sábado, 5 de outubro de 2024

Acabo de ler "Teologia do Domínio" de Eliseu Pereira (Parte 2)

 


Nome:

TEOLOGIA DO DOMÍNIO: UMA CHAVE DE INTERPRETAÇÃO DA RELAÇÃO EVANGÉLICO-POLÍTICA DO BOLSONARISMO


Autor:

Eliseu Pereira


Engana-se quem tolamente crê que os cristãos – não em sua totalidade, mas parte desse grupo religioso bem diverso e distinto – buscam apenas se preservar da "má influência" da sociedade cada vez mais pós-cristã. O objetivo da teologia do domínio não é o de criar um espaço único para pessoas livremente seguirem uma doutrina cristã em específico, mas a criação de uma hegemonia na qual todos deveriam se curvar ao domínio dos cristãos.


O reconstrucionismo não é a restauração do cristianismo no seio dos grupos cristãos, mas a restauração da sociedade cristã. Isso implica não numa política laica na qual diferentes grupos dividem o mesmo espaço, mas um franco domínio dos outros grupos pelos cristãos. Logo todos se subordinariam aos interesses das comunidades cristãs. O que evidencia o tom teocrático desse projeto político.


“a busca da reconstrução da teocracia na sociedade contemporânea, no cumprimento da predestinação dos cristãos/ãs ocuparem postos de comando no mundo (presidências, ministérios, parlamentos, lideranças de estados, províncias, municípios, supremas cortes) – o domínio religioso cristão – para incidirem na vida pública”


Esse poder, cada vez mais crescente, visa o "dominionismo". Um projeto visceralmente totalitário. Quando os cristãos da TD (Teologia da Dominação) atingirem postos suficientes nas diferentes esferas estratégicas da sociedade, eles poderão aplicar a chamada "teonomia". A "teonomia" quer dizer: leis de Deus. A jurisdição do país teria base bíblica. Dali teríamos a aplicação de certas ideias que hoje em dia são consideradas "estranhas": pena de morte, criminalização de condutas consideradas como pecaminosas, escravidão por dívidas. É evidente que para que o poder de determinadas igrejas aumente, se faz necessário uma redução do tamanho do Estado – assim a igreja, e não o Estado, se torna a autoridade central.


O autor do artigo avisa que não há uma união monolítica entre os diferentes quadros da TD (Teologia da Dominação). É evidente que existe uma ala mais moderada – que só quer um domínio de setores estratégicos da sociedade para preservar a civilização judaico-cristã – e uma ala radical – que quer converter a força toda a sociedade aos seus anseios. A ala radical é chamada de reconstrucionista, visto que quer uma reconstrução integral da sociedade aos moldes cristãos. Já a ala moderada só quer uma defesa dos ideais cristãos.


A ideia de nacionalismo cristão requer uma cristianização da Nação. Os cristãos passariam a dominar o Estado para dominar a sociedade. O que levaria a um processo de teocratização. Todavia é enganoso supor que esse projeto de poder englobaria todos os cristãos, a supremacia religiosa defendida pelos dominionistas implica em um desrespeito não só a outras religiões e religiosos como também a outros cristãos que não compartilhem da mesma verve totalitária.

AI/IA

Odiar IAs não fará com que você volte a vender desenho furry a cinquenta dólares. Hating AIs won’t get you back to selling fifty-dollar furr...