quinta-feira, 30 de março de 2023

Acabo de ler "O Cortiço" de Aluísio Azevedo

 



Certos livros nos aparecem como pedradas na cabeça. São difíceis de digerir. Não por sua complexidade inerente, não por sua lógica interna grandiloquente, todavia pela forma que demonstra a realidade ou algum aspecto não queremos ver. Existe diferença entre um livro dificilmente inteligível e um livro psicologicamente difícil de engolir. Quando ocorre o segundo, cada pedaço de leitura é um bocado de tortura.


Somos apresentados, tempo a tempo, a um bocado de personagens - e são inúmeros - controlados pelas paixões mais avassaladoras e bestiais. Como se os grandes ideias humanos tivessem sido obscurecidos a ponto de se apagarem ou serem esquecidos pela mente humana. No começo, achamos alguma estranheza. Porém descobrimos, íntima e socialmente, que grande parte do que há dentro de nós e o que há na sociedade assim o é.


Ver-se mais diminuto do que se pensava é fatigante. Uma sessão de terapia ditada pela metodologia da ofensa. Em que o terapeuta, esquecendo-se das boas maneiras, esfrega na sua cara as razões de seus conflitos mentais, sem se preocupar minimamente em quanto isso impactará a sua vida e quanto isso trará dramaticidade ao seu gasto energético dentro de seu aparelho mental.


Depois de tantos arroubos e descrições com licenças poéticas, não seria certamente óbvio dizer que recomendo que o livro seja lido, não? E, caso você tenha achado que não, recomendo muitíssimo a leitura do livro. Fará um enorme e dolorido exercício de consciência, só que os músculos morais desenvolvidos em decorrência disso serão invejáveis.

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