sábado, 10 de fevereiro de 2024

Acabo de ler "Psicoterapia para todos" de Viktor Frankl (Parte 2)

 



A divulgação científica tem uma problematicidade que lhe é irresistível. Como garantir que as pessoas compreendam a mensagem que é posta? Se, por um lado, se aumenta quantativamente o número de informação disponível, não há garantia que essa informação seja qualitativamente digerida. Isto é, a boa compreensão da mensagem não é o resultado (efeito) que se obtém.


Para burlar tal condição, se adere uma forma de se escrever que cai, por vezes, num simplismo que não traz a complexidade necessária ao bom entendimento da questão levantada. E se entra na maior má compreensão dos debates que se criam. O que há, hoje e na época desse texto, é a má compreensão e má utilização do saber científico. Uma constante mania de "uso freestyle" que descaracteriza a rigorosidade do trabalho acadêmico e científico.


Outra condição que podemos cair é, evidentemente, uma tendência falsificadora da própria psicoterapia ao criarmos um ambiente em que os pressupostos já interiormente aderidos pelo paciente criem uma tendência ao entrar na clínica. Essa falsificação ocorre pelo paciente já ter uma linha de pensamento já pré-montada sobre qual é o problema que possui.


Falsificação mediante a má compreensão e má compreensão interligada a divulgação científica. O problema não é a divulgação científica, acadêmica ou filosófica por si mesma. O problema está no "digerir" dessa informação e a forma com que há um processo de compreensão assimilatória do saber que é passado pelos meios de divulgação. Não se pode esperar que o efeito seja o entendimento integral, mas usualmente é o que as espera.


De forma contundente, Viktor Frankl nos fala/escreve duma questão bastante profunda. Questão essa que nos afeta, mas que, na maioria das vezes, ignoramos em absoluto. Creio que se poderia pensar, a partir disso, meios de criar uma cultura curiosa e investigativa que supere as dificuldades de entendimento. Só que isso depende do esforço pessoal e capacidade de cada um.

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