sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Acabo de ler "O Antigo Regime e a Revolução" de Tocqueville

 



A Revolução Francesa foi um acontecimento de proporções inimagináveis. Se fosse possível mensurar o estrondo, poder-se-ia facilmente declarar que seus efeitos até hoje são sentidos. Não entendê-la é perder a própria configuração do mundo.

Nesse livro, Tocqueville trata esmiuçadamente da França. Traça comparações, levantando diferenças e semelhanças. Além de, é claro, explicar as razões que levariam a esse momento que mudou a história humana. A postura de Tocqueville não é de adoração ou de oposição - postura que seria simples demais para um espírito tão arguto -, é uma mistura bem ponderada e prudente, olhando caso a caso como um impulso que poderia se dizer bem científico.

Há anos que, pouco a pouco, recomendam-me a leitura do livro e eu tardava a lê-lo. Por um mero acaso, encontrei-o na lista de novos livros da biblioteca em que frequento. Graças a isso, pude finalmente entrar em contato com a obra desse exímio e minucioso investigador e escritor. Não tardei a ser absorvido pelo olhar cauteloso do autor e toda série de detalhes que ele fazia sempre com os mais diversos dados diferentes.

Com o olhar de Tocqueville, podemos ver que muito do que se denominou novo era antigo. Que haviam justezas e injustezas. Que, em paralelo, onde a revolução mais se criou e concentrou é onde menos se havia daquilo que se queria expurgar - as partes mais modernas foram as mais revoltosas para com o resquício do antigo regime. Além da separação da intelectualidade abstrata e os políticos com suas práticas, o divórcio do povo para com o regime e a estranha alegria das elites promotoras que tão logo seriam engolidas pela própria revolução que promoveram.

Esse livro é mais do que uma simples leitura. É um passeio completo pela França conduzido por um guia turístico bem preparado e capaz de demonstrar cada detalhe que, sem ele, escapar-nos-ia. Um clássico que requer mais atenção e mais leitura.

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