domingo, 21 de janeiro de 2024

Acabo de ler "Sobre o sentido da Vida" de Viktor Frankl (Parte 3)

 



Na parte anterior lhes alertei que não somos nós que determinamos o sentido de nossas vidas, mas as ações que tomaremos sobre as possibilidades de sentido que a vida nos oferta. Ou seja, trata-se dum giro de 180 graus. Não mais nos questionamos qual é o sentido, questionamo-nos, isto sim, sobre como agir no horizonte que se nos apresenta.


Frankl nos convida a fazer um giro de questionamento, em vez de perguntarmos o "por que?", nos perguntaremos "para que?". Não nos é permitido, isto pela natureza da vida em si mesma, escolhermos e criarmos um mundo em que toda nossa vontade se projete perfeitamente na realidade e sonhos irrealistas podem acabar por gerar maior frustração existencial. O questionamento, direcionado agora para finalidade (para que?), busca compreender aquilo que está sendo apresentado existencialmente diante de nós e o que podemos aprender - no fundo, extrair - dessa vivência e como nos portaremos diante dela.


A chave "determinismo" e "liberdade" estão encaixadas. A vida é determinada, já que o ambiente externo não pode ser elegido e moldado absolutamente. Todavia temos, em algum grau, possibilidade de agirmos como bem desejarmos sendo bem sucedidos ou não. Frankl fala da vida como um "jogo de Xadrez", cada situação existencial requer, por sua natureza, uma jogada existencial. Tudo que fazemos, em nossa vida, é basicamente uma série de apostas mais ou menos calculadas de acordo com nossas hipóteses.


Viver é ser indagado. A vida nos questiona através de situações existenciais. Não somos nós que questionamos ela, estamos numa situação que revela exatamente o contrário: a vida que, por meio de situações, cria circunstâncias em que podemos ou não agir de tal ou tal modo. Não se trata de perder ou ganhar, trata-se tão apenas de seguir jogando conforme o conhecimento acumulado e força de vontade. E uma perda no mundo exterior não representa, de modo algum, uma perda interior. Muito pelo contrário: a vitória no mundo exterior é quase sempre provisória, a única vitória que podemos garantir é a interior. Faça o que fizer, continue o combate.

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