Parte agora, alma de minha alma. Parte agora, parte de meu corpo. Fui amputado. E finalmente entendi o velho sonho de que fiquei sem um braço. Saudade agora, saudade sempiterna. Parte de minha alma se despede, sem tempo para que meu espírito volte a ser completo. Há diferença entre estar com e torna-se. Forma tua tomei, e agora sua forma se parte. Sem tua forma, fico disformado. É como se eu fosse até mesmo deformado. Nenhuma oração a quem quer que seja pode unificar a alma de minha alma. Amigo perene, em tua falta sinto meu peito amargo. É como se até agora a vida fosse inteiramente doce e agora tenho que me contentar com o amargo. Em um instante, em um mísero milésimo, em saudade eterna minha alma se embate. Como é longevo o tempo minímo dessa triste saudade. Já que o tempo do coração nunca é o mesmo tempo exato do maquinal relógio. O coração é de diferente engrenagem, de natureza subjetiva e demasiado sentimental. Até ontem me sentia homem póstumo, hoje me sinto mais que reacionário. O tempo novo não me é mais novo, e só o velho meu coração agrada. Adeus amigo meu, adeus meu braço.