quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Acabo de ler "Muita Retórica, Pouca Literatura" de Rodrigo Gurgel

 



Não seria surpreendente alguém afirmar que Rodrigo Gurgel é um dos maiores críticos literários do Brasil contemporâneo. Indo numa linha oposta a verve "mais comum" dos outros críticos, contribui de forma inestimável para a amplitudização do debate literário brasileiro enquanto tal.


Sendo de oposição natural ao que se tornou convencional em nosso meio acadêmico, serve muito bem para o aumento do arcabouço teórico e ajudará, em muito, no aumento do horizonte de consciência. E suas críticas são resultados duma pesquisa ativa, exaustiva e minuciosa. Não só isso: o autor do livro em questão é um homem que ministra cursos que ensinam fundamentos e técnicas de criação literária.


Nesse livro, o autor vai demonstrando, capítulo a capítulo, como nossos autores incorrem recorrentemente em discursos altamente retóricos e de caráter pouco literário, tal como se escrevessem um TCC e não um romance ou o que quer que seja. Além disso, o pedantismo e o uso acentuado de adjetivos é constante demais - e poder-se-ia dizer: penoso e nauseabundo. Numa babilônia entediante de argumentos, recorrentemente perde-se a capacidade descritiva.


O autor, é claro, não se encontra numa posição radical de antagonismo. Isso seria um parcialismo extremado que, na estatura de nosso autor, ser-lhe-ia contraditória e pouco digna. Ele é elogioso em muitos pontos, capaz de diferenciar as tonalidades do que lê.


Certamente um livro fantástico. Para quem gostar de crítica literária, recomendo a leitura. Para quem não curte, ainda recomendo pela boa prosa e humor refinado do autor.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Acabo de ler "O Declínio de um homem" de Osamu Dazai



 

Existem poucos livros que, quando lidos, podem gerar uma conexão profunda e introspecção elevada. Esse livro, recheado de pessimismo e niilismo, conta a história de um homem perturbado pela sua incompreensão da humanidade e, consequentemente, sua incapacidade de adaptação.


Mesmo jovem, nosso querido protagonista (Yozo), não fazia ideia de como ter as ações de seus correlacionados como previsível e inteligível. Logo criou uma rotina de farsas para simular um contato humano. Todas essas farsas geravam para ele um aspecto altamente tensional como que num contato perdido num vale de penumbra. Nada lhe era pleno e confiável.


O protagonista demonstra-se tímido e não consegue se comunicar com excelência. Não sendo uma pessoa normal, não faz a mínima ideia do que fazer com esse mundo que onipresentemente o circunda opressivamente. A vida dele será uma tragédia sem fim devido a sua incompreensão altamente nulificadora de toda ação.


Essa vida movida pela incapacidade de comunicar-se ou entender a comunicação com o outro o levará a tentativas de suicídio, alcoolismo, dependência por drogas. O livro é uma sucessão de um conflito psíquico e social que se entrelaçam de forma agonizante o tempo todo.


Certamente um livro duro e cruel. Recomendo a leitura para quem tiver capacidade de lidar com a frustração existencial que o livro necessariamente dará.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Acabo de ler "O Tolo e seu Inimigo" de Jeffrey Nyquist




O autor desse presente livro elenca uma série de questões das quais sou variadamente favorável, contra ou simplesmente incapaz de, no presente momento, ter alguma postulação plausível. De tal forma, a leitura realizou-se de forma mista.


É um fato de que nossos contemporâneos acham-se hierarquicamente superiores às gerações predecessoras. Essa arrogância surge duma má compreensão da natureza do conhecimento humano. Crê-se erroneamente que o progresso cultural se dá em igual velocidade e da mesma forma que o conhecimento científico. O que não poderia ser mais falso. Tal preconceito é o assentamento principal da porca miséria cultural presente.


Por outro lado, a busca por inimigos de forma generalizada é de natureza simplificadora e não serve para analisar a complexidade do real. Atribuir a certos grupos uma hostilidade e/ou um projeto de destruição da civilização ocidental é redondamente enganador, sobretudo quando essa não é encarada em vias de graus e atos inconscientes ou simplesmente por uma mudança de paradigma cultural.


O autor acerta em explicar que vivemos dentro duma sociedade arrogante que julga-se superior a todas as outras, sobretudo as que vieram antes. Mas erra ao radicalizar muito a sua crítica, visto que a sua radicalização torna a sua crítica ingênua.

domingo, 27 de novembro de 2022

Acabo de zerar "Castlevania Portrait of Ruin" (modo Richter) no DS (pelo 2DS)

 





Ah, lá estamos nós com mais uma análise de Castlevania. Dessa vez, zerei novamente o Portrait of Ruin, todavia no modo Richter. Sim, o mesmo Richter que aparece no Castlebania Symphony of the Night e Rondo of Blood. Nesse jogo, você poderá também jogar com Maria Renard - ela é criança.


Para ser bem sincero, o modo Richter foi mais divertido e desafiante. O modo irmãos usa e abusa da tela de toque do DS, mas devido a capacidade delas atacarem a longa distância, perde-se a dificuldade do jogo - que não é tão alta quanto a do Order of Ecclesia. Além disso, cada uma das irmãs tinha um único ataque e a jogabilidade era pouco variada. Nesse modo, pode-se aproveitar mais do jogo.


O melhor de tudo mesmo é desbravar o castelo do Drácula com personagens diferentes. Apesar de não ter tido uma história a ser contada, o acréscimo nunca é desvantajoso. O jogo está mais para um bônus recompensatório que aumenta em muito o fator replay. Dessa vez, upei meus personagens até o nível máximo (99).


Jogar Castlevania é sempre adentrar num universo a parte. Eu tenho honra de dizer que não só zerei esse jogo, como o platinei. Até agora não conheci ninguém que odeie ou desgoste do Castlevania como franquia, muito pelo contrário: todos se enchem de brilho nos olhos para comentar sobre essa gigante franquia do mundo dos games.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Acabo de zerar Sonic Rivals no PSP

 



Quando comprei o PSP não sabia qual seria o primeiro jogo que zeraria nele. Pensar que seria um jogo do Sonic nem passaria em minha cabeça, haja vista que eu não sou muito fã da franquia do porco espinho azul mais rápido do mundo.


O jogo chegou a vir junto com o videogame. Em minha sanha de selecionar apenas os jogos com eu tinha mais afinidade, deixei-o de soslaio. Não esperava absolutamente nada desse jogo.  Pela minha sorte, e um tapa na cara de minha arrogância, acabei por jogar o jogo e já na primeira fase me encantei profundamente com ele.


Sim, esse jogo do Sonic é um diamante oculto. Vejo pouquíssimas pessoas comentarem sobre ele. Mas o fato é que o jogo tem uma jogabilidade excelente, um estilo de arte muito bem feito, detalhes no mapa que saltam aos olhos devido ao cuidado extremo que os desenvolvedores tiveram em cada parte. Fora que mesmo o jogo apresentando poucas fases, todas são bem feitas e viciantes, não deixando nunca o jogador entediado.


Tenho grande felicidade em saber que meu jogo de estréia no PSP foi um jogo do Sonic, haja vista que mais de dez anos não zerava nenhum. E recomendo qualquer fã médio de videogames a jogá-lo.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Acabo de ler "Esperança Além da Crise" de Mark Finley

 



Falar sobre esperança num período de crise global é algo meio comum, quiçá até mesmo entendiante de tantas vezes que essa palavra se repete no discurso público, todavia anunciar a esperança é um dever urgente e necessário. Sobretudo num cenário de covid e de guerra que destroem vidas, famílias, sociedades, economias. Vivemos numa fragilidade sistemática.


Agora, se você se pergunta o que é esperança, parafresearei Paul Tichilli. Explicou certa vez Paul Tillich que a esperança nada mais é que uma forma de "sonhar andante". Tudo que existe, pré-existiu anteriormente ou era dalguma maneira gerado pela ação humana de forma prévia para que no futuro viesse a existir. Essa é, notoriamente, a esperança cristã: um caminhar que antecipa o futuro beatífico. Para os cristãos, vivemos nas dores de um parto dum novo mundo.


O livro em questão fala muito sobre esperança e como mantê-la num período tão conturbado quanto o nosso. Um exemplo magnânimo disso na literatura bíblica é quando Jesus andou sobre as águas e Pedro foi caminhar com ele. Numa percepção simbólica: a água, a liquicidade, representa a mutabilidade do mundo imprevisível. Já a esperança, não se deixar afogar, é a persistência na realização dos sonhos. Dito isto, todo homem pode andar pelas águas.


Um livro pequeno, mas encantador. Leitura agradável, simplicidade e objetividade.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Acabo de ler "O Mistério da Profecia" de Mark Finley e Loron Wade

 



Esse é o primeiro livro focado em teologia adventista que leio. O que foi, para mim, um choque divertido. Os vários pontos que se intercalam de forma diversa com as múltiplas linhas teológicas que tinha mais contato foram bons para eu ampliar meus conhecimentos no âmbito da teologia cristã.

O livro conta com um trabalho gráfico maravilhoso, contando com uma série de imagens e ilustrações. Além da capa grossa que adiciona um valor ainda mais na beleza do livro. Usualmente não sou de elogiar tal aspecto, mas como esse livro é de beleza sobressaltante, convinha elogiar essa parte.

Em relação ao conteúdo do livro, os autores trabalham os mais diversos pontos da teologia adventista dando um ar notoriamente sistemático. Essa capacidade e esse esforço demonstra um certo primor intelectual. Dificilmente alguém poderia apresentar uma obra que fosse, ao mesmo tempo, simples e sistemática.

Só que não só nessa parte o livro se destaca. As narrativas encontradas dentro do livro aumentam em muito a qualidade da obra. Tiram um pouco do peso da rigorosidade técnica e tornam a leitura mais fluída sem, contanto, diminuir o valor técnico da obra.

Considero um livro especialmente interessante em muitos detalhes. O conjunto geral da obra me encantou bastante.