sábado, 4 de outubro de 2025

Acabo de ler "The Reagan Revolution" de Prudence Flowers (lido em Inglês/Parte 11)

 


Livro:

The Reagan Revolution


Autora:

Prudence Flowers


Vemos o desenvolvimento das questões culturais e contraculturais emergindo dentro so debate americano de forma mais radicalizada.


Questões como:

- Aborto;

- Controle de armas;

- Pornografia.


Pautas republicanas tradicionais também são citadas:

- Responsabilidade fiscal;

- Formação de capital;

- Ética do trabalho.


Breves menções ao eleitorado que era usualmente democrata, mas que votou em Reagan. Além da possibilidade de ter uma maioria democrata que impossibilitaria o mandato. Os comentários são breves.

Memória Cadavérica #11 — Desenvolvimento Nacional e Guerra Identitária

 




Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


⁨Clarice, o que me surpreende é a quantidade de imbecis que vêm se apoderado do debate público brasileiro.


Hoje em dia, a ideia de que as pessoas poderiam ser privadamente mais "progressistas" ou mais "conservadoras" é vastamente ignorada pelas massas.


Torna-se a discutir se deveria existir ou não casamento "homoafetivo". Pessoas começam a atacar o poliamor, confundindo poliamor com poligamia. Em outras palavras, a intromissão na esfera privada se torna maior.


Enquanto essa série de intervenções nas vidas alheias surgem, com proibições e aceitações. Penso em como seria melhor se o país fizesse o básico:


1. Saneamento básico de qualidade;

2. Universalização do ensino técnico e superior;

3. Desenvolvimento das ferrovias;

4. Parcerias com transferência de tecnologia;

5. Desenvolvimento da indústria nacional;

6. Ligação efetiva entre pesquisa acadêmica e política pública. 


Em vez disso, monogâmicos militantes — a última moda de (pseudo)pensamento que a idiotice criou — unem-se para proibir o casamento poliamorista. Heterossexuais voltam a tramar o fim do casamento homoafetivo.


Eu não consigo acreditar que estamos vendo um país tão contente em interferir em planos individuais e tão pouco cuidadoso das questões que o tornariam mais desenvolvido.

Memória Cadavérica #10 — Questões de Gênero

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


⁨Clarice, devo confessar que acho grande parte dessa questão de gênero uma abstração tremenda.


O modelo de masculinidade da Atenas Clássica, o modelo de masculinidade romana, o modelo de masculinidade cristã, o modelo de masculinidade islâmica, o modelo de masculinidade atual... tudo isso é altamente variável.


Li bastante teoria queer, confesso que aprendi bastante de Gramsci indiretamente por essa via. Leio com grande prazer o Journal of Bisexuality. Foi dali que fui aprendendo modelos contrahegemônicos de masculinidade. Também tenho lá as minhas múltiplas fontes conservadoras.


Posso lhe dizer que a teoria bissexual, isto é, a forma com que bissexuais encaram a produção epistêmica dentro da academia é extremamente interessante. Podendo até mesmo adquirir a rigorosidade de uma escola de pensamento se bem estruturada e sistematizada.


O que posso dizer é que tem muita gente pegando a anatomia masculina e a anatomia feminina e, a partir disso, concluir que mulheres usam saias e homens usam calças ou que meninos vestem azul e meninas vestem rosa. Isso é uma conclusão estapafúrdia. Ademais, há gente que não sabe sequer diferenciar gênero de sexo. Não sabendo o que é uma questão biológica e o que é uma questão sociológica.


Muito do que chamamos de masculinidade e de feminilidade é uma questão de construções sociais. Isto é, como foram construídas sociologicamente certos comportamentos e vestimentas que consideramos como masculinas ou femininas.


Se tudo fosse tão estático como se supõe, não existiriam tantas variações históricas e temporais no tratante a questão de gênero.


Quando namorava uma mulher que fazia teatro, era mais comum eu usar saia e ela usar calça, por exemplo. Muitas vezes, achavam que ela era lésbica e eu era gay, sobretudo quando cruzávamos o Centro de São Paulo.


Eu não costumo me importar muito com as condições de gênero. Não sei como os outros veem pessoalmente essa questão. Creio que as pessoas criam alardes e regras demais para manter padrões historicamente construídos, mas que diferença faz uma mulher usando terno e um homem usando saia? Num país em que o saneamento básico é precário e que as ferrovias são quase inexistentes, as preocupações deveriam ser de outra ordem.

Memória Cadavérica #9 — Esfinge Catedrática

 



Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Lembro-me de quando eu era de um grupo de intelectuais dissidentes. Um dos membros, não me lembro o nome, dizia toda vez que eu chegava no bate-papo: "chegou nossa Esfinge Catedrática".


Outras definições era ele ficar dizendo "deixe a nossa Esfinge se posicionar".


Por algum motivo, ele tinha alguma espécie de admiração estranha por mim. Me considerava excêntrico. De qualquer forma, dos mais diversos títulos que recebi, a de "Esfinge Catedrática" é um dos mais enigmáticos.


A explicação vinha com a ideia de que eu lia bastante coisa e chegava a caminhos extremamente heterodoxos e inusitados. No começo, achei estranho, mas não disse nada. Era alguma espécie de carinhos e admirações bizarras que surgem em grupos intelectuais aleatórios.


Em uma brincadeira, usei o nome "Esfinge Catedrática" posteriormente em weblivro.

Memória Cadavérica #8 — Isolacionismo Pessimista

 


Memórias Cadávericas: um acervo de textos aleatórios que resolvi salvar (no blogspot) para que essas não se perdessem.


Após ver as críticas negativas que se apresentam em quantidade nauseabunda e volumosa, questiono-me a respeito dos (des)caminhos que nosso país toma.


Acusam-me de ser uma nova espécie de Bruno Tolentino, por causa da bissexualidade, da libertinagem e da polêmica. Confesso que sou os três: um bissexual, um libertino e um polemista. Esse tipo de "ofensa comparativa" soa-me como um elogio. Um grande elogio, diga-se de passagem. Bruno Tolentino era cultíssimo. Um dos maiores intelectuais conservadores da nossa história. Tendo sido tristemente esquecido por essa geração de entusiastas que o único modelo de conservadorismo que conhecem é o reaganismo e o trumpismo.


Digo, em minha defesa — ou para mais uma acusação dos meus odiadores —, que quem lê Gustavo Corção, Nelson Rodrigues e Antônio Paim não precisa de figuras extravagantes como Bolsonaro. Estive trazendo mais conteúdo para o debate público do que múltiplos membros da chamada "direita nacional". Embora eu prefira chamá-la de "lobby americano" ou "geringonça tresloucada".


Até o presente momento, creio que eu fui o único que procurou trazer mais sobre a Tradição Red Tory (Conservadorismo Vermelho), sobre o neohamiltonianismo, sobre o distributismo de Chesterton, sobre o rurbanismo de Gilberto Freyre, além de análises mais completas sobre a UDN. Com essa ampla jornada, destaco-me como um dos mais odiados, com desafetos múltiplos na esquerda e na direita. Mesmo que, por algum motivo absolutamente aleatório, minhas últimas três namoradas eram todas comunistas. O que significa que já posso pedir música no Fantástico.


Por influência do meu pai, que era anarquista, e do meu tio, que era comunista, li muitos livros de Marx, Lênin, Bakunin, Proudhon, Kroptokin. Tudo isso já na minha adolescência. Um dos meus vira-latas chama-se Lênin em homenagem ao meu comunista favorito. Enquanto outros rapazes se preocupavam apenas em álcool e mulheres, preocupava-me com o renascimento, com o iluminismo, com as revoluções. Devo dizer que me tornei abstrato. Demasiadamente abstrato. Leio e converso com comunistas e anarquistas até hoje. Deng Xiaoping é pouco lido pelos comunistas brasileiros. Creio que canais como Second Throught e Red Pen demonstra que existem bons comunistas americanos, ambos canais com excelente qualidade.


Em meio a biblioteca, fui descobrindo vários livros. Li Pondé por acaso, depois li Nelson Rodrigues por causa do Pondé. Foram sendo apresentados outros: Theodore Dalrymple foi um que mais li. Natsume Soseki e Haruki Murakami, dois intelectuais fantásticos, foram descobertos por acaso em um passeio na biblioteca — embora não se possa chamá-los de conservadores, são grandes referências para mim. Atualmente leio bastante Christopher Buckley, Rick Wilson e Stuart Stevens foram de grande importância para minha formação mais recente.


Quanto as análises da América Latina, José Luis Romero, Carlos Rangel e Ernesto Sabato foram cruciais para para desenvolver muito do que presentemente penso. Carlos Taibo apresenta uma versão fascinante da história da União Soviética, tudo com uma lente anarquista de excelentíssima qualidade. Gilberto Freyre, excetuando-se as questões raciais, apresenta o rurbanismo que é uma das principais formas de redução das desigualdades regionais que já vi.


Em relação as polêmicas, faço todas elas em forma de ato filosófico. A filosofia é, em primeiro lugar, um ato de confissão. Confessar verdadeiramente e sinceramente o que pensa é elementar antes de qualquer construção filosófica. Sem esse requisito, constrói-se uma prisão mental que encarcera a alma nas paredes de uma linguagem que se constrói tão somente para se proteger das agonias do mundo real.


Escrever é, para mim, altamente terapêutico. Um hábito de higiene mental. Todo conservador deve ser, antes de tudo, um conservador da consciência pessoal. Aqueles que pretendem destruir a sinceridade ontológica jamais poderiam ser verdadeiramente conservadores. Muito pelo contrário, atentam contra o principal fator. Juntam-se ao coro que matou Sócrates e depois Jesus.


De qualquer modo, hoje em dia converso mais conservadores americanos, europeus e canadenses do que com conservadores brasileiros. Pouco me importo para os rumos do movimento, também não espero nada de bom. As gestões me parecem mais uma repetição monótona da fórmula reaganiana em economia (neoliberal), uma cópia discursiva da retórica beligerante de Trump e táticas militantes da direita woke. Muito longe do pessimismo, ceticismo e pragmatismo dos grandes conservadores.


Cresci na época em que o politicamente incorreto era predominante na Internet. Via-se uma direita que amava mais livros do que qualquer outra coisa.  O mais odiável era a redução do ser em prol dos bandos. Hoje em dia, a direita brasileira torna a si mesma numa cópia da direita woke americana. Por causa do grande atraso que há no nosso debate público, o termo "woke right" (direita woke) ainda não chegou. A direita de hoje se torna quase tudo que criticou.


Lembro-me que muitos concordavam com a ideia de que só imbecis andam em bandos. E vejam só como é: hoje a direita é uma cópia nefasta da esquerda das massas.

Nas Garras do Dragão #2 — Sistema Político Chinês


Aviso: optei por fontes em inglês por elas terem um padrão referencial melhor e mais abundante. Se os termos empregados aqui não baterem com a tradução oficial, saiba que foi graças a minha tradução amadora.


— A estrutura do poder chinês é dividida em:


1. Presidente;

2. Congresso Nacional do Povo;

3. Conferência de Consulta Política do Povo Chinês;

4. Suprema Corte do Povo;

5. Suprema Procuradoria do Povo;

6. Comissão Militar Central do Estado;

7. Conselho do Estado;

8. 28 ministros e comissões.


— Sistema Partidário Chinês:


O sistema chinês não é multipartidário e nem unipartidário, mas sim um sistema multipartidário de cooperação com a liderança do Partido Comunista Chinês. Esse sistema apresenta oito partidos além do Partido Comunista Chinês:


1. O Comitê Revolucionário Chinês de Kuomintang;

2. A Liga Democrática da China; 

3. A Associação Nacional de Construção Democrática da China;

4. A Associação da China para Promoção da Democracia;

5. Partido Democrático dos Camponeses e Trabalhadores Chineses;

6. O Partido Zhi Gong da China;

7. A Sociedade Jiusan;

8. Liga de Autogoverno Democrático de Taiwan.


— Função do Congresso Nacional do Povo:


O Congresso Nacional do Povo tem as seguintes funções:

1. Legislativa;

2. Apontamento e retirada de oficiais;

3. Tomada de Decisão;

4. Supervisão.


— Eleição:


A eleição na China funciona mais ou menos assim:


Votante (Eleição Direta) > Representantes das Assembleias Populares de Nível Base (Vota) > Representante das Assembleias Populares de Nível Médio (Vota) > Representante da Assembleia Popular Nacional.


— Estrutura Organizacional do Partido Comunista Chinês:


O Partido Comunista Chinês possui a sua própria organização interna. Há dois anos atras, o número de seus membros era de 96,7 milhões de membros.


Os membros podem ser vistos em três diferentes setores:


1. Serviço Civil;

2. Empresas controladas pelo Estado;

3. Organização social.


Cada membro do Partido Comunista está dentro de um sistema de level:


1. Nível de entrada e treinamento;

2. Senior funcional;

3. Nível de chefe de setor;

4. Diretor geral;

5. Ministro/governador;

6. Polituburo/conselheiro.


O Comitê Central analisa:

1. A performance dos seus membros;

2. Investiga a conduta pessoal;

3. Faz pesquisas de opinião pública;

4. Promove os melhores;

5. Só os melhores entrarão na alta burocracia;

6. Poderão administrar distritos com milhões de pessoas ou gerenciarem empresas multi-milionárias;

7. Todo esse processo demora duas ou três décadas.


Com seu sistema altamente meritocrático, podemos ver a passagem:

5. Congresso Nacional do Partido, com 2296 membros;

4. Comitê Central, com 360 membros;

3. Politburo, com 25 membros;

2. Comitê do Politburo, com 7 membros;

1. Secretário Geral, com 1 membro.

Nas Garras do Dragão #1 — Socialismo de Mercado




Já era hora de analisar diversas fontes e trazer, para o debate público nacional, mais informações sobre a China. Vou visar pegar informações de diferentes fontes, para depois compará-las. 


— Como a China combina Socialismo e Mercado?


Socialismo e princípios de mercado são centrais no que chamamos de socialismo de mercado. Esse sistema permite mecanismos de mercado funcionando dentro de um framework dominado pela propriedade pública e controlada pelo Estado. O objetivo central é o desenvolvimento do socialismo que se beneficia da eficiência do mercado. O Estado mantém o controle dos setores-chave e dos recursos, logo a propriedade pública é central.


O Estado é dono de todas as terras e tem significante porcentagem de investimento nas maiores empresas do país. Empresas privadas operam com os guias estabelecidos pelo Estado e o Partido Comunista.


Essa mudança de modelo ocorreu nos anos de 1970 com a liderança de Deng Xiaoping. Deng alterou o foco estrito do planejamento central para um modelo econômico mais pragmático, usando mecanismos de mercado para aumentar a produtividade.


Basicamente, o governo chinês estabelece metas estratégicas para a economia e intervém quando necessário. A competição de mercado é encorajada para alocar recursos e para promover inovação. Esse sistema econômico híbrido permite uma direção de crescimento econômico ao mesmo tempo que possibilita olhar as desigualdades e instabilidades.


O controle do Estado permite um direcionamento da riqueza para o desenvolvimento social e para promover o Estado de bem-estar. Ele também é uma prova que o socialismo pode se adaptar as condições correntes e fazer uma efetiva implementação. O socialismo de mercado é visto como uma fase preliminar do socialismo, ele permite princípios de mercado ao lado de propriedades públicas. Ele distancia a China de economias capitalistas, ao mesmo tempo que prioriza a maximição de objetivos sociais.