quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 11)


Livro:
A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides

A questão da criação da nova constituição foi bastante árdua. É um período marcado pela ascensão do anticomunismo. O quadro é bastante vasto, com udenistas sendo a favor ou contra o direito de greve. A outra grande marca caberia a questão da legalidade do Partido Comunista, com vários quadros divididos.

O cenário eleitoral da UDN era 77 deputados (78 com um da Esquerda Democrática [ED]) e 10 senadores (27,2% do total de membros). A UDN ficou em segundo lugar, visto que o primeiro pertenceu ao PSD. O PSD elegeu cerca de 151 deputados e 26 senadores. Outro partido citado é o PTB, ele elegeu 22 deputados e 2 senadores. O Partido Comunista elegeu 14 deputados e 1 senador.

Na grande comissão, foram 19 pessedebistas (PSD), 10 udenistas (UDN), 2 petebistas (PTB) e 5 de pequenos partidos. A UDN, convém lembrar, tinha como principal inspiração a Constituição de 34. Mas a autora ressalta que o único que permaneceu fiel a proposta de 45 da Frente Ampla foi o membro da Esquerda Democrática, o Hermes Lima.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 10)


 

Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


O Governo Dutra (30/01/1946 a 30/01/1951) é interpretado de forma diferente por diferentes grupos. Alguns apontam ele como o governo da união nacional, da pacificação, da estabilidade econômica, do respeito à Constituição.


A autora, por sua vez, traça uma crítica. Na verdade, o governo Dutra seria:

1. Uma coalizão partidária (PSD-UDN-PR);

2. Com intensa repressão ao movimento operário e à atuação dos comunistas;

3. Citando Paul Singer, um governo que elevou a taxa de exploração do proletariado e transferiu para a indústria uma parte substancial da exploração do campesinato;

4. Um legalismo autoritário;

5. Movido pela ordem política e econômica (entenda aqui como defesa do capitalismo).


Olhando a análise do Ricardo Maranhão, pode-se compreender o governo Dutra em dois planos:

- Plano Interno:

1. Vigor do movimento operário;

2. Crescimento do Partido Comunista.

- Plano Externo:

1. Emergência da Guerra Fria;

2. Fornecimento dos elementos ideológicos necessários para associar a infiltração comunista aos movimentos populares;

3. Justifica a repressão às manifestações operárias.


De 1946 até fins de 1947 o governo intensificou as intervenções nos sindicatos. Sofreram com isso a Confederação Geral dos Trabalhadores, MUT (Movimento Unitário dos Trabalhadores), a União das Juventudes Comunistas. Pode-se apontar também a cassação do registro eleitoral do Partido Comunista. Em 1947, o governo rompe com a União Soviética, cria também a Escola Superior de Guerra. A mesma escola que seria responsável pela Doutrina de Segurança Nacional e contra-insurreição. Essas duas últimas, dariam fruto em 1964.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 9)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


A UDN tinha, dentro de si, várias contradições. Ela tinha setores das elites liberais e oligárquicas ao mesmo tempo. Além disso, uma aliança descompromissada com a esquerda. Fora isso, um projeto de poder frágil.


O Estado Novo tinha acabado, mas a estrutura permanecia:

- Máquinas das interventorias estaduais;

- Arcabouço do sindicalismo corporativista;

- Burocracia estatal;

- Fontes de uma ideologia autoritária.


A UDN, pouco a pouco, vai deixando várias de suas pautas que tinham alcance popular. Exemplos dessas pautas são:

- Autonomia sindical;

- Direito de greve;

- Pluralismo sindical;

- Participação dos trabalhadores nos lucros da empresa;

- Ensino público gratuito;

- Previdência social;

- Funcionamento das propriedades rurais não devidamente apropriadas;

- Uma certa intervenção do Estado no campo econômico;

- Igualdade de tratamento ao capital estrangeiro.


Existem múltiplas teses da criação da UDN. Tal como é citado pela autora em diversas partes do livro. Uma tese particularmente interessante é a de Leôncio Basbaum. Essa tese dizia que a UDN nasceu bi-partida. De um lado, havia a esquerda que realmente fundara o partido. Doutro lado, havia a direita que invadiu o partido.


A UDN, de qualquer modo, não percebeu o caráter anti-popular que sua reação às políticas getulistas trazia. Getúlio era sinônimo de aproximação com as massas e de renovação na área econômica. Além disso, com a legalização do Partido Comunista, logo foi-se construindo um eixo de queremistas (pró-Getúlio), comunistas e os novos trabalhistas. Para combater esse problema, a UDN começa a se unir aos militares.


A UDN, marcada por conservadores, liberais e esquerdistas nasceu como uma "frente", uma parceria provisória. As contradições internas não permitiam a estrutura organizacional adequada.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 10)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


A questão tratada aqui é a comunidade negra. Nas eleições de 1980, Reagan teve suporte de virtualmente todos os segmentos da América. Com a exceção de um grupo: a comunidade negra. A comunidade nega criticou conscientemente as políticas e programas da administração de Reagan. Reagan foi atacado por líderes negros, organizações negras e pela imprensa negra. O apoio de negros ao Reagan era de tão apenas 8% (segundo uma pesquisa da New York Times/CBS).


Os pontos de deslocamento foram vários:

- Os avanços dos direitos civis não foram bem enquadrados;

- O próprio "The Voting Rights Act" foi visto como afastado;

- Houve confusão e inconsistência nas ações afirmativas;

- A questão racial da isenção de taxas para escolas segregadas.


O impacto nos cortes de orçamento, o crescimento do desemprego e o REI (Reduction in forces) do governo afetou minorias, sobretudo negros. Houve também poucos apontamentos de pessoas negras em correlação as administrações anteriores. O governo Reagan era tido como tendo ausência de compaixão.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 8)



Livro:

A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides



Nesse ponto do livro, a autora fala sobre as diversas separações que existiram dentro do movimento. 

A facção mineira aliou-se ao ex-presidente Arthur Bernardes para formar o Partido Republicano. Os grupos de São Paulo, Maranhão (Lino Machado), Pernambuco (Eurico de Souza) o acompanharam. Já o grupo gaúcho (Raul Pillo) formaram o Partido Libertador. De qualquer forma, houve a chamada "Oposições Coligadas" que reuniam UDN-PR-PL.

O Partido Libertador, chamado de ala angélica da UDN pelo Adauto Lúcio Cardoso, acompanharia quase todas as posições da UDN, além da defesa do regime parlamentarista. Já o PR (Partido Republicano) ficaria beneficiando ora a UDN, ora o PSD.

Adhemar de Bardos abandonaria a UDN para fundar em São Paulo o PRP (Partido Republicano Progressista) que posteriormente adquiriria o nome de Partido Social Progressista.

É historicamente interessante observar que udenistas e ademaristas se uniriam entre 1962 e 1964 para falar sobre os perigos do janguismo e da subversão comunista.

Os socialistas da Esquerda Democrática (ED) se separariam da UDN, mesmo com os apelos do Virgílio de Mello Franco, criando o Partido Socialista Brasileiro com a presidência de João Mangabeira.

Virgílio de Mello Franco, um dos principais conspiradores pré-45 e um dos mais inspirados ideólogos da UDN, morreria assassinado em outubro de 1948.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 7)


Livro:
A UDN e o Udenismo

Autora:
Maria Victoria Benevides


A candidatura de Brigadeiro foi um movimento conspiratório da cúpula. Esse movimento foi feito por dois políticos de expressão nacional, de raízes tenentistas, o Virgílio de Mello Franco e o Juraci Magalhães. A campanha foi chamada de "Campanha da Libertação" e "Campanha do Lenço Branco".

A articulação da campanha ocorreu nos fins de fevereiro de 1945. Contando com reuniões preparatórias na casa do socialista João Mangabeira e no escritório de Virgílio de Mello Franco. Os chamados conspiradores eram:
- José Américo;
- José Augusto;
- Prado Kelly;
- Adauto Lúcio Cardoso;
- Luis Camilo de Oliveira Neto.

Brigadeiro Eduardo Gomes conquistou a simpatia das classes médias que aplaudiram o ideal moralizante.

Oswaldo Trigueiro do Valle, em seu estudo sobre o General Dutra, escreveria paralelos nas pautas dos dois:
- Ambos defendiam o reestabelecimento total do Estado de Direito;
- Não diferiam em termos de posições conservadoras;
- Defendiam uma política econômica de livre empresa, capital estrangeiro:
- Brigadeiro reve apoio das esquerdas e dos liberais;
- Dutra teve apoio das finanças paulistas.

A campanha da UDN mobilizou setores das camadas médias, dos intelectuais, das forças armadas, mas os trabalhadores ficaram afastados.


Queremistas acusaram Brigadeiro de desdenhar do voto dos "marmiteiros". Logo ele foi identificado como candidato dos grã-finos. A UDN, por sua vez, recebeu o título de "Partido dos Cartolas". De qualquer forma, Brigadeiro gozou de prestígio da imprensa. Em São Paulo, era promovido pelo jornal "O Estado de S. Paulo". No Rio, pelo "Correio da Manhã", "Diário de Notícias" e o "Diário Carioca".

A plataforma de Brigadeiro tinha as seguintes pautas:
- Direito de greve;
- Liberdade sindical;
- Livre empresa;
- Papel do Estado;
- Capital estrangeiro.

Isso levou a ele ser apoiado pelas esquerdas e pelos conservadores.

É evidente que nos anos 50 a UDN abandonaria seu apoio aos direitos trabalhistas, atacaria a intervenção estatal e se tornaria defensora de um papel maior do capital estrangeiro.

A UDN já começaria a ser marcada por:
- Saudosismo na contente referência ao passado (como a defesa da Constituição de 1934);
- Papel supra-partidário das Forças Armadas;
- Conservadorismo moral, em sua forte oposição ao divórcio.

Acabo de ler "A UDN e o Udenismo" de Maria Victoria Benevides (Parte 6)

 


Livro:

A UDN e o Udenismo


Autora:

Maria Victoria Benevides


A autora explora a "Declaração do 1° Congresso dos Escritores" e o "Manifesto dos professores da Faculdade Nacional de Direito". Dois eventos importantes.


Em dezembro de 1943, Armando de Salles Oliveira, exilado em Buenos Aires, escreveria a "Carta aos Brasleiros". Em abril de 1944, Dario de Almeida Magalhães também escreveria uma declaração.


O 1° Congresso dos Escritores conseguiu unir liberais e diversas tendências de esquerda. Nesse Congresso participariam várias pessoas que fundariam a UDN:

- Arnon de Melo;

- Carlos Lacerda;

- Homero Pires;

- Hermes Lima;

- Prado Kelly.


As reivindicações eram:

- Liberdade democrática como garantia de completa liberdade de expressão de pensamento;

- Da liberdade de culto;

- Da segurança contra o termo a violência;

- Do direito a uma existência digna;

- Sistema de governo eleito pelo povo mediante sufrágio universal, direto e secreto.


A maior parte dos intelectuais não comprometidos com o Estado Novo e o Partido Comunista participaram da Frente Ampla que surgiria em torno da futura UDN. Excetuando-se o professor Fernando de Azevedo.