A ideia de que o bibliotecário seja apenas um conservador dos livros que a sua biblioteca contém e um aquisitor dos livros que a sua biblioteca terá reduz, em muito, a própria magnificência do dever vocacional do bibliotecário. Um dever que transcende a mera conservação, catalogação, disposição e aquisição de livros.
A formação do bibliotecário trazer em seu seio uma postura dialética e simbiótica em que esteja, em paralelo e em harmonia, a capacidade técnica consubstanciada por uma ampla formação humanística e erudita. O bibliotecário tem o dever ser, ao mesmo tempo, uma pessoa fortemente embasada pela técnica e pela capacidade de diferenciar "compreensão" de mero "acúmulo informacional". Isto é, cabe ao bibliotecário a capacidade de selecionar as obras pelo seu rigor qualitativo além do aspecto meramente quantitativo.
As bibliotecas sempre foram portadoras duma missão e dum legado: (I) de transmitir, democratizar e ampliar, o acesso aos bens culturais civilizacionais; (II) serem pontos de encontro dialógicos e epicentros de saber cultivado. Muito de nosso desenvolvimento civilizacional se deve as contínuas lutas de bibliotecários em transmitir e disponibilizar as melhores obras a disposição dos intelectuais, ao povo e, também, aos futuros intelectuais que surgem com o contato com a cultura literária.
Tal posição de elevada importância não perderá seu papel protagônico mesmo com a digitalização, cada vez mais acentuada, do acesso aos bens culturais. Mudanças serão feitas, porém o bibliotecário é um educador que, com maestria elevadíssima, conduz o fio da boa comunicação ao receptor que por ela será elevado ao universo cultural. Esse importante papel requer uma formação não só técnica, requer uma formação radicalmente humanista. Essa é a postura que o autor desse livro explana eficazmente bem.
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