quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Acabo de ler "Baratas" de Scholastique Mukasonga

 



"Gostaria de escrever essa página com minhas próprias lágrimas" (Scholastique  Mukasonga)

Existem livros que são feitos para que não nos esqueçamos. Livros esses que se recusam a ausência de memória ou o esquecimento de fatos cruciais - mesmo que, para alguns, seja mais conveniente esquecer. Livros que nos despertam para o abismo que se encontra no coração humano e a capacidade irrefreável de se cometer o mal.

Nesse livro, chorei diversas vezes durante a leitura. Mesmo atordoado com uma série de informações de caráter tremendamente negativo, tive de continuar a leitura: era meu dever saber aquilo que foi omitido ou ignorado, as vidas que se perderam graças a ausência de empatia. Com muito esforço, dediquei-me a leitura mesmo que me sentisse mal durante todo esse custoso trajeto literário.

O que ocorreu em Ruanda, o que ocorreu com o povo tutsi é mais do que lamentável. Se há algo que se assemelhe ao puro mal, o genocídio do povo judeu e do povo tutsi, é o que mais se aparenta com isso. Como várias pessoas começaram a matar, violar, roubar, torturar outras pessoas como se isso fosse normal? Existem atos que fogem da barreira do absurdo e adentram num reino que supera até mesmo o crime. Sinto algo maior do que o nojo, eu sinto ódio pelo o que foi feito.

Ler esse livro me fez pensar: como é possível acreditar no bem e no progresso humano? Como não olhar ao humano próximo e não ver um demônio? Como não se olhar no espelho e ver um monstro? De fato, esse é um dos livros que mais me impactou no ano e, devidamente, em toda minha vida.

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