De onde vem o ódio a personalidade? Provavelmente de um lado primário e pouco desenvolvido dentro de nós. Historicamente - e biologicamente, aposta o autor - estamos mais acostumados com uma mentalidade coletiva do que com uma capacidade de tomar decisões individualmente. A consciência individual é de origem muito recente.
Sendo a humanidade socialmente forjada, a adequação social se tornou um importante mecanismo para a sobrevivência. Essa busca constante por aceitação se liga claramente com um instinto. E é por isso que, ao buscarmos convalidação, caímos numa retórica tribalista e socialmente idólatra, tipicamente mundana.
Internamente, em sua estruturação primária e primitiva, a humanidade buscará um reforço a unidade primordial em que a coletividade se justificava por si mesma. Onde o peso da escolha individual era inexistente. A liberdade agoniza o ser e o faz buscar instintivamente um passado não tão longínquo onde a consciência individual era inexistente. O peso de ser pode ser diluído na tribalização em que a carga da escolha é, por obrigação, socialmente dividida.
Essa asserção, que talvez seja bastante herética para alguns, é o que guia muito do pensamento de Carlos Rangel. E a sua retórica é muitas vezes guiada por uma defesa da liberdade e da consciência individual, indo contra as fantasias reacionárias tribais de direita ou de esquerda, que sempre ameaçam a liberdade em nome duma fuga coletivista e totalitária.
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