domingo, 14 de maio de 2023

Acabo de ler "Kono Subarashii Sekai ni Shukufuku wo! - Vol 5 - Natsume Akatsuki" (lido em espanhol)

 



Esse volume traz o conteúdo do que foi adaptado até agora em animação. Isto é, após esse volume tudo que virá é, de fato, desconhecido para quem acompanhou tão somente o anime e os filmes.


Este volume é centrado na Megumin e vemos o divertido povo Kouma. Conhecer finalmente esse estranho povo é uma das alegrias deste volume. Conhecemos também o pai e a mãe da Megumin, e a forma que eles tratam Kazuma é bastante cômica.


Um dos fatos mais encantadores é que quanto mais Kazuma tenta sair dos problemas, mais atrai-os como um maravilhoso para-raios. Talvez a sorte de Kazuma não seja para realizar os desejos egoístas e autoprotetivos dele, talvez seja para guiá-lo numa jornada evolucional tal como um autêntico herói. A forma com que esse processo é passado contra o desejo do personagem sempre é um bônus de humor.


A expansão do mundo demonstra uma capacidade de complexidade narrativa crescente e esta é sempre posta de forma bem encaixada. Mesmo o autor querendo trazer um texto cômico, ele não deixa de apresentar um universo rico de substância e divertido de se conhecer.


O final traz uma mensagem bem especial, demonstrando que Kazuma se torna cada vez mais conhecido por seus feitos. E é bem provável, conhecendo a forma que Konosuba se desenrola, que isso lhe traga mais problemas.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Acabo de ler "Psicologia Aplicada de Jung - Capítulo 11: as principais contribuições de Jung para psicologia"

 



Jung adotou práticas freudianas em sua experiência clínica. Porém ele se lidava com um ambiente diferente do de Freud e com pacientes diferentes - e de problemas diferentes -, logo Jung teve que fazer algumas adaptações. Junte isso ao fato de que Jung tinha uma visão diferente da de Freud no que tange ao campo espiritual e, pouco a pouco, verá um delineamento diferente que definhará as relações entre os dois e dará início a psicologia junguiana.


Jung adotaria a crença de que há um inconsciente a mais. Enquanto Freud falava sobre o inconsciente a um nível pessoal e restrito a pessoalidade, Jung adovagaria a existência se outro inconsciente: um inconsciente coletivo e de natureza comum a toda humanidade. Essa descoberta se daria no fato de que Jung observou a existência de mitos, histórias e crenças religiosas em comum em vários povos distintos, o que dar-lhe-ia a noção de que existem arquétipos. Esses arquétipos são comuns em toda história humana, aparecendo onde quer que ela esteja e de forma distinta - porém essencialmente semelhante - onde quer haja humanidade.


Outro lado da psicologia de Jung é o fato de que a historicidade do paciente conta fortemente na análise que dele se tem. O problema do paciente é encontrado em sua história. Esse aspecto faz com que exista um elo dialógico e de abertura na relação paciente-terapeuta. A escuta é ferramenta central.


A doença, em Jung, é resultado da divisibilidade do ser. E esta é por sua vez resultado da ausência de autoconhecimento ou rejeição de algo que internamente pertence ao paciente, todavia este tenta negá-lo. Logo a saúde seria uma tentativa frequente de encontrar a paz consigo mesmo em um processo de unificação. A plenitude e realização dependem do equilíbrio dos opostos que existem dentro de cada um de nós.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Acabo de ler "El Diálogo de Civilizaciones" de Fidel Castro Ruz (lido em espanhol)

 



Em primeiro lugar, devo dizer que esse pequeno livro é, na verdade, a junção de dois discursos que foram proferidos por Fidel Castro em momentos diferentes. Um no ano de 1992 e outro no ano de 2005.


O conteúdo da primeira parte do livro, ou seja, do primeiro discurso também pode ser encontrado em outro livro que igualmente li, também em espanhol, recentemente: "Ecocidio, crimen capitalista". Esta obra também se trata duma transição de um discurso oral para um escrito, só que abordando duas falas (Hugo Cháves e Evo Morales) além da de Fidel Castro. A análise pode ser encontrada no blog, no Instagram ou no Facebook.


O que Fidel Castro pensa? Esta é uma das questões que mexe particularmente com latino-americanos, já que ele é uma figura histórica de importância primordial para o desempenho de nosso povo - e civilização - no século XX. Porém não abordarei, neste diminuto espaço, o fato da América Latina ser uma civilização e nem farei uma análise pormenorizada do quadro geopolítico do século XX.


Fidel foi um marxista-leninista, todavia teve um espaço muito maior e privilegiado para pensar e colocar em pauta as suas ideias. A primeira se deve ao fato de ter vivido no início do século XXI e a segunda ao fato de que tinha poder político em Cuba. Então pensamentos ecológicos e formas de guiar um país socialista, além dum bloco não inteiramente socialista que fizesse oposição aos Estados Unidos, são preocupações adicionais ao nortear seu pensamento e papel.


Neste livro, Fidel não fala duma organização socialista em confrontação aos Estados Unidos e a sua aliança imperialista. Fidel fala dum bloco de vários países distintos, cada qual com seu modelo político e econômico, fazendo frente às pressões imperiais americanos. Esta posição coloca-o, geopolítica e estrategicamente, muito próximo ao Dugin. E é importante delinear as suas últimas colocações a partir desse contexto e conjuntura.

terça-feira, 9 de maio de 2023

Acabo de ler "Psicologia Aplicada de Jung - Capítulo 10: as etapas da vida humana"

 



Jung acreditava que a consciência surge a partir do problema. Isto é, conforme a pessoa se depara com questões mais ou menos espinhosas, mais ela vai adquirindo consciência. Outro aspecto de fundamental importância seriam os nexos que seriam criados gerando conhecimento e identidade.


Os problemas usualmente começam a aparecer conforme vamos nos tornamos mais adultos. Estes por sua vez encadeiam - fazem-nos encadear - respostas. Procuramos respostas para estes problemas - conhecimento é gerado a partir disso - e as soluções que vamos adquirindo levam-nos as ações que nos ligam a dadas ideias, grupos, locais - criando pertencimento e identidade. Daí se vê a relação entre conhecimento e consciência.


O instinto ligar-se-ia à natureza e a consciência atar-se-ia à civilização. É importante lembrar que, para Jung, o instinto continua existindo e influenciado-nos mesmo que o ignoremos, logo devemos aprender com ele em vez de sermos controlados inconscientemente por ele. E o fenômeno da busca por resoluções que ignoram o padrão primitivo encontrado em nós sempre acabam recriando soluções primitivas sem saber (veja, por exemplo, as ideologias que foram criadas para substituir as religiões e acabaram se tornando religiões políticas tão dogmáticas quanto as anteriores).


O correto, para um psiquismo estruturalmente saudável, seria a integração da parte que está faltando ou sendo deliberadamente recusada por nós. Ou seja, a unidade da totalidade de nosso ser - conseguida pela aceitação do ser na plenitude de si mesmo.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Acabo de ler "Kono Subarashii Sekai ni Shukufuku wo! - Vol 4 - Natsume Akatsuki" (lido em espanhol)

 



Antes de Kazuma entrar no novo mundo, a vida dele era ligada a uma inércia NEET, hikikomori ou nem-nem (termos que se referem a uma pessoa que não trabalha, não estuda e nem faz estágio). Isto é, uma paralisação geral. Depois do acidente que levou a um novo mundo, ele teve que começar a se mexer.


Diferentemente do que acontece nos isekais mais modernos onde há uma inversão do mito do herói, neste há um autêntico mito do herói sendo desenvolvido pela trama. O mito do herói é: o herói adentra num um território desconhecido em que tem que trabalhar para se virar no caos que adentrou. Os isekais "genéricos" de personagens com poderes absolutos ocorre precisamente o oposto disto: o personagem central sai do caos de sua vida para entrar num mundo paradisíaco em que tudo é confortável.


É interessante observar que Kazuma, mesmo sendo um mau-caráter pouco esforçado e certamente bastante duvidoso em aumento de poder via autodesenvolvimento, é um autêntico herói enquanto muitos desses isekais que são lançado a rodo são tramas para eternos adolescentes mentais buscando o retorno uterinal. Kazuma, ao contrário dos heróis nutellas para uma geração inteira de fracassados, é um personagem infinitamente melhor que qualquer personagem de "isekai over power".


Podemos dizer que o drama de Kazuma é o drama da realidade objetiva, mesmo num universo ficcional. O mundo em que está o nosso mau-caráter favorito é o mundo em que o tempo todo lhe gera importunação enquanto ele, nosso destemido e débil herói, tenta dar alguma ordem por meio de seu esforço de ordenabilidade.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Acabo de ler "Kono Subarashii Sekai ni Shukufuku wo! - Vol 3 - Natsume Akatsuki" (lido em espanhol)

 



Nesse volume, temos desenvolvemos legais para os personagens e algumas explicações que dão a entender as razões de suas falhas. Essas informações são essenciais para o desenvolvimento da obra:


Darkness: poderia ser uma boa guerreira, tinha todo potencial para sê-lo. Mas seu fetiche masoquista faz com que ela prefira apanhar, de tal modo que investiu tudo em defesa.


Aqua: tem poderes acima da média, todavia é incapaz de usá-los congruentemente devido a sua falta de inteligência. A falha de Aqua é e sempre será sua inteligência, embora seja excepcional.


Megumin: com a aparição de Yunyun, descobrimos que ela era a melhor aluna da classe. Como ela estragou todo seu potencial? Com a sua monomania em magia de explosão que a fez desistir de magias diversificadas.


Kazuma: apesar de não estar preso a nenhum fetiche estranho, não ser um idiota e não ser monomaníaco, ele não tem um potencial grande de aprender nenhuma classe avançada e seu maior atributo é a sorte. Todavia a sua sorte é anulada por causa de suas companheiras. Embora haja a compensação dele estar se tornando um verdadeiro líder e um executor de multitarefas para cobrir as falhas de suas companheiras.


Nesta novela também é abordado que a Darkness é uma nobre e grande parte do enredo é dedicado a ela. Também vemos uma maior caracterização de Megumin e o enredo por trás dela é ampliado. A razão da falta de sorte de Kazuma foi igualmente adicionada. Creio que, a partir de agora, haverá uma complexificação cada vez mais densa na obra - sem perder a parte cômica e a natureza doentia dos personagens centrais.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Acabo de ler "Kono Subarashii Sekai ni Shukufuku wo! - Vol 2 - Natsume Akatsuki" (lido em espanhol)

 



Voltar a falar sobre essa preciosa obra da cultura nipônica moderna é por demasiado prazeroso. Como já havia escrito antes: o principal aspecto da obra é a disfuncionalidade dos seus personagens centrais, seja a nível de poderes, moral ou de pensamento mesmo. É mais comum um vilão com bom caráter do que um personagem central de bom caráter.


Os personagens centrais são: Kazuma Sato, um ex-hikikomori (pessoa que não trabalha, não estuda e nem faz estágio), que tem uma classe baixa (aventureiro); Aqua, uma deusa pra lá de idiota e, portanto, incapaz de perceber o ambiente e quando deve agir ou não; Megumin, a maga piromaníaca que só consegue usar uma única magia por dia, embora essa seja devastadora; Darkness, a crusada masoquista que investiu todos os seus atributos em defesa já que gosta de apanhar - e, portanto, não consegue atacar.


Nesse volume, vamos descobrindo mais sobre os personagens. A noção de que o grupo que idolatra a Aqua é completamente maluco começa a dar seus primeiros passos. O fato da Darkness ser muito rica é igualmente apresentado numa micro-escala. Por outro lado, o lado pervertido do Kazuma tem um de seus melhores desenvolvimentos nesse volume. Megumin talvez seja aquela que mais passou despercebida em desenvolvimento nesse volume.


Vemos que o autor conseguiu manter um bom ritmo, dando um humor bastante substancial ao mesmo tempo em aumentava a complexidade narrativa.