sábado, 9 de agosto de 2025

Acabo de ler "The Conservative Mind" de Russell Kirk (lido em Inglês/Parte 4)

 


Nome:

The Conservative Mind


Autor:

Russell Kirk


O conflito que Russell Kirk vê em sua época é o conflito da antiga moral (Revelação e Razão) com a moralidade revolucionária. Para aqueles que não aderiram a modalidade revolucionária, havia um Deus que era o autor do ser e arquiteto da ordem. Para os revolucionários, a sociedade poderia ser gerida e transformada através de princípios científicos (engenharia social).


Burke acreditava que ou a ordem nos cosmos é real ou tudo é puro caos. Ele tinha um instinto conservador. Se a ordem estava ligada a uma noção divina, deveríamos tomar cuidado com o que pensamos a respeito da estrutura da sociedade. Nós nunca penetramos na totalidade do mistério da ordem divina, nunca compreendemos a totalidade do Criador. Vemos o agir da Providência, tentamos entender a direção do cosmos, mas não conseguimos abarcar nada disso por inteiro. O universo é complexo demais para nossos anseios. E a ordem necessita de uma consagração.


Burke via que existia uma lei no universo. Essa lei era criação de uma mente divina. As outras leis, as leis humanas, são apenas manifestações imperfeitas dessa mesma lei. A lei de Deus é a lei original, como também é a justiça divina e nenhuma comunidade é portadora dessa lei e dessa justiça. Nenhum homem pode alcançar essa perfeição que é reservada tão somente a Deus, o coração do homem não é a fonte da justiça, mas a fundação e fonte do mal.


A solução para se guiar no mundo é a prudência — filosofia clássica — e a humildade — princípio cristão. Um homem deve buscar a paz espiritual e uma sociedade deve buscar a ordem permanente.

Acabo de ler "The Conservative Mind" de Russell Kirk (lido em Inglês/Parte 3)

 


Nome:

The Conservative Mind


Autor:

Russell Kirk


Edmund Burke rejeitava a filosofia fechada e perfeita. Ele tinha dúvidas quanto a capacidade humana de realizar sistemas perfeitos, logo tinha um ceticismo perante um sistema abstrato fabricado pela mente humana.


O posicionamento de Burke contrastava com o posicionamento intelectual dos seus opositores. Eles acreditavam, por sua vez, que a revolução era necessária para o avanço universal da igualdade, liberdade e prosperidade.


Burke já via ali a dissolução das nações em uma mera agregação de indivíduos, a apropriação da propriedade pela máquina política, a era das guerras intermináveis, a tirania anárquica das massas e o adoecimento da moral e das tendências sociais. A sua forma de combater isso tudo era através de ideias. Para eles, só ideias podem opor ideias. A sua luta era intelectual. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Acabo de ler "Teoria Geral do Estado e Ciência Política" de Cláudio e Alvaro (Parte 8)

 


Nome:

Teoria Geral do Estado e Ciência Política


Autores:

Cláudio de Cicco;

Alvaro de Azevedo Gonzaga.


O Estado é muitas vezes comparado com um organismo humano. Em outras palavras, ele nasce, cresce e morre. Os componentes fundadores de um Estado são:

a) nacionalidade;

b) autodeterminação;

c) fronteiras naturais;

d) equilíbrio das potências.


O Estado pode ser fundado das seguintes formas:

I) Modo Originário: quando um agrupamento humano mais ou menos homogêneo se proclama um Estado;

II) Divisão Nacional: quando determinado território se divide e constitui uma unidade política;

III) Divisão sucessorial: mais comum na Idade Média durante o período monárquico em que o Estado era uma posse de determinada pessoa, havia o costume dos parentes ou sucessores dividirem o território;

IV) Descolonização: quando uma colônia proclama a sua independência e consegue a sua soberania política;

V) Concessão dos direitos de soberania: quando um governo concede soberania a um território sob a sua égide.


Existem várias formas que um Estado pode morrer. E aqui estão as formas protocoladas pelo livro:

A) Causas naturais: como terremotos, maremotos, erupções vulcânicas, etc;

B) Conquista: quando o Estado é conquistado por outro;

C) Expulsão: quando outro Estado não só conquista, mas expulsa a população nativa;

D) Emigração: quando a população nacional abandona o território do Estado;

E) Renúncia da condição de Estado: quando um Estado renuncia a sua autodeterminação em favor de outro Estado.

Acabo de ler "Teoria Geral do Estado e Ciência Política" de Cláudio e Alvaro (Parte 7)

 


Nome:

Teoria Geral do Estado e Ciência Política


Autores:

Cláudio de Cicco;

Alvaro de Azevedo Gonzaga.


Nesse capítulo os autores tratam das diversas teorias que explicam (ou tentam explicar) a origem do Estado.


A) Teoria da Origem Natural:

O Estado se forma naturalmente e partir de diversos elementos, cada qual da sua forma, logo não é possível dar uma causa universal para a criação dos Estados.


B) Teoria da Origem Familiar:

O Estado tem a família como célula-mãe. Os Estados surgem quando várias famílias vão se organizando entre si e construindo alianças.


C) Teoria da Origem Contratual:

Essa teoria apresenta a ideia do contrato social, em que os homens preferem uma redução da sua liberdade plena — que entra numa beligerância — em prol de uma liberdade civil obediente à lei.


D) Teoria da Origem Patrimonial:

O Estado tem Origem na união das profissões econômicas, onde o patrimônio é central na criação do Estado.


E) Teoria da Força:

O Estado é encarado como uma organização de domínio. Ele surge através da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, servindo para perpetuar o seu domínio.

Acabo de ler "Teoria Geral do Estado e Ciência Política" de Cláudio e Alvaro (Parte 6)

 


Nome:

Teoria Geral do Estado e Ciência Política


Autores:

Cláudio de Cicco;

Alvaro de Azevedo Gonzaga.


Os autores definem a nação de vários modos nesse capítulo: ela é ligada ao tempo, ligada a cultura, ligada a tradição que ali se estabeleceu ou, pura e simplesmente, a manifestação de um povo através da história.


Por exemplo, os Estados Unidos falam inglês e possuem maioria protestante por causa da colonização inglesa. Todavia a maior parte da América Latina fala espanhol e possui maioria católica graças a colonização espanhola.


No meio disso, podemos falar como determinantes para a nacionalidade a língua, a raça ou a miscigenação racial. Porém o central da nacionalidade é uma condição psicológica que faz com que alguém sinta-se como pertencente a uma grande história e um grande legado — isso dá uma condição de continuidade e de querer passar adiante a chama dos ancestrais, caminhando lado a lado com aqueles que já foram e com aqueles que estão por vir.

Acabo de ler "Teoria Geral do Estado e Ciência Política" de Cláudio e Alvaro (Parte 5)


 

Nome:

Teoria Geral do Estado e Ciência Política


Autores:

Cláudio de Cicco;

Alvaro de Azevedo Gonzaga.


A soberania vem de soberano que, por sua vez, remete ao suserano (senhor). Quando dizemos que o Estado é soberano quer dizer que ele possui o direito de fazer firmar a sua vontade (Direito positivo) em seu território de modo incontestável e sem obedecer a uma instância superior.


Na Idade Média, não havia o poder soberano de um Estado tal como conhemos. A razão é o fato de que o poder era dividido com a Igreja. Logo tínhamos o poder temporal — representado pelo Estado — e o poder espiritual — representado pela Igreja.


É válido lembrar que a soberania busca a adesão dos governados sem o uso de força, usando filosofia, sociologia, teologia ou qualquer forma de justificação teórica para as suas ações. O uso de força, por sua vez, demonstra a sua debilidade e o seu desgaste.


Outro assunto abordado nesse capítulo é a contraposição do direito divino contra a soberania popular. É preciso recordar que o Papa, por exemplo, ainda é empossado pelo direito divino, mas anteriormente tínhamos mais exemplos de direito divino, o absolutismo era justificado teologicamente.


A ideia de soberania popular, criada por intelectuais do século XVII e XVIII faziam referência a República Romana e a Democracia Ateniense. Para eles, o poder vinha do povo e o governador era indicado pela delegação popular (democracia). É nesse período em que a crença religiosa é separada da doutrina política.


Contrapõe-se a ideia de soberania absoluta do governador (absolutismo) e a ideia de soberania popular (democracia) a ideia de que o Estado é por si mesmo soberano. Essa ideia gerou o Estado fascista e nazista, por exemplo.


Hoje existem dois freios centrais as pretensões absolutas do Estado: os direitos do homem (um resgaste do direito natural) para frear o Estado internamente e a ONU para frear o Estado internacionalmente.

Acabo de ler "Thank You for Smoking" de Christopher Buckley (lido em Inglês)

 


Nome:

Thank You for Smoking


Autor:

Christopher Buckley 


Christopher Buckley pode não ser um nome comum ao brasileiro médio. O fato é: Christopher Buckley é filho do William F. Buckley Jr., um dos maiores conservadores da história dos Estados Unidos e que foi fundador do National Review. Em outras palavras, esse é um daqueles conservadores puro sangue que existem nos Estados Unidos da América.


Cabe notar que Christopher Buckley, se tivesse no Brasil, levantaria toda uma série de suspeitas. Visto que ele não se posiciona de modo puramente alinhado aos interesses do bando. É um pensador extremamente crítico e capaz de enxergar nuances. Essa qualidade vem faltado a direita que vem surgido. Se quiserem outros exemplos, temos o Rick Wilson e Stuart Stevens, que se posicionaram contra Donald Trump.


No livro de Christopher Buckley, temos um vislumbre do que o conservadorismo era para ser: ponderado, engraçado, cético, pessimista, mas ao mesmo tempo capaz de enxergar toda uma série de nuances. Seja o lado do lobby pró-cigarro e seja do lado do lobby anti-cigarro, todos são satirizados. Buckley não poupa críticas. Muito pelo contrário, ele enxerga todo nuance que pode observar no debate público e o expõe muito bem.


Antes de termos o nome "woke", já tínhamos o nome "neopuritano". E os neopuritanos eram ligados a um moralismo secular. É evidente que esse livro se passa antes da radicalização do wokeísmo de esquerda e de direita, visto que foi escrito em 1994, porém já tínhamos as deixas que estavam por vir e sondar o debate em nosso tempo. De qualquer forma, ambos os lados pecam pelo exagero e na incapacidade de verem as próprias falhas.


Recomendo seriamente esse livro. Há também um filme, mas como eu nunca o vi — tenho uma séria preferência por livros — não posso recomendar sem cair numa hipocrisia danada.