quarta-feira, 27 de março de 2024

Acabo de ler "Teatro para crianças: dramaturgia e encenação" de Raimundo Matos de Leão

 



Qual seria o posicionamento quanto a produção teatral voltada ao público infanto-juvenil? Um ar adocicado, distante das questões da vida em si mesma, para fazer rir e promover um encantamento pelo esvaziamento da criticidade ante a angústia do mundo em si mesmo? Talvez não.


Nesse artigo há um conflito: muitas vezes se visa dar às crianças ares doces, de modo a não conectar a vida delas a construção usual - e, por vezes, deplorável - da vida no geral. Elas cresceram protegidas e frágeis para um mundo que posteriormente as esmagará. Essa condução não é só estranha, como se revela sempre ingênua.


A questão teatral é um mergulho do ser na conflitualidade. Seja esse conflito de ordem pessoal, de ordem social, de ordem política. Não há qualidade em obras que se esgueiram sorrateiramente num esvaziamento do próprio mundo, do ser e dos conflitos. O teatro é uma arte que agoniza, é uma arte que sangra pois o humano mesmo sangra.


É necessário municiar a pessoa de sua humanidade: ensiná-la sobre a vida e sobre a morte. Mesmo que por uma obra dedicada ao público infanto-juvenil. Um trabalho crítico, no âmbito teatral, é infinitamente mais proveitoso a longo prazo. Ensina, desde cedo, um desenvolvimento do raciocínio e da capacidade de compreender o mundo e a si mesmo.


Esse artigo nos demonstra exemplos fantásticos de como fazer isso. E a sua leitura é de natureza salutar para quem busca bons artigos para melhor entender a dramática processual do teatro infanto-juvenil em sua devida especificidade e proporcionalidade.

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