terça-feira, 31 de maio de 2022

Um Gorducho com Duas Espadas - Parte 2 (Hereges - G. K. Chesterton, pág. 33 a 43) (Lamentações - Jeremias - 1)

 




A similitude de Hereges de G. K. Chesterton com Lamentações de Jeremias poderiam ser meramente ocasionais se não fosse pelo fato de que Chesterton era um teólogo no sentido mais substancial do termo e real em vivacidade, seja em inteligência ou vida em santidade. Mas cenas catastróficas das lamentações em que fala o profeta Jeremias, vemos uma cidade que se perdeu no peso de sua própria glória e esqueceu-se do motivo central que a edificou pomposamente. 


Olhando o argumento anterior, pensa-se: Jerusalém esqueceu-se de Deus, Deus maldosamente a castigou. Só que é má teologia pensar assim, Jerusalém não foi castigada por Deus e sim por si mesma. Ao viver uma vida que foge da substância e cai no mero acidente, perde-se a centralidade e consciência daquilo que nos circunda e importa. É como o homem que hipnotizado pelo amarelo do ouro, passa a acreditar que tudo que é dourado é ouro. Daí encontramos Chesterton: o peso doutrinal é sumamente ignorado e existem discussões que não tratam da essência das coisas, mas de meros itens secundários. É uma discussão metodológica sem a razão que fundamenta o método.






Por exemplo, Chesterton, ao ver que a frase de que "a vida não vale a pena ser vivida" é um bem elabora o seguinte argumento se o pensamento fosse sistematizado: 

Toda ordem que temos hoje seria posta ao contrário e o único objetivo da vida seria o extermínio da vida existente.






Chesterton e a Bíblia me fazem perceber que estou atirando cegamente, esses tiros escapam da seriedade pelo simples fatos de serem ingênuos. Perco-me no subordinado sem alcançar jamais a ordem, já que a centralidade do meu discurso e de minha vida se perderam em banalidades que escapam da centralidade almejada. A vida requer um sentido profundo que lhe dê plausibilidade e dirigibilidade radicada nesse ideal. Se não, perde-se em pormenores que são acidentais. Uma das próprias condições para se atingir isso é a aplicar as crenças num exercício mental de realidade, com pessoas e objetos concretos, testando a veracidade dessas crenças dentro do universo real. Voltar ao senso comum.

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