terça-feira, 6 de setembro de 2022

A Panaceia do Espaço


 

 

     Quando uma tia minha morreu, fiquei a chorar sem ao menos conhecê-la direito. O dia era acinzentado e trazia a sensação dum mau agouro. Era a primeira vez, a morte fez-se morada em meu imaginário sem permissão ou pedido algum de concessão, ela simplesmente arrombou a porta e adentrou como nada se fosse. A mim só coube suportar a noção de que as pessoas não eram imortais, que eu um dia sumiria para sempre e que houve um mundo que não foi marcado pela minha presença e haverá um mundo em que minha presença já não será marcada. A ideia de que toda minha existencialidade era um grão de areia insignificante que se juntava a outros infinitos grãos de areia não me foram reconfortante. Só percebi a banalidade do valor superestimado que damos a todas as coisas.

 

    Se eu pudesse conceber uma imagem fidedigna ao tempo, teria que criar uma mitologia pra explicá-lo. Decidi fazer essa tarefa por não ter nada melhor para fazer e por ter a consciência de que já estive em dias melhores. Como sou um pessimista nato, não esperem de mim nada que fuja duma concepção injuriosamente sofrível. Quiçá tirem algo de bom, útil ou aproveitável desse pequeno conto. Eu mesmo, quando o criei em minha cabeça esquiva e atordoada, pude tirar dele uma importante lição.

 

    Quando um bebê nasce, ele se depara com um homem velho e barbudo a olhar-lhe. Ele não tem noção de quem esse homem é ou o que faz lá. Esse estranho homem tem vários pregos guardados numa caixa e carrega consigo um estranho martelo. O homem pega o martelo e coloca um dos pregos na boca. Vê o bebê e olha compadecido, conquanto que também frio. Ele pega o pequeno bracinho do bebê, segura-o fortemente para que não fuja e martela o prego no braço da pobre criatura. A criança chora compulsivamente, sem entender nada e sentindo a dor sem poder defini-la. Do mesmo modo, o velho também chora, tal como se ferisse a si mesmo nesse processo. Do momento em que nasce, até o momento que ela morrerá, esse estranho homem marcá-la-á com pregos a cada tempo.


    Cada prego representa uma ação dada no espaço-tempo. Esses pregos nunca saem ou cicatrizam. Eles doem eternamente, atordoando cada homem por sua ação. No começo, damo-nos por insatisfeitos e continuamos a agir com a dor acumulada. Só que desde logo sabemos que cada prego será fincado a cada ação e conosco ficará a afligir nossa consciência a cada passo. O bebê tão logo tornar-se-á menino, olhará ao velho aflitivamente e estenderá a sua mãozinha para que ele coloque outro prego. Esse processo se repetirá até que chegue à adolescência. Rebelar-se-á tentando fugir de todo esse processo repetidamente doloroso, tentando correr para todos os lados do infeliz idoso. Todo esse vaivém negacionista não poderá salvar o jovem, tornar-se-á adulto e com mais pregos ardentes em seu corpo.


    Um dia, mais adulto e consciente de si, o jovem que se torna homem perguntará ao idoso, pela primeira vez, a razão de tanto sofrimento. Mais uma vez, o homem pensará que o estranho torturador não dirá nada. Só que, dessa vez, ele lhe responde.

- Por que me faz isso? Que te fiz?

- Não sou eu que lhe faz isso, é você quem faz - diz o idoso com lágrimas nos olhos, numa voz débil e com as mãos frementes.

- Quem é você?

- Eu sou você. Você é a consciência da consciência. Eu sou a consciência da consciência da consciência.

- É impossível que eu me cause tanto sofrimento, está mentindo - dirá o homem hesitante perante si mesmo.

- Não, todo prego que lhe coloco é duma ação tua. Cada ação tua é marcada no tempo peremptoriamente, sendo irretornável. Todo passo é marcado pela eternidade, nessa eternidade do espaço-tempo em que se é impossível mudar. Tudo que faz é marcado, nada é retirado. Se viveres cem anos, terás tua história a repetir-se nesse espaço de cem anos pela eternidade.

- Eu não entendo.

- Pois um dia entenderá.

- Por que é a primeira vez que fala comigo?

- Não é a primeira, na primeira era muito novo para se lembrar. Só que um dia, lembrar-se-á.


    O homem tentará variadamente entrar em contato com o velho. O velho recursar-se-á a tornar a prosa. Com o tempo, o homem verificará que o velho se tornará tão apenas uma caveira. Caveira essa que omite a maior parte de seu corpo com um manto preto. Uma caveira de mesma função: colocar pregos em seu corpo, numa tortura sem fim. Um dia, essa caveira olhará para ele, não haverá mais nenhum prego para ser pregado. Ela simplesmente se despirá e dirá:

- Conte o número de pregos.

    

    Contando os pregos, o homem verá uma determinada quantia. Ainda não compreendendo, pedirá ajuda para a caveira que outrora era homem:

- Não consigo compreender.

- Conte, então, todos os pregos que tem em seu corpo. 

 

    O homem contará e verá que é o número exato de pregos que tem na caveira. Então se dará conta de que era ele mesmo o tempo todo pregando pregos em si mesmo. Olhará para a caveira e ela estará segurando um espelho, o homem olhar-se-á e verá que é o mesmo velho que viu quando era apenas um bebê.

 

- A vida se inicia com um bebê sem mácula. Logo nele serão pregados pregos, estes terão quantidade diferente a cada indivíduo. Alguns, mais assustados, negar-se-ão a mudar com mais frequência e, então, terão menos pregos. Outros, mais ferozes e imperturbáveis, terão muitos pregos. Se bem que a quantidade de pregos pouco importa, mas o valor que cada prego teve.

- Por que me diz isso só agora?

- Eu partirei, minha missão se findou. Mas a tua começará.

- Qual será a minha missão?

- Lembra-se que a eternidade é só um espaço-tempo determinado a repetir-se infinitamente pela própria natureza do tempo-espaço marcar-se na eternidade?

- Lembro-me.

- Então já sabe sua missão.

- Qual ela é?

- É a experiência.

- O que é experiência? Como define isso?

- Ora, a palavra é menos que o pensamento e o pensamento menos que a experiência. A experiência é aquilo que chamamos em parte de incognoscível. Sua natureza mesma é perdida com o pensamento que não pode traduzi-la ao todo e na palavra que é incapaz de traduzir o todo do pensamento que é menos que a experiência. Uma hora você perceberá que há verdades que escapam a própria possibilidade de inteligibilidade com a razão.


    Um choro torna-se audível. O bebê que tornou-se homem velho olha para si mesmo bebê e, de súbito, toma consciência de sua missão. Uma quantidade de pregos, a mesma que tem em teu corpo, está dentro duma caixa. Ele tenta olhar para a figura cadavérica, a própria morte, para lhe clamar por misericórdia nessa torturante tarefa. Ela não está mais lá. Só há, na sala, "ele e ele". O homem velho pegará o martelo, olhará para o pobre bebê que lhe chora e dirá:

- Por muito tempo, acreditei na panaceia do espaço. Poderia tomar qualquer ação ou ação alguma, só que os pregos continuaram a vir. Então vi que o sofrimento era inevitável e que cada escolha arderia eternamente em meu corpo. Poderia dar-me conta disso e tomar escolhas mais prudentes, só que só percebi o valor do tempo que marcava na eternidade após grande tempo. Agora que o tempo passou, sei que na vida adulta tudo é erudição e que cada experiência é marcada pela experiência de outrora. Não há, na vida adulta, escolha sem marca de memória, memória sem marca de sensação, sensação sem marca de sentimento. Eu sinto muito, pobre pequeno. Terei que marcá-lo com os erros e acertos que cometi. Esses serão os mesmos erros e acertos que tu cometerás.


    O homem pegará o braço do pobre bebê, colocará o parafuso na boca e pegará o martelo. Chorará e martelará a criancinha. Então perceberá que sentirá dor intensificada na mesma parte que martelou o bebê. Chorará enquanto faz isso, relutará, só que continuará a sua missão. Sua mente tornar-se-á tão anuviada pelo sofrimento que causa a si mesmo que não conseguirá se expressar muito. A única coisa que ele sabe é que essa é a sua maldição eterna: não ter percebido que deveria ter vivido cada momento tal como se o vivesse pela eternidade, já que só assim aproveitá-lo-ia por completo.

Hoje vamos aprender um pouco do português brasileiro!

 



"Vamos modernizar o Brasil" = obras superfaturadas sem data de entrega - possivelmente eternas - e dinheiro fluindo na mão de burocratas e da elite patrimonialista. 


"Vamos privatizar" = a privatização não ocorre no Brasil, mas sim a privatarização (pirataria + privatização) em que empresas são vendidas a preço de banana e parte do dinheiro da compra é emprestado pelo próprio governo (sic).


PPP (parceria público privada) = literalmente oligopólios, monopólios e corporativismo a rodo para enriquecer políticos e empresários que estão "acima" de qualquer concorrência de mercado real.


Combate à corrupção = ataca a corrupção de outros partidos.


Partidos de situação = literalmente gente que se baseia na popularidade do governo presente e/ou que ganha dinheiro e poder para o defenderem.


Partidos governistas = tudo pelo poder. Fará de tudo para ter poder e até mesmo corromperá a máquina pública com cabides de emprego.


Partidos de oposição = são aqueles que acharam mais vantajoso a imagem de rivais do poder presente pra angariar o poder depois. A depender do lucro e das possibilidades, podem sair da oposição.


Metralhadora giratória = atira para todos os lados para pagar de outsider. 


Realpolitik (política real) = o discurso ideológico só existe para enganar trouxa, no fim, o que importa é o poder e tão somente ele. Logo qualquer tipo de contorcionismo verbal e atitudinal é válido. Relativismo retórico.


"Vou mandar mais verba para (insira qualquer coisa aqui)"  = aumentar o dinheiro que é enviado para qualquer coisa fingindo que isso aumenta a produtividade da coisa que ganhou maior "investimento" sem qualquer estratégia real e também serve para assegurar cabide de emprego dos eleitores mais famosos que sempre ganham alguma boquinha por conseguirem ganhar votos. 


Democracia/ditadura = "democracia é quando eu mando, ditadura é quando você manda".


"Grande pacto de desenvolvimento nacional" = políticos e empresários corporativistas ficarão extremamente ricos com obras superfaturadas.


"Eu não como dólar" = relativismo retórico de gente que pedia dólar baixo.


Delação premiada = corrupto entregando corrupto.


Antifascismo = movimento contra qualquer coisa que não se goste, podendo variar absolutamente conforme as modas do espaço-tempo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

TRANSFORMEI "O LIVRO DA INTENÇÃO" DE RAIMUNDO LULIO EM AUDIOLIVRO!

 



É com prazer que anúncio que acabo de transformar mais um livro em audiolivro. Sinta-se convidado(a) para ouvi-lo no Spotify ou no YouTube pelo canal "Latir contra os Grandes"!

Nesse livro, Raimundo Lulio trabalha sobre o ordenamento da vida em si e como mortificar os maus gostos e ascender na aspiração das coisas celestes. Um livro excelente a quem busca um maior relacionamento com o divino. Um grande clássico teológico da Idade Média. O livro poderá ser ouvido em estado completo no Spotify e em fragmentos no YouTube.

Spotify:

YouTube:

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Eu não quero estar vivo depois da madrugada...

 


 

    Eu não quero estar vivo depois da madrugada. Nela sou vítima de um acaso desacordado em que a vida é uma exaustão de desgaste. De tanta sobrecarga, sou obrigado a curtir o pouco do pouco em efervescência profanada. Se o que sobra é sempre menos, desgastar o que sobrou de nada é exigência da apequenada felicidade, única possível nessa cidade escravizada. Os prazeres efêmeros condizem muito com a necessidade temporal de horas condicionadas, a pseudotranscendência fez-se morada em minha alma atordoada. Nessa vida, é-se prostituta com ou sem necessidade sexualizada.


    Eu não quero estar vivo depois da madrugada. Eu não quero saber se as lebres pretas correm em corridas acirradas, elas se atropelam imersas na penumbra sem qualquer necessidade, o fazem para que haja um quê de desordem em sua vida normatizada. Elas creem que o preço da infidelidade ontológica pode ser compensado vivendo através de pequenos surtos. Surtos esses que furtam a quotidianidade de suas vidas falsificadas. Coelhos de terno amam entregar sua oferta as aranhas, assim sempre manda a proletariedade da descendência de Caim. Malditas aranhas, devoram seus filhos com parcimônia sensata, tradição das tradições dessa existência precária.  

 

    Eu não quero estar vivo depois da madrugada. Não quero andar de trem e metrô nessa cidade precária. Não quero olhar para cada morto que me olha sem saber que o tempo de partir há muito tempo se foi. Estou cansado de, em todo transporte público, esconder-me atrás de livros para não sentir a densidade atomizante da individualidade ultrajada. Estou cansado de fingir que a magia literária me livra da prisão da realidade. De círculo em círculo, repetindo ritualisticamente os erros antepassados, vivo rodando em minha senzala.

 

    Eu não quero viver depois da madrugada. Não quero me lembrar de quem realmente amo, fidedignamente me odeia. Não quero nem conjecturar pensar de novo naqueles que já se foram, pois sua partida me faz querer cada vez mais partir. Não obstante, sempre espero ver de novo aquilo que não dá mais para se ver, sempre espero ter de novo aquilo que já não posso ter, sempre sinto vontade de abraçar as pessoas que não posso mais conviver, na esperança de que o martelo do tempo tenha despregado o que pregou. O martelo do tempo nunca volta, cada prego é um imperativo categórico que a alma imortal cala.

 

    Eu não quero viver depois da madrugada. Eu sei que ela se jogou com a intenção de não sentir mais nada. Não quero lembrar de que toda vez que penso nela, vejo-a desfigurada e paralisada numa parca cama hospitalar.  Não quero sentir o gosto de nenhuma mulher, a mulher que mais eu amei me foi negada. Eu não quero pensar em cada osso dela que foi quebrado. Eu não quero saber se seu sorriso agora está deformado. Ao mesmo tempo que sinto a falta dela, tenho medo de ver como ela está em sua forma destroçada.


    Eu não quero viver depois da madrugada. Sei que sou mal-falado em cada espaço-tempo que preenchi com minha estranheza vivificada. Sei que meu gosto é o desgosto com que preenche o paladar de cada figura marcada. Eu sempre parto, eu nunca paro de partir e sempre que parto sei que é o melhor que posso dar a cada pessoa com quem estive em algum momento. Aliviar o desprazer de minha companhia é o melhor caminho que tomo, já que sou um desastroso canalha. Eu posso até sofrer com isso, conquanto sei que a frase: "eles ficarão melhor sem mim", sempre me acalma. E de fato o negrume de minha sombra priva o Sol das pessoas que encontraram-se com minha tragédia imanentizada.


    Eu não quero viver depois da madrugada. Sinto tanto de tanto sentir. Minha consciência toma como fardo o meu existir. Não quero pesar, nem para mim e nem para outrem. É por isso que eu não posso viver depois da madrugada. Estou cansado de noites dormidas em claro. Farto de acordar e pensar: "tudo bem, foi só mais um pesadelo". Estou cansado de cansar, cansado de estar cansado. O pesadelo do sonho precede o pesadelo de minha existência terrificada, dia após dia sinto a insanidade macular o que sobra do fragmento do que um dia já fui. E o mais triste disso, é que nunca fui nada. Sou cada vez mais a sombra dum passado de vanglória, então eu não quero viver depois da madrugada.

TRANSFORMEI "VÍCIOS NÃO SÃO CRIMES" EM AUDIOLIVRO!

 



Decidi que meu primeiro empenho de publicação de audiolivro no canal Latir contra os Grandes (YouTube, Spotify e Anchor) seria o de narrar um clássico do pensamento anarquista individualista. E esse livro foi "Vícios Não São Crimes".

No livro que transformei em áudio, vocês poderão se deparar com uma série de argumentos em que o autor defende que o vício é diferente de um crime. Nele poderemos ver um pensar bastante diferente daquilo que é habitual e entendermos um ponto de vista divergente quanto a relação de vícios e crimes, além dos meios regulativos do governo e da sociedade para com isso.

Spotify:
(No Spotify, todo livro encontra-se unido num único local)

YouTube:
(No YouTube, o livro foi dividido em 22 fragmentos)

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Acabo de ler "Resident Evil Vol 2: O Incidente de Caliban Cove" de S. D. Perry

 



Essa história se passa antes dos eventos do Resident Evil 2. A personagem central aqui é a Rebecca Chambers e o vilão principal é Nicolas Griffith. E se você se pergunta em qual jogo esse livro se baseia, talvez você fique um pouco decepcionado: em nenhum. Bola pra frente, vamos encarar o conteúdo do livro - que pode ser mais do que um irritante "filler" - como um universo paralelo que acrescenta na experiência em si do Resident Evil.

Esse é um livro curto e que trata duma série de personagens que surgiram da mente do próprio S. D. Perry. Ele apostou em dar uma guinada mais autêntica e original em sua criação. Parece que isso sempre ocorre quando se trata de Resident Evil. Para falar a verdade, estamos cansados dessa bagunça que se tornou um inferno caótico. Até mesmo importantes jogos são resetados, tal como Code Veronica. Fora que existem boatos que a história do Resident Evil 4 será alterada.

Vou tentar deixar a mágoa de lado e partir pra algo que seja um pouco mais preciso. A história de Caliban Cove não é ruim. Só que é um pouco desconexa com a linha de continuidade. "Zumbis" inteligentes só apareceriam com maior maestria no Resident Evil 4 e esse livro vem com eles antes do 2. O que demonstra que tudo é uma espécie de bagunça, não? Cada um opta por ir por um caminho diferente.

No livro, Dr. Griffith consegue criar um vírus superior ao T-vírus. Esse cria pessoas de aspectos manipulável, capazes de receberem ordens de um mestre. Griffith vê nisso uma espécie de redenção da humanidade, ele alteraria ela a sua imagem e semelhança como um homem convertido em deus. Um grupo formado por Rebecca e outros membros da S.T.A.R.S. fará de tudo para impedi-lo enquanto buscam provas para destruir a Umbrella.

O livro se torna bastante apreciável, sobretudo em carga dramática, lá para o final. O terreno que o autor preparou aos poucos foi excelente, ele conseguiu de fato produzir um peso dramático a obra e uma forte carga sentimental por cada personagem que lentamente trabalhou. Vale a pena não pular esse livro e dá-lo uma chance.

Acabo de zerar "Luigi's Mansion" no 3DS

 



Quando Luigi's Mansion foi lançado junto ao GameCube em vez de um jogo do Mario, os gamers tiveram uma incógnita em vez duma esperança de sucesso. Era um console da Nintendo entrando na sexta geração sem um jogo do Mario já disponível no começo de sua vida útil.

Não demorou muito para as pessoas perceberem que Luigi's Mansion não era um jogo ruim. Tanto que ele foi aclamado como uma das maiores vendas para o GameCube, ficando em quarto lugar no número de vendas. Só que a versão que joguei, como já devem ter percebido pelo título, é de 3DS e não de GameCube.

Com uma jogabilidade inovadora e expandindo o rico universo da franquia Mario, nesse jogo controlamos Luigi que busca seu irmão numa mansão mal assombrada. O jogo é focado mais na investigação e na sua capacidade de resolver enigmas do que na ação em si. Uma ótima pedida pra uma série como Mario que foca o jogador em movimentos precisos em que a ação ocorre nas plataformas desafiantes a todo momento. Se o jogo do Mario é uma jornada selvagem, o do Luigi é mais como um jogo de detetive poltergeist.

O jogo não é nem de longe tão difícil quanto um Zelda, só que nem por isso deixa de ter seu agrado. Você se divertirá inspecionando cada elemento e capturando os estranhos fantasmas que rondam a mansão. Toda essa jornada é condensada pelo espírito investigativo do jogador conjuntada a capacidade técnica de dar movimentos precisos quando necessário. Logicamente o jogo se estrutura também na pesquisa pela fraqueza dos adversários que se apresentam, tudo aqui é pensado e interativamente posto.

Ao terminar o jogo sou invadido com certa dose de felicidade. Sempre gostei mais do Luigi do que do Mario. Ver que nosso querido covarde enfrenta seus próprios medos para salvar o seu irmão dá uma dose de protagonismo ao rapaz e um pouco de diversidade de gameplay a franquia Mario como um todo. Com certeza um excelente jogo para se passar o tempo, não vai decepcionar quem busca uma nova experiência.