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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 15)


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


O Golpe Branco (queda de Getúlio Vargas) foi o evento mais marcante de 1954. Algumas características desse ano histórico são:

1. Agravamento da crise econômica;

2. Tensões sociais;

3. Intensificação da intervenção militar na política;

4. Radicalização da oposição parlamentar;

5. Aeronáutica investigando o atentado contra Lacerda.


Naquele tempo, Afonso Arinos (maestro da Banda da Música) juntar-se-ia com Júlio de Mesquita Filhos (de o Estado de São Paulo [jornal]) para um encontro com o General Juarez Távora onde pediriam um golpe.


Paralelamente, a UDN fez um processo de impeachment, mas que foi rejeitado pelas próprias parcelas da UDN que temiam a hegemonia do PSD.


Curiosamente, a UDN paulista alertava da atividade pré-revolucionária do sr. Getúlio Vargas. Segundo ela, Vargas preparava a luta de classes.


Aliomar Baleeiro cunha a expressão "mar de lama". Carlos Lacerda caracteriza o governo Vargas como imoral, ilegal, do banditismo e da loucura. Ao mesmo tempo, a Aeronáutica diz que o melhor caminho para a tranquilidade do povo e para manter unidas as Forças Armadas era a renúncia do Vargas. O suicídio do Vargas viria no dia 24 de agosto.


Café Filho assumiria o governo, ele teria uma maioria de tendências udenistas. Colocaria o Brigadeiro Eduardo Gomes como ministro da Aeronáutica.


Vários problemas surgirão a partir disso: 

1. A UDN perderia a sua razão de ser;

2. O partido ficaria marcado por uma sensação de depressão e euforia;

3. O fantasma de Getúlio percorreria as ruas.


Gabriel Passos, um udenista, perceberia na Convenção Nacional que a UDN se tornara uma polia sem correia. Mangabeira diria que o mal de 24 de agosto foi fazer-se revolução pela metade. Em 1955, a vitória da aliança getulista apareceria mais uma vez. No dia 31 de março de 1964, o mesmo grupo de 24 agosto voltaria a aparecer.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 14)


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:
Maria Victoria Benevides


Entramos aqui na UDN mais histórica, aquela que marcou a memória nacional. Com a eleição de Vargas, o Diretório Nacional da UDN declara que a subversão social e construção de uma república sindicalista são característicos desse governo.

A UDN diz com orgulho que monopoliza os atos conspiratórios. Seja de forma velada, com militares e a imprensa. Seja de forma aberta/pública, exigindo o Estado de exceção. Tudo isso culminaria no golpe branco que ocorreu em agosto de 1954.

A UDN apresentou a oposição sistemática:
- Agressiva no Congresso;
- Violenta na imprensa;
- Conspiratória nos setores militares vinculados à Cruzada Democrática.

A UDN anunciava:
1. A desgraça da volta do ex-ditador;
2. Denúncias constantes de corrupção administrativa;
3. Necessidade de intervenção militar contra a subversão e a desordem social.

É a efervescência do moralismo udenista, com toda a sua cartola, seu golpismo e elitismo.

Na primeira fila do plenário, com oratória inflamada e por muitas vezes violenta, aparteavam ou discursavam contra o governo a "Banda da Música" da UDN:

- Adauto Lúcio Cardoso;
- Afonso Arinos;
- Aliomar Baleeiro;
- Bilac Pinto;
- José Bonifácio.

Dois casos saltam os olhos:

1. Caso Última Hora: a UDN acusou o jornal de ser financiado pelo governo;
2. Inquérito sobre o Banco do Brasil: a UDN acusou o banco de irregularidades em torno da concessão de créditos e licenciamento para importações.

Enquanto os udenistas do nordeste buscavam uma aproximação do governo, a outra parte se consagrava em um ataque sistemático à política econômica e financeira. Múltiplas condenações foram feitas:

‐ Ao aumento do salário mínimo;
- Avanço do nacionalismo;
- Intervenção estatal;
- Controle do capital estrangeiro.

Em 1952, a UDN defende o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos em nome da Guerra Fria e irmandade continental.

Vários eventos ocorrem em 1953:
- Nomeação de João Goulart para o Ministério do Trabalho;
- Crise econômica, social e política;
- Inflação e declínio na taxa de produção industrial;
- Intensificação dos movimentos reivindicatórios;
- Radicalização da polêmica militar em torno do petróleo;
- Instabilidade governamental.

Veríamos também a ascensão do populista Jânio Quadros em São Paulo. A crescente liderança da UDN carioca. O surgimento do Clube da Lanterna, um clube de militares e civis inspirados na liderança lacerdista, radicalmente anti-getulista e anti-comunista.


Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 13)


Livro:
A UDN e o Udenismo


Autora:
Maria Victoria Benevides


A UDN teve que ver o desmoronamento da tese da "união nacional". Ao mesmo tempo que via a supremacia do PSD, que se aproximava cada vez mais do trabalhismo.

Enquanto isso, a UDN sofria uma metamorfose. Ela tinha a perda da coesão interna, a ambiguidade em sua mobilização, a luta de realistas contra intransigentes. Era encarada tanto pelo povo, como pelos próprios partidários, como "ruim de voto".

Para superar a má fama, a UDN fez várias coligações e alianças eleitorais, sobretudo em estados menos desenvolvidos e mais dependentes do Governo Federal. Falava-se das "derrotas gloriosas", em que se perdia nobremente e ganhava-se moralmente. Perseu Abramo falava sobre a precariedade do programa.

Quando surgiu a luta direta com Vargas, houve uma divisão clara. Vargas queria uma política industrializante, enquanto Eduardo Gomes falava sobre medidas deflacionárias e estabilizadoras. Gomes focou-se na classe média, evitando o pragmatismo político que poderia render mais votos. No fim, Getúlio ganhou 48,7% dos votos e o Brigadeiro (Eduardo Gomes) ganhou 29,7% dos votos.

A UDN elegeu 81 deputados e 45 senadores, 1/4 do total.

Afonso Arinos analisaria a situação da seguinte forma: a UDN ficou marcada pelo legalismo formal e sendo contrárias as reformas econômicas e sociais. Tinha um liberalismo desatualizado, um liberalismo que não era próprio do século XX.

A UDN passou a ser cética quanto as virtudes de uma democracia com ampla participação popular, a contestar os resultados eleitorais.

Aliomar Baleeiro começou a ter uma estratégia de luta para anular as eleições. A propor que o Congresso devesse eleger o presidente através de um sistema colegiado. Adicionando-se também a hipótese de uma nova disputa eleitoral entre os dois mais votados.

A tese da maioria absoluta contou com expressivo apoio na imprensa. Prudente de Morais Neto (Pedro Dantas) do O Estado de S. Paulo e o Pompeu de Souza do Diário Carioca são nomes destacados.

A UDN seguiu com uma mescla de táticas legalistas e golpistas.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 12)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


A UDN teve uma derrota com a eleição de Dutra. Ela considerava que a vitória era moralmente sua. Isso traz uma importante transformação na UDN.


A autora demonstra que a UDN não nasceu como um partido, isto é, como portador de uma missão conjunta e bem determinada. Antes disso, era uma frente ampla e heterogênea, surgida por uma necessidade conjuntural.


Nesse período, a UDN marcou-se pela ambiguidade. Ela tinha a intransigência original de Virgílio de Mello Franco, a fixação juridicista de Prado Kelly e o realismo elegantemente adesista de Otávio Mangabeira e Juraci Magalhães. Tudo isso ao lado do sempre marcante eufemismo elitista e moralista.


Para superar o retorno do Getúlio Vargas e impedir uma aliança entre o PSD e o PTB, a UDN far-se-ia amigável em busca da pacificação nacional e de um plano econômico e financeiro. A incompetência política era justificada em nome da consolidação democrática. A pá de cal foi a segunda aposta no Eduardo Gomes. O retorno de Vargas estava marcado.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 11)


Livro:
A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides

A questão da criação da nova constituição foi bastante árdua. É um período marcado pela ascensão do anticomunismo. O quadro é bastante vasto, com udenistas sendo a favor ou contra o direito de greve. A outra grande marca caberia a questão da legalidade do Partido Comunista, com vários quadros divididos.

O cenário eleitoral da UDN era 77 deputados (78 com um da Esquerda Democrática [ED]) e 10 senadores (27,2% do total de membros). A UDN ficou em segundo lugar, visto que o primeiro pertenceu ao PSD. O PSD elegeu cerca de 151 deputados e 26 senadores. Outro partido citado é o PTB, ele elegeu 22 deputados e 2 senadores. O Partido Comunista elegeu 14 deputados e 1 senador.

Na grande comissão, foram 19 pessedebistas (PSD), 10 udenistas (UDN), 2 petebistas (PTB) e 5 de pequenos partidos. A UDN, convém lembrar, tinha como principal inspiração a Constituição de 34. Mas a autora ressalta que o único que permaneceu fiel a proposta de 45 da Frente Ampla foi o membro da Esquerda Democrática, o Hermes Lima.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 10)


 

Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


O Governo Dutra (30/01/1946 a 30/01/1951) é interpretado de forma diferente por diferentes grupos. Alguns apontam ele como o governo da união nacional, da pacificação, da estabilidade econômica, do respeito à Constituição.


A autora, por sua vez, traça uma crítica. Na verdade, o governo Dutra seria:

1. Uma coalizão partidária (PSD-UDN-PR);

2. Com intensa repressão ao movimento operário e à atuação dos comunistas;

3. Citando Paul Singer, um governo que elevou a taxa de exploração do proletariado e transferiu para a indústria uma parte substancial da exploração do campesinato;

4. Um legalismo autoritário;

5. Movido pela ordem política e econômica (entenda aqui como defesa do capitalismo).


Olhando a análise do Ricardo Maranhão, pode-se compreender o governo Dutra em dois planos:

- Plano Interno:

1. Vigor do movimento operário;

2. Crescimento do Partido Comunista.

- Plano Externo:

1. Emergência da Guerra Fria;

2. Fornecimento dos elementos ideológicos necessários para associar a infiltração comunista aos movimentos populares;

3. Justifica a repressão às manifestações operárias.


De 1946 até fins de 1947 o governo intensificou as intervenções nos sindicatos. Sofreram com isso a Confederação Geral dos Trabalhadores, MUT (Movimento Unitário dos Trabalhadores), a União das Juventudes Comunistas. Pode-se apontar também a cassação do registro eleitoral do Partido Comunista. Em 1947, o governo rompe com a União Soviética, cria também a Escola Superior de Guerra. A mesma escola que seria responsável pela Doutrina de Segurança Nacional e contra-insurreição. Essas duas últimas, dariam fruto em 1964.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 9)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


A UDN tinha, dentro de si, várias contradições. Ela tinha setores das elites liberais e oligárquicas ao mesmo tempo. Além disso, uma aliança descompromissada com a esquerda. Fora isso, um projeto de poder frágil.


O Estado Novo tinha acabado, mas a estrutura permanecia:

- Máquinas das interventorias estaduais;

- Arcabouço do sindicalismo corporativista;

- Burocracia estatal;

- Fontes de uma ideologia autoritária.


A UDN, pouco a pouco, vai deixando várias de suas pautas que tinham alcance popular. Exemplos dessas pautas são:

- Autonomia sindical;

- Direito de greve;

- Pluralismo sindical;

- Participação dos trabalhadores nos lucros da empresa;

- Ensino público gratuito;

- Previdência social;

- Funcionamento das propriedades rurais não devidamente apropriadas;

- Uma certa intervenção do Estado no campo econômico;

- Igualdade de tratamento ao capital estrangeiro.


Existem múltiplas teses da criação da UDN. Tal como é citado pela autora em diversas partes do livro. Uma tese particularmente interessante é a de Leôncio Basbaum. Essa tese dizia que a UDN nasceu bi-partida. De um lado, havia a esquerda que realmente fundara o partido. Doutro lado, havia a direita que invadiu o partido.


A UDN, de qualquer modo, não percebeu o caráter anti-popular que sua reação às políticas getulistas trazia. Getúlio era sinônimo de aproximação com as massas e de renovação na área econômica. Além disso, com a legalização do Partido Comunista, logo foi-se construindo um eixo de queremistas (pró-Getúlio), comunistas e os novos trabalhistas. Para combater esse problema, a UDN começa a se unir aos militares.


A UDN, marcada por conservadores, liberais e esquerdistas nasceu como uma "frente", uma parceria provisória. As contradições internas não permitiam a estrutura organizacional adequada.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 8)



Livro:

A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides



Nesse ponto do livro, a autora fala sobre as diversas separações que existiram dentro do movimento. 

A facção mineira aliou-se ao ex-presidente Arthur Bernardes para formar o Partido Republicano. Os grupos de São Paulo, Maranhão (Lino Machado), Pernambuco (Eurico de Souza) o acompanharam. Já o grupo gaúcho (Raul Pillo) formaram o Partido Libertador. De qualquer forma, houve a chamada "Oposições Coligadas" que reuniam UDN-PR-PL.

O Partido Libertador, chamado de ala angélica da UDN pelo Adauto Lúcio Cardoso, acompanharia quase todas as posições da UDN, além da defesa do regime parlamentarista. Já o PR (Partido Republicano) ficaria beneficiando ora a UDN, ora o PSD.

Adhemar de Bardos abandonaria a UDN para fundar em São Paulo o PRP (Partido Republicano Progressista) que posteriormente adquiriria o nome de Partido Social Progressista.

É historicamente interessante observar que udenistas e ademaristas se uniriam entre 1962 e 1964 para falar sobre os perigos do janguismo e da subversão comunista.

Os socialistas da Esquerda Democrática (ED) se separariam da UDN, mesmo com os apelos do Virgílio de Mello Franco, criando o Partido Socialista Brasileiro com a presidência de João Mangabeira.

Virgílio de Mello Franco, um dos principais conspiradores pré-45 e um dos mais inspirados ideólogos da UDN, morreria assassinado em outubro de 1948.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 7)


Livro:
A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides


A candidatura de Brigadeiro foi um movimento conspiratório da cúpula. Esse movimento foi feito por dois políticos de expressão nacional, de raízes tenentistas, o Virgílio de Mello Franco e o Juraci Magalhães. A campanha foi chamada de "Campanha da Libertação" e "Campanha do Lenço Branco".

A articulação da campanha ocorreu nos fins de fevereiro de 1945. Contando com reuniões preparatórias na casa do socialista João Mangabeira e no escritório de Virgílio de Mello Franco. Os chamados conspiradores eram:
- José Américo;
- José Augusto;
- Prado Kelly;
- Adauto Lúcio Cardoso;
- Luis Camilo de Oliveira Neto.

Brigadeiro Eduardo Gomes conquistou a simpatia das classes médias que aplaudiram o ideal moralizante.

Oswaldo Trigueiro do Valle, em seu estudo sobre o General Dutra, escreveria paralelos nas pautas dos dois:
- Ambos defendiam o reestabelecimento total do Estado de Direito;
- Não diferiam em termos de posições conservadoras;
- Defendiam uma política econômica de livre empresa, capital estrangeiro:
- Brigadeiro reve apoio das esquerdas e dos liberais;
- Dutra teve apoio das finanças paulistas.

A campanha da UDN mobilizou setores das camadas médias, dos intelectuais, das forças armadas, mas os trabalhadores ficaram afastados.


Queremistas acusaram Brigadeiro de desdenhar do voto dos "marmiteiros". Logo ele foi identificado como candidato dos grã-finos. A UDN, por sua vez, recebeu o título de "Partido dos Cartolas". De qualquer forma, Brigadeiro gozou de prestígio da imprensa. Em São Paulo, era promovido pelo jornal "O Estado de S. Paulo". No Rio, pelo "Correio da Manhã", "Diário de Notícias" e o "Diário Carioca".

A plataforma de Brigadeiro tinha as seguintes pautas:
- Direito de greve;
- Liberdade sindical;
- Livre empresa;
- Papel do Estado;
- Capital estrangeiro.

Isso levou a ele ser apoiado pelas esquerdas e pelos conservadores.

É evidente que nos anos 50 a UDN abandonaria seu apoio aos direitos trabalhistas, atacaria a intervenção estatal e se tornaria defensora de um papel maior do capital estrangeiro.

A UDN já começaria a ser marcada por:
- Saudosismo na contente referência ao passado (como a defesa da Constituição de 1934);
- Papel supra-partidário das Forças Armadas;
- Conservadorismo moral, em sua forte oposição ao divórcio.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 6)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


A autora explora a "Declaração do 1° Congresso dos Escritores" e o "Manifesto dos professores da Faculdade Nacional de Direito". Dois eventos importantes.


Em dezembro de 1943, Armando de Salles Oliveira, exilado em Buenos Aires, escreveria a "Carta aos Brasleiros". Em abril de 1944, Dario de Almeida Magalhães também escreveria uma declaração.


O 1° Congresso dos Escritores conseguiu unir liberais e diversas tendências de esquerda. Nesse Congresso participariam várias pessoas que fundariam a UDN:

- Arnon de Melo;

- Carlos Lacerda;

- Homero Pires;

- Hermes Lima;

- Prado Kelly.


As reivindicações eram:

- Liberdade democrática como garantia de completa liberdade de expressão de pensamento;

- Da liberdade de culto;

- Da segurança contra o termo a violência;

- Do direito a uma existência digna;

- Sistema de governo eleito pelo povo mediante sufrágio universal, direto e secreto.


A maior parte dos intelectuais não comprometidos com o Estado Novo e o Partido Comunista participaram da Frente Ampla que surgiria em torno da futura UDN. Excetuando-se o professor Fernando de Azevedo.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 5)

 


Livro:
A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides

O Manifesto dos Mineiros ocorreria no dia 24 de outubro de 1943. Ele seria um dos elementos decisivos para a queda de Getúlio e o fim do Estado Novo. Ele é considerado como o primeiro Manifesto ostensivo, coletivo e assinado. Feito por membros das elites liberais, mesmo que essas elites, como nota a autora, tenham enveredado por caminhos (ou descaminhos) autoritários.

A UDN encarou o manifesto como pedra fundamental. Esse teria sido preparado pelo Congresso Jurídico Nacional, que ocorreu em agosto de 1943 no Rio de Janeiro, feito pelo Instituto dos Advogados Brasileiros. Naquele período, a Bancada Mineira procurava por liberdade pública e as delegações cariocas e baianas eram governistas.

No manifesto destacam-se os nomes: 

- Pedro Aleixo;
- Milton Campos;
- Virgílio de Mello Franco;
- Luis Camilo de Oliveira Neto;
- Afonso Arinos;
- Dario de Almeida Magalhães;
- Odilon Brega.

Todos esses também foram fundadores da UDN. Eles clamaram que o golpe dado responsável pela espoliação do poder político de Minas Gerais a partir da ascensão de Getúlio Vargas.

O manifesto, embora pouco concreto, defendia:
1. Todas as liberdades individuais;
2. Instauração de um estado de bem-estar;
3. Maior participação política e econômica para as próprias elites.

Eles sofreram, por esse ato, algumas sanções como aposentadoria ou demissões de cargos em instituições geralmente vinculadas ao Estado. A autora comenta que o mesmo tratamento não seria dado caso eles fossem da classe operária, visto que esses sofreriam de prisões e violência física como ocorre com comunistas, anarquistas e sindicalistas.

O grupo apresentou uma defesa puramente formal da democracia. Existiram três pontos pouco absorvidos por eles:

1. O problema do trabalho;
2. Ampliação na participação política dos setores populares;
3. Liberdade sindical.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 4)



Livro:
A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides


O período de 1940 a 1945 foi marcado por vários movimentos civis. As camadas médias e altas da população brasileira se reuniram em distintos grupos sociais contra o Estado Novo. Manifestos foram feitos, jornais clandestinos foram lançados, congressos se ergueram, manifestações estudantis pipocaram. O clímax disso apareceu em 1945, sobretudo quando houve a deposição de Getúlio Vargas no dia 29 de outubro. O anti-clímax apareceria com a derrota de Brigadeiro nas eleições de dezembro.


Podemos ver movimentos estudantis como as manifestações de 1942 organizadas pela UNE (União Nacional dos Estudantes). Além do jornal "Resistência", que era descendente da Folha Dobrada (1939), da Faculdade de Direito do Lago de São Francisco. O VI Congresso da UNE foi bastante simbólico.

Liberais-conservadores fundaram a "Liga da Defesa Nacional", composta por civis e militares. Houve também a Sociedade Amigos da América.

Liberais de Esquerda fundaram a "Esquerda Democrática", a "Legião Cinco de Julho", "Associação Brasileira de Escritores" (ABDE) e a "União de Trabalhadores Intelectuais" (UTI).

Católicos apareceram com a Liga Eleitoral Católica (LEC) e as mulheres com o Comitê Feminino Pró-Democracis.

Podemos ver um movimento consagrado, os liberais-conservadores e os socialistas apoiavam o Brigadeiro. Só que os setores populares, junto ao crescente movimento sindical, era fiel à política trabalhista. Um movimento bastante complexo em nossa história.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 3)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


A UDN, já em seu início, marcou-se mais por um fusionismo tresloucado do que pela unidade ideológica ou, pura e simplesmente, por um movimento comum. Não é como se ela pudesse ser um partido de diferentes movimentos. Nesse ponto, senti-me tentado a citar a história do Partido Republicano, mas com a ascensão do Trump, a realidade já é meio distinta.


No começo da UDN já podemos ver alguns desmembramentos: PL, PR e PSP. De qualquer forma, a autora cita alguns grupos que compunham a UDN:

A) Membros das oligarquias destronadas a partir de 1930;

B) Os antigos aliados de Getúlio;

C) Os que participavam do Estado Novo;

D) Os liberais nos Estados;

E) As esquerdas.


Há uma breve nota da autora comentando que a esquerda nunca chegou a integrar organicamente a UDN. A chamada ED (esquerda democrática) não conseguiu formar uma aliança nacional. Naquele tempo, exigia-se dez mil assinaturas e presença em cinco estados. Já a UDN aceitou o pedido visto que queria apoio da esquerda para dissolver a imagem de conservadora. Naquele período, a UDN defendia a autonomia sindical e liberdade de greve. A ED, por outro lado, identificar-se-ia posteriormente com o Partido Socialista. Ela queria a transformação do regime capitalista e uma sociedade sem classes.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 2)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides



O surgimento do Partido da Eterna Vigilância é um momento histórico brasileiro. Ele surge contra o Estado Novo e contra o Getúlio Vargas. Sendo fundado no dia 7 de abril de 1945. Fato curioso, visto que o liberalismo brasileiro surgiu no dia 7 de abril de 1831. Daqui se verá a eterna dicotomia, com bastantes nuances e interpenetrações, entre liberalismo e conservadorismo que permeia a nossa história.


O primeiro candidato seria o Major-Brigadeiro Eduardo Gomes. A primeira pauta seria a luta contra a ditadura (ou o que restou dela). No entanto, as outras pautas eram:

1. Liberdade de imprensa e associação;

2. Anistia;

3. Restabelecimento da ordem jurídica;

4. Eleições livres;

5. Sufrágio universal.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 1)


 

Livro:
A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides

A UDN sempre ressoa, para quem estuda a nossa história, com vários nomes. Era chamada de "Partido dos Cartolas", "Partido do Anti-Getulismo", "Partido do Golpe", "Partido dos Bacharéis", "Partido dos Moralistas", "O Partido das Classes Médias". Nesse livro, a intelectual petista, Maria Victoria Benevides, analisa a UDN de forma ímpar.

Ela irá construir, pouco a pouco, como se caracterizou a imagem pública da UDN, em seu moralismo e elitismo, além da luta política anti-getulista e anti-comunista.