terça-feira, 30 de setembro de 2025

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 2)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides



O surgimento do Partido da Eterna Vigilância é um momento histórico brasileiro. Ele surge contra o Estado Novo e contra o Getúlio Vargas. Sendo fundado no dia 7 de abril de 1945. Fato curioso, visto que o liberalismo brasileiro surgiu no dia 7 de abril de 1831. Daqui se verá a eterna dicotomia, com bastantes nuances e interpenetrações, entre liberalismo e conservadorismo que permeia a nossa história.


O primeiro candidato seria o Major-Brigadeiro Eduardo Gomes. A primeira pauta seria a luta contra a ditadura (ou o que restou dela). No entanto, as outras pautas eram:

1. Liberdade de imprensa e associação;

2. Anistia;

3. Restabelecimento da ordem jurídica;

4. Eleições livres;

5. Sufrágio universal.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 1)


 

Livro:
A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides

A UDN sempre ressoa, para quem estuda a nossa história, com vários nomes. Era chamada de "Partido dos Cartolas", "Partido do Anti-Getulismo", "Partido do Golpe", "Partido dos Bacharéis", "Partido dos Moralistas", "O Partido das Classes Médias". Nesse livro, a intelectual petista, Maria Victoria Benevides, analisa a UDN de forma ímpar.

Ela irá construir, pouco a pouco, como se caracterizou a imagem pública da UDN, em seu moralismo e elitismo, além da luta política anti-getulista e anti-comunista.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 9)

 


Livro:
The Reagan Revolution

Autora:
Prudence Flowers


Nesse discurso, Reagan fala sobre a importância de diminuir o gasto governamental — ou tê-lo sob controle — e reduzir os impostos. Além disso, trata sobre a saúde da economia. Chegando a dizer que o governo é muito grande e gasta muito. Reagan caracteriza a economia americana daquele período como marcada por altos impostos e excesso de gastos. Além disso, o gasto governamental crescia mais rápido do que a economia. Tudo isso gerava o aumento da dívida e estava na hora de trocar a dieta.


O que Reagan propõe é:

1. Reduzir o crescimento do gasto;
2. Cortar as taxas marginais;
3. Parar a sobrerregulação;
4. Seguir uma política monetária não-inflacionária e predizível. 

Acabo de ler "Little Green Men" de Christopher Buckley (lido em Inglês)

 


Livro:

Little Green Men


Autor:

Christopher Buckley


Meses atrás, fiz a análise do livro "Thank You for Smoking". Hoje retorno com mais um livro de um dos mais brilhantes satiristas americanos: Christopher Buckley.


A obra de Christopher Buckley é muito conhecida por ser uma obra irrevogavelmente política e satírica. Mesmo que Christopher Buckley seja filho de William F. Buckley Jr., uma das maiores figuras do conservadorismo americano, a sua obra agrada democratas e republicanos. Para ser mais exato, nosso querido Christopher Buckley consegue destruir estereótipos, ser um crítico arguto seja de conservadores ou progressistas, sempre mantendo um humor que lhe consagrou como escritor.


Ler Christopher Buckley é mais do que buscar humor, é aprender a ir além do senso comum e compreender que o humor é uma boa forma de crítica social. É preciso lembrar daquele velho ditado em latim: "castigat ridendo mores", que quer dizer que podemos corrigir os costumes rindo deles. Quando se trata da política americana, Christopher Buckley demonstra que essa forma não é só verdadeiro, como também pode ser brilhante.


Como esse livro é uma novela, e eu sigo a política de comentar muito para não dar spoilers, darei um breve resumo do "plot inicial". O livro trata da figura de John Oliver Banion, um homem que cuida de um show e vive uma vida extremamente interessante. Tudo muda quando ele é abduzido por alienígenas. A partir disso, ele começa a demandar que o Congresso e a Casa Branca comecem a investigar a existência de seres extraterrestres.


Confesso que amo uma estranheza, mas ver todo o deslocamento social que sofreu o nosso personagem central foi, de certa forma, psicologicamente angustiante. O livro não trata só a sátira política de maneira densa, como traduz muito a questão da marginalização social provinda do afastamento natural que as pessoas têm quando consideram alguém estranho. Além disso, o livro traz uma percepção muito densa dos jogos de percepção que a sociedade tem e trabalha bem a questão da autoimagem.


Como sou um indivíduo pra lá de estranho, confesso que a leitura foi extremamente interessante. Fiquei curioso sobre como são as comunidades de ufologia (investigadores ou especialistas em alienígenas) e como a sociedade vê essas pessoas. Lembrei-me até mesmo do Tom DeLonge que se afastou da banda Blink 182 para investigar a existência de vida extraterrestre.


Little Green Men é um livro impressionante, engraçadíssimo, com uma sátira avassaladora. É uma pena que nosso queridíssimo Christopher Buckley é pouco conhecido por aqui. Espero que essa análise aproxime as pessoas da sua obra.

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 8)



Livro:
The Reagan Revolution

Autora:
Prudence Flowers


Nesse trecho do livro, existem vários discursos do Reagan. Eles são de natureza menor (em número de páginas) do que os capítulos escritos previamente pela autora. Logo as análises adquiriram provavelmente corpos textuais menores.

Nesse discurso, Reagan fala sobre ter gasto grande parte da vida como um democrata (em referência ao Partido Democrata). Todavia o que ele percebe é que houve um endividamento crescente do seu país.


Reagan trará questionamentos a respeito da identidade americana. Ele questiona se os americanos ainda preservavam a liberdade que os Pais Fundadores desejavam para eles. Ele questiona se os americanos ainda acreditavam no autogoverno. Ele questiona se não teriam abandonado a Revolução Americana. Ele questiona se os americanos deixariam uma pequena elite intelectual cuidar da vida de todos.

Em um momento, ele fala da "The Great Society", uma referência ao projeto do Lyndon B. Johnson (sucessor de Kennedy). De como o governo não pode controlar a economia sem controlar as pessoas. Além disso, que os programas sociais levantados não estavam diminuindo a necessidade social desses programas, mas sim que a necessidade aumentava ao lado do programa que aumentava junto, sempre levando ao aumento do Estado.

Por fim, ele cita Barry Goldwater, que foi o escritor do livro "The Conscience of a Conservative" (1960). Dizendo a necessidade da força para se ter paz.

O discurso de Reagan é um discurso da identidade americana em sua característica fundacional. Um retorno aos Pais Fundadores.

domingo, 28 de setembro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 7)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


A briga entre republicanos moderados e republicanos de tendências mais tradicionalistas no âmbito moral continuou. As imagens de Reagan foram se mesclando entre mito, memória, mídia e política.  George H. W. Bush, vice de Reagan, foi encarado como alguém que não se converteu o suficiente para as visões de Reagan. Questionaram se ele seria uma continuidade ou uma disrupção. Além disso, a eleição começou a apresentar a disparidade de gênero e raça nas escolhas políticas.


Depois de sair da Casa Branca, houve a publicação do "Speaking My Mind" que tinha uma coletânea de falas do Ronald Reagan e "An American Life" que tratava mais propriamente do Reagan em si. Reagan foi construindo um imaginário não partidário, o de um líder visionário que reestabeleceu os Estados Unidos. Ele chegou a receber o título de cavalheiro honorário da Rainha Elizabeth II e a visita do ex-líder comunista Mikhail Gorbachev. Prosseguindo mais adiante, Reagan desenvolveu Alzheimer e morreria no dia 5 de junho de 2004 com 93 anos. Ele foi visto como um chefe sonhador e o homem que alterou a política americana, restaurando a confiança da população e a crença do povo americano em si mesmo.


Reagan trouxe o Partido Republicano novamente ao cenário político. De 1933 a 1980 apenas três republicanos foram presidentes: Dwight Eisenhower, Richard Nixon e Gerald Ford — sendo só dois desses eleitos. No cenário pós Segunda Guerra, republicanos foram um partido minoritário no âmbito federal. Uma pequena curiosidade, o Bush Filho, um evangélico "nascido de novo", tinha mais aproximação ideológica com Reagan do que seu pai.


Reagan, construído como herói bipartidário, teve uma aprovação pública crescente. Nos seus oito anos como presidente, teve 52.8% de aprovação.  Em fevereiro de 1999, 71% de aprovação. Em novembro de 2010, 74% de aprovação. Além disso, após Reagan ter vencido em 49 estados, os democratas seguidores do New Deal foram substituídos por democratas de tendências mais centristas que adotaram princípios do neoliberalismo. Exemplos concretos disso são Clinton e Obama.


Atualmente se fala do caso "Reagan X Trump". Trump é muito mais populista do que propriamente um conservador. Ele é segue mais uma agenda anti-establishment e é um isolacionista. Além disso, enquanto Reagan era um pró-imigracionista, Trump é contrário à imigração. Após a derrota em 2020, Trump tornou-se ainda mais autocrático, demandando mais lealdade para ele do que ao partido ou à nação. Fora isso, os seguidores de Reagan são vistos como parte do mainstream e Trump ataca os chamados "conservadores reaganianos". Há uma tentativa de Trump de se aproximar do primeiro mandato de Reagan, sobretudo em pautas de gênero, sexualidade e reprodução, o que agrada a direita religiosa. Outra aproximação é o corte de taxas, sobretudo para os mais ricos, e de programas sociais. O afastamento se dá bastante na esfera protecionista, mas a questão do aborto aproxima Trump e Reagan. Os discursos constrastam: Reagan tinha uma oratória extremamente refinada, próxima do povo, patriótica e otimista; Trump tem um discurso menos refinado, mais sombrio e, após a derrota em 2020, adquiriu um tom mais conspiratório e retoricamente violento em 2024. Trump representa muito mais uma política pautada na raiva, no ressentimento e na desconfiança.

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 6)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


Ronald Reagan foi, como vimos, adotando uma postura menos ideológica e mais pragmática. Afastando-se dos ciclos neoconservadores e evoluindo para uma posição mais complexa e sutil. Uma das condições mais características desse desenvolvimento foi a sua relação com Mikhail Gorbachev.


Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev trabalharam para eliminar a ameaça nuclear. É evidente que Gorbachev chama muita atenção. Odiado por muitos, querido por muitos. Gorbachev chegou a ser elogiado por Margaret Thatcher. No período em que Gorbachev governou a União Soviética, a sua nação havia passado por várias décadas em que muito do gasto ia para a defesa. Cerca de 80% para ser mais exato. O que levou a educação, os serviços sociais e a saúde a passarem por um grande aperto.


É evidente que existe uma complicação e uma complexidade nessa relação. Enquanto que os Estados Unidos tinham um orçamento militar crescente na era Reagan, cerca de 8% de acréscimo ao ano; a União Soviética teve um crescimento de orçamento militar 1.5% entre 1975 e 1984.


Gorbachev lançou as bases da Perestroika e Glasnot. A Perestroika visava uma modernização tecnológica e um aumento da produtividade dos trabalhadores. Além disso, houve uma tentativa de reformar a burocracia soviética para aumentar a eficiência. Naquele tempo, a política anti-alcool (que era um sério problema para saúde pública) se mesclava a adesão de uma economia mista com elementos de livre-mercado e investimentos do exterior. Enquanto isso, a Glasnot serviria para dar maior participação do povo no processo político e burocrático, aumentando a liberdade de expressão. Isso envolvia o povo e a mídia. 


Reagan e Gorbachev tentavam dar cabo do INF (Intermediate Range Nuclear Forces), para destruir o seu arsenal. De qualquer forma, seja Reagan, seja Gorbachev, enfrentaram oposições em seus respectivos países. Reagan enfrentou oposição de republicanos e da New Right (Nova Direita), que condenavam Reagan de forma pública ou privada. A diplomacia da União Soviética e os Estados Unidos era vista como esperança ou como uma ameaça em que um inevitavelmente enganaria o outro. Em maio de 1987, a revista National Review chegou a publicar o "Reagan's Suicide Pact".


Em 1988, Reagan proferiu um discurso na Universidade de Moscou falando sobre um novo mundo de reconciliação, amizade e paz. A União Soviética cortaria 500 mil pessoas de suas forças armadas e Tadausz Mazowiescki seria o primeiro líder não-comunista do leste europeu. Veríamos mudanças significativas na Europa Central e no Leste Europeu. A queda do Muro de Berlim estabelecer-se-ia. Posteriormente veríamos a dissolução da União Soviética em 1991, com uma transição que poderia ser chamada de pacífica.