segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Acabo de ler "A República das Milícias" de Bruno Paes Manso

 



Uma população aterrorizada pode tomar medidas desesperadas. O descrédito das instituições tão logo se configura numa aceitação de medidas alternativas para o controle efetivo da situação. Graças a ineficiência do Estado, as pessoas migram para meios paralelos que, não raro, aumentam o poder de grupos que cumprem o que o Estado não cumpre.

O Estado democrático, o Estado de direito, a possibilidade de se ter uma vida normal dentro duma sociedade ocidental moderna, tudo isso soa como uma gritante abstração para os mais vastos grupos encontrados dentro do Brasil moderno. Grupos criminosos aproveitam-se do quadro deficiente e logo monopolizam territórios fazendo o que o Estado não faz.

Nesse livro, deparamo-nos com uma realidade hostil em que diferentes grupos, de ideologias mais ou menos distintas, aproveitam-se do vazio criado pela ineficiência do Estado para assim criar o seu próprio poder e legitimar-se por ele. Milicianos, bandidos do crime organizado, políticos, bicheiros... tudo aqui se condensa numa teia complexa de relações que sempre leva a dissolução duma sociedade realmente justa e equilibrada.

Com o fim do regime militar, o povo brasileiro acreditava na solução democrática para seus conflitos. Só que tal coisa não ocorreu, ao menos na inteireza do território nacional - e onde ocorreu, ocorreu deficitariamente. O Brasil enquanto projeto nacional íntegro e soberano se desvirtuou.

No final, a questão que fica é: como solucionar esse problema que se cria pela ausência de um projeto unificado que englobe a vastidão territorial dum país tão grande quanto o Brasil? Enquanto isso não for resolvido, o Brasil será uma eterna promessa de ser "o país do futuro".

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