domingo, 9 de junho de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 26)

 


Essa parte foi escrita por Bill Bland, vai da página 359 à 364.  Creio que as partes posteriores do livro serão menos dedicadas a dados biográficos ou dados da condução política de Stalin e mais ao que aconteceu depois, ou seja, a onda "antistalinista" de Nikita Khrushchev.


É interessante que Khrushchev introduziu a palavra "vozhd" para se referir a Stalin, isto é, um termo que equivaleria ao termo "Führer". Esse termo seria uma comparação das ações de Hitler e Stalin. Aplicando uma simetria que equiparava Stalin e Hitler. O que demonstrava muito do que Khrushchev sentia por Stalin ou o que ele queria que sentissem por Stalin. A linha de Khrushchev era demonstrar que Stalin foi um homem extremamente ríspido e que a União Soviética deveria embarcar numa postura "liberalizante" em que os "resquícios da ditadura stalinista" deveriam ser varridos do mapa.


Bill Bland argumenta que Stalin sofreu uma série de desgastes e conspirações, além dum afastamento das atividades do Partido e da sabotagem dos seus inimigos internos. Além disso, argumenta que o culto a Stalin foi introduzido e fomentado pelos seus próprios inimigos para que, posteriormente, fosse utilizado contra o próprio Stalin. O que é uma linha bastante interessante.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 25)



Essa parte foi escrita por Palme Dutt, vai da página 345 à 358. É interessante o que os comunistas de outros países escreveram sobre Stalin. Muitos se manifestaram contrariamente à onda "revisionista e antistalinista" que se instalava como política oficial da União Soviética na era pós-Stalin, sobretudo com a condução política de Nikita Khrushchev. O desenvolvimento narrativo dos EUA foi bastante beneficiário da narrativa antistalinista de Nikita.


De qualquer modo, os EUA sempre requisitaram um desenvolvimento antagônico às potências rivais. Um exemplo disso, foi a relação amigável com a China para separá-la da esfera de influência da União Soviética. Outro, mais contemporâneo, é a possibilidade dos EUA se aproximarem da Índia para ajudá-la a ser um entrave as pretensões chinesas e, inclusive, afastá-la de uma política mais unitária dos BRICS. De qualquer modo, os EUA sempre buscam uma maneira de preservar o seu status de donos do mundo.


Nos últimos tempos, os EUA esperam desgastar a Rússia pela guerra ao mesmo tempo em que traçam uma luta para enfraquecer a China economicamente e, inclusive, impedi-la de vencer a corrida tecnológica. As políticas que os EUA traçou para a Inglaterra era uma política de submissão, para enfraquecê-la como potência e garantir que o "Império Inglês" fosse perfeitamente desmantelado para não ser um "inimigo potencial".


É interessante observar a fase imperial americana, sobretudo na condução geopolítica e os efeitos do seu imperialismo. Visto que a nova fase histórica apresenta um "remake" da "Guerra Fria" e as análises de Palme Dutt vem de encontro a linha que os EUA espera traçar no mundo.

domingo, 2 de junho de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 24)

 


Essa parte foi escrita por Anna Louise Strong, vai da página 333 à 344. É um escrito curioso: foi feito por uma jornalista norte-americana/estadounidense. Sua análise é breve, mas dá um delineamento de como os americanos encaravam o povo soviético naquele estranho e histórico momento.


Os estadounidenses não conseguiam contato direto com o povo soviético. Tudo lhes vinha por outros meios e por outras pessoas. Ao menos, essa é a impressão que Anna nos deixa. Ela mesma foi estranhando a peculiaridade do povo soviético e a sua forma de conduzir a política.


Ela teve um contato pessoal com Stalin e alguns grandes homens. Além disso, demonstrou como Stalin era diferente das outras grandes figuras que usualmente lhe eram colocadas lado a lado: Hitler e Mussolini. Dizia-se que a conversa com Mussolini era um grande monólogo em que o Mussolini falava e você ouvia. Já Hitler tinha ataques de histeria durante as reuniões, graças ao seu humor explosivo. Stalin, por outro lado, era bastante quieto e gostava de ouvir o que os outros tinham a falar – contraste absurdo e bastante enriquecedor na análise psicológica entre essas três grandes figuras históricas.


Em relação a política, Anna não via em Stalin as imagens ditatoriais que eram atribuídas a ele. Muito pelo contrário, o Stalin relatado por Anna era parcimonioso e dialógico. A natureza de Stalin, enquanto líder, é mais uma vez amplificada: era um líder que buscava conciliar, dialogar e entender acima de tudo, sendo capaz de se manter informado acerca dos grandes dilemas nacionais e internacionais.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 23)

 


Voltamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 305 à 332). Essa é a última parte do Instituto Marx Engels Lenin, aborda todo o período da Segunda Guerra Mundial e termina nela mesma. Ou seja, o período pós-guerra não é abordado. O que não diminui o texto em sua qualidade, embora eu preferisse que fosse até o final da vida de Josef Stalin.


Lendo esse importante documento, vejo que Stalin não foi só um importante líder, mas igualmente um importante teórico do marxismo. As suas análises, bastante acuradas, muitas vezes demonstraram um desenvolvimento da teoria marxista-leninista em novos graus. O que refuta, mais uma vez, a ideia falsa de que Stalin não tinha um desenvolvimento teórico do marxismo e que não era suficientemente inteligente.


De fato, Stalin foi um estrategista, um político, um intelectual e um homem bastante ilustre – em todos os aspectos possíveis. Hoje em dia a sua imagem é marcada por uma negatividade maior do que se espera, sobretudo graças à imensa confusão informacional que temos diante de nossos olhos. Olhar para outro lado, ver outras informações, apurar e depurar os dados, é hoje de suma importância. A batalha das narrativas usualmente caem na falsificação e tribalização dos dados, das informações e das teorias. O que um grupo social apoia se torna suficiente para a validação de uma narrativa e tal condição leva a uma perda da qualidade da vida intelectual verdadeira em sua busca incessante – e sempre ilimitada – pela verdade que sempre será inabarcável.


Diante de nossa finitude, devemos nos manter vestidos com o manto da humilde, negar as narrativas e ajoelharmo-nos diante do infinito que nunca poderemos abarcar. Só assim seremos intelectuais completos, visto que aceitaremos humildemente que somos necesariamente incompletos e que nada que façamos chegará a totalidade. Assumir a totalidade é psicologicamente negá-la.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 22)

 


Voltamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 289 à 304). Aqui estamos no pipocar da Segunda Guerra Mundial e em que se concentrava a União Soviética naquele período de extremos e radicalismos. Ao contrário do que se esperava, a União Soviética buscava a paz – para o seu autodesenvolvimento – e as potências imperialistas estavam divididas: França, EUA e Inglaterra tinham a sua neutralidade e o eixo fascista queria a sua empreitada expansionista. É evidente que a postura das primeiras só reforçou o ímpeto das segundas.


Naquele período, a União Soviética já tinha a sua coletivização e mecanização dos campos. Essa foi uma das pedras angulares que permitiram que a União Soviética tivesse autossuficiência para encarar a agressão nazista. Sem essa preparação, não haveria possibilidade real de que a União Soviética sobrevivesse. O que demonstra que, apesar da turbulência, tal procedimento foi necessário.


É preciso ter em mente que Stalin compreendia a natureza cultural da revolução socialista. Não bastava que o proletariado junto ao campesinato assumisse os meios de produção e criasse o Estado socialista. Para um país socialista se faz necessário uma mentalidade social socialista. Não se trata da mentalidade de um grupo de pessoas socialistas, mas que o próprio povo se faça socialista. É por isso que escrevi "mentalidade social socialista" e não apenas "mentalidade socialista". Logo o povo inteiro se colocaria nos estudos do marxismo-leninismo e tal processo seria ajudado, promovido e impulsionado pelo próprio Estado soviético.


Stalin também falou da necessidade da União Soviética superar todos os outros estados. Só pela superação contínua das potências capitalistas poderia se falar da vitória do socialismo. O socialismo demonstraria a sua superioridade em todos os setores como principal propaganda da superioridade do sistema socialista. Essa seria uma "resposta pacífica" e "propaganda suficiente" da superioridade socialista. É por isso que Stalin promoveu uma espécie de competição de produtividade e qualidade, o sistema que mais oferecesse vantagens ganharia.

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 21)

 


Voltamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 279 à 288). Aqui estamos, novamente, no prelúdio da segunda guerra mundial. Já tínhamos visitado esse período turbulento da história da humanidade pela brilhante análise de Emil Ludwig, todavia voltamos a ela com base no Instituto Marx Engels Lenin. Estamos, mais uma vez, na questão camponesa e na coletivização dos campos.


A questão da coletivização dos campos tinha a ver com a sua produtividade para dar sustentação à pátria socialista. Isto é, garantir a autossuficiência da União Soviética, permitindo um desenvolvimento autônomo de suas políticas internas. Sem essa autonomia, a própria capacidade de uma política econômica de natureza socialista seria severamente prejudicada, visto que a negociação com as potências socialistas envolveria uma certa submissão aos seus interesses que eram contrapostos aos interesses socialistas.


Os camponeses tinham uma visão de apego às suas terras. Anos de dominação czarista e a própria tradição campesina criaram essa mentalidade. O que as autoridades soviéticas e o movimento socialista tentaram demonstrar é que a qualidade de vida seria infinitamente superior se industrializada e mecanizada. A resistência se dava mais pela superstição e pelo medo de perder tudo novamente. Tais crenças geraram um período de turbulência interna, mas a ausência de sua resolução geraria um atraso no desenvolvimento econômico soviético e, igualmente, uma insuficiência que prontamente serviria para o ataque externo. Essa dupla fragilidade (interna e externa) geraram a pressão para uma política mais intensiva.


Evidentemente que esse período, bastante frágil e complexo, quando resolvido, gerou a possibilidade de um aumento de produtividade na agricultura e, mais tarde, seria esse mesmo desenvolvimento que sustentaria a União Soviética contra a agressão nazista. Os custos da realpolitik muitas vezes requerem um grau de crueza na condução de nossas ações.

domingo, 26 de maio de 2024

Acabo de ler "Em Defesa de Stalin" de Vários Autores (Parte 20)

 


Voltamos a análise do Instituto Marx Engels Lenin sobre a vida de Stalin (páginas 269 à 278). Nesse capítulo, a questão tratada é o desenvolvimento do Estado socialista. Se na parte anterior, ficava cada vez mais claro que a União Soviética deveria desenvolver métodos que assegurassem a sua autonomia, nesta parte vemos quais foram as decisões tomadas em prol da construção da pátria socialista.


Em primeiro lugar, é impossível garantir que o país trabalhe com fome. Os métodos empregados pelos camponeses eram frágeis e pouco técnicos. Não poderiam servir para alimentar as massas proletárias e nem garantir a subsistência das forças armadas revolucionárias. O desenvolvimento do campo – a coletivização, maquinização e tecnicalização – se demonstrou uma das mais urgentes necessidades.


Por outro lado, um país precisa aumentar a sua produtividade com recorrência. Sem um aumento de produtividade, é impossível aumentar o bem-estar populacional. Ou seja, a própria ampliação do acesso a bens e serviços requer o aumento da produtividade. Para tal, se faz necessário a utilização de um maquinário que eleve a capacidade produtiva do país. Essa luta pela construção duma indústria – sobretudo a pesada – que desse suporte a construção do maquinário que seria empregado pelo campesinato e proletariado foi igualmente necessária.


Além disso, um país ameaçado pelas pretensões imperialistas européias requeria uma indústria militar sofisticada. A defesa da pátria socialista requeria um desenvolvimento militar ordenado e disciplinado. Logo houve a criação duma indústria bélica que ia em direção a proteção do país e a preparação com o inevitável conflito que se daria pela própria natureza do imperialismo.