quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Acabo de ler "Reflexiones sobre el feminismo y la diversidad de género" de Villón e Cedeño (lido em espanhol/Parte 2)

 



Nome do Artigo: "REFLEXIONES SOBRE EL FEMINISMO Y LA DIVERSIDAD DE GÉNERO: EL PODER DEL DISCURSO EN LA POLÍTICA PÚBLICA"

Escritores:

Villón Rodríguez Nadia Wendoline

Cedeño Astudillo Luis Fernando


As sociedades e os estados latino-americanos herdaram estratos sociais divididos em raça, gênero e classe social. O poder, seja antes da autodeterminação desses países, seja depois do momento de sua emancipação, adquiriu forma patriarcal. Logo quem deveria deter o poder, dentro da esfera familiar, era o homem (o patriarca). Foi através de uma legitimação constante do domínio do homem que as mulheres se viram privadas de suas próprias decisões.

O poder do patriarcado foi justificado graças a débil capacidade dos estados latino-americanos de promoverem políticas reais. As leis, por sua vez, foram criadas tendo como base as leis ibéricas e o direito canônico. Tal assimilação aumentou o poder masculino e colocou a mulher numa posição de inferioridade.

O laicismo só veio muito depois, bem tardiamente. E as reformas liberais não levaram em conta as diferenças estruturais que deveriam ser corrigidas para trazer luz à igualdade de gênero. Mesmo que uma maior autonomia tenha dado margem a uma onda emancipatória.

As leis serviram para fortalecer a hegemonia hétero-patriarcal. Era uma espécie de binômio: servia para fortalecer o homem heterossexual de qualquer ameaça. Ademais, projetos de embranquecimento populacional via importação da população européia foram feitos ao lado de políticas de extermínio de comunidades não integradas – sobretudo a indígena.

É a correlação da hegemonia (heterossexualidade, masculinidade e branquitude) que torna questionável o comportamento heterossexual e masculino. É essa mesma correlação que torna possível uma aproximação entre o movimento feminista e LGBT. Não só isso, torna também provável organizações indígenas e da negritude entrarem nesse conflito.

O fato do patriarcado fortalecer o poder de grandes homens, usualmente burgueses ou detentores de amplo poder, que torna possível uma trindade revolucionária: luta de classes, feminismo e liberação sexual.

Existe uma correlação de forças hegemônicas que atuam conjuntamente: heterossexualidade, masculinidade, branquitude, riqueza e domínio. Essa correlação estrutural demonstra quem manda e quem se justifica nesse poder. Além de demonstrar quem não pode mandar ou se justificar nessa estrutura.

Acabo de ler "Reflexiones sobre el feminismo y la diversidad de género" de Villón e Cedeño (lido em espanhol/Parte 1)


Nome do Artigo: "REFLEXIONES SOBRE EL FEMINISMO Y LA DIVERSIDAD DE GÉNERO: EL PODER DEL DISCURSO EN LA POLÍTICA PÚBLICA"

Escritores:

Villón Rodríguez Nadia Wendoline

Cedeño Astudillo Luis Fernando


A justiça de gênero se propõe a eliminar as desigualdades entre mulheres e homens que se produzem e reproduzem na esfera da comunidade, da família, do mercado e do próprio Estado. O projeto feminista não inclui só a luta contra a desigualdade de gênero, como inclui notoriamente a própria comunidade LGBT como uma espécie de pauta conjunta. O projeto feminista é um projeto de promoção das diferentes identidades e orientações sexuais em direção a uma sociedade mais justa. Ela quer não só a igualdade, mas a igualdade diferenciada que equipare outros gêneros e orientações sexuais na esfera do poder.


Para o movimento feminista existe um papel do Estado na organização do poder. O Estado pode ser direcionado, por meio de políticas públicas, a alcançar os objetivos sociais ou pode adquirir um papel de reforçador de desigualdades estruturais. Ou o Estado se dirige para uma direção (mudanças estruturais) ou se conecta com as desigualdades existentes reforçando o polo hegemônico. É preciso reconhecer que historicamente se constrói uma desigualdade em relação as mulheres e aos grupos LGBTs. Um Estado mal direcionado pode ser um Estado que se propõe ativamente na perpetuação da injustiça.


Também é preciso considerar que as mulheres são atacadas por causa da cultura beligerantemente centrada na exaltação da masculinidade e no poder masculino. A exclusão e o ataque a homens homossexuais e homens bissexuais perpassa a violência de gênero: odeiam homossexuais e bissexuais pelo fato deles não serem considerados como adequados as normativas do gênero masculino. Isto é, odeia-se a possível feminilidade – ou o que se crê como feminino – dentro do homem. Logo a violência contra o homem homossexual e o homem bissexual esconde inconscientemente o ódio a mulher. É evidente que, nessa questão, o ódio à comunidade LGBT e à mulher passam por diferentes pontos, mas existem vários cruzamentos que tornam as pautas próximas e permitem uma unidade que, se não completa, dialogicamente enriquecedora.

domingo, 18 de agosto de 2024

Acabo de ler "Hegemonic Monosexuality" de Angelos Bollas (lido em inglês/Parte 5 Final)

 


O movimento bissexual surge para atacar o binarismo. Binarismo de gênero, binarismo de sexualidade. Não só isso, o movimento bissexual muitas vezes se opõe a pautas do próprio movimento de lésbicas e homossexuais, visto que muitas vezes esses dois movimentos – mesmo quando unificados – decaem num simulacro dos padrões heteronormativos.


É preciso compreender que os padrões de gênero e sexualidade criam padrões hierárquicos no âmbito sócio-cultural. Os padrões dominantes são naturalizados e normalizados, interiorizados e colocados como  superiores. Essa hierarquização desvaloriza a existência de muitas pessoas. Sejam de mulheres masculinizadas ou de homens efeminados. Seja de homossexuais, seja de bissexuais. Compreender que existem condicionantes sociais que não são naturais, mas construções sociais que pautam nossas vidas é se libertar duma matrix que não pode ser aceita sem que exista a negação sistemática de várias pessoas diferentes por serem diferentes.


A compreensão das pautas bissexuais é de suma importância para os próprios bissexuais, mas também para o movimento LGBT como um todo. Muitos bissexuais falham enormemente em compreender a complexidade do que são e quais são as suas pautas. Ter um movimento bissexual organizado ajuda, em primeiro lugar, os próprios bissexuais e, depois disso, a comunidade LGBT. Não só isso, a própria sociedade ganha em expressar o seu gênero e a sua sexualidade de forma mais livre.

Acabo de ler "Hegemonic Monosexuality" de Angelos Bollas (lido em inglês/Parte 4)

 


A hegemonia é intrinsecamente uma tática de estratificação social. Isto é, ela serve para que o grupo dominante e/ou majoritário mantenha o seu poder e o seu posicionamento. Muitos dos pontos defendidos pelo grupo dominante foram socialmente construídos e não são naturais, mas o próprio domínio do grupo dominante se confunde com a naturalidade. Essa confusão, forjada ou inconsciente, traduza-se em efeitos materiais que beneficiam o próprio grupo dominante.


É o grupo dominante que cria até mesmo o discurso do outro. O outro é obrigado a ser inorgânico. Incapacitado de expressar o que ontologicamente é. A forma expressiva – seja sexual, de gênero, religiosa, racial, cultural – é subjugada e regulamentada pelo grupo dominante. A ausência de poder simetricamente oposto faz com que as normas do grupo dominante regulem sobretudo aquilo que chamamos de espaço público. Em outras palavras, fora dos poucos polos normativos, há o script social que deve ser seguido.


Um grupo que ganhou força ao se adaptar ao script da sociedade foi o grupo "LG" (lésbicas e gays). Que criaram a cultura homossexual de consumo. A mulher e o homem homossexual normal. Essa figura ilustre – o gay e a lésbica normal –, era monogâmica, tinha uma vida estável, uma reverência aos papéis de gênero instituídos por heterossexuais e uma certa docilidade perante os valores reinantes.


O movimento bissexual, pipocando nos anos 90, começa a questionar os valores instituídos e o simulacro desses valores. O que o movimento bissexual queria era basicamente duas pautas: respeito pelas diferenças e aversão a assimilação. O respeito pelas diferenças surge pela própria questão da invisibilidade bissexual, que é até hoje apagada pela cultura monossexista. Já a questão da aversão a assimilação surge pelo esvaziamento do potencial de real oposição política a heterossexuais por causa da assimilação à hétero-matrix por grupos homossexuais.


Para o movimento bissexual, a discussão acerca do desejo sexual ou romântica não era produtiva e, ainda por cima, era ditada por um binarismo antagônico que jogava as pessoas em padrões heteronormativos ou homonormativos. A discussão naquele período era: você pode se relacionar com um homem ou uma mulher. Com alguém do mesmo sexo ou do sexo oposto. Essa binariedade antagônica era marcada por uma autoexclusão das possibilidades de afeto (ou "x" ou "y"). 

Acabo de ler "Hegemonic Monosexuality" de Angelos Bollas (lido em inglês/Parte 3)

 



A questão da hegemonia é uma questão antiga. É um conceito que ultrapassa a própria formação histórica, tendo diversas faces e configurações. O grupo hegemônico é aquele que tem a capacidade de transformar as suas ideias em matrix, regulando todas as outras atividades e até mesmo controlando e moldando outros grupos, seja de forma direta ou até mesmo de forma inconsciente – como observado muitas vezes no fenômeno da homonormatividade.

A questão da hegemonia é complicadíssima, visto que é através da hegemonia que a própria configuração da vida – até mesmo da vida pública – é formada. Pode-se falar dos "acordos silenciosos". Esses ocorrem quando uma dada ideia é tomada como "natural", mesmo quando essa ideia é socialmente construída e pertence a uma formação sociológica.

A própria ideia de paz é enganosa. A paz pode estar correlacionada a uma domesticidade resignada a um dado padrão imposto como correto. Ou seja, ela pode advir de uma coação e não de uma aceitação real ou integral da configuração – o sistema – do qual se atua. Assim foram em muitos períodos históricos e assim se silenciam muitos grupos que são oprimidos pelos grupos majoritários.

Existe uma correlação estrutural entre força, violência e consentimento. Usualmente se requer o consentimento majoritária, para então se tomar os meios de opinião pública e calar as visões minoritárias. Tendo-se o consentimento majoritária, pode-se respaldar a força que vem junto a ela e, a partir disso, utilizar a violência contra grupos minoritárias que são dissidentes. Em outras palavras, é a maioria que toma forma de maioria instituída – formação institucional – que socialmente "legaliza" a utilização da força contra grupos minoritárias. E essa força adquire outras configurações, vindo da censura direta por meio da incapacitação da emissão de opinião ou da flagelação física, psíquica, social ou espiritual.

É por meio disso que o grupo majoritária pode criar uma descrição do mundo – que será tida como ideal, depois como normalizada e, finalmente, como natural –e passá-la adiante. Essa passagem – processo endocultural – levará a uma internalização dessas mesmas visões. Essa internalização se torna, por si mesma, uma alienação (redução sociológica) na qual uma série de indivíduos e grupos não conseguem pensar além do meio, pois estão imersos nesse mesmo meio. O processo de desalienação é um processo de retirada do grupo majoritário, mas a capacidade de sair do grupo majoritário é escassa pois a maioria das visões emitidas são do grupo majoritário.

A oferta de visões existenciais e possibilidades de vida é escasseada pela própria necessidade sistêmica de autojustificação do sistema. Logo a censura impede que exista a oferta de outras visões de mundo. Além disso, a não conexão com a maior parte da sociedade em que se vive abre margem para marginalização, exclusão, assédio e martírio. A ação direta contra o sistema pode ser criminalizada e o aderente de uma outra sistemática pode se tornar um marginal que atua contrariamente ao sistema hegemônico até ser coagido a se calar ou ser silenciado.

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Acabo de ler "Hegemonic Monosexuality" de Angelos Bollas (lido em inglês/Parte 2)

 



A compreensão da produção científica e acadêmica sobre a bissexualidade ajuda a ampliar o conhecimento geral acerca da sexualidade humana. O problema é que a produção generalizada acerca da homossexualidade e heterossexualidade apaga, em muito, a produção sobre a bissexualidade. Ademais, reforça estereótipos binários, reforçando uma percepção monossexista e excludente, na qual as próprias identidades plurissexuais se perdem. A teoria bissexual – produção epistemológica bissexual – corre o risco de se ancorar muito na teoria queer e na teoria feminista, sendo um grupo sem vida e sem representação teórica própria.


Ao mesmo tempo que se reconhece a bissexualidade como uma expressão legítima de desejo, se reconhece a ausência de protagonismo e autonomia do movimento bissexual. A luta bissexual se dá em várias frentes, mas a principal é contra o monossexismo dominante. Essa luta não coloca bissexuais apenas contra heterossexuais, como muitas vezes coloca o movimento bissexual contra homossexuais – embora essa luta se dê numa escala menor. Essa segunda luta, contra monossexistas homossexuais, é uma que se dá não só argumentativamente, mas "identitariamente". O movimento bissexual não pode se diluir inteiramente no movimento LGBT sem se alienar, visto que a identidade homossexual não é e nem pode ser a identidade bissexual.


A bissexualidade, e os bissexuais – nos quais estou incluído –, vem compreender que a bissexualidade não é só um acessório. É a natureza mesma de suas vidas. O ponto de partida de suas visões e construções teóricas em quase todos os temas de suas vidas. Quando a bissexualidade for encarada, dentro de cada bissexual, como um modus vivendi e um modus pensandi, aí que teremos a verdadeira dimensionalidade da bissexualidade. É a construção de uma identidade bissexual pulsante que se situa a luta bissexual. Ou seja, a bissexualidade só poderá ser reconhecida e lutar contra seus inimigos socio-historicamente determinados através duma postura combatente, militante e ativa, construindo a sua própria cultura e desvendando as suas próprias pautas.


Hoje em dia se fala muito da noção de que a monossexualidade (heterossexualidade e homossexualidade) são socialmente forjadas em ampla parte dos casos. Isto é, dependem mais de condicionamentos sociais do que aspirações orgânicas ou naturais – sua natureza normativa é fundamentalmente ancorada na submissão ao jugo social e as suas implicações. Bissexuais são forçados a serem heterossexuais ou homossexuais, este é o lado totalitário da cultura monossexista. A cultura monossexista força o condicionamento do desejo a uma binariedade antagônica em que cada um escolhe um ou outro. Quando bissexuais se voltam contra a cultura monossexista lutam uma luta libertacional em prol da liberdade humana, atacando a idolatria social – valores dominantes – em voga. Idolatria social que aparece reconstruída nas políticas homonormativas, que nada mais que são adaptações inconscientes da cultura hétero-patriarcal. Querendo ou não, a homonormatividade é uma adaptação da hétero-matrix. E a hétero-matrix apresenta ordenamentos de gênero (homem/mulher) e de desejo (hétero/homo), regulando atividades não só de heterossexuais, mas como de homossexuais e de bissexuais – que adequativamente devem se curvar a um ou outro grupo. É preciso abrir um "ponto rupturístico". Esse ponto escaparia da regulação binária de gênero (homem/mulher) e de desejo (hétero/homo).


Os bissexuais, em sua militância, são convidados a quebrar a hétero-matrix e as normas homossexuais. Em primeiro lugar, demonstrando a própria existência por meio de uma vida pública. Em segundo lugar, assumindo uma autonomia identitária frente o próprio movimento LGBT. A fixação por um maniqueísmo binário no âmbito do desejo (o maniqueísmo sexual hétero-bi) reduz o desejo num aspecto matematizável, onde um exclui necessariamente o outro. Essa é a marcação social – a hegemonia hierárquica monossexista – na qual plurissexuais estão sujeitos. A hétero-matrix, onde heterossexuais se impõem como modelo existencial. A homonormatividade, onde homossexuais criam regras, espelhados na hétero-matrix, para reger o comportamento da comunidade LGBT como um todo.


São dois elementos que se reforçam estruturalmente: a monossexualidade hegemônica e a monossexualidade forçada. É graças a monossexualidade compulsória que bissexuais se ausentam em se autodeclarar. Visto que a autodeclaração implica cair no jugo – usualmente heterossexual, mas também homossexual – da monossexualidade. Para uma pessoa homossexual, sair do armário é adentrar no terreno da própria existência. Para uma pessoa bissexual, sair do armário é... Adentrar na inexistência, no apagamento, no ataque monossexista. A impossibilitada de existir é o que dita a vida de milhões de bissexuais no mundo todo.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Acabo de ler "Hegemonic Monosexuality" de Angelos Bollas (lido em inglês/Parte 1)

 


O fato da bissexualidade não ser muito estudada leva a um desentendimento acerca da sexualidade humana. Isto é, a construção social visa a priorizar monossexualidades (heterossexuais e homossexuais). Essa construção, que se dá também epistemicamente, acaba por reforçar padrões normativos – como a família nuclear, por exemplo. A vida do bissexual é uma vida de apagamento e de solidão, de marginalização e de exclusão. A maioria de nós caminha com a certeza trágica de que seremos sempre atacados, pelos mais diversos meios, sem nunca ter um local para estar. Para a ampla maioria da sociedade, o normal é ser bifóbico.


A hegemônica monossexualidade não quer dizer, em última instância, um domínio heterossexual. Ela quer dizer um amplo domínio heterossexual e algumas regiões de domínio homossexual que fazem contraponto a essa heterossexualidade majoritária. So que, quer queira, quer não, não há um espaço de legitimidade roxa (bissexual). Para piorar, a heterossexualidade cria uma forma ideológica chamada "heterossexismo". O heterossexismo – usualmente também conhecido como heteronormativo – é a ideia de que a heterossexualidade é natural e superior. Caso não seja "a única expressão natural", ao menos é tida como uma forma expressiva superior. Tal ideologia assume forma mesmo em grupos homossexuais, visto que o referencial heterossexual toma conta e vemos a "homonormatividade" (reprodução do hétero-patriarcado).


A luta bissexual vai além dos critérios heterossexuais, ela vai contra as alienações homonormativas. A forma de expressão romântica heterossexual ou homossexual não combina com a "tonalidade roxa". A ideia do referencial heterossexual ou homossexual como peça central da construção da identidade bissexual apenas demonstra uma incapacidade da comunidade bissexual de criar a sua própria forma expressiva. Ou, em outros termos, elevar-se autoexpressivamente. A chave central da problemática bissexual se dá sobretudo na sua esfera identitária e na forma em que ela se expressa. Bissexuais são convidados a demonstrarem quem são e construir o próprio caminho apesar das mazelas sociais.


A luta bissexual se deu, muito recentemente, em duas vias. Por um lado, bissexuais eram vistos como traidores ou potenciais traidores por parte de lésbicas e gays. Por outro lado, heterossexuais achavam o comportamento bissexual suspeito, visto que viam homossexuais como principais detentores de doenças sexualmente transmissíveis e os bissexuais seriam os responsáveis de levar a doença de um lado para o outro. Se o ódio e o ataque vem de ambos os lados, a luta bissexual deveria ter pauta própria e não se vincular totalmente ao restante da "comunidade dos estranhos", visto que alguns são mais estranhos do que outros.


Outro pontuamento relevante é a monogamia. Só que essa questão é bem mais complexa. Nem todo bissexual acredita ou é aderente da fórmula poliamorista. Aí adentram outras séries de questões. Bissexuais são vistos como inerentemente "traidores", mesmo quando são monogâmicos. Ou são vistos como inerentemente poliamoristas. Existem bissexuais que veem a monogamia como uma forma de expressão romântica condicionada a monossexualidade. Além disso, homossexuais aderiram em massa a monogamia para um efeito de aceitação social maior.