Um autor versátil e capaz de dar vários entendimentos distintos, erudito tal como ninguém e referência múltipla para diversos agrupamentos. Homem de diversas leituras e humor genial, talvez um dos maiores gênios do humor da história lusófona.
O livro conta com uma série de contos que traduzem uma série de sentimentos distintos - além de um certo constrangimento pelo autor ser demasiadamente culto. Tal como o "Você vai ver" no qual a marginalidade, o crime e o mundo distópico remetem a um cyberpunk cada vez mais real e aproximado do Brasil. Coisa que traz um certo mal sentimento e um elogio a capacidade profética do autor. Confesso também que me perdi numa série de referências que partem de um Brasil que não vivi e que me deixou meio perdido no entendimento de alguns contos, mas nada que fizesse com que eu perdesse a qualidade da leitura.
"Organizamos os nossos dias em datas com a ilusão que assim estamos organizando, de alguma maneira, o Universo. O primeiro ato racional de Robinson Crusoé na sua ilha foi marcar a passagem dos dias no tronco de uma árvore. Só então, situado nas suas datas, partiu para pôr ordem na sua solidão e tratar de sobreviver"
É incrível como o autor consegue traduzir a sua erudição em comédia, já que a maioria de nossos ilustres intelectuais transformam a sua erudição em alguma produção chata, formal e que não dá tesão algum em se ler. As suas referências dão um gosto maior a leitura, tal como a piada do rato albino que sempre volta e por isso se chama "Voltaire" ou quando Ed Mort investiga o caso de Sartre no Brasil.
Termino o livro com uma certeza: quero e lerei mais livros do autor que, para mim, é genial.
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