quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Acabo de ler "A Guerra dos Consoles" de Blake J. Harris

 



Comecei a leitura pensando que teria algo de simples, um tanto de vulgaridade e quiçá uma camisa de deleitosa. Uma simples leitura de passar tempo, não? Estava completamente enganado, a complexidade e a forma com que a trama me envolvia me fascinaram por completo. Um livro sensacional, recomendado não só para o público gamer, mas também para estudantes de marketing, publicidade e propaganda, arte e tantas outras coisas mais.

Esse livro certamente me marcou. Não saberia dizer a honra que tive de lê-lo. A cada página uma nova curiosidade me era apresentada e mais eu sentia vontade de devorar o livro. Graças a história de Tom Kalinske, tornei-me um tanto mais seguista ao testemunhar toda essa história fantástica. Pena que tudo que foi feito em nome da SEGA, foi por ela mesma destruída. No fundo, a maior inimiga da SEGA era a própria SEGA. Mesmo assim, a luta da Nintendo vs SEGA na quarta geração de consoles não foi só louvável, foi épica e impactante. Qualquer pessoa que tenha lido o livro ou vivenciado o tempo saberá do que falo.

O fato dos jogos terem sofrido uma queda brutal e a Nintendo ter feito o mercado ressurgir das próprias cinzas é um feito e tanto. A ditadura monopólica criada por ela, nem tanto. A bravura com que a SEGA lutou contra a Nintendo, mudando eternamente o rumo dos games é uma outra história a qual nunca me esquecerei. Todavia a autosabotagem que a SEGA do Japão fez, em seu orgulho, para ferrar com a SEGA do EUA destruiu a empresa. O surgimento da Sony no mercado é uma outra história marcada pelo livro, uma história muito ousada, peculiar e interessantíssima - mesmo que o livro não aborde muito da quinta geração de videogames (PS1, Saturn e N64).

Tudo me deixou com um gosto de quero mais. O problema desse livro é que ele termina. Seu principal defeito é ausência de defeitos. E, no momento que escrevo, sinto-me feliz de tê-lo lido e saudades por ele ter terminado.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Acabo de zerar "The Legend of Zelda: A Link Between Worlds" no 3DS

 



O mês nem terminou e eu zerei outro jogo da franquia Zelda. Se você se pergunta a razão do curto intervalo de tempo, a resposta, quiçá, seja meio óbvia: o Zelda no 3DS é uma continuação do Zelda do SNES. Isso me deixou curioso e louco para dar "continuidade" ao meu gameplay.

O que dizer desse jogo? Creio que tenha sido um dos zeldas que eu mais curti jogar. É um jogo viciante e eletrizante, a mecânica de "virar 2D" e entrar nas paredes é um acréscimo magnífico ao game. Outro fator que me motivou: os cenários são semelhantes ao clássico do Super Nintendo (A Link to the Past) - como não poderia deixar de ser. De restante, o de sempre: aqui o jogador terá de utilizar de sua inteligência para resolver as complexas masmorras. Mesmo que isso ocorra em outros zeldas, cada zelda tem um gostinho diferente e isso nunca cansa. Os gráficos inicialmente não me chamaram muita atenção, só que depois eu percebi a qualidade artística da obra.

A respeito da história: ela vai te surpreender. A história tem bastantes reviravoltas, o enredo é, de longe, extremamente interessante e o final só acrescenta um pouco de caos - embora tenha calmaria. Mesmo que o foco do jogo seja mais a gameplay do que a história em si - não, Zelda não é um filminho interativo -, vale a pena prestar atenção na história do jogo. Garanto que não se decepcionará. (Não, não darei spoiler).

E o sentimento após tudo isso? Sinto aquela sensação de dever cumprido. Zelda é uma franquia divertidíssima, todavia é também uma franquia complicada, complexa e exaustiva. Todas essas características juntas podem até parecer ruim, só que não: tudo apresenta um maravilhoso gosto ao terminar a obra visto que você de fato sente uma sensação mistura o épico, o nostálgico e a sensação de completude.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Prelúdios do Cadáver #15 - Falando Obviedades (e Seriedades)

Publicado em  06/04/2019


Existem certas ideias que vêm me atormentando nos últimos tempos. Não dá para refletir a vida intelectual sem refletir a própria vida. Escrevo essa breve nota no sentido de produzir uma pequena reflexão em mim mesmo.


Piaget dizia que o meio fere o organismo, esse organismo adapta-se depois da lesão que é sofrida. Com isso ele queria dizer que o organismo (nós) adapta-se ao meio (sociedade) no sentido de ser-lhe útil. O que a sociedade quer influencia em nós um dado padrão de comportamento. Isso pode ser bom ou ruim. Se, em nosso meio social, exigem-nos o amadurecimento e o cultivo da cultura – no sentido pedagógico e intelectual de cultura –, damo-nos por florescer belamente. Agora, se é o oposto, se o nosso meio social conspira para que caiamos numa vida desregrada, numa vida sem metas e nem fins nobres, acabamos por ir decaindo junto ao nosso meio.


Essa constatação fez-me pensar nas considerações que meus pais me davam quando eu era menor, e eu sempre feria aquilo que meus pais recomendavam-me. Eles me diziam para que eu não me misturasse com determinado tipo de gente, para que não praticasse dadas ações e para que eu não vivesse de tal forma. O tempo foi passando e a má cultura brasileira foi me influenciando para um mau caminho. Cometi, então, inumeráveis erros que, hoje, na minha idade, arrependo-me severamente. Algo que, se um dia eu tiver um filho, tentaria evitar a qualquer custo.


Trata-se de tudo, rapazes. Os locais que ficamos na faculdade, os livros que lemos, os locais que frequentamos na internet. Tudo isso conspira para o mal ou para o bem. Sêneca dizia que a vida não era curta, mas que utilizamo-la mal. E por utilizarmos a vida mal, a vida passa sem que a gente perceba. O tempo está passando e estamos confinados em nossa própria ignorância, o tempo passa e estamos presos aos nossos vícios – ou pecados, se preferir.


Então aí vai um conselho de quem se tocou: tomem cuidado com o que leem, com as suas ideias, com as pessoas que acompanham, com tudo que lhes influencia. E, não tenham dúvida, a maior parte da cultura brasileira padrão conspira contra você.

Prelúdios do Cadáver #14 - Breves Reflexões sobre os Últimos Tempos

 Publicado em 22/10/2018


Olá, meus amigos. Hoje vim aqui agradecer especialmente ao Contra os Acadêmicos e ao Anarquismo Individualista por estarem me acompanhando em minha longa viagem. Graças a vocês, entrei em contato com pensamentos que antes me eram totalmente desconhecidos.


Não sou uma pessoa fácil de lidar. Sei disso. Fico fazendo piadas inoportunas e sou uma pessoa pouco séria. Particularmente, esse é um traço de minha personalidade que não consigo mudar. Às vezes parece que sou uma pessoa incontrolável. Cresce em mim uma profundidade que antes me era estranha. Parece que, mesmo tendo uma personalidade cínica e zombeteira, existem traços de seriedade que vão se conectando a mim.


Não sinto mais falta do tempo passado. Dalgum modo, confortei-me com o presente. Aceitei-o, para ser mais sincero. Eu não me via como uma pessoa forte, achava-me um fracassado. Dir-se-ia que era pessimista comigo mesmo, todavia hoje as pessoas reconhecem minha força. Sei que não estou no meu auge, ainda falta muito para eu alcançar a sabedoria, só que me sinto confortável agora.


Quarta-feira passada, eu cai e machuquei a cabeça. Fui para um hospital e fiquei bastante tempo lá. Tomei alguns pontos na cabeça. Foi em minha solidão que eu percebi o quanto eu tinha me tornado forte. Percebi o quanto eu tinha amadurecido e meus gostos tinham mudado. Pude olhar, mental e retrospectivamente, a minha jornada. Falar-se-ia que dei-me conta de mim mesmo. Cheguei num ponto de autoconsciência. Aquilo que me era impossível, agora me é possível. Parece que estou finalmente ficando mais maduro, mais adulto.


Antes, eu não conseguia acompanhar ninguém. Hoje, há quem diga que não consegue me acompanhar. Isso significa muito para mim. Quando eu estava na sexta e na sétima série, muitas pessoas zombavam de mim alegando a minha burrice. Hoje as pessoas ficam espantadas com a inteligência que fui desenvolvendo.


Hoje decidi que não quero mais continuar numa constante competição para mostrar o aumento de meu nível intelectual. Quero aumentar meu nível intelectual por amor ao saber. Não quero mais amadurecer para mostrar as pessoas o quanto sou sério, quero amadurecer por amor à sabedoria.


A quem me acompanha, muito obrigado. Obrigado também a quem leu. Vou continuar amadurecendo.


Prelúdios do Cadáver #13 - Não Caia Nessa

Publicado em 09/10/2018


1- Versatilidade/Ecletismo:Na vida intelectual, a versatilidade indica ou o caráter crítico-investigativo ou a bunda-molice de querer agradar a todos (e quase sempre ela cai nisso). O errado não é ser versátil, mas sim achar a versatilidade uma virtude intelectual em si mesma e cair na relativização de tudo. É errôneo estudar todo tipo de tese e achar que todas possuem igual valor entre si (ou achar que não são controversas em dados aspectos) e, ainda por cima, declarar-se uma pessoa ponderada por ter estudado todas as teses possíveis e achar todas são esplêndidas demonstrações da racionalidade humana. É preciso que haja uma versatilidade, mas com uma hierarquização de valores e crenças, numa busca pela Verdade.


2- Monomania Intelectual:(Atenção: falo de intelectuais das humanidades, não sei se o mesmo conselho servirá para alunos de ciências exatas, todavia espero que sim). Recentemente tenho estudado sobre a vida intelectual e sobre como uma pessoa pode dar uma formação para si mesmo ou para outrem. O fato é que uma condição essencial para a intelectualidade é a interdisciplinaridade: o estudo dum universo de disciplinas diferentes. Ou seja, não fique só lendo romances ou estudando (coloque uma matéria de humanas/exatas aqui), faça uma boa alternância evitando a monomania intelectual.


3- Tome cuidado com "Esse autor está ultrapassado":Nada pesa mais do que dizer que algo está ultrapassado e que, por consequência lógica, não vale a pena ser estudado. Com tal argumentação descabida, por exemplo, vi freis católicos dizendo que não estudavam São Tomás de Aquino e Santo Agostinho pois a teologia deles estava "muito velha". Tal absurdidade não deveria ser dita num convento, mas sim num hospício.


4- Seitismo Intelectualizado:"Ain não vô lê autor x pois ele é socialista/liberal/keynesiano/pós-moderno/conservador"

Para de frescura e vá ler pensamentos opostos ao seu. Pensamentos que levam ao estudo duma única escola nunca terminam bem, sempre acabam por fanatismo e monomania, um fechamento do ser numa bolha protetora. A verdadeira tolerância e criticidade só surgem a partir duma investigação de multiplicidades conflitantes/harmoniosas. Não adianta pregar tolerância e não praticá-la em âmbito intelectual. É preciso buscar entender aquilo que se defende ou ataca antes de defendê-lo/atacá-lo.


5- Buscai o entendimento e só depois criticai:Não interessa qual autor você lerá, será necessário abster-se de seus julgamentos e concentrar-se na compreensão do autor. Faça isso estudando autores de escolas de pensamento diferentes, assim aumentará a sua gama de cultura e leitura de mundo. Há também o benefício de não ser um seitista de uma única escola de pensamento.


Conclusão:

Esses são cinco conselhos bem básicos, conselhos que são apenas de caráter introdutório, mas espero sinceramente que lhes sejam úteis.

Prelúdios do Cadáver #12 - Sem Sentido

Publicado em 05/10/2018


Sonho quente que vem me atormentar, por que você é sempre tão assim? Ó aranha robusta, aqueça-me a volúpia. Laranja, fanta laranja de domingo. Voando pelo alto céu, caindo reversalmente num abismo em direção ao Sol e a total aniquilação.


Menina, amor meu. Menina, sonho meu. Menina, sua corporeidade antropomórfica é tão atrativa. Seu delicioso aspecto cervulíneo. Sua comissão de frente é tão saliente. O que faria, se não desejá-la? Desejo-a intensamente. Desejá-la-ia ainda mais se tu me deres a chance.


Ah, os sonhos da juventude. Pipocando em minha cabeça. Supõe uma condição irrealista. Ó minha maldição idealista. Tu me ferras! Ferraste-me pois nunca poderei alcançá-la. Por que tenho tantos sonhos vãos?


Doce de leite, querido doce de leite. Como com um bocado de goiabada. Que delícia, delícia fundamental. Hey, hey, hey! Delicioso doce de leite, minha vida amarga tu vais curar.


Olá, olá, senhor Sol. Como o senhor está? Está bem quente aí? Ah, desculpe-me, o senhor é o próprio calor. Perdoe-me a incoerência!


O Sol vai-se. A noite chega. Meus sonhos eram ilusões. Eu não sabia que eram, por conta disso estou triste. Sinto-me destruído por dentro. Eu quis seguir o impossível, descobri que quanto maior a idealização maior é a queda. Eu quero explodir todos vocês. Quero aniquilá-los! Eu não suporto isso!


Querida Lua do céu! Vou chegar até a ti. Beijá-la-ei! Tu serás meu eterno conforto. Minha alma repousar-se-á em ti!

Prelúdios do Cadáver #11 - Velhas Mentiras

Publicado em 06/10/2018


Lembro-me que, em 2016, eu era um jovem que adorava a justiça social e estava integrado num movimento. O fato é que, por má ou boa sorte, sempre tive uma certa capacidade de transparência interna. Sabia-me mau-caráter. Vejam só, eu era um justiceiro social e, ao mesmo tempo, não me sentia uma excelente pessoa, um exemplo social e cívico.


O que me magnetizava na justiça social era a capacidade de livrar-me de minhas próprias mazelas morais. Sabem como é, tirar o peso da consciência, do juízo de valor que me culpava, algo que tanto me pesava. A capacidade de encontrar culpados e de me livrar dos encargos da vida adulta que ia se construindo era confortável para mim. Havia, também, outro fato: eu sentia com prazer o gosto dos expurgos que eu fazia com os meus “colegas de luta”. Apontar o mal em outra pessoa, colocar-se como um exemplo a ser seguido, destruir as pessoas com as mais grotescas acusações. Tudo isso era uma rotina para mim.


O engraçado, nesse meu período existencial, era a forma com que eu lutava contra o moralismo. Era engraçado pois eu era moralista e, ao mesmo tempo, não me sabia moralista. Acreditava que a única moral e o único moralismo era o conservador. No fim, descobri amargamente que eu era um moralista progressista.


Minha convicção sempre foi a de que eu estava lutando para “um futuro melhor”. Se a minha ideia era certa, valia-me de todos os meios possíveis. Sempre justificando os crimes mais vis, as mais odientas acusações, glorificando criminosos e assassinos. A convicção levou-me a ser um clássico fanático. Defendi, então, o socialismo, o comunismo, o anarco-comunismo. Fui filiado ao PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade). Tudo em minha vã vida peregrina da dita “justiça social”.


Hoje pergunto-me o que são esses jovens justiceiros sociais. Seriam tal como meu antigo eu? Ou seriam mais cegos que meu antigo eu? Espero, sinceramente, que não sejam mais cegos do que eu. Espero que sejam céticos a ponto de duvidarem de si mesmos e de suas crenças para que, por fim, amadureçam intelectualmente.