terça-feira, 15 de julho de 2025

Estou relançando textos!

Olá, caros leitores, atualmente estou desenvolvendo um projeto de relançar os meus textos em inglês no Medium. Para isso, desenvolvi dois projetos: os clássicos e a magolosofia.

Como a magolosofia é o meu mais recente trabalho intelectual, resolvi trazer a parte essencial dela em inglês:

https://medium.com/@cadaverminimal/list/7ae7c49acf72

Em relação aos textos clássicos, você pode (re)lê-los aqui:

https://medium.com/@cadaverminimal/list/6768ad762081




sábado, 12 de julho de 2025

Acabo de ler "The Dark Enlightenment" de Nick Land (lido em Inglês/Parte 3)

 



Nome:

The Dark Enlightenment;


Autor:

Nick Land.


Existe um caráter inconscientemente religioso na intelectualidade moderna. Nick Land e Mencius Moldbug falam sobre isso, mas Eric Voegelin falou antes. A maioria dos intelectuais modernos têm fé no Zeitgeist. A maioria dos intelectuais modernos têm fé no progresso e na agenda social progressista. E há um acompanhamento claro disso com o neopuritanismo laicizado dos nossos tempos.


Quando falamos da religiosidade progressista e da fé contemporânea, vemos, por exemplo, a a palavra mágica tolerância aparecer magicamente. A tolerância é um princípio universalmente afirmado pela moderna fé democrática. A igualdade, que sempre aparece lado a lado da tolerância, é considerada um modelo moral ideal.


Nick Land e Mencius Moldbug brincam com a possibilidade do progressismo da esquerda ser meramente reacionário. E eles fazem uma analogia bastante interessante. Quando falamos de evolucionismo, as espécies menos adaptadas são retiradas. No progressismo, as pessoas menos adaptadas são mantidas por lei por causa da moralidade. O que soa irônico, os maiores defensores da teoria da evolução são os maiores negadores dela dentro da prática política. Não punir o mal adaptado e recompensá-lo através de políticas públicas são curiosamente chamados de "entusiasmo evangélico neopuritano".


Nick Land e Mencius Moldbug argumentam que existe uma compensação política para a incompetência econômica. Existe, no mundo de hoje, um mecanismo cultural automático que advoga pela disfuncionalidade, visto que vê em toda desigualdade uma injustiça. E para corrigir essa injustiça há um apelo para políticas sociais que favoreçam politicamente pessoas que foram economicamente inaptas. O Estado altruísta é pai dos direitos positivos e tudo o que é subsidiado é promovido.


A busca por traduzir a igualdade em todos os campos em questão de empregabilidade, sucesso e reconhecimento pode construir, pouco a pouco, um totalitarismo leve. Visto que é preciso colocar uma regulamentação que inspecione todos os campos, garantindo que exista uma aplicação universal dentro do território em que a religião progressista é aplicada. O Estado passa a estar acima de tudo e todos para garantir a aplicabilidade das teses progressistas. Quanto mais igualdade for requerida, maior a rigorosidade da atuação do Estado para realizar essa agenda.


Aqui nos deparamos com o termo "Catedral". Cabe aqui explicá-lo para o leitor. O termo "Catedral" é usado pelos neorreacionários da seguinte maneira: (I). um sistema dominante; (II). com um aspecto de auto-reinforço da ideologia progressista; (III). composto pela academia, pela mídia, pelas ONGs, pelas corporações e pelas burocracias do Estado; (IV). com uma autoridade quase religiosa. A Catedral representa tudo isso ao mesmo tempo.


Como a Catedral é uma organização quase religiosa ou inconscientemente religiosa, ela não aceita e não tolera heresias (intolerância contra os intolerantes). É por isso que, por exemplo, o "ódio" é inconscientemente percebido como uma intenção herege contra os dogmas da moderna Catedral. O ódio é um crime/heresia contra a Catedral em si mesma. O ódio é visto como uma recusa, o ódio vai contra o guiamento espiritual da Catedral moderna. O ódio é um desafio contra o destino que foi religiosamente desenhado pela Catedral para o mundo.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Acabo de ler "QAnon: Radical Opinion versus Radical Action" de Sophia e Clark (lido em Inglês)

 



Nome:

QAnon: Radical Opinion versus Radical Action


Autores:

 Sophia Moskalenko;

Clark McCauley.


Essa pesquisa, embora pequena, é bastante útil para quem estuda a obra de QAnon. Um fato bastante interessante é esse: os fóruns de QAnon são fóruns que criam coletivamente os mitos. O projeto qanonista é um projeto coletivo.


Eles analisam a radicalização com base em dois triângulos. Um meio de classificar o topo (extremismo) e o menor grau de engajamento. O que é um sistema interessante.


Triângulo 1:

- Obrigação moral pessoal;

- Justificação;

- Simpatizantes;

- Neutros.


Triângulo 2:

- Terroristas;

- Radicais;

- Ativistas;

- Inertes.


Há a questão que a pesquisa apresenta: seria a visão radical alinhada com a ação radical? Historicamente existem diferentes padrões na Janela de Overton e algo que é radical pode se tornar mainstream.


Creio que vale a pena os leitores darem uma olhada.

domingo, 6 de julho de 2025

Acabo de ler "It's time to embrace memetic warfare" de Jeff Giesea (lido em inglês)

 


Nome:

IT’S TIME TO EMBRACE MEMETIC WARFARE


Autor:

Jeff Giesea


Trolls são um problema em todos os casos? Talvez não. O estudo de Jeff Giesea apresenta uma nova forma de ver a arte da trollagem. A trollagem pode ser empregada, pela própria OTAN, para destruir o apelo e a moral de um inimigo comum. No mundo de hoje, a trollagem é uma arte que pode ser extremamente útil na comunicação estratégica.


Pensando acerca da "guerra memética" e da "guerra em guerrilha", podemos ver um desdobramento interessante. Visto que a guerra memética pode muito bem assumir a forma de uma guerrilha virtual. Os trolls da internet assumem um papel interessante e armificado nessa forma de jogatina de guerra ou guerra gamificada, podendo ser extremamente úteis se cooptados ou se suas técnicas forem empregadas.


Podemos dizer que as trolls farms, na lógica da guerra memética, apresentam uma visão extremamente potencial em períodos decisivos (como nas eleições). É uma forma de manifestar e conduzir um debate público, alterando as percepções, de modo que a guerra informacional seja conduzida de forma vantajosa para aquele que deter a melhor forma de armificar a informação dentro da lógica da guerra informacional. 


Quanto mais alguém estudar sobre a guerra memética, mais alguém é capaz de utilizar isso de forma estratégica e coordenada, levando um aumento de eficiência no emprego das técnicas. O inimigo-alvo pode ser destroçado, interrompido e subvertido pela lógica da guerra memética.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Acabo de ler "Hauntological Warfare" de Roy Uptain (lido em inglês)

 


Nome:

Hauntological Warfare: Explorations in Propaganda, Influence Campaigns, and Online Affect


Autor:

Roy Uptain


"Hauntological Warfare" poderia ser traduzido como uma guerra fantasmalogical. O artigo trata da forma com que a sociedade ressuscita símbolos do passado para utilização narrativa no presente. Há uma conexão entre passado, presente e futuro que se influenciam narrativamente, moldando a percepção e o agir humano.


Atualmente uma das principais questões da contemporaneidade é a opacidade da informação que é massivamente compartilhada, gerando redes e mais redes de feedback, além da incapacidade cada vez maior diferenciar propaganda, vigilância e guerra psicológica. Existe, além disso, uma mistura e uma conexão cada vez maior entre o soft power e o hard power: o algoritmo, o conteúdo, a manipulação afetiva e a amnésia histórica se misturam tenebrosamente.


A sociedade americana vem entrado no chão "realismo das pyops". Eles perceberam que são alvo constante de massivas propagandas e vigilância. A paranoia e a desinformação não são apenas mais ferramentas estratégicas, mas também condições ambientais.


Não muito estranhamente, vários sites são observados realizando estranhos movimentos. Eles utilizam uma estratégia subversiva que mescla metanarrativas, mitologias culturais e conspirações políticas para consolidar uma mensagem. Fantasmas do passado e hipóteses do futuro aparecem lado a lado para influenciar o presente. Enquanto isso, armificam medos e fobias para criar narrativas e contra-narrativas.


Creio que para nós, brasileiros, é de suma importância pensar acerca de uma crescente atmosfera semelhante em nosso cenário.

Acabo de ler "Classifying Russian PSYOPS and countermeasures" de Teodora-Ioana (lido em inglês)

 



Nome:

CLASSIFYING RUSSIAN PSYOPS AND COUNTERMEASURES: IMPLICATIONS FOR EUROPEAN SECURITY


Autora:

Teodora-Ioana MORARU


As guerras modernas apresentam uma amplificação radical da dimensão psicológica, informacional e do cyber-espaço. Ter uma competição estratégica no campo informacional é de suma importância. O controle da percepção e a influência cognitiva ditam enormemente os ritmos da guerra.


A era em que vivemos apresenta uma massificação da mídia e um ampliamento contínuo das plataformas de comunicação digital. Tudo isso impacta diretamente na percepção pública e influencia nas decisões políticas. O uso da informação, quando concretamente aplicado, pode levar a desestabilização do adversário.


Uma boa psyop faz a utilização dos vieses de confirmação. Isto é, do público para qual se dirige a operação psicológica. Uma psyop contém um arcabouço estruturado, é sistematicamente implementada e requer aprovação a um nível estratégico. Além disso, possui um objetivo de longo prazo.


A autora traçou uma diferença entre as operações psicológicas russas e ucranianas. As  duas nações tentaram controlar o espaço de batalha psicológico. A Rússia focou a sua operação psicológica no recrutamento, na intimidação e na mobilização das massas. A Ucrânia, por sua vez, tentou acabar com a coesão militar russa, destruir a moral do seu adversário e ampliar a resistência doméstica.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Acabo de ler "The Dark Enlightenment" de Nick Land (lido em Inglês/Parte 2)

 


Nome:

The Dark Enlightenment 


Autor:

Nick Land


O que é a democracia? Além de ser uma palavra muito dita, é uma das principais representantes do dogma moderno. A democracia aparece em nossas ciências sociais como acompanhante do sucesso e do progresso material — embora isso seja provavelmente uma correlação falsa. Estamos numa certa espécie de correlação automática quando pensamos em democracia. Por exemplo: (I) monarquia = ruim; (II) república = bom. Mas o que queremos dizer quando dizemos democracia? Talvez a gente nem mais lembre a resposta.


Grande parte dos intelectuais modernos correlacionam automaticamente o pensamento democrático com o anticapitalismo, não só no Brasil, como no exterior. Como dito anteriormente, muitos pensadores liberais e libertários, mais à direita do espectro político, já não veem a democracia como um regime em que se enquadra a liberdade.


Os Pais Fundadores, nos Estados Unidos, apresentavam uma suspeita enorme em relação a democracia. Viam-na como uma tirania da maioria. E, por tal razão, reduziram o seu poder com a ideia de representatividade. Assim freiando a possibilidade de se emergir uma tirania organizada pelo ódio das massas.


Não é muito estranho correlacionar a democracia moderna com um regime em que a população e as suas lideranças, de tempos em tempos, esquecem-se das consequências dos seus atos. Para se manter o poder, em última instância, faz-se necessário uma utilização de mecanismos populistas — o que por sua vez leva a uma destruição financeira. Também não é muito estranho vermos, no sistema democrático moderno, mega projetos de engenharia social e o poder legislativo de abolir a realidade através de pergaminhos burocráticos.


Com tudo isso, não é estranho que muitos intelectuais venham pensado num novo design. Se o poder representativo esmaga a hipótese de uma democracia direta, é possível tecnicalizar a escolha dos representantes através de um mecanismo ao qual podemos chamar de democracia vertical: nesse quadro, alguém só poderia ser eleito representante se cumprisse determinados requisitos. Nick Land, não falou dessa possibilidade, portanto vamos ignorá-la e deixar para uma outra análise.


Questionar a democracia, em nosso tempo, é algo que soa como uma heresia. O pessimismo corrói o cérebro de alguns e outros dão voos otimistas pensando em radicalizar a democracia. Conjectura-se que a democracia é um vírus memético, nobremente acompanhada da hegemonia progressista, do secularismo militante e de todo clero moderno. Os itens da fé moderna acompanham o homem moderno sem que ele saiba que preenchem o seu pensamento em forma de uma fé inquestionável. E questionar isso é um crime-pensar.


De fato, uma das questões que o Ocidente se deparará constantemente é a ideia de que a democracia moderna está falhando. A questão de como resolver isso é que uma incógnita. Alguns apostam na melhora da educação, outros pensam numa democracia vertical, outros falam sobre democracia direta, outros pensam na abolição da democracia. A questão persiste.