quinta-feira, 24 de março de 2022
TOLERÂNCIA MODERNA É AUTOMARKETING MORAL DE CHARLATÃES!
quarta-feira, 16 de março de 2022
Acabo de ler "Homens sem Mulheres" de Haruki Murakami
Ler Haruki Murakami é sempre uma tarefa grata. O autor, já indicado ao prêmio Nobel de literatura, é simplesmente um gênio inigualável que goza de um estilo potente, sobretudo no aspecto subjetivo.
O livro conta com uma série de contos de homens que não têm mulheres. Não no sentido que não possuam nenhuma relação social, sexual ou romântica com mulheres. É no sentido de que o relacionamento não entra num tom mais perpétuo, num "relacionamento mais sério" (não, não vou entrar na polêmica do relacionamento aberto ou poliamor). Se questiona sobre o casamento, casar ou não tem a ver com isso, só que não inteiramente. De qualquer modo, são homens que não possuem um relacionamento muito estável.
Talvez o livro vá de encontro com a vida pós-moderna ou líquida, já que o termo modernidade líquida não é o mesmo que "pós-moderno" (esse pressupõe superação da modernidade). Ele vai de encontro com as relações de hoje: sempre mutáveis, com poucos laços duradouros e condições de "fidelidade única". Não poderia ser diferente, é um retrato das relações contemporâneas, de nossa sociedade - aqui sem nenhum juízo de valor do relacionamento ideal ou normativo ou o que quer que seja.
É impossível ler sem sentir nada, já que tudo em Haruki Murakami é descrito com uma subjetividade. Essa subjetividade que nos assombra ou nos encanta é o principal aspecto desse grande autor. Eu não deixei de sentir em nenhum momento, Haruki Murakami me prendeu a cada conto e cada um entregou uma sensação diferente, mesmo que a experiência central (homens sem mulheres) permanecesse a mesma.
Acabo de ler "As Crônicas de Nárnia Vol. 1: O Sobrinho do Mago" de C. S. Lewis
"— Riam sem temor, criaturas. Agora, que perderam a mudez e ganharam o espírito, não são obrigados a manter sempre a gravidade. Pois também o humor, e não só a justiça, mora na palavra" (Aslam).
Apesar da aparente simplicidade, o livro é bastante complexo e, como não haveria deixar de ser, esconde uma "mensagem cristã criptografada". O livro tem uma lição moral que quer conduzir o jovem leitor - ou o "velho leitor", como em meu caso - para um entendimento cristão de mundo.
Por um lado, o livro apresenta um conflito quase que cósmico entre uma figura de uma rainha de gelo (Jadis) contra um Leão bem próximo ao fogo (Aslam). Jadis representa não só a figura de Satã, mas bem simboliza a idolatria e o Estado-Deus. Jadis é tirânica e se julga além de qualquer coisa "fortuita" como as emoções e ambições humanas. Já Aslam crê na liberdade, não por acaso uma de suas frases, citada bem no começo, fala sobre o riso e a liberdade de rir. Aslam não se impõe, mesmo sendo imponente, pois crê na liberdade. A salvação traz não somente o paraíso da ausência de escassez, também traz o paraíso do sorriso e do riso. Aslam, tal como Verbo Divino (Jesus Cristo), produz um mundo pelo seu canto majestoso ("no princípio era o verbo", já dizia a Bíblia). Já Jadis representa a gravidade, onde toda ação tem um preço e tudo se correlaciona a um poder gravitacional - lógica da escassez, diferente do paraíso.
André, tio do protagonista, mexe com algo que não sabe e acaba por trazer o mal para a Terra. Digory e Polly, nossas duas crianças, em sua pureza, vão acabar por impedir o mal. As ambições de André, o feiticeiro, acabam dando errado e ele acaba por descobrir que o mal é sempre ligado numa lógica dura, numa lógica de coração de pedra em que a ambição do mais forte recai sobre o mais fraco e o mais fraco se curva - diferentemente do bem, movimento pela graça, que ama todas as criaturas em igualdade e as ela quer bem, não por algo prévio e sim pelo amor. De tal modo, Aslam (figura cristã) é o amor e Jadis (figura satânica) quer só o próprio benefício, abusando dos mais fracos. Simples, mas complexo.
quinta-feira, 3 de março de 2022
Zumbis
quarta-feira, 2 de março de 2022
Acabo de zerar "The Legend of Zelda: Twilight Princess" no GameCube (no Wii)
Esse é certamente o jogo mais difícil que eu zerei. E valeu cada segundo. O jogo é simplesmente uma obra de arte que usa todo poder do GameCube - sim, optei pela versão de GameCube, já que ela é mais difícil e o jogo foi criado originalmente nela. E se o jogo queria dar uma despedida honrosa ao nosso querido console em formato de cubo, esse foi o melhor enterro da história dos consoles.
Pra começar, esse Zelda é o mais sombrio de todos. Há quem pensa que trevas e Nintendo não combinem, mas esse jogo existe para provar o contrário. O aspecto sombrio, a ideia de viver num mundo imerso nas trevas, o tom maturo da história, as transformações em lobo, um mundo totalmente fragmentado pelo poder do mal... esse é um Zelda simplesmente único. Difícil acreditar que veio depois do infantil Wind Waker.
A frase da Zelda, no final do jogo, é simplesmente fantástica: "Luz e sombras são as duas faces da mesma moeda. Uma não pode viver sem a outra". O mundo das trevas e o mundo da luz só são ruins quando desarmônicos, na retidão são dialeticamente necessários. Ganondorf não é o mal por ser das trevas, mas por ser desequilibrado. A missão de Link nessa obra é restaurar o mundo em seu equilíbrio, não destruir as trevas. E a verdadeira representante das trevas, Midna, é uma pessoa boa. O desequilíbrio é o erro.
Sem dúvidas é um dos mais belos jogos que joguei. Como foi extremamente difícil, lembrar-me-ei dele como uma eterna conquista. Uma verdadeira obra de arte.
domingo, 27 de fevereiro de 2022
Acabo de ler "Harry Potter e a criança amaldiçoada" de J. K. Rowling, Jack Thorne & John Tiffany
Esse livro é como uma pack de extensão. Apresenta um universo já rico e trabalha com esse universo. Embora o formato de texto teatral não seja o mais adequado em minha visão. Mesmo sendo uma adição, quiçá interessante, faltou o mesmo gosto dos livros anteriores. Dá-se então o estranho gosto de fan service. Só que a curiosidade para com essa adição é muito bem respondida em alguns pontos.
Quando Snape descobre que há um futuro em que o filho do Harry Potter tem o nome dele, por exemplo, é fantástico. E até mesmo ele sentir orgulho disso é também fascinante, porém a forma com que isso se apresenta é mal colocada. O filho do Harry não fez nada de bom, até aquele momento, para ser merecedor de tal orgulho do Snape. Se fossem por outras ações - e isso exigiria mais tempo de desenvolvimento - teria sido algo mais interessante e até melhor.
O livro trabalha com um problema que é fixo em quase toda obra que segue esse estilo - tipo Boruto ou o filho do Batman - um conflito geracional que quase sempre surge por alguma idiotice cometida pela geração posterior. Só que sempre que algo assim ocorre, é sempre com um tom excessivamente dramático e fatalista. Você sempre se pergunta: "como é possível que ele tenha errado tanto?". Não é como se jovens não errassem, mas o ponto do erro é quase sempre excessivo e qualquer um que tenha consumido o suficiente disso, já está cansado disso.
Alvo Severo Potter lembra bem o Harry da Ordem da Fênix, comete erros altos. E nisso o livro decepciona: é como se toda a escala evolutiva acentuada voltasse para um estado anterior tão somente para agradar gerações mais novas e por elas ser compreendida. O que não é uma ideia ruim, porém quase sempre mal-executada (seja em Boruto, com o filho do Batman e até com o do Harry). De todo modo, o livro é uma leitura interessante.
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Acabo de ler "Tudo o que você precisou desaprender para virar um idiota" do Meteoro Brasil
Definir o livro é bastante difícil, já que ele se lida com uma série de áreas que são bastante diferentes. Logo é um livro em que cada parte apresenta, em si, um gosto diferente. Embora seja possível construir uma relação geral do objetivo central do livro.
O livro é bastante interessante, particularmente me interessei mais pela parte que tratou do aspecto do "meme" - o qual, em meu tempo de vida atual, considero um mal - e de suas implicâncias negativas. A própria ideia de reprodutibilidade máxima é o farol do esvaizamento conteudístico contemporâneo. Não por acaso, canais do YouTube se esforçam na mera feitura de vídeos de reação a conteúdos simplórios ou de caráter jornalístico. Essa é a razão de eu odiar a internet moderna.
Várias explicações são interessantes. Como sou um típico leitor alienado que prefere tudo escrito a em vídeo, preferi esse formato aos vídeos do Meteoro Brasil - que infelizmente se tornou um grande canal de react aos dados da atualidade e perdeu a feitura de vídeos de maior qualidade, seja em roteiro, seja em edição. De qualquer modo, como já dizia o não tão velho ditado: "na vida o que interessa é dinheiro no bolso e os problemas são eternos".
A sensação que tenho ao terminar o livro é a que detenho uma maior gama de conhecimento geral sobre vários assuntos e que a leitura foi, sim, proveitosa.
