sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Acabo de ler "Psicoterapia para todos" de Viktor Frankl (Parte 3)

 



Viktor Frankl se propõe, neste capítulo, a uma análise de outros modelos psicoterapêuticos. Em especial, a psicanálise de Freud e a psicologia individual de Adler. Sua análise, como não poderia deixar de ser, parte duma confrontação e, ao mesmo tempo, dum entendimento histórico de que há uma locupletação de uma para outra. Frankl reconhece as vitórias de Adler e Freud.


Adler trabalharia com a noção de que existe, no ser humano, um complexo de inferioridade. Esse complexo surge pela necessidade natural do humano de ter cuidado e proteção na sociedade. É bem verdade que esta, por sua vez, traduz um imperativo: adequar-se a ordem social por meio dum processo internalizador. Se essa internalização não é correspondida, a pessoa se perde numa busca de autocompensação que, não raro, se trava com uma batalha: uma busca frenética por atos valiosos no seio da comunidade ou uma postura de superioridade beligerante. A psicologia de Adler trabalha para o reconhecimento dessa incapacidade de se ver inserido no seio da comunidade e do complexo de inferioridade que se esconde por trás dessa ação. O que é sociologicamente questionável, visto que a adaptação pela adaptação corre o risco de ser normalizadora de grandes problemáticas sociais tomadas como naturais.


Freud, por sua vez, trabalhará com a repressão e o inconsciente. O desejo reprimido se torna inconsciente. O inconsciente vai surgindo conforme o próprio conflito - individual e coletivo - vai se estendendo. O inconsciente se manifestaria através de atos falhos e, de semelhante modo, por meio dos sonhos. A luta de Freud se desenrolará inicialmente dentro duma sociedade altamente repressiva para com as temáticas sexuais - embora o escopo de sua obra não se limite e nem se delimite a isso, visto que há um Freud como pensador da cultura.


Frankl fala brevemente sobre Jung e o inconsciente coletivo, além da natureza espiritual dentro do psiquismo humano. O que revela, rapidamente, que tal debate não lhe escapava e que ele via em Jung um importantíssimo componente que faltou em Freud. Já que viu em Jung uma saída da discussão que Freud deu.

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