segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Acabo de zerar "Castlevania Order of Ecclesia" no modo Albus do DS (no 2DS)

 



Confesso que esse se tornou um de meus castlevanias prediletos, embora nada supere, em meu conceito, a maravilhosa experiência que tive ao jogar Symphony of the Night - até hoje um de meus jogos prediletos e meu Castlevania predileto. Todavia Order of Ecclesia se destaca pela sua dificuldade instigante e seu visual revigorado, adquirindo novamente um tom mais sombrio.

No "modo Albus" jogamos com o primeiro "grande vilão" do game em questão. Nesse modo, não há nenhuma história sendo contada, então não espere um acréscimo na lore do jogo ou uma visão alternativa dos eventos do game. A única tarefa que você fará aqui é zerar o game com o Albus. E, não, isso não é entediante e sim encantador.

No "modo Albus", o jogador terá que se lidar com a ausência de itens que recuperam vida, magia, desintoxicam o personagem ou o curam de maldições. Fora a fraca defesa graças ao fato de que o personagem não tem como colocar equipamentos melhores. Todavia faz-se importante observar: não só o personagem ganha aumento de nível que aumenta seu dano e aumenta sua defesa, também é possível "upar" os golpes do personagem ao ficar usando elas por longo período. Aumentar o nível e o poder dos golpes será uma missão adicional para conseguir zerar o game nesse modo.

Sim, todas as áreas anteriormente acessadas por Shanoa estão disponibilizadas para o Albus. Então lembre-se de procurar as passagens secretas e os itens que aumentam a vida, a magia e os corações. (Além das duas áreas secretas).

A avaliação que tenho ao zerar esse jogo, agora com outro personagem, é que ele continua divertidíssima e que o modo Albus foi um bom acréscimo. Toda a jogabilidade muda graças a forma diferente que o personagem foi projetado, o que enriquece em muito a experiência da gameplay. Se você já zerou Order of Ecclesia, zerar com Albus será um grato desafio.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Acabo de ler "Duas Revoluções" de Perry Anderson

 



Antes de começar a análise, gostaria de dizer que o livro tem, ao todo, quatro participantes. Mesmo que o principal seja Perry Anderson, há também uma segunda principal que lhe serve de contraparte: Wang Chaohua. Fora ele e ela, temos dois brasileiros que servem de complemento: Luiz Gonzaga Belluzzo e Rosana Pinheiro-Machado.

Se você se pergunta do que se trata o livro, ele fala das duas maiores revoluções socialistas: a russa e a chinesa. Analisadas em conjunto, os autores buscam traçar paralelos entre elas, saber de seus fracassos e sucessos, hipotecar o futuro do regime chinês, encontrar as razões da perda do regime soviético. O que é uma tarefa enorme, não?

China e Rússia, em períodos distintos, passaram por transformações semelhantes. Só que suas revoluções se deram de modos distintos. Na China, houve uma divisão territorial de estados paralelos. Na Rússia, houve uma tomada mais "direta" do poder. O socialismo russo tentou transformar todo movimento socialista na sua imagem e semelhança, com isso acabou frustrando relações e até mesmo levou a ruptura sino-soviética no período de 1960.

De qualquer forma, os dois países se apoiaram no personalismo, no sentimento patriótico e, igualmente, no aparato repressivo. Ambos países tiveram expurgos dos quadros de seus respectivos países comunistas. Porém houve um período em que a polícia importou mais que o partido na parte russa, coisa semelhante não ocorreu no regime chinês.

Quando olhamos para o fracasso do regime soviético e da ascensão chinesa, vemos algo mais tenebroso do que uma certeza: vemos uma incógnita. O mundo verá a China como a maior potência? Que lições (e espalhamentos) tirará disso?

sábado, 22 de outubro de 2022

Acabo de ler "Mitos e Falácias sobre a América Latina" de Carlos Angel

 



Achei esse livro ao acaso na biblioteca. Ao contrário do que indica a capa, o fenômeno petista não é analisado. O livro evita muito falar sobre o Brasil, vê o Brasil como algo diferente da américa hispânica. Tanto que, na absoluta maioria das vezes, o termo "América Latina" refere-se quase que exclusivamente ao território hispânico.

Em relação ao conteúdo do livro em si, pude observar uma tendência de crítica voraz não só aos socialistas radicais, mas igualmente aos conservadores caudilhos gerados pela própria desintegração da sociedade hispânica. O autor chega até a se conciliar e defender sociais democratas, muitas vezes sendo altamente elogioso as suas políticas e gosto pela democracia. A sua proximidade para com a esquerda moderada pode ser vista até maior do que pela direita enquanto tal em certos pontos.

O trabalho nesse livro é determinar as raízes dos problemas da américa hispânica. Isso o autor fará metodicamente, procurando razões que precedem até mesmo a descoberta da America. Uma das principais era a busca dos europeus por um local impoluto em que a pureza original prévia ao pecado original tinha permanecido intacta. Local que se pensou ter achado com a descoberta da América. Vem daí o indigenismo latino americano. Há também críticas sobre a fragmentação territorial da America Hispânica e a forma com que a ausência de integridade das instituições gerou um vácuo de poder que só poderia ser preenchido por quem tivesse maior força bruta (o que explica a origem dos caudilhos).

Um dos pontos que o autor baterá é a forma com que se sucedeu a revolução anglo americana (para preservar direitos) e a revolução hispânica americana (para conquistar direitos que não estavam acostumados a exercer). Parte também daí diferenças substanciais que marcam seus percursos políticos.

No geral, achei um livro bastante interessante e de argumentação rica. Pode ser um pontapé para quem quer aprender mais sobre nossos queridos companheiros.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Acabo de ler "Baratas" de Scholastique Mukasonga

 



"Gostaria de escrever essa página com minhas próprias lágrimas" (Scholastique  Mukasonga)

Existem livros que são feitos para que não nos esqueçamos. Livros esses que se recusam a ausência de memória ou o esquecimento de fatos cruciais - mesmo que, para alguns, seja mais conveniente esquecer. Livros que nos despertam para o abismo que se encontra no coração humano e a capacidade irrefreável de se cometer o mal.

Nesse livro, chorei diversas vezes durante a leitura. Mesmo atordoado com uma série de informações de caráter tremendamente negativo, tive de continuar a leitura: era meu dever saber aquilo que foi omitido ou ignorado, as vidas que se perderam graças a ausência de empatia. Com muito esforço, dediquei-me a leitura mesmo que me sentisse mal durante todo esse custoso trajeto literário.

O que ocorreu em Ruanda, o que ocorreu com o povo tutsi é mais do que lamentável. Se há algo que se assemelhe ao puro mal, o genocídio do povo judeu e do povo tutsi, é o que mais se aparenta com isso. Como várias pessoas começaram a matar, violar, roubar, torturar outras pessoas como se isso fosse normal? Existem atos que fogem da barreira do absurdo e adentram num reino que supera até mesmo o crime. Sinto algo maior do que o nojo, eu sinto ódio pelo o que foi feito.

Ler esse livro me fez pensar: como é possível acreditar no bem e no progresso humano? Como não olhar ao humano próximo e não ver um demônio? Como não se olhar no espelho e ver um monstro? De fato, esse é um dos livros que mais me impactou no ano e, devidamente, em toda minha vida.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Acabo de ler "A República das Milícias" de Bruno Paes Manso

 



Uma população aterrorizada pode tomar medidas desesperadas. O descrédito das instituições tão logo se configura numa aceitação de medidas alternativas para o controle efetivo da situação. Graças a ineficiência do Estado, as pessoas migram para meios paralelos que, não raro, aumentam o poder de grupos que cumprem o que o Estado não cumpre.

O Estado democrático, o Estado de direito, a possibilidade de se ter uma vida normal dentro duma sociedade ocidental moderna, tudo isso soa como uma gritante abstração para os mais vastos grupos encontrados dentro do Brasil moderno. Grupos criminosos aproveitam-se do quadro deficiente e logo monopolizam territórios fazendo o que o Estado não faz.

Nesse livro, deparamo-nos com uma realidade hostil em que diferentes grupos, de ideologias mais ou menos distintas, aproveitam-se do vazio criado pela ineficiência do Estado para assim criar o seu próprio poder e legitimar-se por ele. Milicianos, bandidos do crime organizado, políticos, bicheiros... tudo aqui se condensa numa teia complexa de relações que sempre leva a dissolução duma sociedade realmente justa e equilibrada.

Com o fim do regime militar, o povo brasileiro acreditava na solução democrática para seus conflitos. Só que tal coisa não ocorreu, ao menos na inteireza do território nacional - e onde ocorreu, ocorreu deficitariamente. O Brasil enquanto projeto nacional íntegro e soberano se desvirtuou.

No final, a questão que fica é: como solucionar esse problema que se cria pela ausência de um projeto unificado que englobe a vastidão territorial dum país tão grande quanto o Brasil? Enquanto isso não for resolvido, o Brasil será uma eterna promessa de ser "o país do futuro".

domingo, 16 de outubro de 2022

Acabo de zerar "Castlevania Order of Ecclesia" no DS (no 2DS)

 



Lançado em 2008 para o DS, esse Castlevania é o que veio após o Portrait of Ruin (lançado em 2006). Espere aqui um jogo mais difícil que seus predecessores, já que ele mistura a fórmula de sucesso de Symphony of the Night com a dificuldade de Simon's Quest.

Para ser franco, eu inicialmente desgotei da dificuldade do jogo. Só que conforme progredia, sentia-me satisfeito em aprender o máximo número de estratégias possíveis para seguir em frente. O jogo exige mais do que uma mera habilidade motora para vencer os desafios apresentados, ele exige uma capacidade de pensar a longo prazo, uma capacidade de prever e reservar mantimentos, paradas estratégicas para aumento de níveis e capacidade de alterar em tempo real as habilidades da personagem.

O labor necessário para zerar esse jogo pode afastar os jogadores mais causais, porém jogadores hardcores que buscam um metroidvania bem feito e de dificuldade razoável encontrarão aqui um prato cheio. O jogo lembra, muitas vezes, um survival horror graças a dificuldade acentuada.

Quanto a história, não creio que ela seja das mais previsíveis. Para ser sincero, o jogo não se preocupa em ter um enredo como um dos fatores principais. O jogador não conseguirá, entretanto, avançar no jogo sem perceber o fio da história e nas possíveis conclusões que ela conduz. E, sim, prepare-se para buscar o final verdadeiro.

Ao terminar o jogo, vejo que foi uma longa jornada. Sinto-me grato, sou muito fã de metroidvanias e tenho um carinho especial pela franquia Castlevania - embora a Konami, produtora do game, não o tenha e o deixe no time de reserva.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Acabo de ler "Celso Daniel: política, corrupção e morte no coração do PT" de Silvio Navarro

 



O quanto é válido ir além dos meios lícitos para ter acesso ao poder? Se tratando do Brasil, qualquer coisa deve ser válida. Um dos casos mais bombásticos e irresolutos de nossa história é o caso do ex-prefeito de Santo André, berço do Partido dos Trabalhadores, o ilustríssimo Celso Daniel.

O caso de corrupção envolvendo o ex-prefeito, que seria mais tarde assassinado, era uma forma de teste experimental pelo qual montar-se-ia todo esquema corrupto e corruptor do Partido dos Trabalhadores. O objetivo daquele estranho projeto era o de ser um caixa 2 para o financiamento de candidatos do próprio Partido dos Trabalhadores. Poder-se-ia falar-se que "tudo pelo causa, nada fora dela", embora eu não seja um desses lunáticos vermelhos que ficam imensamente gratos pelo suposto "saldo positivo" do mensalão - a velha frase: "o mensalão trouxe conquistas sociais", vindas dos mais porcamente realistas petistas semi-desiludidos (a concordância ideológica importa mais que a honestidade).

Se o leitor, nessa presente análise, ressente-se e busca, por todos meios mentais e palavrões que cogita dirigir a minha pessoa, uma razão para tal livro ser analisado na "véspera" do segundo turno entre Lula e Bolsonaro, acreditando que faço parte dum projeto de poder bolsonarista ou algo de gênero semelhante, apenas posso me compadecer de seu relativismo moral. Alguém como eu, que se debruça numa série de raciocínios díspares, não tem tempo para picuinhas de seitas ideológicas - mesmo quando essas prometem um mundo mais "limpinho, cheiroso e igualitário".

Quando comecei a ler esse livro, peguei-o meio que desinteressadamente. Forcei-me a lê-lo em alguns pontos. Depois de um tempo, num átimo, interessei-me fortemente por ele e a leitura fluiu numa liquidez célere de caráter impressionante. A cada página via uma trama marginalmente criminosa em que se envolviam catervas dos mais diversos gêneros. Pouco a pouco, fui engolido em meu nojo misturado com curiosidade.

Leitura recomendada, aliás recomendadíssima, a todos que têm maior interesse na compreensão do lado obscuro petismo.