quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 9)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


A UDN tinha, dentro de si, várias contradições. Ela tinha setores das elites liberais e oligárquicas ao mesmo tempo. Além disso, uma aliança descompromissada com a esquerda. Fora isso, um projeto de poder frágil.


O Estado Novo tinha acabado, mas a estrutura permanecia:

- Máquinas das interventorias estaduais;

- Arcabouço do sindicalismo corporativista;

- Burocracia estatal;

- Fontes de uma ideologia autoritária.


A UDN, pouco a pouco, vai deixando várias de suas pautas que tinham alcance popular. Exemplos dessas pautas são:

- Autonomia sindical;

- Direito de greve;

- Pluralismo sindical;

- Participação dos trabalhadores nos lucros da empresa;

- Ensino público gratuito;

- Previdência social;

- Funcionamento das propriedades rurais não devidamente apropriadas;

- Uma certa intervenção do Estado no campo econômico;

- Igualdade de tratamento ao capital estrangeiro.


Existem múltiplas teses da criação da UDN. Tal como é citado pela autora em diversas partes do livro. Uma tese particularmente interessante é a de Leôncio Basbaum. Essa tese dizia que a UDN nasceu bi-partida. De um lado, havia a esquerda que realmente fundara o partido. Doutro lado, havia a direita que invadiu o partido.


A UDN, de qualquer modo, não percebeu o caráter anti-popular que sua reação às políticas getulistas trazia. Getúlio era sinônimo de aproximação com as massas e de renovação na área econômica. Além disso, com a legalização do Partido Comunista, logo foi-se construindo um eixo de queremistas (pró-Getúlio), comunistas e os novos trabalhistas. Para combater esse problema, a UDN começa a se unir aos militares.


A UDN, marcada por conservadores, liberais e esquerdistas nasceu como uma "frente", uma parceria provisória. As contradições internas não permitiam a estrutura organizacional adequada.