sábado, 6 de novembro de 2021

Acabo de ler "O Inquietante" de Freud.



    
    Acabo de ler "O Inquietante" de Freud.

    É um pequeno livreto (creio que faz parte de uma obra maior) de densidade profunda e de grande expansão de consciência para quem lê. E, de fato, a nossa vida muda depois da leitura dessas 37 páginas fantásticas.

    O que seria o "inquietante"? Algo novo e ifamiliar? Não, algo que ressuscita um estado originário em que aquilo que foi aparentemente superado é posto de novo ao nosso olhar. É como se víssemos um morto andando pela rua, vagarosamente e sorridente, sem que nada lhe tivesse acontecido. O "inquietante" é, basicamente, o retorno daquilo que se suprimiu ou que se reprimiu, já que se tinha como dado superado. Essa questão retorna à cultura nerd popular: os filmes de zumbis remontam imediatamente isso, a ideia de que a vida e a morte não são tão claras quanto se pensava.

    Tudo que é tido por verdadeiro se torna um dado que se consubstancia com a personalidade. Só que aí vem um probleminha: se um dado que se fundiu a personalidade (qualquer crença que seja), vê o ressurgimento (uma ressurreição) de outro dado que foi tido como superado, a pessoa que vê adentra num choque profundo. O inquietante traz dúvidas sobre a realidade, sobre a intelectualidade e sobre a personalidade. É por isso que, por exemplo, contos de terror são inquietantes pela sua quebra de normalidade e piadas adentram nessa mesma quebra de padronicidade.

    De qualquer forma, o inquietante envolve sempre um mistério que não leva só a um mistério por si mesmo, leva-nos a um mistério sobre quem somos e a uma incerteza intelectual. Só que, em meu humilde pensamento, é indo em direção ao inquietante que amadurecemos como pessoas e tornamo-nos adultos que abandonam as superstições.

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