segunda-feira, 30 de maio de 2022

Um Gorducho com Duas Espadas - Parte 1 (Hereges - G. K. Chesterton, pág. 1 a 33)





Começando - e já amando - a leitura do livro "Hereges" de Chesterton, começo a entender mais do universo do nosso príncipe dos paradoxos. Certos sentidos me escapavam e me feriam a compreensão mais integral de seus escritos.






Uma das principais características a serem observadas é que a palavra senso comum (que seria mais para "bom senso" na língua inglesa) apresenta uma realidade que foge da radicalidade daqueles que têm uma visão um pouco excessiva e acentuada da realidade. O "senso comum" é um parâmetro que delimita as regras da vislumbração da própria realidade na qual nos inserimos.


É importante observar que o termo: "herege" não surge aqui por acaso. "Herege" não está no sentido daquele que compreende e nega a ortodoxia e sim daquele que acentua um ponto e que pode adicionar outros pontos a crença excessivada. Só que o desmembramento de uma crença só faz com que ela se radicalizesse e torne-se tão abstrata a ponto que a realidade mesma se perca. Sendo o real multifacetado, a crença do radical dirige-se contra essa mesma realidade que nega a crença do real: o mundo é muito mais complexo do que uma crença obsessiva e monótona possa comportar.





Chesterton questionava-se como teístas idealistas e ateus militantes encomtravam-se unidos num mesmo propósito e em mesmos locais. A resposta mais direta é: os dois condicionavam-se por uma crença que não era delimitada por nada, a própria radicalidade sem freio de suas ideias ([I] tudo é bom porque Deus existe; [II] tudo é ruim porque Deus não existe) carrega um fator que é igual: o radicalismo bestial na qual se encontram.





Por essa razão, Chesterton não se tornou ortodoxo lendo autores ortodoxos. Tornou-se ortodoxo simplesmente pela necessidade de ver uma razoabilidade plausível entre ideias que, quando extremadas, perdiam o próprio contato com a realidade e tornavam as pessoas cegas a visão da realidade enquanto tal. O pensamento de Chesterton é propriamente esse: o de comportar ideias num plausível para que elas se tornem comportáveis na realidade em vez de agigantar pontos específicos. Dialética pura, meus caros.

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