quinta-feira, 7 de abril de 2022

Diário /sig/ #2

 


Ódio acumulado é uma coisa que sempre tenho. Não dá como fugir. A vida carrega uma série de teias complexas que furtam a minha capacidade de satisfação. Só que o que faço com esse ódio é transformá-lo em propulsão para elevação de minha potência. É algo meio fascista, mas creio que o ódio deve ser militarizado internamente. Eu preciso transformar esse ódio em força, assim treino até que ele se dissipe. O ódio possibilita uma guerra e essa guerra se torna em força disciplinar. Com ela, desgasto minha energia e ganho força muscular. Só que toda essa frustração se torna, psicanaliticamente, em sublimação quando a utilizo para a explosão da energia bestial que carrego.




Ontem à noite eu estudei, hoje acordei de manhã e me alonguei. Paguei as dez flexões matinais. Senti-me um pouco mais feliz, inicialmente eu sofria na quinta flexão em diante, agora sofri a partir da oitava. É óbvio que sou fraco, mas o hábito diário está me enriquecendo e possibilitando um ajuste não só físico, possibilita um ajuste existencial. Todo esse esforço também se verifica mentalmente: o estudo da psicanálise, não só teoricamente, também intrateoricamente tem me ajudado. Parar de ver pornografia igualmente.  





Treinei que nem um louco hoje. Fiz corrida estática, dei socos livres, pulei corda, paguei flexão. Sublimei todo energia bestial que tinha, alimentando a besta interior com a satisfação de poder revelar-se com o desgaste energético. Sinto-me dez vezes mais relaxado e preparado para estudar. Quando a energia impera, é difícil estudar. Agora minha alma meio que se ajuizou e preparou-se para "sua vocação mais elevada".

Notas do Gamesolo #3 - Terriermon e Veemon

 


Continuo jogando Digimon Rumble Arena, apesar de tê-lo zerado várias vezes. O motivo é simples: eu amo esse jogo e odeio Digimon 2, como qualquer pessoa decente. Dessa vez zerei como o Terriermon e o Veemon. Lembrei um pouco do filme, onde o Terriermon aparece pela primeira vez e o Davis fica com inveja de um cara que eu esqueci o nome. Ah, e o filme é de fato bom.




Tenho saudades de quando eu jogava essa pequena maravilha em meu PS1. É um dos jogos que mais amei e até hoje está na lista de jogos favoritos. E olha que de lá para cá, joguei muita coisa. A felicidade às vezes é monótona e repetitiva. 

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Diário /sig/ #1

 


Olá, esse é um diário do meu desenvolvimento pessoal. Resolvi fazer um pois minha vida está uma merda e muitas coisas precisam mudar. Minha relação com as pessoas é muito dependente, logo acabo exagerando na doce da dependência afetiva e afastando pessoas com meu jeito afetado. Fora o fato de que estou ficando com um corpo feio e fumando muito cigarro. Além de que tenho nojo pela minha imagem refletida no espelho e gostaria sinceramente de ser outra pessoa. E, claro, não tenho um emprego e durmo ando dormido mal pelo vício no celular. Quero me tornar uma pessoa mais realizada, seja no sentido físico, profissional, financeiro, ético, sexual, acadêmico, romântico e lá vai uma série de coisas. Para isso, resolvi me desenvolver como pessoa. Então nada melhor que ter um diário voltado a esse crescimento para pensar todos os dias nisso e contabilizar isso, lembrando sempre que devo ser uma pessoa mais realizada e completa.

Hoje eu terminei um curso sobre a cristandade medieval do prof. Carlos Nougué. Além disso, fiz minha acordada matinal me alongando e pagando dez flexões - o efeito disso é benéfico pro corpo, já que já "acorda o espírito energético do corpo" e melhora o humor. De tarde, li um pouco e também malhei relativamente bem, pulando corda por vários minutos e pagando três séries de dez flexões, fora dez abdominais - a normal, a direcionada para esquerda e para direita. Depois disso, tomei um banho gelado e comi um lanche. Agora pretendo desligar o celular e ler até sentir vontade de dormir.

Acabo de terminar o curso "A Cristandade Medieval" de Carlos Nougué

 



A lógica catedrática que representa o profundo sentido da Idade Média é algo que fugimos, não só pelo horror que temos de coisas que consideramos fantasiosas. É também pelo simples fato de que tal padrão de vigor não é encontrado em nosso tempo atual em larga escala. Foge-se não só pela pequenez, foge-se igualmente pela grandeza.

Pressupor que somos superiores é ir contra o passado, só que num nível meramente reativo. Obscurece-se dada imagem para que ela não nos atordoe, leva-se a um nível em que a imagem obscurecida não pode mais ser levada a sério. Assim se conquista, através de gerações de alienidade, uma coisa de valor abjeto: desprezo pelo o que não se superou. Não por acaso, os filósofos do medievo tinham um grau técnico e harmonia lógica que hoje, com todo nosso aparato científico e pedagógico, não conseguimos superar.

A catedral é mais do que algo arquitetônico no sentido físico do termo, é um esforço arquitetônico de ordenabilidade em que o ser se eleva. Criar sistematicamente, progredir até os mais altos céus, esse era o lema do medievo e construções de nível abismal como a Suma Teológica e a Divina Comédia trazem esse significado.

Como sempre, impressiono-me com o grau que Carlos Nougué consegue colocar as coisas. Aspirando sempre aquilo que há de mais alto, não se deixando anuviar pelo o que há de supérfluo. Um grande curso que me ensinou o valor da busca diária pela elevação intelectualizante.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Intimidação a Si #1 - A Fuga da Terapia

 


"Viver fugindo de minha própria realidade é, notoriamente, o meio de sublimação que meu aparelho mental encontrou para fugir da limitude de minha angústia. O meu medo direcionado à psicólogos e psiquiatras era e sempre foi o medo da autodescoberta. Por conseguinte, uma defesa repressiva mental para fugir do inferno da revivência do trauma. Por vezes, é preciso dizer a verdade mais cruelmente íntima, mesmo que a revivência traumática seja inicialmente bestialogicamente enfadonha".

Verdetextomania #2 - MINHA NOSSA, COMO EU ODEIO SER FALHO

 


>2022

>seja eu

>tímido e introvertido

>more na capital mais badalada do Brasil 

>isso mesmo, São Paulo, mas conhecido como Sampa

<não é estranho que São Paulo seja um nome masculino e Sampa um nome feminino?

<São Paulo é drag queen e tem nome artístico feminino?

<pouco importa

>nesse dia, tal como outros, encaminhava-me para andar de trem 

<era a estação João Dias ou Santo Amaro?

<pouco importa 

>andei normalmente 

>normalmente ao meu modo

>cabeça inclinada pra baixo

>com a sensação de paz de que o mundo poderia explodir a qualquer momento

>ao menos isso é normal para mim, que sou ansioso em ambientes sociais 

>subindo a escada, vejo um homem velho

>boné, roupa vermelha, shorts jeans

>ele simplesmente olha pra trás 

>sim, bem na minha direção

>penso: "mas o que a foda?"

>ele continua olhando pra mim

>ele simplesmente sorri pra mim 

>não entendi direito

>isso era uma forma dele dizer expressionalmente que me curtia?

>ele queria me pegar?

>ele queria me beijar?

>ele queria me dar?

>ele queria me comer?

>tudo isso passou em minha cabeça a mil por hora

>eu acabo ficando enrubescido 

>como estava subindo

<sim, não tenho paciência para escada, mesmo que seja rolante 

>acabei tropeçando e quase caindo

>o senhor de idade olha pra frente

>ouço algumas risadinhas 

>quando termino de subir, ando rápido 

>passo pelo senhor

>olho pra trás 

>ele olha pra mim também 

>nossos olhos se encontram

>ele sorri de novo 

>sorrio de volta

>corro

>pego o trem que já ia partindo 

>sinto-me um idiota por ser tímido e introvertido

>só um único olhar me desconcerta 

Anos e mais anos, mas a nerdice não sai de mim. Já namorei, já perdi a virgindade bocal e sexual, conquanto não perdi a timidez de uma criança que ainda se espanta em demasia com o mundo. Pois é, meus caros, não sejam tão falhos quanto eu.

Acabo de ler "Dossiê China" do jornal Gazeta do Povo

 



Quando vi esse PDF sendo anunciado, logo pensei que seria uma boa baixá-lo, apesar de eu não ser lá tão chegado ao "conservadorismo-liberal" que domina o jornal Gazeta do Povo. Só que como era um "livro" sobre a China, a curiosidade bateu mais forte.

Pensar sobre a China é sempre algo difícil. Ela vive um regime bem diferente daquele que é vivenciado no "Ocidente" - entre aspas, já que não há um consenso sobre o que seria o "Ocidente" e eu não tenho tempo para discutir sobre isso - e tem valores diferentes dos nossos. Não por acaso, sofro por uma imensa curiosidade pelo o que ocorre lá, informando-me por múltiplas fontes. Não sou um sujeito impressionável, só que a China sempre me impressiona.

Algo interessante de se observar, é que quase a maior parte do livro se passa pelo "regime comunista inicial" da China, sobretudo na era de Mao Tsé-Tung. Talvez seja pelo fato de que nesse período, ela tenha sido mais ferozmente anticapitalista e, posteriormente, tenha aderido a um hibridismo econômico. De qualquer forma, vários planos de Mao Tsé-Tung foram um desastre em níveis gerais: econômicos, humanos, alimentares e ambientais.

Ao terminar o livro, tendo a uma tendência de condenar umas partes do regime chinês atual. Só que não tudo, visto que o livro nem de longe me convenceu a adentrar no universalismo liberal e eu ainda acredito que o regime político depende da autodeterminação dos povos e não em fetiches ocidentais que adquirem tons de universalidade. De qualquer forma, o livro me abriu ao entendimento de alguns erros do regime chinês e até mesmo um tanto de sua história presente e passada.