidade do conteúdo abarcado, abraça o reconhecimento de uma série de fórmulas e contrastes que escapam da generalização ideológica. O problema é que numa estrutura de educação massificada, o que importa é mais uma série de conhecimentos gerais de forma simplificada do que um conhecimento reconhecedor da série de contrastes que aparecem em cada instante do saber.


Para abarcar um número alto de alunos, reduz-se a qualidade do saber. A redução da qualidade do saber se encontra no aspecto simplificatório. Uma quantidade baixa de conhecimento, as chamadas ideias gerais, assumem a condução do pensamento da maioria das pessoas. Dentro de uma estrutura política em que os governantes são eleitos democraticamente, as suas eleições se devem mais a simplificações – fetiches mentais – do que a uma análise concreta dos sérios problemas apresentados a nível local, regional e nacional.


Outra condição que marca pesadamente a democracia é que pessoas com ideias gerais não possuem compreensão profunda dos distintos fenômenos que devem pautar a escolha política. Eles são guiados mais pelas pressões socialmente impostas do que por uma noção qualificada das diversas nuances encontradas dentro de um debate.


A visão da maioria é uma visão pautada por uma lógica de simplificação para massificação de um baixo saber. Um baixo saber caracterizado por fetiches mentais – pensamentos não complexamente estruturados e reconhecedores dos diversos aspectos que sondam os fenômenos da realidade. Se a maioria da sociedade vai para um canto, a pressão social direciona todos os outros para esse mesmo canto.


A referência do cidadão médio não é uma série de modelos que reconheça profundamente. A referência do cidadão médio são uma série de noções corrompidas, pois básicas. Além do choque que a pressão social da maioria exerce. Visto que é a visão da maioria, o imaginário social, que constrói aquilo que o cidadão médio pensa acerca do mundo.


Uma democracia sólida não pode existir tendo como base simplificações. Logo ela requer uma educação de qualidade para que os cidadãos possam fazer um exercício legítimo da razão no ato de escolha política. A ligação entre educação de qualidade e funcionalidade do regime político democrático é intrínseca. Não há democracia sem educação de qualidade. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Liberal Education’s" de Rachel Alexander Cambre (lido em inglês/Parte 2)

 


Nome:

Liberal Education’s Antidote to Indoctrination


Autora:

Rachel Alexander Cambre, PhD


O sentido original da palavra doutrinação era "ensinar". Há um tempo atrás, uma boa doutrina queria dizer "bom ensinamento". É evidente que tal aplicação linguística não é mais comum hoje, visto que a linguagem está circunscrita ao âmbito da aplicação social e tem uma base sociológica. Não é possível construir uma utilização da linguagem sem considerar a base sociológica da linguagem. O imaginário social impacta na compreensão da terminologia empregada. Há uma fundamentação social e histórica, uma fundamentação sociohistórica, no emprego da palavra doutrinação. O termo passou a se referir aos processos formativos de militância ideológica no século XX empregado por estados totalitários. 


A autora estudou, para a construção da explicação do termo doutrinação, o pensamento do Aleksandr Solzhenitsyn e sua documentação a respeito dos Gulags na extinta União Soviética. As características básicas apresentadas na doutrinação dentro da União Soviética eram três:

1. Implantação de pensamento;

2. Simplificação;

3. Mecanização.


A doutrinação trabalhava com "novos fatos" e habilidades, esses novos fatos e habilidades contrariavam os fatos antigos e as habilidades antigas. Ou seja, eles surgiam por uma nova construção narrativa da história ao lado de uma aplicação de novas técnicas intelectuais. Esse processo era mecanizado para ter um funcionamento autônomo e garantir uma continuidade.


Existia conjuntamente uma felicidade da simplificação ao lado de um prazer da redução. O fundamento da doutrinação é distorcer a percepção da realidade por meio da distorção da própria mente. Uma mente incapaz de perceber os múltiplos traços da realidade é incapaz de perceber a complexidade da própria realidade. No geral, a complexidade da realidade já espanta psicologicamente a mente humana e a mente humana se predispõe à alienação doutrinatória.


A questão é: o doutrinador tem diante de si uma pessoa que sofre e necessita de uma simplificação para o mundo que não suporta. Usualmente essa simplificação comporta uma crítica ao mundo e um anteparo para com o doutrinado. O doutrinado se vê desculpado ante ao próprio fracasso da concretude da sua vida. Conta, diante de si, uma capacidade analítica reduzida para esmiuçar as razões do seu fracasso através de mecanismos externalizantes que culpam o mundo. É evidente que no jogo da complexidade do real, a própria culpa e a culpa da estrutura do mundo se mesclam e se confundem num infinito incomensurável.


A doutrinação trabalha com a redução da complexidade através de um conjunto monolítico de ideias que são usadas repetidamente para a diminuição da complexidade do mundo em conjunto com a redução da possibilidade mesma de visões alternativas de argumentos e perspectivas. Até porquê a doutrinação é um mecanismo racionalizante que visa colocar o doutrinado numa posição de superioridade moral, incapacidade de "autoculpabilinização" e defesa contra qualquer outro mecanismo que contraste com essa visão distorcida de realidade que tanto leva a um prazer para com a própria atuação moral dentro do mundo. Em outros termos, o mecanicismo do doutrinado é uma defesa contínua contra qualquer outro pensamento que leve ao desmoronamento da retroalimentação da sua própria condição alienante.


A partir do momento em que a doutrinação se instala, a pessoa íntegra os novos fatos e habilidades intelectuais como mecanismos de autopreservação. Esses mecanismos de autopreservação do doutrinado se integram a sua própria personalidade e passam a integrar o modus pensandi (modo de pensamento) e modus operandi (modo de operação) automaticamente. Levando a incapacidade de complexificação do processo de pensamento, visto que essa complexificação é vista como nociva e tradutora da crise antecedente ao processo de doutrinação que o alienou da realidade. Em palavras mais precisas, a complexificação do pensamento – abarcando novas linhas – levaria inevitavelmente a uma condição em que a complexidade da realidade ressurge como aquele monstro que anteriormente apavorava a pessoa que foi doutrinada.


O doutrinado não quererá algo além da própria alienação. Visto que a alienação o protege do mundo que o apavora. Nesse sentido, a construção de uma vida intelectual mais autônoma – contrariedade dos fatos – leva a uma perda da segurança psicológica. Essa perda da segurança psicológica é encarada como automaticamente nociva. Logo a perda da capacidade de elevação da intelectualidade por meio da acoplação de múltiplas linhas de interpretação para uma visão mais abarcante da realidade é vista por si mesma como nociva. Algo ao qual o doutrinado deve se proteger, mesmo que esse processo ocorra inconscientemente.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Liberal Education’s" de Rachel Alexander Cambre (lido em inglês/Parte 1)


Nome:

Liberal Education’s Antidote to Indoctrination


Autora:

Rachel Alexander Cambre, PhD


O que é uma educação verdadeiramente livre? É possível ter uma educação livre? O modelo deve pender à esquerda ou à direita? Qual a possibilidade efetiva de concretizar uma educação que não seja doutrinária? Essas questões sempre voltam a aparecer, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, seja em qualquer outro país do mundo. A doutrinação é uma temática universal, a educação também o é.


Há quem afirma que toda educação tem um ponto doutrinário, uma cosmovisão que se esconde por trás dela. Se essa afirmação é de fato verdadeiro, decorre-se que nenhuma escola pública é de fato possível, visto que ela seria um cerceamento e uma imposição ideológica. Outra solução plausível seria a adoção de professores dotados de visões intelectuais bastante distintas. Todavia a segunda via apresenta uma problemática: o número de professantes de determinado sistema de pensamento não é igual e tampouco é financeiramente viável contratar todos os tipos de diferentes pensadores para lecionar – além disso, qual seria a quantidade de tempo para formar alguém que precisa passar minuciosamente por todas as escolas de pensamento do mundo em cada uma das matérias?


A autora do texto tratará dessas questões. Creio que se focará em trazar uma linha objetiva de educação – se essa for, é claro, possível.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Acabo de ler "Philosophy" de Roger Scruton (lido em inglês/Parte 1)

 


Nome:

Philosophy Principles and Problems


Autor:

Roger Scruton


Para que serve a filosofia? Essa é pergunta é extremamente fundamental e extremamente necessária. Ao mesmo tempo que pode surgir de forma completamente instrumental e carregar outro sentido: eu vou ganhar dinheiro com o estudo da filosofia? Ela também pode apresentar outra questão: para que eu usarei a filosofia em minha vida? Todos esses posicionamentos são relevantes e devem ser considerados.


Existe algo muito interessante na filosofia. A filosofia é inevitável. A filosofia é um saber de marca maior, visto que é um saber que se direciona a todas as coisas. Quando fazemos uma pergunta filosófica, fazemos uma pergunta sobre um determinado conhecimento. Ou seja, a filosofia é um saber sobre um saber. Quando entramos num questionamento sobre a filosofia, sobre a sua utilidade ou sobre a sua natureza, já estamos filosofando. Aí é que mora o perigo: a filosofia pode ser um processo que, na sua maioria das vezes, é inconsciente.


A filosofia é tão universalmente praticada que se esquecem que ela existe até mesmo quando a praticam. E isso faz com que esqueçamos que ela existe, pois ela habita o nosso inconsciente, pois estamos imersos na questão filosófica. O ser humano é, por natureza, um ser filosófico.


Entendermos a razão do mundo, entendermos o que essencialmente estamos buscando, essa é a razão filosófica. A filosofia é a busca de sentido. A busca por um sentido que antecede e justifica a ação que tomamos dentro do mundo. Sem filosofia, nada faz sentido. Tudo vira uma aparência na qual estamos imersos. A razão filosófica é sair das aparências.



domingo, 12 de janeiro de 2025

Acabo de ler "How Cultural Marxism Threatens the United States" de Mike e Katharine (lido em inglês/Parte 6 Final)


Nome:
How Cultural Marxism Threatens the United States—and How Americans Can Fight It 

Autores:
Mike Gonzalez;
Katharine C. Gorka.
 

O documento – bastante sucinto – é bem interessante. Antes mesmo do famoso "Project 2025", a Heritage Foundation já fundava as bases atuacionais da direita americana. De fato, as atuações da Heritage Foundation são bem interessantes e muito bem delineadas. É interessante a incrível capacidade da direita americana em comparação a direita nacional.

É um documento altamente estratégico. Fornece formas de organizações. Ensina principais pontos da atuação da esquerda no território americano – embora sua atuação seja semelhante nos países da América Latina e Europa –, ensina como combatê-los, dá um delineamento acerca de táticas e práticas institucionais para quebrar a esquerda na política. Deveras interessante. 

Creio que esse "Special Report" foi bastante interessante para compreender pontos basilares da política dos Estados Unidos da América. Recomendo a sua leitura, visto que a Heritage fornece questões essenciais para a condução política americana.

sábado, 11 de janeiro de 2025

Acabo de ler "How Cultural Marxism Threatens the United States" de Mike e Katharine (lido em inglês/Parte 5)

 



Nome:
How Cultural Marxism Threatens the United States—and How Americans Can Fight It 

Autores:
Mike Gonzalez;
Katharine C. Gorka.

O que forma os Estados Unidos enquanto nação? O que faz, o que dá forma, o que eleva, qual é, por fim, a identidade americana? O drama espiritual americano, aquilo que se esconde por trás de toda a sua formação sociohistórica, é a questão da liberdade. É a luta contínua pela questão da liberdade. Já que os americanos encaram a liberdade como pré-condição para o florescimento humano.

Dessa questão profundamente humana, mas exemplarmente dedicada aos Estados Unidos enquanto experiência nacional, buscam criar uma ordem política baseada no respeito ao autogoverno, na liberdade de fala, nos direitos individuais, no direito das minorias. Não porquê a ordem humana pode ser perfeita, mas porquê só a partir do autogoverno é possível corrigir e aperfeiçoar a ordem sociopolítica.

É pelo fato da humanidade estar sujeita a corrupção que o poder não pode ser concentrado. O poder concentrado leva ao aumento da abuso e a impossibilidade mesma de correção desse abuso de poder.

O que é essencial nos Estados Unidos não é uma raça, não é uma religião, não é um idioma, não é uma organização planejada. O essencial dos Estados Unidos é a liberdade. Ou, mais especificamente, a perseguição da ideia da liberdade através da história.

Acabo de ler "How Cultural Marxism Threatens the United States" de Mike e Katharine (lido em inglês/Parte 4)



Nome:
How Cultural Marxism Threatens the United States—and How Americans Can Fight It 



Autores:
Mike Gonzalez;
Katharine C. Gorka.

Estamos dentro de um cenário de guerra. Esse cenário de guerra não é marcado pelo uso de armas, visto que a maior arma utilizada não é a força. Essa guerra é caracteriza pelo poder das letras, pelo poder das falas, pelo poder das batidas do coração e pelo imaginário que se encontra na mente de cada humano que vive e respira.

A esquerda, dentro das universidades americanas, começou seu domínio pela formação dos alunos. Criou um ecossistema em que só os alunos que fossem ideologicamente correlacionados aos seus meios e fins poderiam ser promovidos. Em meio a isso, foi instituindo uma prática de perseguição e censura dentro dos campos universitários. Com o tempo, foi cerceando pessoas que tinham visões não-esquerdistas. O pleno domínio foi se efetuando a passos de tartaruga.

Com o tempo, quase todas as instituições, formadoras de visões sociais, foram sendo levadas para a esquerda por meio de uma tática de contra-hegemonia. Essa contra-hegemonia que foi se institucionalizando, pouco a pouco. Essa contra-hegemonia que foi se tornando hegemonia. Polícias da fala, prevenção contra alunos que não eram de esquerda, ensinamentos sobre uma visão que não era americana, mas anti-americana.

O que viria depois? Organizações sociais dedicadas a aumentar uma imigração massiva de pessoas com visões não-americana ao lado de uma visão anti-americana passada para cada criança, adolescente e adulto americano. Organizações sociais dedicadas a redistribuição de recursos, oportunidades e dinheiro com base em critérios de raça, gênero, sexualidade e nacionalidade. Substituição geral de todos os valores e fundamentos de cima para baixo. A criação de uma cultura do cancelamento para destruir qualquer possibilidade de debate.

O fundamento geral disso tudo é uma estratégia de uma consolidação de uma hegemonia que se constrói e de um poder que se consolida. Consolida-se para metamorfose. A metamorfose de uma nação para algo que é o exato oposto do que ela era. Não de forma democrática, mas por meio de uma estratégia complexa, sutil e perniciosa. 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Acabo de ler "El camino del libertario de Javier Milei" de Juan Fernando (lido em espanhol/Parte 2 FINAL)



Nome:

El camino del libertario de Javier Milei



Autor:

Juan Fernando Suazo Irachez

 

Como o artigo era muito pequeno, apresentando tão somente três páginas, resolvi fragmentar menos a análise do artigo. Não se preocupem, não pulei parte alguma e, como sempre, exporei o essencial.


Javier Milei, ao estudar economia, chegou a algumas conclusões:

1. As economias que possuem maior intervenção do estado crescem menos;

2. A não intervenção do estado na economia é melhor para a assignação de recursos;

3. A coerção sobre a propriedade atrapalha o desenvolvimento do país.


Outras conclusões se juntariam a essas, mas a principal é: o melhoramento, o crescimento econômico e o avance da economia de um país se devem a acumulação capitalista. Para tal, deve-se fortalecer os seguintes critérios:

  • Mercados Livres;
  • Propriedade Privada;
  • Competência;
  • Divisão de Trabalho;
  • Cooperação Social.

Para Javier Milei, o capitalismo não é economicamente favorável. O capitalismo também é ética e moralmente superior ao socialismo. Só no capitalismo o indivíduo poderia se desenvolver plenamente, visto que no socialismo o indivíduo não pode se superar. Tal razão é decorrente do sistema coletivista imposto em (alguns) países socialistas em que o fim coletivo está sempre acima do fim individual, onde todos se perdem numa pulsão gregária.

Acabo de ler "How Cultural Marxism Threatens the United States" de Mike e Katharine (lido em inglês/Parte 3)

 


Nome:

How Cultural Marxism Threatens the United States—and How Americans Can Fight It 


Autores:

Mike Gonzalez;

Katharine C. Gorka.


Os conservadores chamam de marxistas culturais aqueles que poderiam ser chamados de "New Left" ou, simplesmente, pós-marxistas. Poderíamos catalogar o marxismo cultural como uma reunião de táticas da guerra cultural impulsionadas por uma síntese de esquerda.


Uma das crenças básicas do marxismo é a separação da sociedade em diferentes categorias antagônicas. Algumas beneficiadas socialmente, outras que perdem seus recursos – que deveriam ser de direito – para grupos sociais mais privilegiados por causa da estrutura social. Se os marxistas clássicos dividiam a sociedade em trabalhadores e burgueses, os marxistas culturais dividem a sociedade por gênero, por sexualidade, por raça, por nacionalidade. Todas essas distintas catalogações servem como divisão para o trabalho revolucionário.


Para que os marxistas culturais consigam moldar a cultura, eles precisam destruir todos os traços da antiga cultura – que eles julgam pervasiva. Para tal, criam dois aparatos reguladores da atividade cultural:

1. Doutrinação em todos os meios de produção cultural;

2. Regulação da fala em todos os meios possíveis para cercear a possibilidade de discurso de visões alternativas de mundo.


É evidente que se comprovada ou admitida a existência de um marxismo cultural, cabe-se o entendimento lógico de que o marxismo cultural é um projeto de poder totalitário, de rigor tecnocrata e que ameaça qualquer possibilidade de uma sociedade livre por querer moldar toda a sociedade aos seus próprios critérios com base em doutrinação e censura. Não é uma crença, nem uma prática, que possa ser admitida ou tolerada dentro de uma sociedade livre, visto que é um veneno aos próprios critérios de liberdade.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Acabo de ler "How Cultural Marxism Threatens the United States" de Mike e Katharine (lido em inglês/Parte 2)


Nome:

How Cultural Marxism Threatens the United States—and How Americans Can Fight It 


Autores:

Mike Gonzalez;

Katharine C. Gorka.


Marx e Engels acreditavam que o mundo se baseava num conflito de classes. A briga presente da história seria a classe proletária contra a classe burguesa. Para se contrapor ao domínio burguês, o proletariado deveria tomar o Estado e assim exercer o poder em prol do seu favorecimento. Com o tempo, o proletariado criaria uma sociedade sem classes.


Marx acreditava que um país deveria ter sido primeiro capitalista, desenvolvido e industrializado, para depois ser um país socialista. Tal pretensão não se materializou: as revoluções saíram através de países de terceiro mundo, parcamente desenvolvidos. Qual seria a razão desse contraste? A resposta viria de Gramsci: o mundo burguês cria uma falsa hegemonia. Essa falsa hegemonia é forjada pelos meios culturais que moldam a consciência do proletariado e tornam aderentes da mentalidade burguesa.


Pensando na estrutura hegemônica como perpetuadora da mentalidade burguesa, como os marxistas virariam o jogo? A resposta viria a partir da cultura: a partir da dominação dos meios de produção cultural e das instituições, poderia se estabelecer uma contra-hegemonia que daria a consciência que o proletariado precisaria para virar o jogo.


A chave para compreender a movimentação histórica está no entendimento de que o marxismo baseado na economia foi trocado para o marxismo baseado na cultura (marxismo cultural). Esse movimento foi considerado necessário pois a maioria das pessoas eram aderentes da mentalidade burguesa e não da mentalidade socialista. Para criar uma revolução ou um processo revolucionário – mesmo que não violento –, teriam criar uma educação de esquerda e incuti-las nas massas.

Acabo de ler "Zanuff the Butcher" de Jouyama Yui (lido em inglês)

 


Nome:

Zanuff the Butcher


Autor:

Jouyama Yui


O que nos torna bom e o que nos torna maus? O mangá conta uma história de um homem que se vê culpado e amaldiçoado pela culpa do próprio passado. Toda reflexão parte de um crime que ele cometeu.


Quando ele conhece uma garotinha, chamada Alice, uma reflexão começa a surgir em sua mente. Ele se lembra do próprio passado, mesmo sem querer. É aí que ele passa por um processo de ressignificação e possibilidade de mudança atitudinal.


O mangá fala sobre criação familiar e lembra traumas do passado. No homem, o trauma está na infância e na idade adulta. Na garotinha, o trauma se encontra no presente. A criação do homem foi difícil e isso gerou nele o mal que ele se transfigurou. Na garotinha, o mal é presente, mas há possibilidade de mudança. A garotinha, a Alice, representa a mudança positiva. Todavia tudo muda novamente no xadrez existencial da vida.


Sempre nos deparamos com a possibilidade de sermos bons e com a possibilidade de sermos maus. O mundo sempre joga uma questão que deve ser respondida com algum movimento existencial. A one shot inteira trabalha com o bem, o mal e a moralidade.

domingo, 5 de janeiro de 2025

Acabo de ler "El camino del libertario de Javier Milei" de Juan Fernando (lido em espanhol/Parte 1)

 


Nome:

El camino del libertario de Javier Milei


Autor:

Juan Fernando Suazo Irachez


A Argentina é um país maravilhoso. Sua história, seus conflitos, a proximade que tem para nós brasileiros. Tudo isso é marcante e não passamos alheios aos seus problemas. O que acontece na Argentina, ressoa dentro de nós. Seja por empatia, seja pela correlação da cadeia de eventos que nos conectam.


Javier Milei é um outsider. Sua carreira começa com uma dura crítica a política dos K. Os argentinos estavam muito cansados da economia altamente inflacionária e difícil de controlar. Para todos, a inflação destruía as suas vidas. Seja pela diminuição do seu poder de compra, seja pela incapacidade de prever os rumos econômicos do país.


O interesse de Javier Milei pela economia começa durante uma crise inflacionária do país. Ali ele começou a sentir uma revolta que, por um impulso, levou ele a tentar compreender os problemas do país e a natureza econômica desses problemas. Nesse sentido, podemos especular um certo ranço – perfeitamente justificável – para com a inflação que tanto empobreceu e destruiu a vida dos argentinos.


Creio que Javier Milei é um produto histórico. A sua voz é um ataque contra uma política que era posta no seu país. Um reação natural, por assim dizer. Quando uma política vai muito para um lado, o outro lado passa a ser desejado.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Acabo de ler "How Cultural Marxism Threatens the United States" de Mike e Katharine (lido em inglês/Parte 1)


Nome:

How Cultural Marxism Threatens the United States—and How Americans Can Fight It 


Autores:

Mike Gonzalez;

Katharine C. Gorka.


O debate cultural nos Estados Unidos é um tema muito, muito longo. Há tempos que se fala de guerra cultural e quais são as táticas de guerra que devem ser tomadas nessa batalha. No geral, há uma confusão acerca dos atores dentro desse palco em que as ideias sangram. Temos, por exemplo, várias versões de feminismo que são colocadas lado a lado numa análise superficial. Existem vários tipos de conservadores, mas são tratados todos em uníssono. Diante de tamanha complexidade, o que podemos fazer?


A história geral vocês já devem conhecer: fim da União Soviética e desesperança geral na esquerda. Muitos creem que o marxismo tinha por fim sido derrotado e seria chutado do debate público. Outros pensam que existe um reducionismo na forma com que os dois lados disparam uns contra os outros. Porém a pergunta geral é: qual direita e qual esquerda está disparando? Nem toda a esquerda americana pode ser resumida como "marxista". Existe diferença entre se basear no marxismo em dado aspecto e ser marxista. Uma modalidade pode ser sintética ou se projetar em forma de síntese, a outra pode adentrar no puro pensamento marxista. Outra menção honrosa é a luta entre diferentes tipos de conservadores e a luta da direita alternativa contra os conservadores. 


Segundo os autores, o novo marxismo se basearia não mais na classe trabalhadora (leia-se proletariado e campesinato), mas em raça, sexo e nacionalidade. Essas teriam correlações com o movimento negro, com o feminismo e com os movimentos das nacionalidades periféricas. As principais influências desse novo método de organização revolucionária seriam Gramsci e Escola de Frankfurt. Uma breve nota é que: até agora não encontrei nenhuma menção a Escola de Paris – essa costuma a ser confundida com a Escola de Frankfurt por suas temáticas.


Uma das principais alegações seria a corrupção do sistema de ensino. A doutrinação teria sido criada a partir de um ecossistema: professores marxistas cuidavam pessoalmente da ascensão de alunos marxistas, esses alunos marxistas eram privilegiados na educação e na carreira acadêmica e posteriormente seriam doutrinadores diretos para continuar a roda do ecossistema. A conclusão evidente seria a exclusão de outros pontos de vista – gradual diminuição das outras escolas de pensamento – junto com a dominação da academia inteira.


É deveras interessante que nessa linha se mesclam conservadores que se sentiram ou foram excluídos da academia junto com toda a crítica da esquerda americana aos Estados Unidos da América. O fato é que muitos americanos não gostam e se ressentem aos ataques contra a imagem dos Estados Unidos da América. Essa imagem, a que é projetada, é que os Estados Unidos é universalmente ruim. Isso estaria ocorrendo em filmes, shows de televisão, livros, revistas em quadrinhos, jogos, mídias sociais e sistemas de pesquisa. Aparentemente a esquerda não considerou o impacto psicológico e sociológico dessa ação. O que fortaleceu não só os argumentos, mas a condução narrativa da direita: "a esquerda odeia a América, basta ver tudo o que ela produz culturalmente".

Acabo de ler "Cuba: restructuración económica, socialismo y mercado" de Vários Autores (lido em espanhol)


Nome:

Cuba: restructuración económica, socialismo y mercado


Autores:

- Julio Carranza;

- Pedro Monreal;

- Luis Gutiérrez.


Adentramos numa época em que vemos o fim do socialismo clássico como modelo. Adentramos numa época em que se fala de um novo socialismo, muito inspirado no socialismo chinês.


O que seria ou, melhor, o que foi o socialismo clássico? O socialismo clássico foi um socialismo que se norteava muito pelo papel protagônico do Estado como principal planejador e distribuidor dos recursos. Ou seja, é o Estado que toma o papel de construir o processo econômico. Essa política vigorou por muito tempo, até entrarmos na construção de um novo projeto econômico socialista.


Os autores definem bem: o socialismo é um regime em que o sistema de propriedade, é um sistema de propriedade em que a sociedade controla genuinamente os meios de produção fundamentais e se beneficia do uso desses meios de produção. Ou seja, a aplicação do regime econômico socialista é a propriedade social dos meios de produção fundamentais e não de todos os meios de produção.


Uma reforma econômica em Cuba seria uma reforma que tivesse os seguintes critérios

  • Recuperação do crescimento econômico;
  • Justiça social;
  • Independência nacional;
  • Redefinição das bases sociais de acumulação;
  • Reinserção na economia internacional;
  • Reforma do sistema econômico.
Os países e as experiências que foram observados como base para essa reforma foram:
  • Novo Mecanismo Econômico (Hungria);
  • Reforma Econômica Vietnamita (Vietnã);
  • Reformas de Deng Xiaoping (China);
  • NEP (União Soviética);
  • Perestroika (União Soviética);
  • Transições pós-comunistas (União Soviética e Leste Europeu).

A reforma abarcaria uma redução do papel do plano como instrumento central da assignação de recursos e coordenação econômica.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Acabo de ler "The Real Costs of America's Border Crisis" da "Heritage Foundation" (lido em inglês)

 


A questão da crise da fronteira americana é problemática. Há muita desinformação e formação narrativa por todos os lados do espectro político. Além disso, a visão dos cidadãos nativos é muitas vezes ignorada ou simplesmente acentuada. Ora se dá margem para um discurso de "aumentar a imigração a qualquer custo", pouco importando os impactos negativos que ela causa. Ora nos deparamos com campanha anti-imigração inflamados pela mais inflamada retórica racista – isso quando não nos deparamos com nacionalistas brancos.


Os democratas muitas vezes acentuam o gasto público para promover políticas de bem-estar social para imigrantes ilegais. Essas políticas de bem-estar social são custeadas pelo dinheiro de cidadãos nativos. Esses cidadãos nativos se revoltam – e com certa razão – contra essa "transferência de renda". As políticas de bem-estar social deveriam cobrir aqueles que pagam os impostos, não aqueles que não contribuíram. Deveria ser estabelecido um tempo mínimo de contribuição para os beneficiários de programas sociais. Dar assistência, sem mais nem menos, apenas consagra a retórica anti-imigratória. Pior do que isso, dá margem para ampliação de grupos extremistas da pior espécie.


Existem, é claro, falácias no campo da alt-right. Essas falácias se concentram no ódio a toda e qualquer imigração de grupos étnicos não-brancos. O ódio contra indianos, por exemplo, disparou. Em verdade, os Estados Unidos são "sugadores de cérebro". Eles se beneficiam diretamente da sua capacidade de atrair "capital humano" do mundo todo, tendo a sua produção e qualificação amplificada. A retórica anti-imigratória pode levar a uma perda da competitividade da economia americana.


Um problema muito visto, sobretudo que vejo ser repetitivamente usado por latino-americanos, é a ideia que a política anti-imigração levaria a expulsão de latinos que estão legalmente nos Estados Unidos. Essa retórica, usada para fortalecer o Partido Democrata, não é boa. Ela apenas fará com que um debatente mais exímio utilize essa falácia para atacar com mais maestria quem se opõe a anti-imigracionistas.


Outra questão apresentada no documento é o fator educacional. As crianças, muitas delas desacompanhadas, apresentam um aumento de gastos na educação pública. Muitas dessas crianças não possuem um inglês adequado e não conseguem acompanhar as aulas adequadamente. Para tal, os professores gastam um empenho a mais tentando ensiná-las a língua inglesa. O aumento recorde desses alunos se torna um grande problema econômico, social e acadêmico – tudo isso de forma crescente.


O pequeno arquivo – ele só tem 13 páginas – termina com um aviso: nenhuma nação poderia sobreviver com fronteiras abertas e Estado de bem-estar distribuído a todos que entram. E isso é um fato: seria a falência econômica do Estado.

Acabo de ler "The Case Against Democracy" de Mencius Moldbug (lido em inglês)

  Nome: The Case Against Democracy: Ten Red Pills Autor: Mencius Moldbug Vendo o interesse contínuo na Nova Direita Cultural e no Iluminismo...