Livro:
A UDN e o Udenismo
Autora:
Maria Victoria Benevides
A UDN tinha, dentro de si, várias contradições. Ela tinha setores das elites liberais e oligárquicas ao mesmo tempo. Além disso, uma aliança descompromissada com a esquerda. Fora isso, um projeto de poder frágil.
O Estado Novo tinha acabado, mas a estrutura permanecia:
- Máquinas das interventorias estaduais;
- Arcabouço do sindicalismo corporativista;
- Burocracia estatal;
- Fontes de uma ideologia autoritária.
A UDN, pouco a pouco, vai deixando várias de suas pautas que tinham alcance popular. Exemplos dessas pautas são:
- Autonomia sindical;
- Direito de greve;
- Pluralismo sindical;
- Participação dos trabalhadores nos lucros da empresa;
- Ensino público gratuito;
- Previdência social;
- Funcionamento das propriedades rurais não devidamente apropriadas;
- Uma certa intervenção do Estado no campo econômico;
- Igualdade de tratamento ao capital estrangeiro.
Existem múltiplas teses da criação da UDN. Tal como é citado pela autora em diversas partes do livro. Uma tese particularmente interessante é a de Leôncio Basbaum. Essa tese dizia que a UDN nasceu bi-partida. De um lado, havia a esquerda que realmente fundara o partido. Doutro lado, havia a direita que invadiu o partido.
A UDN, de qualquer modo, não percebeu o caráter anti-popular que sua reação às políticas getulistas trazia. Getúlio era sinônimo de aproximação com as massas e de renovação na área econômica. Além disso, com a legalização do Partido Comunista, logo foi-se construindo um eixo de queremistas (pró-Getúlio), comunistas e os novos trabalhistas. Para combater esse problema, a UDN começa a se unir aos militares.
A UDN, marcada por conservadores, liberais e esquerdistas nasceu como uma "frente", uma parceria provisória. As contradições internas não permitiam a estrutura organizacional adequada.