terça-feira, 23 de setembro de 2025

Acabo de ler "Woe unto you, Lawyers!" de Fred Rodell (lido em inglês/Parte 1)

 


Nome:

Woe unto you, Lawyers!


Autor:

Fred Rodell


Para cada era, uma autocracia pseudointelectual.


Fred Rodell começa o seu livro afirmando que, no tempo de hoje, quem controla a civilização são os criadores e interpretadores do Direito. Eles fazem isso tornando o Direito de difícil interpretação, levando o afastamento do povo comum para com a lei. O que torna a população dócil e, ao mesmo tempo, dependente dos advogados e dos juízes.


O homem comum tem medo do desconhecido e da polícia. A lei é uma grande desconhecida para a maioria das pessoas. Não obedecê-la pode levar à prisão. Graças a isso, o homem comum aceita os praticantes da magia moderna: advogados e juízes.


Todo aquele que trabalha com o Direito tem algo a vender. O que o vendedor do Direito vende não é outra coisa se não o próprio Direito. Não há competição nessa esfera, todos dependem da lei e todos são obrigados a cumpri-la. Logo é um produto de venda obrigatória.


Para tornar a interpretação da lei quase mística, enchem o Direito de jargões, tornando-o difícil para uma mente destreinada. Aqueles que não compreendem o Direito são incapazes de lerem logicamente as suas abstrações.


A questão central é: como algo que todos devem se lidar no dia a dia foi tão obscurecido para as massas? Isso afasta o ordinário modo de se pensar do processo mental daqueles que se lidam ou constroem o Direito. Não é só a adesão de termos em latim, nem tampouco o jargão que aparece multiplamente como tiros de uma metralhadora de letras, mas um jeito estranho de se pensar, uma magia mental, uma arte de manipulação de palavras — sempre de um jeito diferente — e a criação de palavras mágicas.

domingo, 21 de setembro de 2025

Sociologia Iuris #6: a Quantificação da Lei

 



Existe algo chamado "estrutura social do caso" e essa pode ser medida pelo status social. Como vimos anteriormente, grande parte da lei não explica os resultados da própria lei. Visto que a interpretação da lei pode ser variável e de acordo com os diferentes jogos e dinâmicas sociais.


A quantificação da lei é variável de acordo com a quantidade de recursos que a pessoa tem. Existe, evidentemente, uma distribuição vertical de pessoas e, não por acaso, um conflito entre a classe alta e a classe baixa.


As diferentes fontes do status social são:

- Riqueza;

- Cultura;

- Integração;

- Organização;

- Respeitabilidade.


Pessoas ricas possuem alto status social e pessoas pobres possuem baixo status social. Quando duas pessoas ricas estão em um caso judicial, podemos chamar esse caso judicial de alto. Quando duas pessoas pobres estão em um caso judicial, podemos chamar esse caso judicial de baixo.


A participação social também dita muito do processo. Ela é concebida a partir do quanto uma pessoa está inserida na vida social, o quanto ela está envolvida em um networking e em instituições. Aqui podemos delinear aqueles que são socialmente marginalizados e aqueles que são altamente integrados na sociedade.


Fora isso, grupos aparecem em diferentes disposições. Isto é, cada grupo possui capacidade de ação coletiva, mas o escopo de sua ação é delimitado pelo o seu grau de organização interna. Grupos mais organizados usualmente possuem status social maior.


A reputação de uma pessoa também dita o seu caso. Elas são julgadas se são tidas por virtuosas ou desviantes.


Fora isso, sabe-se que pessoas ricas usualmente vão mais à corte. Logo possuem um envolvimento judicial maior. Enquanto pessoas pobres apresentam um envolvimento judicial menor.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Acabo de ler "Patchwork" de Mencius Moldbug (lido em Inglês/Parte 4 Final)



Nome:
Patchwork: A Political System for the 21st Century

Autor:
Mencius Moldbug


Mencius Moldbug faz nesses capítulos algumas críticas ao pensamento de Kant, fazendo algumas ressalvas a própria crítica: a democracia daquele período estava longe de ser a democracia que conhecemos hoje. Kant, segundo Mencius Moldbug, acreditava na razoabilidade dos eleitores e que eles votariam em candidatos razoáveis para governar. De qualquer forma, esse republicanismo seria igual a responsabilidade.

De fato, a democracia mudou muito graças as mudanças pensamento que foram acontecendo. O pensamento moderno, segundo Mencius Moldbug, é derivado do ecumenismo protestante. Esse ecumenismo se transforma em um universalismo, adentrando em uma espécie de neopuritanismo laico. Creio que quem leu o livro de Nick Land — ou as análises anteriores em que analisei um livro de Nick Land — poderá entender melhor a referência.

Voltando ao cerne do argumento, Mencius Moldbug pensa na paz reacionária pensando em paz, segurança e ordem. Para garantir isso, os territórios controlados por companhias soberanas teriam como foco os ganhos financeiros e não em trazer guerras altamente custosas. Para prevenir guerras, elas temporariamente investiriam em mecanismos de exércitos privados para se defender de um território hostil.

Segundo o raciocínio de Mencius, grande parte da irracionalidade moderna — e a razão das guerras — é a desvinculação entre a economia e a condução das escolhas políticas. O Estado, por meio da democracia, vai priorizando cada vez mais pautas economicamente irresponsáveis. A guerra seria resultado natural dessa deturpação. Territórios focados em responsabilidade financeira não tomariam escolhas tão imprudentes.

O final, admito, ficou meio vago.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Acabo de ler "Patchwork" de Mencius Moldbug (lido em Inglês/Parte 3)

 


Nome:

Patchwork: A Political System for the 21st Century


Autor:

Mencius Moldbug


O melhor governo é um governo responsável. Muitos consideram que essa responsabilidade é alcançada pela democracia constitucional, já que essa resultaria, em última instância, em uma responsabilidade moral. Mencius Moldbug defende uma ideia neocameralista: uma companhia soberana, um governo privado com responsabilidade financeira em vez de responsabilidade moral — ele define essa forma de governo como amoral.


Nesse capítulo, além da usual série de piadas que já estamos acostumados a ver o Mencius Moldbug fazer, ele também fala da ascensão do Estado de Bem-Estar Social. Ela ocorre no século XX quando o Estado capta uma das principais funções da Igreja, a caridade. E ele (o Estado) consegue fazer essa caridade com base na taxação. Em meio a isso, o Estado torna-se o senhor da caridade, mas também o senhor da justiça que trará tudo, tornando-se a Igreja de Todas as Coisas. Quanto mais o tempo passa, mais pautas são pautadas pelo o poder do Estado — que não admite concorrentes.


Mencius também fala um pouco acerca da democracia americana. Os três grupos da democracia americana podem ser definidos como os tribais, os populistas e os institucionalistas. Os tribais se movem por lealdade, experiência compartilhada e senso comum. Os populistas acreditam no sistema, mas não sabem como ele funciona e acreditam em coisas que são impossíveis dentro do sistema. Os institucionalistas acreditam na democracia, mas sabem como sabotá-la para que as suas pautas sejam aplicadas, pouco importando se isso fere o anseio democrático.


É interessante que se você possui organizações que funcionam do modo que você quer que funcionem independentemente do processo democrático auferido em uma eleição, você pode facilmente criar instituições — muitas vezes não percebidas pelos eleitores médios — que favoreçam os seus interesses independentemente do que ocorra. Se infiltrar e controlar essas instituições, criando um modelo de dominação econômica e cultural, é mais favorável do que ficar buscando eleições, visto que elas são voláteis. Além do mais, dominar instituições pode ser útil para vencer eleições. 


O que é interessante notar aqui é que, nos Estados Unidos moderno, o Project 2025 foi arquitetado para atacar os aspectos institucionalistas usuais. Visto que esses aspectos se correlacionam a Catedral (entendida aqui na acepção neorreacionária do termo, isto é, o networking institucional progressista que aparece na educação, nas universidades, nas ONGs, nos jornais). A direita americana conseguiu rastrear e mapear as ações de várias organizações institucionalistas e está tentando reverter e desmantelar os seus quadros. Se serão extremamente bem sucedidos nisso, ainda não se sabe.


É interessante comparar a análise da Catedral do Mencius Moldbug e as ações do Project 2025 na América moderna.

Notas #1

No mês passado, fui altamente produtivo. Eu pegava várias aulas em inglês e depois traduzia e ampliava as minhas notas. De qualquer modo, eu passei muito tempo escrevendo no caderno. O que deixou minha mão completamente ferrada. Nesse mês, o número de análises e notas será em uma quantidade mais razoável.


De qualquer modo, vou tentar me focar nas aulas de Jason Manning em relação a Sociologia Jurídica e no curso da Hillsdale College.

domingo, 14 de setembro de 2025

Direitos Civis na História Americana #3

 


O problema da escravidão é um problema dos direitos civis. A escravidão é uma grande violação dos direitos naturais e dos direitos civis.


A razão da abolição da escravidão não ter vindo antes se dá pelo fato de que a União (entidada como união dos estados que compõem os Estados Unidos) era uma temática de grande importância. De qualquer modo, os Pais Fundadores entendiam que a escravidão era uma injustiça.


Os defensores da escravidão eram opositores dos direitos naturais, eles acreditavam que a igualdade era um absurdo, que era falsa e um erro político. Para eles, não existiam direitos naturais ou igualdade natural, mas sim privilégios. Isso demonstra a dimensão linguística: o direito e o privilégio são condições diferentes.


Os defensores da escravidão, para manter a escravatura, privavam pessoas da vida, liberdade e propriedade. Para garantir o seu sistema, destruíram a educação, os jornais, a liberdade de fala. Além disso, interviam nos estados do norte. Logo a ameaça escravagista podia levar a um ataque não só aos escravos, mas todas as outras pessoas. A escravidão não é só corrupta, mas corruptura. Todo o sistema poderia ser corroído em nome da escravidão.


Uma república exige autogoverno, um regime escravagista exige tirania. Uma ordem civil requer que exista uma sociedade civil, não uma sociedade com escravos — elas são antagônicas. Tudo isso exige a abolição da escravidão.

Acabo de ler "Patchwork" de Mencius Moldbug (lido em Inglês/Parte 2)

 


Nome:

Patchwork: A Political System for the 21st Century


Autor:

Mencius Moldbug


A ideia de governo limitado é autocontraditória. Temos a hipótese de que o governo não fará ações moralmente duvidosas se ele escrever para si mesmo que não fará ações moralmente duvidosas em uma folha de papel.


O que Mencius Moldbug tenta fazer é criar um sistema que, pela sua própria estrutura, busque uma limitação de atos hostis. Uma das formas de criar um governo assim é ressaltando um aspecto econômico. A estrutura política serve para aplicar a responsabilidade financeira. Tudo que for para maximizar o retorno do capital pode ser considerado útil. Se não, os residentes podem simplesmente levar os seus negócios para outros locais caso eles não gostem dos serviços prestados pelo governo (aqui no sentido de corporação).


Mencius Moldbug estabelece três princípios:

1. A soberania dos proprietários é absoluta;

2. O reino é um negócio, não caridade;

3. Aceitando que os dois princípios anteriores não estão em conflito, não ser do mal é um bom negócio.


A ideia básica de uma sociedade governada por uma corporação é que essa corporação tem como objetivo dar aos residentes um bom local para se viver, felicidade e produtividade. É evidente que essa segurança é assegurada, não existe possibilidade de derrubada do sistema e não há segurança ou privacidade contra o reino. Além disso, a manipulação da opinião pública é um serviço para a estabilidade do regime.