Escrever sobre a Idade Média, sobretudo num país tão atrasado em conhecimentos históricos medievalistas como o Brasil, é uma tarefa um tanto quanto ingrata e que possibilita toda uma série de margem para más interpretações e birras geradas após anos de distorções ou má interpretações históricas.
Deve-se pontuar que:
1. Grande parte da interpretação histórica medievalista surge dum período que sucedeu logo após ela e, muitas vezes, com caráter notoriamente negativista sobre todos os seus mais diversos aspectos;
2. Uma nova interpretação acerca da Idade Média vem surgido com uma revisão bibliográfica e dos mais diversos documentos, todavia é recente e não foi acoplado ao conhecimento acadêmico comum;
3. Parte da história da Idade Média se perde pois o foco eurocêntrico impede uma olhar mais sistemático;
4. Grande parte do mito de "Idade das Trevas" impede um olhar mais atento a esse período que, diga-se de passagem, foram três e não um.
O livro traz uma análise sobre os três períodos medievais. Tratando da dissolução do Império Romano, a forma com que o cristianismo impactou as mudanças do mundo e como o papado tentou recorrentemente reestabelecer um Império - a qual poderíamos chamar de Cristandade. As lutas recorrentes também buscavam cristianizar a cultura e manter o legado civilizacional romano.
Fora isso, vemos o desenvolvimento conflituoso entre muçulmanos e cristãos - e como Mohammed unificou seu povo e, consequentemente, possibilitou seu desenvolvimento. O desenvolvimento da burguesia enquanto classe e como a fragmentariedade territorial causada pela nobreza levou monarcas a fortalecerem a classe burguesa também é tratado aqui.
Esse livro é, mesmo que curto, bastante abarcante das problematicidades que apareciam na época e tenta, em seu curto espaço, apresentar uma exposição metódica da situação. Vale a pena ler.
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