Ernesto Sábato é um dos maiores intelectuais da história da Argentina. Esse livro é escrito como uma forma de atenuar a dor dos jovens que lhe mandavam cartas. E também como uma forma de autobiografia antes de morrer. Um testemunho corajoso de um homem que superou várias decepções e manteve a sua consciência individual apesar de tudo que se sucedesse.
De experiência bastante diversa, Ernesto Sábato sabia sobre arte, ciências exatas e humanas. Foi um literato e, também, um filósofo. Manteve contato com vários intelectuais importantes. Estudou de forma aproximada autores anarquistas e comunistas (de índole marxista). Também teve um período de conversão ao marxismo, porém se afastou do movimento graças a rigorosidade dogmática que esse apresentava.
Ernesto fala-nos da decepção que tem para com o mundo pós-guerra fria. Não que acreditasse na monstruosidade totalitária que se tornou o regime soviético, mas sim que o mundo que surgiu após o fim da União Soviética não era aquilo que foi prometido e sim algo bastante inumano, irresponsável e até destrutível.
A destruição dos recursos naturais, o perigo nuclear, a exploração de massas inteiras de pessoas, a quantidade gigantesca de pessoas morrendo de fome, o contingente populacional de excluídos. Como permanecer otimista nesse mundo? Ou o mundo muda, num radicalismo humanizante, ou morremos todos.
Ernesto, por fim, deixa-nos com a consciência de que temos um mundo a cuidar e um fluxo de ações irresponsáveis a impedir. Isto é, temos que impedir certas ações e mudar de rumo. Sem perder nossa fé utópica na construção dum mundo melhor. No fim, o "fim da história" é uma ilusão propagandisticamente criada para que nos calemos.
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