quinta-feira, 7 de março de 2024

Acabo de ler "El Túnel" de Ernesto Sábato (lido em espanhol)

 



"había un solo túnel, oscuro y solitario: el mío, el túnel en que había transcurrido mi infancia, mi juventud, toda mi vida"


Juan Pablo é um homem que a tudo vê de forma obscurecida. Seus pensamentos, infinitos e variados, impedem-lhe de enxergar algo que vá além de sua subjetividade. É como se existisse, em sua percepção, uma espécie de sobrecarga mental que o próprio pensamento impedisse a percepção do mundo ao redor. Um pensamento atropela o outro, a sua ansiedade marca páginas e páginas do livro, projetando psicologicamente a angústia do personagem no cenário.


Imagine que um livro seja projetado psicologicamente: nada escapa à sobrecarga psíquica do protagonista. E o leitor, lendo o livro, se vê ficando sem ar. É tanta ansiedade, é tanto detalhamento neurótico, é tanto pensamento atrás de pensamento que nem o leitor e nem o personagem central conseguem ter sossego. A leitura do livro pode ser descrita numa única fala que traduz todo esse passeio mental: asfixiante.


Não posso negar que me sinto semelhante ao protagonista da obra: toda essa incompreensão, toda essa neurose, todo esse desprezo pela maioria, toda essa capacidade de sentir por não se integrar e, além disso, a própria noção de que há uma barreira mental, projetada pelo próprio protagonista, entre o ser e o mundo. Tudo isso não me é estranho, é até mesmo comum.


Essa leitura, a não ser em excepcional caso, adentrará como uma das melhores leituras do ano. Eu certamente me apaixonei pela forma que Ernesto Sábato escreve. Vejo aqui um homem brilhante que usa o espanhol com a grandeza dum mestre.

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