quinta-feira, 21 de julho de 2022

Prelúdios do Cadáver #10 - Bissexualidade, Conservadorismo e Cristianismo

Texto publicado em 30/08/2018


Estou no Contra os Acadêmicos desde que vi o Vitor Matias anunciar o grupo. Quando entrei, em meu perfil antigo, o grupo não tinha nem cem usuários se não me engano. Vejo que a sexualidade é um importante assunto no grupo, quase nunca comentei nada nesse longo tempo que estou aqui e, então, agora resolvi falar um pouco de minha orientação sexual, de minha religião (cristã) e do movimento LGBT.

Esclareço, desde já, que isso não é uma apologética ao movimento LGBT e também não é uma apologética ao movimento anti-LGBT. Essa minha "argumentação" mais parece uma confissão de uma pessoa enlouquecida com a própria condição que lhe foi posta e que fica oscilando entre o bissexualismo e o heterossexualismo forçado. E ficando-se com a questão: é mais natural seguir meus impulsos e ser plenamente bissexual ou viver numa luta interna para reprimir meu lado homossexual e viver numa heterossexualidade forçada?

Sou bissexual. Minha orientação sexual é motivo de angústia para mim e para meus familiares. Meu desejo sexual é, para mim, um pecado que não consigo me retirar. Resumidamente: minha sexualidade é uma maldição. Muitas vezes, caio numa contradição brutal: quero e não quero ser bissexual. Por vezes, tomo a minha orientação sexual por natural; por outras, como inatural e pecaminosa. Sei que nasci com ela, não sei o que fazer com ela. É-me uma sorte ser bissexual, pois assim posso ignorar uma “parte de mim” e ter uma “vida normal”. Todavia estou sempre em contradição comigo mesmo: nunca sei o destino que tenho que dar a minha orientação sexual.

Como disse, eu oscilo demais. Muitas vezes, há um instinto que me leva a pensar que devo achar a minha orientação sexual normal e cometer atos sexuais que me são, ao mesmo tempo, uma gratificação e um pecado mortal. Noutras vezes, uma razão ressoa alertando-me para que eu não pratique a sodomia. Vivo na constante exitação, ora achando o bissexualismo normal, ora achando-o doentio.

Sou bissexual e quem está a me acompanhar há um bom tempo sabe disso. Houve um tempo em que eu falava de minha sexualidade abertamente, hoje quase nunca falo – falei recentemente, mas para atacar argumentativamente um militante LGBT. Isso, minha omissão a respeito de minha sexualidade, acontece por causa de meus desentendimentos para com a “tribo urbana LGBT”. Não quero ser associado a superficialidade e militância que ela, a tribo urbana LGBT, faz. Então prefiro não falar de minha orientação sexual pois evita qualquer tipo de estereotipação.

Escrevi “tribo urbana LGBT” ao invés de “comunidade LGBT”. Há uma razão para isso: existe dentro da comunidade LGBT uma tribo urbana LGBT que tem a sua própria gíria, a sua própria pauta e o seu próprio modo de ser e de se vestir. Como acho tosco a tribo urbana LGBT e odeio as suas imposições, prefiro não tomar partido falando de minha sexualidade abertamente. O fato é que, como toda tribo urbana, ela é uma seita composta por uma microideologia.

Por que uma seita e por que uma microideologia? Fácil. Uma seita pois ela isola-se em si mesma, não permitindo o contato com pessoas fora de sua bolha. Como toda bolha, ela é agressiva com desertores e contra pessoas que não se encaixem nela. Uma microideologia pois a mesma releva-se em sua particularidade, a pauta LGBT, e tenta suas ações baseadas nesse microcosmo. Tal como o movimento negro é uma microideologia, o movimento feminista também é uma microideologia, o movimento LGBT também deve ser considerado uma microideologia.

O pecado distorce a visão. Como cristão, não sei como enxergar a minha orientação sexual. Sei que, desde novo, tenho-a como fiel acompanhante. Se a minha orientação sexual de fato é um pecado e o pecado corrompe a visão, como posso enxergar a Verdade? Sempre acabo caindo instintivamente no desejo pelos dois sexos. Sempre que penso em combater o LGBTismo, penso que estou a combater a mim mesmo. No fim, sempre acabo por realizar a minha perversão.

Como cristão, não sei qual argumentação teológica devo seguir. A minha orientação sexual é um dos motivos pelos quais oscilo entre o catolicismo e o protestantismo, aplicando ora uma modelo tradicional, ora um modernista que compactue com a minha sexualidade. Frequento a missa semanalmente e ainda fico para o grupo de jovens. Sinto-me, então, um hipócrita perdido na tibiez. O fato é que nunca poderei ser plenamente católico se eu continuar assim.

Sobre a “cura gay”, já ouvi relatos de homossexuais que queriam ser, no mínimo, bissexuais para poderem engravidarem uma mulher e terem filhos. Também vi muitos que queriam serem heterossexuais pois não gostavam do comportamental dos outros homossexuais.

Os chamados “grupos homossexuais ou LGBTs”, sejam eles virtuais ou reais, são imersos numa promiscuidade, numa liberalidade e numa superficialidade que faz com que certos membros da comunidade LGBT sintam-se enojados consigo mesmos e com o restante da comunidade. O sexo fácil é, para todo integrante da comunidade LGBT, não um mero jargão e sim uma prática incrivelmente documentada pela internet indicando vários “points de pegação”; tal liberalidade sexual é muito equidistante da liberalidade heterossexual. Dito isso, é natural ficar enojado com tamanho indiferentismo para com o afeto. O sexo puro não é sinal de liberdade, mas sim dum impulso bestialógico que escraviza corpos e almas. Então, em minha sincera opinião, querer ver-se livre duma comunidade tão bestializada pelos impulsos é muito natural e, até mesmo, uma virtude.

Se eu pudesse escolher, não seria bissexual. Sempre tratei a minha parte homossexual com uma profunda angústia e arrependimento. Sempre que praticava a sodomia, sentia-me abismado e cortado ao meio. Minha consciência moral diz-me que estou a praticar um ato criminoso, um ato imoral. Para mim, minha sexualidade não é motivo de orgulho e sim de dor e sofrimento.

Já tentei falar com minhas psicólogas sobre a sexualidade, elas tomaram como algo natural e que devo agir “naturalmente” com a minha orientação sexual. Muitas vezes, como já escrevi, entro por essa linha de raciocínio. Por outras, culpo-me.

Dito tudo isso, esse é um dos meus maiores dramas existenciais. Uma questão que resumir-se-ia no “Ser ou Não-ser: eis a questão!” de minha existência. Deixo, convosco, as admoestações e argumentações a respeito disso. Agradeço, antecipadamente, a todos que lerem e que responderem essa publicação.

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