sábado, 16 de outubro de 2021

Acabo de ler "O Clube dos Anjos" de Luis Fernando Verissimo.




    Acabo de ler "O Clube dos Anjos" de Luis Fernando Verissimo.Sabe aquele livro que facilmente daria um filme bacana? Esse é esse tipo de livro. Com um enredo fascinante, somos conduzidos por uma história bastante estranha, dando-nos conta de fatos da vida e como nos deixamos iludir pelas pessoas e coisas.


    Esse livro poderia ser uma ficção teológica, e talvez de fato o seja. Já que ele dá uma aula magna sobre a anatomia do pecado, mostrando que somos seduzidos por ele e deixamo-nos envenenar. Uma das citações vistas nesse livro é exatamente sobre essa natureza psicológica e teológica: "os deuses são justos, e dos nossos vícios agradáveis fazem instrumentos para nos atormentar". O homem não se deixa envenenar por amar o veneno, mas sim pela doçura atraente do veneno. Os grandes personagens desse livro vão morrendo, um a um, pela sedução do pecado da gula. Coisa que vemos de forma correlacional com outros pecados e outros defeitos, num galopante aumentar de complexidade narrativa. Onde cada personagem é brilhantemente explorado, cada qual com sua história peculiar e também estranha.


    Nunca pensei que veria um livro tão interessante na seção de humor na parte de literatura da biblioteca que frequento. Nunca pensei que um livro que faz parte da seção de humor teria tanta complexidade, seja psicológica, seja teológica. Esse livro certamente está entre as minhas melhores leituras do ano e entre as minhas maiores surpresas literárias.

Acabo de zerar Donald Duck: Goin' Quackers no GameCube.




    Acabo de zerar Donald Duck: Goin' Quackers no GameCube.

    Existem alterações substanciais na versão de Dreamcast/N64, na de PS1 e na de GameCube/PS2. Creio que na versão de PS1, os gráficos são bem mais simples e na versão de N64/Dreamcast, os gráficos são mais detalhados. Já a versão de GameCube/PS2, é basicamente um jogo completamente novo e bem mais difícil que a versão de Dreamcast/N64/PS1.

    Já vi pessoas dizendo que o mundo dos jogos morreu na sexta geração, que o resto é nota de rodapé. Tal como se falassem: a filosofia morreu com Aristóteles, o restante é nota de rodapé. Como devem imaginar, não sou dessa opinião. Minha geração predileta é a sétima, depois a quinta e depois a quarta. A sexta geração não me agradou tanto assim. E mesmo que me digam que a sétima geração é apenas uma geração que aprimorou a sexta, relegando-se a um papel pouco inventivo e demasiadamente secundário: creio que isso seja uma bobagem tremenda.

    A sexta geração de videogames é uma das gerações que menos gosto e apesar disso: amei o jogo. O jogo não é uma mera versão da sua versão de quinta geração passada para o PS1 e N64. E embora os gráficos do Dreamcast sejam lindos, a versão do Dreamcast é meramente uma versão de quinta geração aprimorada. Não que isso faça o jogo ser ruim, é um dos melhores jogos que joguei em toda a minha vida. Entrando facilmente no meu top 20.

    A versão de Donald Duck do GameCube é fantástico e como o GameCube tinha gráficos superiores ao PS2, era-se natural que o jogo em sua versão de GameCube tivesse gráficos ainda melhores e assim certamente o é. O jogo é bem mais difícil, mas não é uma dificuldade injusta ou desnecessária. Ganhamos uma boa quantidade de vida e o "manobrismo" é sempre bem recompensado. Poder-se-ia dizer-se que a versão lançada pro PS1/Dreamcast/N64 é como um passeio no shopping e a versão de GameCube/PS2 está mais para pular de paraquedas. O jogo é sempre radical, sempre fantástico e envolve todo tipo de manobra mirabolante.

    Tal como no Dreamcast, o jogo é curto. Então é melhor se concentrar em não apenas zerar, mas platinar o jogo. Assim terá um melhor aproveitamento e deleite. Concentre-se em fazer tudo o que o jogo oferece.

Zerei a versão de Dreamcast de Donald Duck: Goin' Quackers.




Realmente, esse jogo se aparenta mais com a versão de PS1, só que com gráficos bem aprimorados. Já a versão de GameCube é quase que totalmente diferente, sobretudo o level design. Como são jogos diferentes, resolvi zerar os dois. Assim pude finalmente matar a nostagia que tive ao jogar esse jogo no meu antigo PS1.

Esse jogo sempre me traz lembranças. Quando minha mãe comprou um PS1 usado, foi o primeiro jogo que joguei nele. Não foi o primeiro jogo que joguei no PS1, visto que joguei no videogame de outra pessoa (o primeiro foi Digimon Rumble Arena). Só que foi o jogo que abriu a minha vida e minha história com o PS1 que minha mãe me deu. Eu até hoje lembro de minha mãe chegando do trabalho à noite, eu a esperei por horas: era o dia em que o PS1 chegaria em casa, seria MEU VIDEOGAME. Lembro-me dela chegando, se não me engano: com seu jaleco branco. Naquele dia, estourei de emoção.

Uma pena que NUNCA zerei esse jogo no PS1. Creio que o CD estragou antes. Só que decidi que um dia completaria essa obra-prima e esse dia finalmente chegou. Zerei hoje no meu emulador de Dreamcast e agora o primeiro jogo que joguei no PS1 também foi o primeiro jogo que zerei do Dreamcast - mesmo que tenha sido por emulador, estou me sentindo muito feliz. O jogo tem um aspecto meio geração 5.5 (um pé na quinta geração, um pé na sexta geração). Digo-vos: obra prima. Esse jogo é realmente fantástico. Hã diferenças brutais entre as versões de PS1/64/Dreamcast e a de PS2/GameCube. Mesmo amando os gráficos lindos da versão de GameCube e sua dificuldade avançada que permite mais manobras, não posso deixar de amar essa versão do Dreamcast: ela une a nostalgia do PS1 com gráficos bem aprimorados do Dreamcast, o que a torna única e fantástica!

Estou quase chorando de emoção, já que é como se eu voltasse no tempo. É como se o Gabriel adulto encontrasse o Gabriel criança, zerando um jogo ao que o Gabriel criança sempre quis zerar, mas nunca o pôde.

Acabo de reler "O Incolor Tsukuru"




 Acabo de reler "O Incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação" de Haruki Murakami.


É sempre fantástico ler um livro de Haruki Murakami, reler e ainda se encontrar nele é ainda mais fantástico. O amor e a identificação que tenho por esse grandioso livro é sempre atual e constante. Eu me vejo bastante no protagonista, seja de forma pessimista, seja de forma otimista. 


Tsukuru, nome do protagonista, quer dizer "construtor". Alguns teólogos da libertação usam a palavra "antropogênese" para se referir a vida humana, já que o homem não é um produto datado ou regido instintualmente tal como um animal irracional. O próprio personagem segue a sua jornada vocacional, perguntando-se sempre quem ele é e nunca dando um resultado cabal. A resposta para tal enigma é que a vida em si é um enigma e todos nós estamos em construção constante e perpétua - talvez até o momento de nossa morte, quiçá até depois dela. Tsukuru, esse personagem incolor ou sem coloração definitiva, reflete cada um de nós: projetos humanos díspares e singulares, cada qual com sua antropogênese. Se você se sente confuso ou mal por não ter uma identificação imediata e concreta, não se assuste: o ser humano está sempre em antropogênese, essa condição disforme é o que caracteriza a sua liberdade e é a maior marca de sua humanidade. Nunca fique triste por não ter uma posição marcada, isso só prova a sua humanidade. Não fique triste por ser humano, orgulhe-se disso.

Comprei algumas coisinhas




Comprei um conjunto de coisas hoje.

1- Caderno:

Servir-me-á para o estudo de psicologia. Separo cadernos diferentes para diferentes anotações de estudo, assim garanto maior organização de estudo e uma variedade de assuntos analisados - aumentando meu horizonte conhecimento. Costumo chamar essa variedade ordenada de: "dieta intelectual". 

2- Tratado sobre a Tolerância: 

Achei esse maravilhoso livro por apenas dez reais, comprei-o pelo baixíssimo custo e também pela qualidade da obra. É uma obra que tive sempre uma especial curiosidade.

3- Caderninho Amarelo:

Será útil para anotações de livros com baixo nível de abstração, já que neles eu anoto bem menos.

4- "Pack de Canetas":

Como tenho um método de anotação dividido em etapas e gosto de anotar em diferentes cores para me localizar melhor na leitura, elas servirão exatamente para isso. Já que costumo escrever todos os dias, sempre tenho que pegar novas canetas.

5- Fones de Ouvido:

Servirão para meu celular, já que gosto bastante de ouvir música e também para meu 2DS quando eu jogar de noite.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Acabo de ler o livro de Craque Daniel.

 


    Acabo de ler o livro Craque Daniel.


    Se a felicidade é a integração na sociedade e o bem-estar dessa mesma sociedade, o ser se perde na justificação contínua para essa sociedade. Cria-se uma linha dura mundana que escraviza o homem em ada ptações eternas para essa sociedade. Toda construção é uma negação de si mesmo, já que mundanismo nunca é aceitação de si mesmo ou autoconsciência: é servidão aos interesses de uma sociedade, condicionamento contínuo ao bezerro de ouro social.


    Trazer o paraíso para Terra se tornou a perda de tempo mais comum do intelectual médio. Talvez isso seja pelo próprio fato de que o moderno e o pós-moderno já perderam as noções mais preliminares de teologia faz tempo. Quiçá seja pelo fato do idealismo tipicamente gnóstico domine o mundo com a sua imanentização escatológica, trazendo não o paraíso, mas uma própria forma de inferno. Ditaduras nascem cheias de boas intenções.


    É preciso ser realista para ser comodista. Não se pode frear o mal no mundo, mas pode-se atenuá-lo através de boas ações, políticas públicas, programas sociais e uma economia com algumas ideias voltadas ao bem-estar comum. O homem que se dedica a colocar o paraíso na Terra só poderá ser um Deus "mais incompreensivo que o do Antigo Testamento". Já que o reino de terror em todas as ditaduras nada mais foi que o "reino de amor" de homens que queriam o bem.


    Um homem que se dedica a ordenar toda a realidade ao seu gosto - mesmo que seu gosto seja bem-intencionado - só pode sofrer pela incapacidade de subjugar o real. Ou delirantemente atacar toda falha como uma conspiração feita por seus inimigos, tornando-se um tiranete ou algo pior: um efetivo líder totalitário. É preciso ser pessimista para reagir com prudência as tentativas infernais daqueles que querem um mundo melhor, já que quase todo mal do mundo vem sempre deles e de suas supostas boas intenções. A sobriedade nos leva a negar o paraíso na Terra, visto que essa ideia sempre leva para o inferno na Terra.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Acabo de ler "Agnosticismo" de Laurence B. Brown




    Acabo de ler "Agnosticismo" de Laurence B. Brown.


    O agnosticismo era para ser uma metodologia que tenta verificar a verdade ou inverdade presente na religião. Se o agnosticismo configura ou leva a uma covardia intelectual que se recusa a encontrar uma solução para o drama religioso, isso é uma questão que precisa ser avaliada com mais calma.


    A questão da verdade, na esfera da religião, é um terreno turvo e turbulento. Sendo transcendental, deve estar acima e imaculado. A transcendência é ascendência do espírito, mas como podemos saber se nossa crença é, de fato, real? Se Deus é puro e não erra, como pode nos passar algo que não é crível? Se o paraíso depende de uma crença, como poderíamos crer em algo pouco razoável? Se a crença não é razoável, a própria fundamentação escatológica está inteiramente errada ou é injusta - não se pode condenar alguém por errar num debate sem fontes cabíveis e estruturação intelectual certa. Essas questões sempre vão e voltam na questão teológica, questões difíceis de responder e que carregam uma eterna tensão. O pensamento religioso não pode se dar o luxo de errar sem se tornar menos religioso. 


    O autor fala de diferentes tipos de vivência de fé entre cristãos:

    "Adeptos doutrinários podem ser divididos em subcategorias funcionais com base nisso. Por exemplo, os cristãos teístas (ortodoxos) que concebem que concebem que a realidade de Deus pode ser provada, os cristãos gnósticos que concebem o conhecimento da verdade de Deus como reservado à elite espiritual, e os cristãos agnósticos, que mantém a fé ao mesmo tempo em que admitem a incapacidade de provar a realidade de Deus. A diferença distinguível entre esses vários subgrupos não reside na presença na fé, mas nas tentativas de justificá-la"

    A forma como ele coloca três alternativas que são quase sempre resumidas em duas: teístas e gnósticos. Apresentar a opção de um cristianismo agnóstico enriquece o debate na medida em que tira a sua imprecisão.


    Esse livro demonstra que o drama religioso tem múltiplas vias, todas difíceis e com alta tensão para o vivenciador da fé. Algumas mais sentimentais, outras mais racionais e outras menos seguras de si. Teologia não é pra criança.