"Gostaria de escrever essa página com minhas próprias lágrimas" (Scholastique Mukasonga)
Existem livros que são feitos para que não nos esqueçamos. Livros esses que se recusam a ausência de memória ou o esquecimento de fatos cruciais - mesmo que, para alguns, seja mais conveniente esquecer. Livros que nos despertam para o abismo que se encontra no coração humano e a capacidade irrefreável de se cometer o mal.
Nesse livro, chorei diversas vezes durante a leitura. Mesmo atordoado com uma série de informações de caráter tremendamente negativo, tive de continuar a leitura: era meu dever saber aquilo que foi omitido ou ignorado, as vidas que se perderam graças a ausência de empatia. Com muito esforço, dediquei-me a leitura mesmo que me sentisse mal durante todo esse custoso trajeto literário.
O que ocorreu em Ruanda, o que ocorreu com o povo tutsi é mais do que lamentável. Se há algo que se assemelhe ao puro mal, o genocídio do povo judeu e do povo tutsi, é o que mais se aparenta com isso. Como várias pessoas começaram a matar, violar, roubar, torturar outras pessoas como se isso fosse normal? Existem atos que fogem da barreira do absurdo e adentram num reino que supera até mesmo o crime. Sinto algo maior do que o nojo, eu sinto ódio pelo o que foi feito.
Ler esse livro me fez pensar: como é possível acreditar no bem e no progresso humano? Como não olhar ao humano próximo e não ver um demônio? Como não se olhar no espelho e ver um monstro? De fato, esse é um dos livros que mais me impactou no ano e, devidamente, em toda minha vida.
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