sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Acabo de ler "Militância enquanto Convite ao Diálogo" de Dani Vas e Danilo (Parte 4)

 


Nome:

Militância enquanto Convite ao Diálogo: o Caso da Militância Monodissidente


Autores:

Dani Vas;

Danilo Silva Guimarães.


Muito tem se falado sobre militância na sociedade contemporânea. Alguns são contra, outros são a favor. Seja como for, não é possível ser generalizadamente contra a atividade militante e nem generalizadamente a favor da atividade militante. Tampouco se pode ser favorável ou contrário a todas as pautas defendidas por uma militância. Todavia o cerne da questão é: o que é a militância? A militância é, na verdade, um fenômeno que surge da realidade sociocultural na qual ela se insere.


A militância pode ser encarada como uma tentativa de abertura. Uma tentativa de abertura sempre incorre em uma problemática: a experiência sempre possui uma alteridade e a alteridade sempre implica em angústia e inquietação. Essa angústia, essa inquietação, sempre leva a um questionamento acerca da vida em si mesma. Além disso, a um questionamento sobre nossas preconcepções. É um tema complexo e, por gerar tantos efeitos sentimentais, bastante escorregadio.


Existe uma problemática na militância enquanto atividade. Essa problemática está no nível psicológico e pode ter efeitos sociais. O militante, querendo mudar a realidade existente, pode acabar se fechando a realidade que julga como injusta. Desse modo, a sua própria personalidade se torna estática – tal como aqueles que o militante usualmente critica. O militante corre no risco de cair num "reacionarismo atitudinal". É evidente que o termo reacionário está na aplicação mais pura do termo, isto é, aquele que reage. Logo a própria militância se perde, visto que deixa de ser um esforço ativo (afirmação de um mundo mais adequado) e se torna um esforço negativo (negação de um mundo injusto).  Essa negação fecha o horizonte vivencial do militante, encarcerado-o numa bolha. O militante, então, torna-se desprovido de criatividade e passa a frequentar os mesmos círculos, passa a falar com as mesmas pessoas, passa a ter ideias muito semelhantes – e cada vez mais fixas – aos seus semelhantes e, por fim, a habitualidade tribal e ritualística torna o grupo militante em um agrupamento fechado, estéril e, também, inútil. Essa é a militância monológica.


É interessante observar que a militância não é uma atividade esvaziada de sentido e que mesmo que não se encontre uma justificação geral das suas teses, ela ainda é um importante comportamento em nossa sociedade. A militância é um diagnóstico da estrutura e funcionamento de uma sociedade. Também é impossível que uma militância seja inteiramente fechada, visto que a militância sugere um comportamento social característico e todo comportamento social revela uma teia relacional. Pouco importa o tamanho de uma teia social, ainda há uma sociabilidade e essa sociabilidade se dá comunicacionalmente. Mesmo que dado grupo se demonstre como socialmente hostil, ele ainda é um grupo em coconstrução de sentido e ainda apresenta significados compartilhados. O ethos da militância é exatamente esse: criação de sentido, significado e experiência comum.


A militância deve ser dialógica, aberta, lacunar, capaz de significação e ressignificação. Ou seja, a militância deve ser uma atividade viva. E, para tal, deve ter uma "pulsão experiencial", uma capacidade de encontrar na alteridade uma possibilidade interagente. A militância aponta para uma possibilidade de mudança social, mas essa possibilidade é sempre marcada com o encontro com o desencontro. Foi a militância que levou a importantes conquistas de direitos no passado e é ela que determina a conquista de direitos no presente. Ela é sempre um convite, um convite ao diálogo com a sociedade e também um convite ao autoquestionamento do militante e do grupo militante. Logo ela não é uma espécie de "autocentramento", mas uma forma de praxis que afetam a própria militância em sua forma de agir com o mundo e pensar no próprio mundo.

Acabo de ler "Militância enquanto Convite ao Diálogo" de Dani Vas e Danilo (Parte 3)

 


Nome:

Militância enquanto Convite ao Diálogo: o Caso da Militância Monodissidente


Autores:

Dani Vas;

Danilo Silva Guimarães.

A militância bissexual tem como pauta a criação de políticas públicas voltadas as pessoas bissexuais. Essa militância é forjada por várias redes. É um eixo que unifica: (I) experiência pessoal; (II) experiência coletiva; (III) pesquisa. Isso gera uma significação e resignificação. A experiência pessoal se ressignifica a partir do contato com a experiência de outras pessoas, que também se ressignifica com o estudo teorético. O que permitirá gradualmente um avanço na profundidade teórica e prática dessa militância.


É o contínuo avanço da compreensão que possibilita o aumento da capacidade atitudinal. Prática (praxis) se junta a teoria, com uma ressignificando a outra em todos os momentos. A monodissidência possibilita uma outra possibilidade de análise que só é possível por pessoas monodissidentes. Ela permite que seja vislumbrado algo além das sexualidades já exploradas e analisadas a fio, aprofundando distinções importantes. O campo-tema explorado permitirá ver, com o tempo, mais questões não só da sexualidade, como também de tantos outros temas.


A questão central da comunidade bissexual, ainda hoje, é uma questão de identidade. Ou seja, a sua especificidade de se atrair por mais de um gênero. Quanto a isso, muito raramente se contempla a bissexualidade por sua especificidade. Contempla-se mais homens e mulheres homossexuais, mas não bissexuais. A pessoa bissexual é apagada de toda estrutura de pesquisas, de políticas, de grupos. Tendo que viver como uma espécie de fantasma. Sem mundos que se abram e possibilitem uma existência integral ou própria.


Tudo impacta em tudo, embora nenhuma parte seja tudo. A bissexualidade não é só uma forma de se enxergar e se relacionar com a sexualidade e o gênero, é também um movimento político. Toda orientação sexual tem uma história, um atravessamento, um tensionamento, uma intencionalidade, uma identidade, um "porquê". A história do movimento bissexual, tal como de qualquer outro movimento, é a história de uma consolidação de uma identidade. Uma das principais questões do movimento bissexual e do movimento monodissidente está na não-homogenização dos diferentes tipos de monodissidência.


A questão da militância dialógica é a questão da via do diálogo e da troca. Diálogo implica em diferença, implica em disparidade, implica também em desencontro. A relação "eu"-"outro" está e estará sempre conectada. Existe o "outro" que possibilita o desenvolvimento e crescimento do "eu". Existe o "outro" que impossibilita o desenvolvimento e o crescimento do "eu". A chave da polícia militante é a união entre aqueles diferentes que podem, junto ao outro, auxiliarem-se em sua missão.


A problemática – e a raíz da problematização – está no fato de que monodissidentes são fluídos. A militância, em seu sentido tradicional, muitas vezes se encontra em identidades bem construídas e bem definidas. A ausência de definição ajuda a levar a um natural apagamento. É por isso que a militância monodissidente não deve ser uma militância fechada, mas um outro tipo de militância. A militância monodissidente é uma militância dialógica. Ela não se encerra, ela tem a característica de apresentar várias pontas soltas, ela tem o detalhe de apresentar lacunas. E essas lacunas apresentam a capacidade de adentrar em variações teóricas que, em vez de reduzirem e impossibilitarem o seu avanço, aumentam a qualidade e sofisticação de sua síntese. Isto é, é pelo fato da militância monodissidente ser tão fluída que ela é tão rica em elementos distintos e essa riqueza de elementos distintos a tornam mais poderosa.


Quanto mais transmutável e permeável algo for, maior é a capacidade de uma articulação dialógica. Essa articulação dialógica aumenta o enriquecimiento teórico e prático. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Acabo de ler "Militância enquanto Convite ao Diálogo" de Dani Vas e Danilo (Parte 2)

 


Nome:

Militância enquanto Convite ao Diálogo: o Caso da Militância Monodissidente



Autores:

Dani Vas;

Danilo Silva Guimarães.

O eu se constrói com o outro e em relação a esse outro. O processo da construção da subjetividade é relacional, isto é, se dá em relação ao outro. Só existe o "eu" por existir o "outro". A percepção do "eu" e do "outro" estão intrinsecamente conectadas. É a intersubjetividade – compartilhamento do espaço em meio ao diálogo, diferenças e contrastes – que determina quem somos.

A relação com o outro se dá no tempo-espaço. Essa relação é marcada por uma tensionalidade. Essa tensionalidade delimita quem pode fazer e o que pode fazer. Grupos hegemônicos estão sujeitos a crítica por terem maior detenção dos meios de produção cultural, podendo assim moldar a cultura e a aceitação dessa cultura.

Há quem reclame da militância por ela partir de um grupo particular e esse grupo particular estar longe da universalidade. A questão é: qual grupo humano não apresenta uma tendência universalizante para  com o próprio anseio? A realidade, para começo de conversa, não é encarada de forma objetiva. A realidade, e a percepção dessa mesma realidade, sempre implica em uma relação afetiva. Isto é, encaramos a realidade com doses de sentimentos pois essa mesma realidade dita a nossa sobrevivência. A realidade da sobrevivência não pode ser encarada como algo puramente objetivo, temos sentimentos para com a distribuição de recursos dentro da nossa sociedade. Tampouco a realidade cultural pode ser encarada de modo objetivo, visto que a marginalização de certos grupos leva a um sentimento de rancor e revolta – com implicações sociais tremendas.

É graças a essa influência sentimental do meio que todo pensamento é afetivo-cognitivo e que todo pensamento filosófico é, no fundo, psico-filosófico e não é possível chegar a um nível de objetividade completa. Toda análise fenomenológica revela, por mais denso que seja o esforço de quebrantar a sombra do "eu", uma subjetividade que constrói essa mesma análise fenomenológica. Ou seja, o desenvolvimento de algo está atado ao desenvolvedor desse algo em sua desejabilidade e toda argumentação surge com a coparticipação de um afeto. Não somos, e talvez nunca seremos, seres de julgamento imparcial. Visto que todo julgamento implica em nossa sobrevivência e em como seremos julgados – martizados, esquecidos ou aceitos – por nossa sociedade.

A relação de uma militância – um grupo desejante e epistemologizante – se dá por meio de uma série de trocas, tensões e negociações. Toda militância envolve poder, envolve política, envolve cultura, envolve economia, envolve igualdade, envolve justiça, dentre tantas outras questões. Essas relações se dão por meio de um conflito ou semelhança de interesses. Conflitos e semelhanças que surgem da relação com os "outros". É por isso que as pautas muitas vezes não avançam, visto que sempre estamos lado a lado com esse absurdo inigualável que é o outro.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Acabo de ler "Militância enquanto Convite ao Diálogo" de Dani Vas e Danilo (Parte 1)

 


Nome:

Militância enquanto Convite ao Diálogo: o Caso da Militância Monodissidente


Autores:

Dani Vas;

Danilo Silva Guimarães.


Em primeiro lugar se faz necessário compreender o que é monodissidência. A palavra "mono" se refere a um só. A militância bissexual, enquanto movimento político e social organizado, se refere a heterossexuais e homossexuais como "monossexuais" – atração por um único gênero. Já a ideia e/ou teoria de que só existe uma única forma de atração como "monossexismo". E o comportamento de apagar a existência de bissexuais como "monossexismo". É daí que vem a luta bissexual, ora direcionada aos heterossexuais, ora direcionada aos homossexuais. Um bissexual seria um "monodissidente", isto é, uma pessoa que está contra o padrão estabelecido de atração por um único gênero e todas as consequências disso.


A militância bissexual surge num momento histórico em que há a proliferação das doenças sexualmente transmissíveis. Nesse contexto, a maioria das pessoas homossexuais – lésbicas e gays – tomam uma ação de normatização, se assemelhando aos padrões de exigência de heterossexuais. Eles criavam a chamada cultura homonormativa, em que os padrões do mundo LGBT deveriam se enquadrar nos padrões do mundo heterossexual. Os bissexuais, em sua revolta, criam um avanço teórico da teoria queer: uma espécie de radicalização que iria contra os padrões de normatização.


O principal combate do movimento bissexual é contra à bifobia e ao monossexismo. O monossexismo é um sistema que privilegia, antes de tudo, pessoas monossexuais (heterossexuais e homossexuais). É claro que existe uma hierarquia nesse privilégio, heterossexuais estão no topo e homossexuais precisam se virar com a pouca soma de políticas públicas que conseguem adquirir. Depois disso, surge a invisibilidade bissexual e a negação visceral de pessoas transexuais.


A militância é um trabalho de transformação da realidade. A razão pela qual se quer uma transformação se dá pelo seguinte fato: a realidade é, muitas vezes, injusta. O mundo bissexual é marcado por uma impenetrável rede de exclusões, negações sistemáticas, vedações e defesas psicológicas em relação ao ambiente. A militância bissexual visa transformar o mundo num local mais aberto e livre a própria existência das pessoas bissexuais.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Acabo de ler "What Is Hegemonic Masculinity?" de Mike Donaldson (lido em inglês/Parte 4 Final)

 


O que constrói a masculinidade?  Será a soma de privilégios ou a de encargos? Existe algo de "natural" e algo de social nessa construção? É possível uma abordagem 100% biológica ou 100% sociológica? Creio que ainda falta muito tempo – e estudo – para chegarmos a conclusões mais precisas. Todavia abordagens extremamente especializadas e que ignoram outros ramos, e outras teses, do conhecimento, deveriam ser descartadas logo de cara pelos seus particularismos.


O fato é que masculinidade hegemônica é prejudicial e restritiva para os próprios homens heterossexuais e possui enormes custos sociais que, se não reparados, levam a um oneroso custo social que muito dificilmente poderá ser corrigido sem uma correção só próprio entendimento da masculinidade.


Nesse trecho, poderia ser mais incisivo e detalhista. Todavia creio que eu choveria no molhado e apresentaria uma argumentação muito semelhante ao que apresentei em outras análises. De tal maneira, resolvi encurtar a análise e deixá-los com um texto breve.

Acabo de ler "What Is Hegemonic Masculinity?" de Mike Donaldson (lido em inglês/Parte 3)

 


Em relação ao hétero-patriarcado se pode afirmar que a hegemonia é marcada por uma superioridade, essa superioridade recompensa quem é (heteronormativos) ou quem se assemelha (homonormativos) ao padrão de masculinidade hegemônica. A homossexualidade é condenada em três vias: o homem heterossexual vê como fundamental odiar o homem homossexual; a homossexualidade está ligada a efeminização e vivemos numa sociedade machista; o desejo homossexual é considerado subversivo por si mesmo.


O comportamento homofóbico, bifóbico, lesbofóbico e transfóbico provindo de homens heterossexuais é comum e, até mesmo, recompensado. Desde criança, o homem heterossexual é ensinado que será recompensado por ser hétero e atacado se desviar desse padrão. Ser hétero é uma forma de autojustificação e esse comportamento deve ser ressaltado o tempo todo. Não por acaso, uma das principais brincadeiras é acusar outro homem de não ser "homem suficientemente", acusação do qual o homem acusado deve imperiosamente se livrar. Esse mecanismo, feito a exaustão e todos os dias, leva a um condicionamento mental em que o homem deve ter uma vigilância constante em relação a própria masculinidade – e não uma masculinidade qualquer, mas sim a hegemônica.


O comportamento homossexual é considerado um desvio duplo. Um desvio se encontra no gênero (homossexuais são considerados efeminados) e outro na sexualidade (homossexuais possuem relação com o mesmo sexo). O antagonismo entre heterossexuais e homossexuais é claro: se o poder heterossexual advém do hétero-patriarcado, advém por sua vez da masculinidade e heterossexualidade. O homem homossexual é a antítese do homem heterossexual, ele representa a negação sistêmica dos seus valores e modo de vida. Tal radicalidade, sobretudo em nosso meio cultural, leva a um choque óbvio.


A cultura do homem heterossexual é uma cultura da exaltação da força e do domínio. Essa cultura, nociva e tóxica por si mesma, requer uma constante descarga energética entre si e em outros grupos. A "descarga interna" é um meio de regulamentação comportamental entre os próprios heterossexuais, para reforçar o comportamento hétero-patriarcal. Já a "descarga externa" é correlacionada a demonstração de superioridade do homem heterossexual em relação aos outros grupos, sobretudo mulheres e LGBTs.

domingo, 1 de setembro de 2024

Acabo de ler "What Is Hegemonic Masculinity?" de Mike Donaldson (lido em inglês/Parte 2)

 


A natureza da hegemonia é cruel. É a partir dela que a maioria das opressões sociais se estrutura e se aplica. É o grupo hegemônico que pode, com sua força, definir até o que é normalidade. É ele que pautas as relações sociais, culturais e, até mesmo, econômicas. E é a partir dele que vemos o surgimento de vários papéis que devem ser desempenhados por nós performaticamente. A normalidade, em grande parte do tempo, é criada por uma estrutura de poder. Ela é produzida por uma narrativa, por um discurso. O reforço a normalidade em conjunto com a patologização são ferramentas coercitivas para preservar.


A hegemonia é criada pela intelectualidade, criada pela cultura. Ela é mantida pelos padrões culturais. No fundo, são as organizações intelectuais que mantêm ou destroem um determinado padrão. É evidente que isso depende da capacidade de dadas organizações intelectuais. Meios undergrounds não conseguem facilmente penetrar a massa e redefinir conceitos. Quem tem tal domínio, tem para si os chamados "meios de produção cultural". Para detê-los, se faz necessário grande poder financeiro ou o suporte do grande poder financeiro.


Em relação a hegemonia na esfera da masculinidade e do gênero, há uma correlação entre "poder masculino" e "heterossexualidade". Existem aqueles modelos de masculinidade que visam preservar as estruturas de dominação hétero-patriarcais e aqueles outros modelos de masculinidade que atuam contra essa estrutura. A grande maioria desses modelos de masculinidade são violentos, dominadores e agressivos. Visam, antes de tudo, a superação pela conquista, pela imposição e uma perpétua luta dos homens pela hierarquia. É absolutamente infeliz que a maioria dos modelos de masculinidade reinantes sejam sobre dominação e subordinação, isto leva a conflitos sociais perpétuos e rodas tautológicas de tortura sociopsicológica.


A estrutura hegemônica da masculinidade é tecida dia após dia. Regulada e gerida para articular: as experiências, as fantasias e as perspectivas. É a partir dela que as relações de gênero e sexualidade são refletidas e interpretadas. Ou seja, é a partir da matrix (homem, hétero, macho e ativo) que se inicia a reflexão do gênero e da sexualidade. Todos os outros pontos são ignorados ou violentamente censurados, seja pela força da lei jurídica, seja pela força da lei social – que, convenhamos, muitas vezes não são o mesmo. É dessa forma que vemos a natureza do movimento queer e do movimento heterossexual. Sendo o que o queer parte do estranho – contra-hegemônico – e o heterossexual parte daquilo que foi naturalizado – polo hegemônico.


São os ideias culturais os reguladores e gerentes, são os ideias culturais que criam e perpetuam. Para encontrar o modelo de homem reinante, basta ler a maioria dos livros, ver a maioria dos filmes, ouvir a maioria das músicas, assistir a maioria dos programas. O mesmo modelo – homem, hétero, macho e ativo – se repete exaustivamente, como num mantra imagético, adentrando imaginários e servindo como base inspiracional. É assim que se mantém, que se preserva, pela moldagem do imaginário, a hegemonia heterossexual.